O desenvolvimento da espiritualidade
O DESENVOLVIMENTO DA ESPIRITUALIDADE
A espiritualidade cristã é processual. Como na primeira infância, que o objetivo de nossa busca é nossa própria satisfação, tudo desejamos, tudo pensamos ser extensão de nós mesmos e em tudo colocamos nossa alegria de vida. Assim buscamos a Deus como uma ponte para a realização de nossos desejos na terra. Antes, isso era apenas uma percepção velada, hoje é confissão teológica assumida.
Chega um tempo em que vivemos a adolescência da espiritualidade, que é quando lidamos com as frustrações causadas pela excessiva atenção aos nossos próprios desejos. Descobrimos então que não é bem assim como acreditamos e como nos ensinaram, que Deus não faz tudo o que pedimos, mas faz aquilo que é necessário e importante pra nós. Também descobrimos que podemos amá-lo a despeito das circunstâncias. É o “ainda que” de Habacuque. Nossa espiritualidade deu um salto.
Até que nos tornamos amadurecidos e nossa espiritualidade passa a se dedicar de modo abnegado a Deus. Amadurecer, neste caso, não é tornar-se autônomo, como alguém que sabe tudo e de ninguém precisa. Na verdade a maturidade da espiritualidade é justamente saber-se dependente de Deus em tudo, como uma criança, sem, no entanto, pensar como uma criança que tudo quer para si, do seu modo, a seu tempo, para quem tudo e todos servem aos seus propósitos pessoais. Nossa espiritualidade então passa a se desenvolver a partir da ajuda aos outros, do serviço, da entrega, da disponibilidade. Damos do que temos, do que somos, a quem precisa.
A vida então passa a ter significado, tudo em nós e a partir de nós cumpre sua finalidade. Nossos romances, nosso dinheiro, nossa profissão, nosso trabalho, nossas expressões vocacionais, enfim, tudo passa a ser com a finalidade de servir, a Deus e às pessoas.
Um dia dizemos “quando Deus me der”, outro dia dizemos “ainda que não aconteça” até chegarmos a dizer “tudo em mim é seu”.
© 2008 Alexandre Robles
Fonte: http://www.alexandrerobles.com.br/