December 31, 2013

O fim e o começo

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- Marcelo Gleiser

Passado o Natal, entramos naquela estranha fase de transição, o fim de um ano e o começo de outro. É o período do inevitável balanço do que passou, dos projetos para o futuro, das promessas de não repetir erros, de impor novos desafios. Numa vida em que não temos o privilégio do recomeço - a vida que temos é essa só - a passagem de ano vem cheia de significado. É quando abrimos espaço para nos reinventar, mesmo que apenas um pouco.

Existe uma tensão, até mesmo um aparente paradoxo, entre como vemos a natureza, com seus ciclos que se repetem, e como vemos a passagem do tempo, avançando sempre, resolutamente. Afinal, desde os primórdios da humanidade sabemos da repetição do dia e da noite, das fases da Lua, das estações do ano. Para os que prestam mais atenção aos céus, sabemos que os planetas também têm órbitas periódicas e que alguns cometas, como o famoso Halley, retornam periodicamente. A natureza parece funcionar em ciclos que se repetem ao longo dos anos, sem um início e um fim. Por que não nós?

Muitas culturas creem num tempo cíclico, no qual tudo se repete, incluindo nossa existência. Talvez os detalhes de cada ciclo sejam diferentes, como no caso da reencarnação dos hindus, mas não existe um início e um fim, apenas ciclos e mais ciclos, o tempo como uma roda, o mito do eterno retorno, como dizia Nietzsche. Se tudo se repete infinitas vezes, o imperfeito pode vir a ser perfeito.

Tudo mudou com a descoberta do tempo linear, que tem um começo e um fim. Os ciclos existem, mas localmente, dentro de um tempo global que avança sempre. Se cada novo ciclo é ligeiramente diferente de seu antecessor, o tempo deixa de ser uma roda. A metáfora muda para um rio, fluindo inexoravelmente, além do nosso controle.

A ciência moderna confirma a ideia do tempo linear. Até mesmo o próprio Universo tem uma história, com um começo, um meio e um fim. Não sabemos os detalhes do começo ou os do fim, mas temos várias hipóteses a respeito. Sabemos muito sobre o meio, sobre como os átomos, as galáxias, as estrelas e os planetas surgiram e como se transformam. Sabemos que os ciclos de criação e destruição ocorrem por todo o Cosmo, novas estrelas nascendo enquanto outras morrem, nenhum ciclo exatamente igual ao anterior, mas todos parte do tempo cósmico que avança sempre, pouco interessado no que ocorre aqui ou acolá.

Essa visão muitas vezes inspira uma certa angústia nas pessoas, que sentem-se pequenas perante todo esse espaço, todo esse tempo tão mais vasto do que podemos compreender. Estranha essa nossa condição de podermos entender tanto e mudar tão pouco do que ocorre nessas escalas gigantescas.

Mas esse é o foco errado, destrutivo, o foco do medo, o medo que vem de querer controlar tudo e não poder. Existe um outro olhar, voltado ao nosso planeta, à raridade e à beleza da vida, ao privilégio de nós, máquinas moleculares evoluídas após bilhões de anos de história cósmica, sermos capazes de refletir sobre a existência.

O foco criativo olha para o mistério da vida, da consciência, da origem cósmica, olha para a nossa raridade e respira fundo, inspirado, deixando o medo para trás, para o ano que passou. O novo existe a cada momento; basta olharmos para o mundo com o encantamento que merece.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/1390952-o-fim-e-o-comeco.shtml
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December 30, 2013

Deixando as coisas que para trás ficam

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Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova, que agora sairá à luz; porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no ermo.

Isaías 43. 18 e 19

- pr. Oséas Pontes

Você já ouviu a frase “Ano Novo, Vida Nova”? Sim com toda certeza já ouviu. Nós pensamos assim sempre que um ano passa e o outro começa. Fazemos juras e promessas. Dizemos que tudo será diferente nesse novo ano que a vida vai mudar, que tudo vai melhorar etc. infelizmente na vida da maioria de nós continua igual, absolutamente nada muda.

Por que será que nada muda? Não há desejo e força de vontade suficiente para essa mudança? Não há novos planos ou sonhos? Não há caminhos para essas mudança? Acredito que existe sim um novo e belo caminho para nos conduzir a extraordinárias mudanças. O que acontece então? Por que poucos conseguem essa tão desejada façanha?

Acredito que a resposta esta na seguinte afirmação. Queremos o novo, mais nos recusamos a deixar o velho. Isso mesmo, queremos coisas novas e boas, mais não jogamos fora as coisas ruins e inúteis de nossas vidas. Não se pode encher um copo com água se ele esta cheio de vinho e vice-versa. É preciso primeiro esvaziá-lo e assim terei lugar para experimentar algo novo e bom.

Nós queremos mudanças em nossos futuros, mas estamos terrivelmente amarrados ao nossos fracassos do passado. Eles nos prendem de forma terrível, que mal conseguimos respirar e não encontramos forças para vencê-los. Todos nós temos terríveis experiências de fracassos em nossas vidas. Todos fomos marcados de alguma forma por experiências ruins em nossa caminhada. Mais precisamos vencê-las e superá-las se quisermos experimentar algo de novo e bom.

Há alguns anos Deus usou algo muito simples mais poderoso para curar feridas antigas em minha alma que me impediram de experimentar o novo de Deus durante muito tempo em minha vida. Era manhã de um lindo dia de sol que tinha tudo para ser um dia de paz, mas mostrou-se um dia de lutas. Minha filha caçula amanheceu com muita febre. Corri para o hospital infantil de nossa cidade levando comigo o meu filho primogênito, que na época tinha apenas quatro anos de idade. Quando chegamos nesse hospital estranhei um pouco o ambiente, pois o mesmo parecia mais um parque de diversões para crianças do que um hospital.

Ali vi diversos brinquedos espalhados por todos os lados e de todos os tipos. Tudo parecia divertido demais para ser um hospital. Meu filho primogênito amou tudo aquilo e, enquanto a pequena Amanda ardia em febre e só queria os braços do pai, o pequeno João correu para os brinquedos e começou a experimentar de tudo um pouco.

De repente ele localizou um pequeno cavalo vermelho de plástico que era uma espécie de balanço. Ele subiu no cavalo de balanço e começou a se lançar para frente e para trás fazendo muito esforço para balançar o cavalo. Ele se esforçava muito e em pouco tempo sua roupa estava encharcada de suor, e seu pequeno rosto estava vermelho e totalmente molhado como resultado do seu esforço para mover o cavalo. Olhei para ele e lembro que pensei: - Que coisa mais sem graça. O meu filho se esforça tanto para não sair do lugar; suor aos baldes, e para que? Não consegue nem ir 1 metro adiante.

Enquanto eu o olhava, a voz poderosa do Espírito Santo entrou em minha alma e me disse: - Oséas, você também tem o seu cavalinho de balanço, onde você se esforça porém não sai do lugar. Você tenta ir para frente em busca de mudanças mais ainda esta preso ao passado.

Isso foi revelador para mim e também libertador. Todos temos os nossos cavalos de balanço talvez você esteja montado sobre o seu agora mesmo enquanto lê esse artigo. Como saber se você o tem? Fácil. Se você vive um pouco no passado, um pouco no presente e um pouco no futuro se esforçando nesses três tempos e nada muda apesar dos seus muitos e duros esforços, então dê nome ao seu cavalo porque você o possui.

Queremos a mudança, queremos o novo, mas não queremos deixar o passado no passado. Insistimos em trazer as dores e angústias para o nosso presente e arrastá-los no futuro. Quem sabe até estamos repassando nossas dores e frustrações para nossos filhos. Deus diz: Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova.

Se o que você quer é mudanças radicais em sua vida, então levante-se desse cavalo agora mesmo e faça um novo caminho. Busque a mudança, ouse mudar, não tenha medo de viver as coisas novas que Deus reservou para sua vida. Creio que você descobrirá que existem dentro de você coisas especiais, dons e talentos que você ainda nem conhece.

Coisas extraordinárias podem acontecer quando as pessoas descobrem o seu verdadeiro lugar. Quando não somos nós mesmos, quando não estamos ou chegamos onde deveríamos realmente estar e chegar, acumulamos terríveis dores, angústias e desilusões. O mundo moderno chama isso de estresse. A maioria das enfermidades nos seres humanos hoje são resultado de uma vida cheia dele. O corpo fica totalmente preso a um estado de crise.

A sensação é igual quando estamos presos, paralisados. Como se o nosso corpo fosse um carro potente que tem toda condição de ir para frente e alcançar grande velocidade e distância, mas ao mesmo tempo em que se pisa desesperadamente no acelerador, não destravamos o freio de mão que está puxado. Isso causa toda a desordem e desgaste na nossa vida.

Deus quer fazer algo novo. Ele quer dar a mim e a você um caminho no deserto da vida, mas para trilhar nele devemos levantar do cavalo de balanço. Ele vai abrir uma fonte nova, uma fonte poderosa, mas para provarmos das suas águas, devemos abandonar o velho e sujo poço das frustrações do passado.

Paulo descobriu essa lição e escreveu: Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fp 3:13).

Por isto, levante-se agora mesmo e corra em direção ao alvo que é Aquele que diz: - prossiga!

Fonte: http://www.portalfiel.com.br/artigo/63-desatandose-das-dores-do-passado.html

December 27, 2013

CTRL + ALT + DEL

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- Luiz Alberto Mendes

Sinto uma necessidade profunda em nós de romper com o que fomos para construirmos algo mais saudável e que nos faça felizes de fato. Há um enorme potencial em cada um de nós, que só foi explorado superficialmente. O que há de pior em nós, reconheço, é bem fácil alcançar, chegamos rápido.

A melhor fase demora a chegar. Parece tão longe que nem sequer dá para imaginar como vai ser. Apenas poucos iluminados levantaram a cortina e tiveram um vislumbre de como será. Parece ótimo ter um potencial não realizado; ruim seria se não houvesse mais nada para desenvolver. Dá até quase para sentir; estamos iniciando os primeiros degraus de nossa caminhada rumo às estrelas.

O que faríamos se amanhã fosse nosso último dia? Com certeza nos quedaríamos a pensar no que faríamos sendo aquele nosso último dia. E nada faríamos de importante porque nossa mente estaria ocupada em pensar no que fazer.

Não creio que possamos romper com tudo o que fomos apesar da desesperada necessidade. Não há como modificar o que já fomos; pois aquilo está se transformando em consequências e está em nosso dia a dia. Tudo é fluência, não temos mais tempo, estamos batendo de frente com a vida e essa prática nos absorve completamente.

Não creio em transformação, mas contraditoriamente na força determinante da vontade. Creio que alguém pode se indignar com o que existe, romper com seus valores e partir para o esforço da ultrapassagem para substituí-los conscientemente. Pelo menos foi o que se deu comigo. São cerca de 40 anos de batalhas renhidas. A guerra ainda não está vencida e parece que não vai ter fim.

Acredito que devemos sim, ter esperanças de que podemos romper com o que está por aí e modificar as coisas. Mas somente no tempo. Na verdade, após mais de 60 anos de experiência de vida, tudo me parece paulatino e sedimentar. Nada de verdadeiro acontece de repente.

O problema é que a modernidade tornou o tempo tão sem tempo que a gente não tem ideia de quando será o tempo de agir ou mesmo se esse tempo já passou e nós nem percebemos. É nítido e claro para nós que precisamos de tudo aqui e agora.

FÚTIL E BANAL

De uma coisa tenho certeza: não podemos continuar a invadir em vez de comunicar; a vasculhar em vez de descobrir; a controlar em vez de amar e a possuir em vez de ser amigo. É só na base de nossos valores que as coisas podem funcionar. Embora não saibamos ainda ao certo o que é de fato certo, nós já sabemos comparativamente o que é mais justo.

A futilidade nos tem contaminado como uma doença, um lento morrer para o que há de importante na vida. Vivemos nos mostrando ao mesmo tempo em que nos escondemos apavorados quando alguém quer realmente saber. Na verdade, tudo o que queremos é ser aprovados. Às vezes, por pouco a gente não se mata apenas para se divertir. Estamos inseguros, inquietos e não sabemos como nos conduzir.

Nossa liberdade se limita a imitar modelos prescritos e há muito defasados. Continuamos em frente, duros como pedras, dirigindo nosso carro sem nos importar com a emissão dos poluentes e sonhando com a pílula salvadora para dormir. Em todo lugar e a toda hora morrem crianças de fome, abandono e maus-tratos. E nós devassamos salivantes, as vitrines nos shoppings centers, como se nada disso nos dissesse respeito. A dor do outro é a pior das dores, aquela que se debate e grita alto em nossas consciências.

Romper com o quê, com o medo que nos assusta? Mas tudo nos atinge e frustra; as outras pessoas são sempre um mistério insondável a nos desafiar. Não nos identificamos com esse ser que, consciente ou inconscientemente, nos tornamos. Carregamos nas costas o peso de nossas ânsias, culpas sombrias, vivemos a confundir frieza com silêncio e tratamos nossas sensações mais intensas com remédios.

E, se temos necessariamente que romper para começar de novo, então talvez a única alternativa viável seja romper com nós mesmos para reiniciar.

Fonte: http://revistatrip.uol.com.br/revista/228/colunas/ctrl-alt-del.html

December 26, 2013

Postura, ação e palavras

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Deus tem um ideal para cada circunstância da sua vida. Não importa qual seja seu problema ou necessidade, há sempre uma solução e uma provisão de Deus para você. Qualquer que seja o labirinto em que você se encontre, Deus sabe exatamente qual porta deve ser aberta e qual dos corredores você deve seguir para encontrar a saída.

O profeta Naum diz que "Deus tem um caminho no meio da tempestade". Isso significa que qualquer que seja a tempestade que desabe sobre você, Deus tem um lugar onde você estará em segurança. Nenhuma tempestade é maior do que o Deus que tem a voz mais poderosa que o trovão. Deus está sobre as muitas águas. O salmista diz que você não precisa ter medo de atravessar o vale da sombra da morte, pois é certo que Deus está caminhando ao seu lado, com sua vara que afugenta os maus e seu cajado que protege os bons. O apóstolo Paulo diz que nada pode separar você do amor de Deus, nem morte, nem vida, nem perigo, nem fome, nem tribulação, angústia, ou qualquer criatura do mundo espiritual ou da terra.

Mas é fato que no meio da tempestade, na escuridão do vale e sob ataques de todos os lados, é bem possível que você perca o senso de direção, a capacidade de enxergar os perigos, e até mesmo veja ameaçada sua convicção de que nada pode arrancar você da poderosa mão de Deus. Você não precisa se deixar abater pelo peso da culpa ou se espantar por perceber a dúvida batendo à sua porta. É natural que na hora em que os problemas se multiplicam e o tempo da necessidade se prolonga você experimente abalo em suas emoções e pensamentos. Deus sabe que isso é possível, Ele conhece sua estrutura e sabe que você não é inabalável. Você também não precisa se condenar por não enxergar solução ou perceber que não sabe o que fazer, como agir, o que dizer, ou que direção seguir.

Como você deve se portar na vida quando não tem forças para permanecer em pé? O que você deve fazer quando não sabe o que fazer? O que você deve dizer quando não sabe o que dizer? O apóstolo Paulo, homem que passou muitas vezes por situações desse tipo, recomenda: "não se deixe dominar pela ansiedade, mas em tudo, com orações e súplicas, e com ações de graças, apresente seus pedidos a Deus".

Postura: de joelhos. Ação: oração. Palavras: Abba, Pai. E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus. Postura: de joelhos. Ação: oração. Palavras: Abba, Pai. E Deus suprirá todas as suas necessidades, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus.

© 2006 Ed René Kivitz
Fonte: http://www.ibab.com.br/ed060604.html
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December 24, 2013

O Menino que tudo enxerga

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"Eis que vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador que é Cristo, o Senhor. E isto vos servirá de sinal: encontrareis uma criança envolta em faixas e deitada em manjedoura". Lc 2: 10-12

PARA QUEM JESUS NASCEU

 Assista o filme: http://www.youtube.com/watch?v=sghwe4TYY18

- Alexandre Robles

Para Zacarias

Havia em Israel um sacerdote já idoso. Diante das circunstâncias, chego a pensar que estava mais cansado na alma do que no corpo. Depois de muitos anos servindo a Deus em seus rituais, ainda carregava no coração a mágoa de não ser pai. Sua esposa também idosa, era estéril. Era mais um dia de trabalho no Templo e precisava interceder pela fé do povo, embora a sua já não mais existia - havia dado nó, não encontrava mais o significado do que aquele serviço representava - estava seco, sem fé. “Sabe o que é não ter e precisar ter para pra dar?”. Assim estava Zacarias e - ou ele se tornava um cínico que, quanto menos crê, mais cria imagens enganosas para ludibriar o povo - ou ele se esgotava lutando em sua própria consciência para manter sagrado o seu serviço enquanto faltava energia.

Enquanto cumpria a tarefa sacerdotal, um anjo apareceu e declarou que ele seria pai e que o seu filho teria uma tarefa especial a cumprir: ser o sacerdote que anuncia a chegada iminente do Messias. O medo de se frustrar exigiu que Zacarias não alimentasse esperanças juvenis. Um filho? Sendo eu e minha esposa já velhos? Quando o coração perde a fé, perde também o senso histórico; fica à deriva como se tudo o que acontece, fosse a 1a. vez; como se mais ninguém sofresse no mundo, como se tudo se resumisse à nossa existência naquele momento - viramos o centro do Universo.

É geralmente assim. O sofrimento faz a gente crer que é o centro de tudo. Só a alegria nos faz sentir que somos parte de uma existência plena. Mal lembrava ele que isso já havia acontecido com Abraão, o pai da fé, e duvidou da profecia. Por isso , Zacarias foi abençoado com a melhor das disciplinas: deixar de falar. Que maravilhoso ser impedido de falar quando não se tem fé para crer no que se fala. Até o nascimento do filho, silêncio e expectativa.

Jesus nasce para pessoas assim, que perdendo a fé e sofrendo o esgotamento, necessitam desesperadamente de novos olhos para enxergar as velhas circunstâncias. Nada melhor que os olhos de uma criança para ensinar a enxergar tudo como realmente é.

Para Isabel

Isabel era a esposa de Zacarias, a que não podia lhe dar um filho. Naqueles dias, mais do que em nossa cultura atual, uma mulher que não engravidasse perdia completamente seu propósito na vida. Pode-se imaginar que ela acordava todas as manhãs sem saber para que levantar da cama. Deveria dizer pra si mesma: “não queria ter acordado hoje, queria ter morrido, a vida não tem sabor pra mim, o mundo não precisa de mim, meu esposo seria um homem mais feliz se tivesse se casado com outra pessoa. Sou uma vergonha para minha família. Vivi a vida toda e não fiz nada de relevante. Que legado deixarei para as próximas gerações? Não serei lembrada um dia por alguém.”

Cada um de nós estabelece que precisa viver e experimentar alguns eventos durante a vida sem os quais nada mais faz sentido. A sociedade, a religião, a família dão conta de prover esse imaginário de metas a realizar a fim de que a vida tenha propósito, que vai desde nobres feitos a projetos de consumo.

Isabel precisava ser mãe de um filho nascido em seu ventre. O desejo tornou obsessão, que é a doença que nos faz limitar toda a existência a uma única ausência. Apesar da abundância, o que importa é o que não se tem. E tudo mais fica prejudicado, quando poderia ser a compensação pelo que não se tem.

Ela teve um filho, João Batista, mas seu primo que é o Messias. A razão de tudo é Jesus. Isabel só teve o filho porque Jesus iria nascer. Deus não estava atendendo a um capricho, mas diminuindo a importância da obsessão.

Jesus nasce para pessoas que precisam ser libertas da idolatria de seus desejos e sonhos, que precisam entender que a maior de suas realizações ainda será apenas coadjuvante do Deus menino.

Para Maria

Maria era uma menina já noiva de um homem provavelmente mais maduro. Como toda menina daqueles dias, sabia que o que a reservava era um bom casamento, ter filhos e cuidar dos seus. E, feliz com a honradez de seu pai em lhe entregar a um bom homem, esperava pelo dia do seu casamento.

Porém um anjo aparece e diz que ela ficará grávida, terá um filho gerado por Deus. Como isso poderia ser, se ela ainda era virgem? O milagre seria descomplicado se ela contasse ao noivo e à família que estava grávida e precisaria contar também com o milagre deles acreditarem na história. Por estar noiva, caso aparecesse grávida de outro homem, seria considerada adúltera e condenada à morte por apedrejamento.

Tudo lhe passa rapidamente pela cabeça: a vergonha dos pais, o rancor do noivo, o medo da morte. Talvez fosse melhor morrer a viver com o estigma de mulher sem vergonha.

E ela era só uma menina! Despreparada completamente para aquele filho. Ele chegou numa hora errada. Ela tinha tantos planos e aquela criança iria atrapalhar a sua vida.

Muitas pessoas se sentem assim diante de uma gravidez inesperada. Todos os medos que uma mulher sente quando recebe uma notícia assim, estão previsto para Maria também. E ela decidiu aceitar o filho não como o causador de todos seus problemas a partir de então, mas como presente de Deus.

Filho é filho! É presente! É bênção! O restante é que precisa se acomodar. O mundo ao redor é que precisa mudar.

Jesus nasce para pessoas que precisam decidir se aceitam a vida como um presente ou um problema. Especialmente Ele nasce através das pessoas que aceitam o desafio de viverem a vida como um presente, assim como Maria, que tendo obedecido a Deus e aceitado o desafio, abençoou a todos nós com seu filho. Deus conta com gente que aceita desafios para escrever a sua história.

Para José

José era o noivo de Maria e, depois de ouvir a história da moça, toma uma difícil e importante decisão: perdoar. Não é fácil perdoar a mulher que ama, sabendo ter sido traído. Pois foi assim que José se sentiu. Como era de se esperar, não acreditou na história da gravidez espiritual. Sentiu-se humilhado além de traído. “Como ela pôde imaginar que eu acreditaria nessa história?”

Decidiu então fugir, à noite, sem que ninguém pudesse notar. Fez isso por amor e por misericórdia; foi seu jeito de perdoar. Se no dia seguinte resolvesse exigir seus direitos, fatalmente o pai de Maria teria de apedrejá-la em praça pública. Era seu direito como noivo traído e dever do pai. Ao decidir fugir, ele pouparia a vida da menina e seria considerado responsável pela gravidez. Todos na cidade diriam que ele fora um abusador, que engravidara a moça e fugira para não assumir sua responsabilidade. Ela seria tratada como a vítima, já não mais correria risco de morte.

Perdoar é assumir o ônus. José sabia que ao fugir, ficaria com a culpa . E perdoar também é libertar-se da opressão. Ele não queria o mal à moça - abriu mão de vingança - mas também não queria ficar com ela. Perdoar é não cobrar a conta, mas não é necessariamente reatar as relações. Eu posso esquecer o que alguém me fez, mas não preciso viver sob o mesmo teto.

Assim ele pensou: arrumou as malas e esperou a hora certa de partir. Então um anjo apareceu e confirmou a história da moça. José viu-se liberado em sua consciência de limpar sua honra; podia receber Maria como esposa, criar o filho como se fosse seu.

Jesus nasce para que as pessoas que precisam perdoar e tenham a salvaguarda de que não serão mais agredidas quando perdoarem, pois sempre ganha quem perde e entrega a sua causa a Deus.

Para estes e tantos outros como nós, que Jesus nasceu.

A minha oração nesse Natal é que sejamos guiados pelos olhos do Menino que tudo enxerga como realmente é, e assim experimentemos a fé, a esperança e o amor.

Feliz Natal!
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December 23, 2013

Quando tudo desaba

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- Anônimo

Talvez já tenha acontecido com você... ter planos que aos seus olhos são perfeitos, uma paixão que arde no seu coração e sonhos que parecem ter tudo para dar certo e então, de repente, isso muda... talvez  os sonhos não tenham morrido, nem os planos ido embora ou o fogo apagado, mas Deus mudou o percurso e você sentiu que tudo havia desabado.

Não sou o tipo de pessoa que acredita que tudo o que acontece é culpa ou de Deus - por exemplo, se você não coloca o despertador para despertar de manhã para ir trabalhar/estudar há grandes chances de você não acordar, e isso não é culpa de Deus. Porém, acredito que a partir do momento em que entregamos nossa vida e nossos caminhos ao Senhor, aí sim as coisas acontecem por causa da permissão dEle.

Na semana passada Deus me tirou algo muito importante, não acredito que Ele tirou para sempre, mas com certeza mudou todos meus planos, mexeu nas minhas estruturas e tirou do meu controle. É verdade que eu ainda não entendi o que Deus está fazendo, nem por quê Ele está fazendo, mas entendi o que é verdadeiramente confiar em Deus e viver na sua dependência...

Quando nossos planos são mudados ou quando alguém mexe nos nossos sonhos é normal sentirmos dor; não é fácil abrir mão daquilo que estava no seu controle e daquilo pelo qual você vivia todos os dias... mas às vezes é exatamente assim que Deus age.

Quando meus planos foram mexidos, eu chorei muito e senti vazio, não foi nada legal. Então uma pessoa veio orar comigo e disse assim: “Deus, nós só conseguimos enxergar o hoje e por isso sentimos dor, mas o Senhor pode ver o futuro, se o Senhor mudou nossos planos é porque tem algo vindo em nossa direção que só poderá acontecer se nossos planos foram mudados”.

Enquanto a pessoa orava, meu coração ia descansando, mas o choro só aumentava porque comecei a pensar: hoje, é difícil abrir mão dos meus planos, pois sempre busquei pensar no futuro, mas neste momento parece que o futuro que eu havia desenhado desabou... e foi preciso me lembrar que o Deus que cuida de mim hoje, cuida também do meu futuro e eu sei que Ele tem o melhor para mim.

Às vezes esquecemos disso, quando o mundo parece desabar para nós, mas ainda assim Deus vê o amanhã e que quando Ele muda nossos planos e sonhos é porque Ele está nos preparando para o que está por vir...

Chérie, não sei o que você tem vivido, mas acredito que em algum momento da sua vida os seus planos e sonhos já foram mudados por Deus.

Ainda há uma chama no meu coração que me conduz aos meus sonhos, mas Deus precisou me tirar algo precioso para que eu pudesse viver algo novo... E, se Ele permitir e se for a vontade dEle, no tempo oportuno voltarei a realizar o que já estava realizando... caso contrário, sempre lembrarei de que os sonhos dEle são mais altos do que os meus.

Por isto “entregue o seu caminho ao Senhor, confie nEle e Ele agirá”. (Sl 37.5). A minha certeza é que se eu entregar o meu caminho ao Senhor e confiar nEle, Ele agirá para me abençoar mesmo quando não compreendo.

Que nesta semana o Senhor possa agir na sua vida e, se for preciso mudar seus planos, seus sonhos - que Ele mude - mas que o melhor dEle chegue até você.

Que o Senhor te abençoe e dê uma semana cheia de poder. 

December 22, 2013

Ressuscita-me

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Mestre, eu preciso de um milagre
Transforma minha vida, meu estado.


Faz tempo que eu não vejo a luz do dia
Estão tentando sepultar minha alegria
Tentando ver meus sonhos cancelados.


Lázaro ouviu a Sua voz
Quando aquela pedra removeu
Depois de quatro dias ele reviveu.


Mestre, não há outro que possa fazer
Aquilo que só o Teu nome tem todo poder


Eu preciso tanto de um milagre!


Remove a minha pedra
Me chama pelo nome
Muda a minha história
Ressuscita os meus sonhos.


Transforma a minha vida
Me faz um milagre
Me toca nessa hora
Me chama para fora


Ressuscita-me!


Tu és a própria vida
A força que há em mim
Tu És o Filho de Deus
Que me ergue pra vencer.


Senhor de tudo em mim
Já ouço a Tua voz
Me chamando pra viver
Uma história de poder.


Remove a minha pedra
Me chama pelo nome
Muda a minha história
Ressuscita os meus sonhos.


Transforma a minha vida
Me faz um milagre
Me toca nessa hora
Me chama para fora


Ressuscita-me!


PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=4NVhBmzEaZI
http://www.youtube.com/watch?v=f04DI2-ZGDc
http://www.youtube.com/watch?v=h5C_TJrU8EI 

December 21, 2013

Entrega

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Não posso mais viver pra mim mesmo
Ajuda-me Senhor.


Ensina-me os Teus pensamentos
Que são maiores que os meus.


Os meus sonhos te dou
Os meus planos, meu querer deixo em Teu altar.


Lugar de morte, lugar de se entregar
Como um sacrifício vivo a Ti,


Lugar de Renúncia, lugar de confiar
Que Tua graça é melhor que a vida


Estou no Teu Altar
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PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=SguuvNi2KD8
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December 20, 2013

Um pouco de silêncio

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- Michel Laub

Para um cronista de meio século atrás, digamos, o maior temor era a falta de assunto. Hoje é o contrário.

Desde o surgimento da internet, é difícil ler um texto como "A Boa Manhã", de Rubem Braga, que identifica a felicidade com a ausência do que dizer. Em qual dia de 2013, ano em que houve o julgamento do mensalão, os protestos de junho, o intérprete falso no funeral de Mandela e a glória do rei do camarote, foi possível resistir à compulsão de se expressar?

Não que o mundo seja mais movimentado hoje. O que aumentou foram os veículos para que corram versões dos fatos. O modernismo errou ao decretar a morte da narrativa. Idem quem segue falando da morte da ficção. Pois o que mais há agora são narrativas ficcionais: o tipo de relato sobre nós mesmos, mediado pela idealização -- tudo falso, portanto -- que fazemos de nossa inteligência, cultura, humor e experiência social.

O pior pecado de um colunista é ser previsível. Caio nele com frequência, como o leitor deve perceber, mas tento fugir do figurino tradicional dos que agem assim: blocos monolíticos de opinião, que alinham qualquer controvérsia -- do casamento gay ao modelo de exploração do campo de Libra -- segundo um sistema que parece coerente.

Só parece: muita gente defende a liberação das drogas e é a favor de restrições policialescas para o tabaco. Parte dos que condenam o aborto baseados no princípio de proteção à vida apoiam a pena de morte. Parte dos que advogam a separação entre religião e Estado no Ocidente se enchem de tolerância multiculturalista ao analisar teocracias. O paradoxo não impede, claro, que se aponte o dedo para a desonestidade, agressividade e ignorância dos adversários.

(Para não deixar dúvida: sou a favor do casamento gay e da adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo. A favor da separação entre Estado e religião sempre. A favor do tratamento de drogas e aborto como questões de saúde pública, e não de polícia. Contra a propaganda de cigarro e a pena de morte. Nada tenho a dizer sobre o campo de Libra).

O segundo pior pecado de um colunista é se apaixonar pela própria retórica. Como a frase melhora quando tiramos dela as adversativas, não é mesmo? Tudo fica mais irônico e viril. O ritmo do parágrafo anterior, que já não é lá muito harmonioso, ficaria pior se eu incluísse a construção "não acho, todavia, que religiosos são obscurantistas por definição".

Ou "no debate do aborto, estou mais do lado pragmático -- que tenta evitar mortes de mães em partos sem cuidados e desestruturação familiar por gravidezes não desejadas -- que no de princípios, pois tenho dificuldade em lidar com o 'conceito político' de vida".

Ou "no das drogas, ao contrário, penso mais na liberdade de cada um usar o que quiser, fazendo mal a si mesmo inclusive, que nas consequências. Tenho dúvidas se o consumo diminuiria com uma flexibilização da lei. E se o crime organizado não mudaria apenas de droga ou de ramo, caso perdesse os atuais lucros com a maconha".

Ocorre que é nas adversativas que pode estar a precisão. O estilo piora, mas é difícil pensar sobre um tema sem ao menos testar -- com a empatia que estiver ao alcance -- a viabilidade lógica e moral do argumento contrário.

Algumas coisas são inegociáveis, claro, mas nem toda ponderação é sinônimo de relativismo covarde. Assim como nem toda omissão. Pierre Bayard escreveu um ensaio divertido chamado "Como Falar dos Livros que Não Lemos" (Objetiva).

Gostaria que alguém escrevesse um com a tese oposta: como resistir em falar dos livros que lemos, dos filmes que vimos, do que aparece na TV ou do que comemos no almoço, e do trânsito e da poluição e da péssima qualidade dos serviços na cidade e assim por diante.

Seria um bom final para este longo 2013: um pouco de vazio e tédio em vez do fetiche do registro e do movimento. Uma paisagem à beira da praia sem o filtro de um aplicativo. Nenhuma hashtag comentando o desempenho sexual de ninguém. A experiência fora do alcance do relato, a vida que não precisa ser classificada e explicada nos limites -- sempre mais estreitos -- da linguagem.

Um pouco de silêncio, portanto.

Feliz Natal.

Feliz Ano-Novo.

E boas férias para mim (deve dar para perceber que estou precisando).

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/michellaub/2013/12/1387904-um-pouco-de-silencio.shtml
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December 10, 2013

O poder da gratidão

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- Suzana Herculano-Houzel

De todos os feriados, o de Ação de Graças é meu favorito: um fim de semana prolongado para reunir a família ao redor de um enorme jantar e lembrar de todas as pessoas, coisas e oportunidades pelas quais somos gratos. Ainda por cima, é um feriado não religioso e não comercial (ainda que dê início à temporada de compras natalinas).

Muito apropriadamente, o site TED.com publicou durante o feriado a palestra do monge Beneditino David Steindl-Rast, que vem há anos divulgando uma mensagem de gratidão.

Em voz deliciosamente serena porém firme, e em pouco mais de 14 minutos sem qualquer apoio audiovisual, o monge nos lembra que todos nós, de qualquer cultura, etnia, credo ou profissão, temos algo profundo em comum: o desejo de ser feliz.

E ousa dar uma receita: o caminho mais fácil e imediato para a felicidade é a gratidão. É uma mensagem simples e poderosa -- e a neurociência assina embaixo.

David nos lembra do que é dar graças: é parar por um instante para olhar ao redor e reconhecer as oportunidades que temos, e lembrar que, mesmo se algo dá errado, a vida nos dá a seguir a oportunidade de tentar de novo. Na pior das hipóteses, podemos ser gratos só por essa oportunidade de seguir adiante.

Fui assuntar na literatura científica sobre o que é a gratidão para o cérebro, e me deparei com um belo estudo do americano Jordan Grafman com o brasileiro Jorge Moll sobre emoções morais.

Apoiados na filosofia de David Hume, eles supõem que essas emoções dependem da noção de agência, ou seja, de responsabilidade pessoal pelos acontecimentos.  

Quando algo de bom acontece como resultado das nossas ações, ficamos orgulhosos; mas quando algo de bom acontece por ação alheia, ficamos gratos.

A equipe mostra que, nos dois casos, de fato há ativação do sistema de recompensa do cérebro, que nos deixa instantaneamente felizes e satisfeitos.

Parar para olhar ao redor e dar graças pelas coisas boas da vida é, portanto, dar ao cérebro uma oportunidade de lembrar de tudo o que tem dado certo e ficar genuinamente feliz com tudo isso que não depende de nós.

Assim, a gratidão é, por definição, um sentimento de felicidade -- mas um que podemos escolher ter a cada instante.

É só fazer uma pausa, dar graças (à vida, aos céus, a Deus, ao acaso, às pessoas boas que você conhece, não importa) -- e instantaneamente seu cérebro encontrará um momento de felicidade.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/suzanaherculanohouzel/2013/12/1383240-gratidao.shtml
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December 01, 2013

Gracioso e amoroso Pai

GRACIOSO E AMOROSO PAI
Hoje eu quero sentar somente aos teus pés, deixar meus méritos e me apoiar na graça.

Teu sorriso é melhor do que qualquer conquista, tua vontade é o pão que me satisfaz.

Sou barro em tuas mãos, inteiramente só teu (2x)

Gracioso e amoroso Pai,

És o amor maior do mundo.

Em tuas mãos molda o meu coração,

e o mais perfeito lugar é aqui contigo.

És o amor maior, és o amor maior, és o amor maior do mundo.

PS- Para ouvir a trilha, vai lá: https://www.facebook.com/sozosound/posts/462145543865820
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