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- Gary
Fischer
Todos pecaram
(Romanos 3:23).
A única
diferença é como as pessoas respondem aos seus próprios pecados.
Saul e Davi
foram os dois primeiros reis de Israel. Ambos eram homens humildes e fiéis
quando foram escolhidos. Ambos reinaram bem, no princípio. Ambos pecaram.
A diferença
entre Saul e Davi era suas reações quando confrontados com seus pecados.
Saul
Devido a
exigência do povo, o Senhor selecionou um rei para Israel (1 Samuel 8). Ele
escolheu Saul, um homem belo de uma família militar. Saul, que estava
procurando as jumentas extraviadas de seu pai quando Samuel o ungiu, ficou
perplexo (1 Samuel 9). Sua timidez fê-lo esconder-se quando sua escolha foi
anunciada publicamente (1 Samuel 10:21-22). Ele certamente não estava
procurando glória pessoal.
Saul reinou
bem, no princípio, mas gradualmente sua autoconfiança cresceu e sua confiança
no Senhor diminuiu. Em 1 Samuel 15 o Senhor ordenou que Saul e seu exército
conquistassem os amalequitas, uma nação que tinha atacado erradamente Israel
séculos antes (veja Êxodo 17). Deus ordenou que os amalequitas fossem
exterminados; nada deveria ser poupado. Em vez disso, Saul poupou o rei e os
melhores animais. Agindo assim, ele pecou.
Deus disse a
Samuel que fosse falar com Saul, que estava erigindo um monumento a si mesmo (1
Samuel 15:10-12). Quando Samuel se aproximou, Saul abriu a boca: “Bendito
sejas tu do SENHOR; executei as palavras do SENHOR” (15:13). Ele
parecia muito ansioso para assegurar a Samuel de que a ordem tinha sido
cumprida. Samuel respondeu perguntando pelo som de bois mugindo e ovelhas
balindo. Este era o ponto crítico.
O que faria
Saul quando confrontado com seu pecado?
Saul defendeu-se (15:15). Ele explicou
que era o povo que tinha poupado os animais. Ele raciocinou que isso era por
uma boa causa: sacrificar ao Senhor. Desde Adão até agora, os pecadores têm
tentado afastar a culpa e dar desculpas pela sua desobediência.
É duro aceitar a responsabilidade pelos próprios atos.
Samuel
repreendeu Saul, contrastando sua primitiva humildade com a vontade própria e o
orgulho que ele, então, estava demonstrando (15:16-18). Essa dura reprovação
penetraria as defesas de Saul e faria com que ele se humilhasse e se
arrependesse? Não, Saul endureceu seu coração. Ele reiterou suas
desculpas, alegando que tinha de fato obedecido ao Senhor. Ele insistiu que não
era sua culpa, uma vez que o povo é que tinha poupado os animais e que tudo,
afinal, era para sacrificar. A consciência de Saul era impenetrável. Mais tarde
Saul recitaria a palavra “Pequei”, mas somente porque ele queria que Samuel
voltasse e o honrasse diante do povo, não porque estivesse arrependido de fato.
Como
resultado do coração impenitente de Saul (note Romanos 2:5), Deus afastou o Seu
espírito de Saul, e um espírito mau entrou nele. Dai em diante, a vida de Saul
foi torturada e arruinada pela culpa. Ele se tornou paranóico, suspeitando de
seu genro, Davi, e tramando matá-lo (veja Samuel 20:30-33). Ele assassinou 85
sacerdotes de Deus (1 Samuel 22) e resolveu consultar uma feiticeira (1 Samuel
28). Finalmente, ele se suicidou (1 Samuel 31).
Saul demonstra o que acontece a
uma pessoa que se recusa a confessar e arrepender-se do pecado.
A culpa leva à
insanidade.
Davi
Como Saul,
Davi era humilde e justo quando foi escolhido para ser rei. Ele se tornou um
governante popular e capaz, abençoado com vitórias militares e prosperidade.
Infelizmente, o pecado entrou. Davi viu Bate-Seba, a mulher de um vizinho,
enquanto ela se banhava. Inflamado pela cobiça, Davi indagou a respeito dela e
soube que era a esposa de um dos seus mais condecorados soldados. Ele
convidou-a ao palácio e cometeram adultério. Depois ela voltou para casa.
Cedo ou
tarde, o Senhor confronta-nos com nossos pecados.
Bate-Seba engravidou e mandou
avisar Davi que ele era o pai. Em vez de admitir seu pecado, Davi chamou o
esposo dela, Urias, da batalha e lhe disse que fosse para casa. Davi queria
fazer com que a criança parecesse legítima. Por respeito aos seus camaradas,
Urias se recusou a passar a noite com sua esposa. Frustrado, Davi enviou um
recado, pela própria mão de Urias, para o comandante do exército, Joabe, para
metê-lo na frente da batalha e, então, retirar-se dele. Deste modo, Urias foi
assassinado e Davi tomou Bate-Seba como sua esposa.
A melhor
coisa a fazer quando pecamos é admitir e nos arrepender.
Davi não o fez.
Em vez
disso, ele tentou encobrir seu pecado e fazer com que parecesse que nada de
errado tivesse acontecido. Assim, o Senhor tomou medidas mais fortes para levar
Davi ao arrependimento. O profeta Natã foi a Davi e o condenou por seu pecado.
Ele advertiu a Davi que ele tinha cometido tanto adultério como assassinato e
que o Senhor o puniria severamente: (1) a criança morreria; (2) a espada nunca
se afastaria de sua família; (3) as suas próprias concubinas seriam violadas à
vista de todos.
Até este
ponto, Saul e Davi eram iguais.
Ambos pecaram.
Um profeta foi enviado a
cada um deles para condená-los pelo seu pecado. Ambos os profetas (Samuel e
Natã) anunciaram o julgamento contra eles.
É aqui que a
diferença entre os dois homens pode ser vista.
Saul tentou
desculpar-se e afastar a culpa.
Davi disse:
“Pequei contra o Senhor… contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal
perante os teus olhos…” (2 Samuel 12:13; Salmos 51:4). Ele implorou
perdão e restauração de sua relação com o Senhor (veja Salmo 51).
Portanto,
Deus perdoou a Davi (2 Samuel 12:13).
Que diferença
o arrependimento faz!
A vida
posterior de Saul foi atormentada pela culpa, levando-o a paranóia, ciúmes e
depressão. Seu reinado, começado tão esperançoso, terminou em suicídio.
Davi, por
outro lado, ainda que enfrentasse terríveis conseqüências de seu pecado (morte
da criança, discórdia na família, estupro de suas concubinas), foi purificado
de sua culpa e não foi atormentado pelos distúrbios mentais como Saul. Ainda
que mortificado pelo horror de seu pecado, ele continuou a ter amizade com
Deus e a servi-lo fielmente.
Aplicação
para nós
O Salmo 32
registra as meditações de Davi com respeito a seu pecado:
Versículos
1-2: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é
coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade, e em
cujo espírito não há dolo.”
Davi
regozijava-se com seu perdão, e sentiu aliviado por ter sido limpo. Contudo, o
perdão não é automático. Ele chega àquele em cujo espírito não há engano:
àquele cujo arrependimento é honesto, sincero e real.
Versículos
3-4: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos
meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre
mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.” Davi se
lembrava da agonia do pecado não confessado. Sua consciência não tinha
descanso. Ele se sentia esvaziado, exausto. Ainda que confessar o pecado seja
duro, uma recusa desavergonhada a aceitar a responsabilidade por ele é ainda
mais forte com o passar do tempo. A culpa tortura.
Versículo 5: “Confessei-te
o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao
SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.”
Perdão! Alívio! Paz! Quando Davi confessou foi como se a pressão da água atrás
de uma represa fosse aliviada pela abertura de uma comporta.
Versículo 7: “Tu
és meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos
de livramento.” Você vê o que a confissão e o perdão podem
fazer? Admiravelmente, essa é a mesma pessoa descrita nos versículos 3-4. Ver a
alegria do perdão deverá motivar-nos ao arrependimento e confissão dos nossos
pecados ainda que seja difícil.
Versículos
8-9: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as
minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem
entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não
te obedecem.” Davi contrasta o homem que responde ao simples
olhar do Senhor com o homem parecido com a mula! Esse precisa de freio e rédea
para fazer com que obedeça. Talvez ele estivesse pensando como teria sido
melhor se ele tivesse se arrependido e confessado o seu pecado imediatamente,
em vez de esperar até que Natã tivesse que lhe “bater” na cabeça. Algumas
crianças são bastante sensíveis e, sendo assim, um olhar duro as corrige na
hora, enquanto outras exigem diversas boas surras. Estaremos muito melhor sendo
sensíveis à mais leve indicação da desaprovação do Senhor em vez de precisar de
castigo severo para nos corrigir.
E quanto a
nossos pecados?
A diferença
entre aqueles que seguem o Senhor e aqueles que não seguem, não está em seus
pecados ‒
todos pecam.
A
diferença está no que eles fazem após pecarem.
O que
acontece quando alguém aponta o pecado em nossa vida ou quando lemos na Bíblia
que o que estamos fazendo é errado?
Agimos como
Saul: afastando a culpa, dando desculpas, tentando defender-nos?
Agimos como
Davi: admitindo humildemente nossos pecados e nos arrependendo quando a
repreensão de um irmão nos força a enfrentá-los?
Ou melhor
ainda: desenvolveremos sensibilidade ao Senhor e a sua palavra de modo que
vejamos nossos próprios pecados e imediatamente venhamos a confessá-los, nos
arrepender e pedir o perdão ao Senhor?
Todos
pecam.
A diferença entre
os homens está em como eles respondem aos seus pecados.
Fonte: http://www.estudosdabiblia.net/d50.htm