April 30, 2015

A restauração de Davi

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A restauração, sob o ponto de vista humano, é a arte de se colocar contritamente nas mãos do divino Oleiro para que ele refaça o vaso quebrado e lhe dê novamente a forma e a beleza anteriores, depois de qualquer escorregão e queda ou de qualquer escândalo e desastre de natureza moral e religiosa.

Davi despencou da loucura para a realidade
“Cair em si” quer dizer reconhecer o próprio erro, voltar à realidade. Foi o que aconteceu com o filho pródigo (Lc 15.17) e com o tal homem de Corinto que se deitou com a mulher de seu pai (1 Co 5.1; 2 Co 2.5-11). E o que não aconteceu com o fariseu da parábola de Jesus (Lc 18.11-12) e com o anjo da igreja de Laodicéia (Ap 3.17). Cair em si não é outra coisa senão reconhecer as maldades gêmeas – abandonar o Senhor, a fonte de água viva, e cavar as tais cisternas que, cheias de fissuras, não conseguem reter as águas (Jr 2.13). O grande apelo para cair em si está nestas palavras de Jeremias: “Compreenda e veja como é mau e amargo abandonar o Senhor, o seu Deus, e não ter temor de mim” (Jr 2.19).

Depois de cair em si, Davi admitiu o seu pecado
Imediatamente após o desbloqueio, Davi admitiu: “Pequei contra o Senhor”. E imediatamente após a confissão, foi absolvido da culpa: “O Senhor perdoou o seu pecado”. A confissão e o perdão estão no mesmo versículo (2 Sm 12.13). É preciso lembrar para confessar e é preciso confessar para não mais lembrar.

Davi não dividiu a sua culpa com ninguém
A confissão de Davi é uma confissão limpa, tal qual a do publicano: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18.13). Ele não disse que pecou porque suas mulheres e concubinas não o satisfaziam sexualmente. Não pôs culpa no pecado original herdado de Adão (Sl 51.5). Em nenhum momento responsabilizou Bate-Seba pela sua lascívia. Ele colocou o verbo pecar na primeira pessoa do singular, no caso do adultério (2 Sm 12.13; Sl 51.4) e no caso do recenseamento (1 Cr 21.8, 17). A confissão de Davi foi uma confissão “sem comentário” (BP).

Davi entendeu e aceitou o sofrimento relacionado com o seu pecado
Davi não se revoltou contra o juízo misericordioso e terapêutico de Deus nem contra o juízo implacável e oportunista do homem. Aceitou a morte do filho caçula e a agressão física e verbal de Simei, homem da família de Saul. Além de jogar pedras e poeira em Davi, Simei o amaldiçoava e lhe dizia: “Fora daqui, assassino! Você já está recebendo o castigo de Deus pela morte de Saul e sua família; você roubou o trono de Saul e agora seu filho Absalão o tomou de você! Finalmente você está experimentando o seu próprio remédio, seu assassino!” (2 Sm 16.8, BV).

Davi recuperou a delicadeza de caráter anterior O que o Filho de Deus recomendou ao anjo da igreja de Éfeso — “Arrependa-se e pratique as obras que praticava no princípio” (Ap 2.5) — aconteceu com Davi. Ele fechou o parêntesis aberto algum tempo antes do episódio do adultério e voltou a viver e a mostrar delicadeza de caráter. Dentro do parêntesis ficou a sujeira de Davi e fora dele, antes e depois, ficou a sua beleza moral. Basta ver a maneira como Davi lidou com a morte do filho caçula e como tratou o seu acusador, que lhe disse: “Você é o homem rico que roubou a cordeirinha de estimação que bebia do copo do homem pobre e dormia em seus braços”.

Davi recuperou a glória perdida
Recuperou o trono, a autoridade, o prestígio, a comunhão com o Senhor e as bênçãos de Deus. Ele mesmo diz: “Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados!” (Sl 32.1). Sobretudo depois do peso esmagador da mão do Senhor. A história registra que Davi “morreu em boa velhice, tendo desfrutado vida longa [70 anos], riqueza e honra” (1 Cr 29.28).

Davi alcançou graças adicionais
O que Paulo diz em Romanos — “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20) — cumpriu-se em Davi. Deus havia prometido a Davi que, quando a vida dele chegasse ao fim, ele escolheria para sucedê-lo “um fruto do seu próprio corpo” (2 Sm 7.12). O escolhido era Salomão, fruto do corpo de Davi e de Bate-Seba: “Dentre todos os muitos filhos que [Deus] me deu, ele escolheu Salomão para sentar-se no trono de Israel, o reino do Senhor” (1 Cr 28.5). Salomão nasceu logo após o adultério e era filho daquela que “tinha sido mulher de Urias” (Mt 1.6). Na verdade, Salomão era filho da graça!

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/303/a-restauracao-de-davi 

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=wMqicnuEkdI
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April 29, 2015

O problema da mancha e da culpa em Davi

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O hissopo molhado no sangue do Cordeiro

O problema da mancha em Davi

Se no Salmo 32 o adúltero e assassino quer livrar-se da culpa, no Salmo 51 ele quer livrar-se da mancha. Davi quer se desfazer do escândalo, então, por duas vezes, usa o verbo “apagar”: “Por tua grande compaixão, ‘apaga’ as minhas transgressões” (v. 1) e “‘Apaga’ todas as minhas iniquidades” (v. 9). Davi quer ficar limpo, então, por duas vezes, usa o verbo “lavar” e, em outras duas, “purificar”: “‘Lava-me’ de toda minha culpa e ‘purifica-me’ de meu pecado” (v. 2). E ainda: “‘Purifica-me’ com hissopo, e ficarei puro; ‘lava-me’, e mais branco que a neve serei” (v. 7).

A mancha era visível para o rei e para seus súditos. Por sua posição (a autoridade máxima de Israel), seu prestígio (todo mundo o aclamava), seu histórico (a começar com a vitória sobre Golias), sua veia musical (exímio tocador de harpa, cantor e compositor de salmos de louvor) e sua espiritualidade (expressa no Salmo 23), a queda de Davi não foi uma queda qualquer. Ele se enlameou por culpa de sua leviandade, seus olhos adúlteros, sua cobiça, seu imediatismo, seu adultério, sua hipocrisia e seu crime de morte. De fato foi um vexame, uma vergonha, um horror! Dadas essas circunstâncias, teria sido menos vergonhoso ficar de quatro, comer capim com os bois, deixar crescer os pelos e as unhas por sete anos, como aconteceu com outro rei (Dn 4.23). Porém, graças à confissão de seu pecado e à misericórdia de Deus, Davi saiu da sujeira e ela saiu dele!

A memória de Davi estava afiada quando ele compôs o Salmo 51. Ele se lembrou do arbusto aromático de um metro de altura, com cachos de flores amareladas, que crescia nas fendas das rochas e era cultivado nos muros das varandas, que se chama hissopo. Ele se lembrou, no momento certo, da décima praga, quando todos os primogênitos do Egito morreram e os de Israel sobreviveram, porque os israelitas molharam um feixe de hissopo no sangue de um cordeiro sem defeito morto naquele dia e besuntaram o alto e as laterais da porta de suas casas. Graças a essa providência, que prefigurava o sacrifício do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29), eles foram poupados e puderam sair do Egito (Êx 12.22). Ele se lembrou também do uso do hissopo nas cerimônias de purificação estabelecidas por Moisés (Lv 14.51-52). Daí a sua oração: “Purifica-me com hissopo, e ficarei puro” (Sl 51.7).

Muitos anos depois, João diria que “o sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.7).

O sereno que seca no calor do verão

O problema da culpa em Davi

A mão de Deus é muito pesada por algumas horas. Quanto mais por nove meses seguidos! Durante esse longo período, o vigor de Davi foi se esgotando como “o sereno que seca no calor do verão”. O esforço para manter oculto por muito tempo o pecado é desgastante. Enquanto a providência é essa, não há alívio de espécie alguma. Davi mesmo explica: “O sofrimento continuou até que admiti minha culpa e não escondi mais o meu pecado”. Como consequência, “o Senhor perdoou a culpa do meu pecado” (Sl 32.5).

A remoção da culpa não se dá de qualquer maneira. Ela só acontece depois da confissão e esta só vem após a plena consciência do pecado. A confissão formal não resolve nada. Não pode haver trapaça, falsidade, hipocrisia, barganha ou desculpa na confissão. O confessante não pode dividir sua culpa com outros, mesmo que ele não tenha pecado sozinho. No momento da confissão, ele não pode acusar ninguém, não pode ver nem sequer o cisco que está no olho dos outros; antes, precisa se concentrar na tábua que está no seu próprio (Mt 7.3). Essa é a rota do perdão. A absolvição, a remoção da culpa é algo absolutamente certo. Depois de todo o processo, cuja velocidade depende da não resistência e da humildade do pecador, a ofensa é tirada, a culpa é cancelada, o débito é enterrado e o pecado é coberto.

Antes era o pecador quem cobria seu próprio pecado, e a culpa persistia. Agora é o perdoador quem dá sumiço ao pecado, atirando-o “nas profundezas do mar” (Mq 7.19). Antes o entusiasmo de Davi pela vida era como um sereno secado pelo calor do sol. Depois da confissão, o pecado de Davi é como a neblina da manhã que o sol faz desaparecer (Is 44.22).

Livre da culpa deixada pelo adultério e pelo assassinato de Urias, Davi pode cantar: “Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados” (Sl 32.1).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/334/o-problema-da-mancha-e-da-culpa-em-davi

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=6mPDvKIey7w

April 28, 2015

Lidando com o pecado: Saul e Davi

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- Gary Fischer

Todos pecaram (Romanos 3:23).

A única diferença é como as pessoas respondem aos seus próprios pecados

Saul e Davi foram os dois primeiros reis de Israel. Ambos eram homens humildes e fiéis quando foram escolhidos. Ambos reinaram bem, no princípio. Ambos pecaram. 

A diferença entre Saul e Davi era suas reações quando confrontados com seus pecados.

Saul

Devido a exigência do povo, o Senhor selecionou um rei para Israel (1 Samuel 8). Ele escolheu Saul, um homem belo de uma família militar. Saul, que estava procurando as jumentas extraviadas de seu pai quando Samuel o ungiu, ficou perplexo (1 Samuel 9). Sua timidez fê-lo esconder-se quando sua escolha foi anunciada publicamente (1 Samuel 10:21-22). Ele certamente não estava procurando glória pessoal.

Saul reinou bem, no princípio, mas gradualmente sua autoconfiança cresceu e sua confiança no Senhor diminuiu. Em 1 Samuel 15 o Senhor ordenou que Saul e seu exército conquistassem os amalequitas, uma nação que tinha atacado erradamente Israel séculos antes (veja Êxodo 17). Deus ordenou que os amalequitas fossem exterminados; nada deveria ser poupado. Em vez disso, Saul poupou o rei e os melhores animais. Agindo assim, ele pecou.

Deus disse a Samuel que fosse falar com Saul, que estava erigindo um monumento a si mesmo (1 Samuel 15:10-12). Quando Samuel se aproximou, Saul abriu a boca: “Bendito sejas tu do SENHOR; executei as palavras do SENHOR” (15:13). Ele parecia muito ansioso para assegurar a Samuel de que a ordem tinha sido cumprida. Samuel respondeu perguntando pelo som de bois mugindo e ovelhas balindo. Este era o ponto crítico. 

O que faria Saul quando confrontado com seu pecado? 

Saul defendeu-se (15:15). Ele explicou que era o povo que tinha poupado os animais. Ele raciocinou que isso era por uma boa causa: sacrificar ao Senhor. Desde Adão até agora, os pecadores têm tentado afastar a culpa e dar desculpas pela sua desobediência.

É duro aceitar a responsabilidade pelos próprios atos.

Samuel repreendeu Saul, contrastando sua primitiva humildade com a vontade própria e o orgulho que ele, então, estava demonstrando (15:16-18). Essa dura reprovação penetraria as defesas de Saul e faria com que ele se humilhasse e se arrependesse? Não, Saul endureceu seu coração. Ele reiterou suas desculpas, alegando que tinha de fato obedecido ao Senhor. Ele insistiu que não era sua culpa, uma vez que o povo é que tinha poupado os animais e que tudo, afinal, era para sacrificar. A consciência de Saul era impenetrável. Mais tarde Saul recitaria a palavra “Pequei”, mas somente porque ele queria que Samuel voltasse e o honrasse diante do povo, não porque estivesse arrependido de fato.

Como resultado do coração impenitente de Saul (note Romanos 2:5), Deus afastou o Seu espírito de Saul, e um espírito mau entrou nele. Dai em diante, a vida de Saul foi torturada e arruinada pela culpa. Ele se tornou paranóico, suspeitando de seu genro, Davi, e tramando matá-lo (veja Samuel 20:30-33). Ele assassinou 85 sacerdotes de Deus (1 Samuel 22) e resolveu consultar uma feiticeira (1 Samuel 28). Finalmente, ele se suicidou (1 Samuel 31). 

Saul demonstra o que acontece a uma pessoa que se recusa a confessar e arrepender-se do pecado. 

A culpa leva à insanidade.

Davi

Como Saul, Davi era humilde e justo quando foi escolhido para ser rei. Ele se tornou um governante popular e capaz, abençoado com vitórias militares e prosperidade. Infelizmente, o pecado entrou. Davi viu Bate-Seba, a mulher de um vizinho, enquanto ela se banhava. Inflamado pela cobiça, Davi indagou a respeito dela e soube que era a esposa de um dos seus mais condecorados soldados. Ele convidou-a ao palácio e cometeram adultério. Depois ela voltou para casa.

Cedo ou tarde, o Senhor confronta-nos com nossos pecados

Bate-Seba engravidou e mandou avisar Davi que ele era o pai. Em vez de admitir seu pecado, Davi chamou o esposo dela, Urias, da batalha e lhe disse que fosse para casa. Davi queria fazer com que a criança parecesse legítima. Por respeito aos seus camaradas, Urias se recusou a passar a noite com sua esposa. Frustrado, Davi enviou um recado, pela própria mão de Urias, para o comandante do exército, Joabe, para metê-lo na frente da batalha e, então, retirar-se dele. Deste modo, Urias foi assassinado e Davi tomou Bate-Seba como sua esposa.

A melhor coisa a fazer quando pecamos é admitir e nos arrepender

Davi não o fez. 

Em vez disso, ele tentou encobrir seu pecado e fazer com que parecesse que nada de errado tivesse acontecido. Assim, o Senhor tomou medidas mais fortes para levar Davi ao arrependimento. O profeta Natã foi a Davi e o condenou por seu pecado. Ele advertiu a Davi que ele tinha cometido tanto adultério como assassinato e que o Senhor o puniria severamente: (1) a criança morreria; (2) a espada nunca se afastaria de sua família; (3) as suas próprias concubinas seriam violadas à vista de todos.

Até este ponto, Saul e Davi eram iguais.

Ambos pecaram

Um profeta foi enviado a cada um deles para condená-los pelo seu pecado. Ambos os profetas (Samuel e Natã) anunciaram o julgamento contra eles. 

É aqui que a diferença entre os dois homens pode ser vista.

Saul tentou desculpar-se e afastar a culpa. 

Davi disse: “Pequei contra o Senhor… contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos…” (2 Samuel 12:13; Salmos 51:4). Ele implorou perdão e restauração de sua relação com o Senhor (veja Salmo 51). 

Portanto, Deus perdoou a Davi (2 Samuel 12:13). 

Que diferença o arrependimento faz! 

A vida posterior de Saul foi atormentada pela culpa, levando-o a paranóia, ciúmes e depressão. Seu reinado, começado tão esperançoso, terminou em suicídio. 

Davi, por outro lado, ainda que enfrentasse terríveis conseqüências de seu pecado (morte da criança, discórdia na família, estupro de suas concubinas), foi purificado de sua culpa e não foi atormentado pelos distúrbios mentais como Saul. Ainda que mortificado pelo horror de seu pecado, ele continuou a ter amizade com Deus e a servi-lo fielmente.

Aplicação para nós

O Salmo 32 registra as meditações de Davi com respeito a seu pecado:

Versículos 1-2: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo.” 

Davi regozijava-se com seu perdão, e sentiu aliviado por ter sido limpo. Contudo, o perdão não é automático. Ele chega àquele em cujo espírito não há engano: àquele cujo arrependimento é honesto, sincero e real.

Versículos 3-4: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.” Davi se lembrava da agonia do pecado não confessado. Sua consciência não tinha descanso. Ele se sentia esvaziado, exausto. Ainda que confessar o pecado seja duro, uma recusa desavergonhada a aceitar a responsabilidade por ele é ainda mais forte com o passar do tempo. A culpa tortura.

Versículo 5: “Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.” Perdão! Alívio! Paz! Quando Davi confessou foi como se a pressão da água atrás de uma represa fosse aliviada pela abertura de uma comporta.

Versículo 7: “Tu és meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.” Você vê o que a confissão e o perdão podem fazer? Admiravelmente, essa é a mesma pessoa descrita nos versículos 3-4. Ver a alegria do perdão deverá motivar-nos ao arrependimento e confissão dos nossos pecados ainda que seja difícil.

Versículos 8-9: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem.” Davi contrasta o homem que responde ao simples olhar do Senhor com o homem parecido com a mula! Esse precisa de freio e rédea para fazer com que obedeça. Talvez ele estivesse pensando como teria sido melhor se ele tivesse se arrependido e confessado o seu pecado imediatamente, em vez de esperar até que Natã tivesse que lhe “bater” na cabeça. Algumas crianças são bastante sensíveis e, sendo assim, um olhar duro as corrige na hora, enquanto outras exigem diversas boas surras. Estaremos muito melhor sendo sensíveis à mais leve indicação da desaprovação do Senhor em vez de precisar de castigo severo para nos corrigir.

E quanto a nossos pecados? 

A diferença entre aqueles que seguem o Senhor e aqueles que não seguem, não está em seus pecados todos pecam.

A diferença está no que eles fazem após pecarem

O que acontece quando alguém aponta o pecado em nossa vida ou quando lemos na Bíblia que o que estamos fazendo é errado? 

Agimos como Saul: afastando a culpa, dando desculpas, tentando defender-nos? 

Agimos como Davi: admitindo humildemente nossos pecados e nos arrependendo quando a repreensão de um irmão nos força a enfrentá-los? 

Ou melhor ainda: desenvolveremos sensibilidade ao Senhor e a sua palavra de modo que vejamos nossos próprios pecados e imediatamente venhamos a confessá-los, nos arrepender e pedir o perdão ao Senhor?

Todos pecam. 

A diferença entre os homens está em como eles respondem aos seus pecados. 

Fonte: http://www.estudosdabiblia.net/d50.htm 

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=adDncQqmrKk

April 27, 2015

O incômodo que nos acompanha

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- Ageu Heringer Lisboa

A psicanálise e todo romancista sabem e trabalham com o pressuposto de que o mal está entranhado no ser humano e que cumpre a todos a tarefa de domá-lo. Trata-se de um caldeirão energético de que o processo civilizatório busca dar conta, subjugando a besta-fera que nos espreita de dentro. 
 
Uma associação entre pecado, doença e impureza esteve presente em praticamente todas as expressões religiosas. Entre os judeus, temos as prescrições de purificação no livro de Levítico e em outras passagens. Em algumas religiões há processos de santificação que passam por autoflagelação e penitências, as quais funcionam como catarse na busca de alívio da consciência pela mortificação, na tentativa desesperada de acertar-se com o mundo espiritual.1 Estas manifestações demonstram o quanto estão inscritas no psiquismo humano as representações do sagrado vinculadas aos afetos da alma. Nesse sentido, é significativo o drama da vida de Cristo, apresentado como o Cordeiro do sacrifício expiatório e substitutivo. 
 
No que diz respeito às culpas do dia a dia, existem as reais e as imaginárias, as fabricadas e a neurótica. Contudo, há também esperança para quem sofre de culpabilidade patológica.
 
Algumas pessoas, em uma conversação rotineira, pedem desculpas por qualquer motivo, seja por tossir ou por escorregar da cadeira. Este cacoete linguístico indica um cuidado constante para não errar e uma tentativa de acertar ou agradar sempre. Quando me deparo com pessoas assim, que pedem “des”-culpas a todo tempo, digo-lhes que não têm “dez”, nem “nove”, nem “uma” culpa; decifrado o jogo linguístico, elas costumam sorrir e se desarmam. Com alguma ajuda poderão se sentir mais livres para desfrutar da existência sem medo, que é o que Deus deseja para todos.
 
Por um lado, há pessoas dominadas pela escrupulosidade e obsessividade constrangedoras e limitantes. Não querem incomodar, nem errar, e filtram tudo. Sentem-se erradas sempre e pedem desculpas até por existir. São inseguras, possuídas por um senso moral rígido e alimentadas por noções inadequadas a respeito de si mesmas. Descobre-se nelas, com frequência, um histórico de fortes cobranças e moralismo nas relações familiares vindo de pais e mães castradores, pregações acusadoras ou outras ameaças. Essas pessoas aprenderam a desconfiar de si mesmas, a sofrer e a não desfrutar da vida. Incorporaram noções exageradas de culpa e impureza. Não sabem como descansar na graça de Deus, que está disposto a acolhê-las, pois carregam um enorme fardo de culpa -- neurótica, aprendida, que complica a situação. Um gracioso processo de aconselhamento ou psicoterapia pode quebrar as distorções, promover uma reordenação cognitiva (“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”) e libertá-las emocional e espiritualmente.
 
Por outro lado, há pessoas que dificilmente admitem estar erradas. Sofrem quando têm que pedir desculpas. Pedir perdão é ainda mais difícil; só mesmo quando pressionadas admitem a culpa, contorcendo-se e tentando se desculpar. Ser “durão” é algo encorajado em certas culturas. Na hedonista cultura brasileira, por exemplo, celebra-se uma glamourização do transgressivo, estimula-se a esperteza e a busca de vantagens em detrimento do outro. “Não existe pecado do lado de baixo do Equador”, é o que se canta. Os excessos deste processo cultural podem ser percebidos tanto nos territórios dominados pelos traficantes e policiais, como na corrupção política que dirige o país. Pena que estes poderosos não se sentem culpados! Como fazem falta pessoas como João Batista para enfrentar tamanha insensibilidade ética.
 
Um ser humano bem constituído é capaz de sentir e respeitar limites próprios e do outro. Só é possível o laço social quando se tem a lei sobre todos. No plano individual, carregamos ou somos ativados pelo “supereu”, ou superego, nosso dinamismo ético-espiritual, a consciência trabalhada pela lei e adquirida no processo de educação e formação de caráter, o que nos faz humanos maduros, responsáveis, capazes de sofrimento e fraternidade. Quando ele falha, temos difíceis processos de reeducação e socialização pela frente. 
 
O caso extremo da psicopatologia é a psicopatia. O psicopata é o narcisista frio, alguém incapaz de sentir culpa ou remorso. O contrário, então, a capacidade de sofrer com a culpa, é sinal de vitalidade do equipamento psíquico, da existência de sensor moral e vida espiritual, de humanidade preservada. 
 
Culpa e religião cristã
 
Há uma longa história de equívocos nas comunidades cristãs, que desde os primeiros séculos possuíam visões ascéticas extremas, com uma série de interdições controlando a vida das pessoas. O corpo e a sexualidade foram os grandes vilões. Se rabis e sacerdotes judeus criaram mais de 600 artigos complementares ao Decálogo (e vemos como Jesus desmontou esta falsa espiritualidade que complicava a vida das pessoas), no meio cristão passou-se por processo semelhante em nome de doutrinas e interesses de sistemas religiosos. Alguns líderes são criadores e vítimas de imagens doentias de Deus, de um deus pequeno, complexado, vingativo, narcisista, semelhante a um guarda rodoviário sem misericórdia, que fica à espreita da menor falta para flagrar o faltoso e puni-lo. Assim se faz um deus diabólico, doentio.
 
Este tipo de mensagem sobre Deus causa muito sofrimento, gerando nas pessoas sentimentos persecutórios e sensação de impotência e ausência de perdão. Pinta-se um deus instável, arbitrário, não confiável, como as divindades pagãs, que precisam ser aplacadas com sacrifícios. Assim, de forma maldosa, sádica e até criminosa temos uma indústria religiosa do medo, que explora a fraqueza de pessoas incultas e incautas. Na periferia de São Paulo, por exemplo, veem-se cristãos paupérrimos e angustiados devido a cobranças de dízimos. Nas emissoras de rádio e televisão cultiva-se o medo: a pessoa tida como indigna de Deus pode perder a salvação, ser tratada como herege e excluída da comunidade, dependendo do julgamento de terceiros. Isso aprofunda as fissuras psíquicas pré-existentes e adoece a relação com Deus. 
 
Tanto os sentimentos quanto as habilidades funcionais são ensinados pelos pais e demais instâncias formadoras. Aos conteúdos que se quer inculcar na criança e no adolescente agrega-se a carga emocional que acompanha o processo de socialização e educação. Este é um fenômeno universal e aplica-se a todos os âmbitos da vida, notadamente em questões de orientação religiosa e de ordem sexual. Está presente na família, na igreja, na sinagoga, na mesquita ou no terreiro de candomblé e é elemento decisivo para a saúde mental das futuras gerações. Se a instrução vem pela via amorosa, afirmativa e paciente, encontramos pessoas emocionalmente saudáveis, com raciocínio mais tranquilo. Pais e mães que funcionam como “nutridores emocionais” espelham uma imagem de Deus amorosa, forte, justa, encorajadora. No entanto, se Deus é expresso com rigidez, criticismo, suspeitas e castigos, encontramos pessoas inseguras, sofridas e com dificuldade de crer na graça incondicional. Assim, a construção da identidade segura, amorosa, ética tem a ver com os padrões desenvolvidos.
 
Podemos ser controlados por culpas neuróticas, falsas e culturais. Algumas delas vêm por meio da imposição legalista da cobrança de dízimos nas igrejas, do não cumprimento do tempo de jejum, de não ter orado ou lido a Bíblia suficientemente, de não ter participado de alguma campanha. Jesus lidava com as pessoas de modo diferente. Aquele que estava oprimido encontrava acolhida, graça, proteção e respeito à sua individualidade. 
 
Há a autêntica culpa, sabida ou oculta, que é a transgressão objetiva e real do mandamento do amor. Neste caso, o Espírito Santo incomoda, esclarece, induz ao arrependimento e perdoa (Sl 19.12-13). Somos perdoados e libertos quando submetemos nossa consciência ao Espírito de Deus e clamamos por perdão e graça àquele que sonda as mentes e os corações. Pode-se orar assim: “Tu, Senhor, que sonda meu interior e sabe o que há em mim, torna-me consciente de minhas faltas e guia-me pelo caminho da retidão”.
 
Para quem, mesmo sendo dedicado à oração, ainda se sente ameaçado pelas lembranças de pecados, um conselho: busque ajuda de um bom profissional ou de pessoas alegres e maduras na fé, que o ajudarão a desativar os mecanismos de sabotagem adquiridos. Sua mente sofre devido à má digestão de experiências emocionais familiares, ao desconhecimento das boas novas relatadas nas Escrituras, ao estresse e à desordem bioquímica. Um psicoterapeuta ou psiquiatra poderá diagnosticar o problema, que tem reparação medicamentosa. É o caso de muitos que sofrem por sentir que pecaram contra o Espírito Santo.
 
Felizmente, para qualquer pessoa - mesmo as mais afetadas por má educação, violência psíquica, “bullying” espiritual - é possível uma cura substancial dos transtornos e a retomada de uma vida digna. Pode-se ouvir, no íntimo, a voz terna do Pai, que declara um amor incondicional, como no batismo de Jesus: “Tu és o meu filho e me dás muita alegria!” (Mc 1.11). Por fim, podemos entrar no paraíso, desde agora, ao contemplarmos Jesus na cruz, pois ele mesmo nos sussurra e nos garante isto (Lc 23.42-43). 
 
Esta é uma realidade para o presente, instaurada pelo Jesus que diz: “Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos e tenham descanso”; “Tudo está consumado”. Desde a cruz, estamos livres de toda maldição e poder (Is 53). “Vinde, benditos do meu Pai!”
 
Nota
1. Mircea Eliade é autor clássico no tema.
 
Ageu Heringer Lisboa, psicólogo clínico, é mestre em ciências da religião e membro fundador do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos. ageuhl@gmail.com
 
Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/334/o-incomodo-que-nos-acompanha

April 26, 2015

Súplicas ardentes de um compulsivo humilde

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As orações de qualquer pessoa devem ser precisas, sem rodeio algum. Aquele que sofre de compulsão deve atinar para esse fato. A Bíblia ensina: “Se alguém tem falta de sabedoria, ‘peça’ a Deus, e ele ‘a dará’ porque é generoso e dá com bondade a todos” (Tg 1.5). O compulsivo tem necessidades próprias e deve levá-las a Deus em oração. Ele pode clamar com toda abertura de alma assim:

“Ó Deus, tem misericórdia de mim! Estou doente. Cuida de mim. Sê meu médico de cabeceira. Dá-me um tratamento intensivo. Cura-me. Expurga-me dos meus desejos estranhos, conflitantes, continuados e compulsivos.

Ó Deus, perdoa as minhas dificuldades na área da compulsão. Perdoa as promessas que não consegui cumprir de não dar espaço a essas coisas. Perdoa minhas teimosias e meus fracassos.

Ó Deus, livra-me da culpa que não existe pela prática do discernimento e da culpa que existe pela prática da confissão.

Ó Deus, torna-me cada vez mais convicto do teu imenso amor não só pelo mundo, mas por mim mesmo. Mostra-me constantemente a beleza e a riqueza da tua graça.

Ó Deus, beneficia-me com o dom do domínio próprio em grande quantidade e em todas as áreas da minha jornada contra esta e aquela compulsão. Ajuda-me a negar-me a mim mesmo quantas vezes forem necessárias, sem perda de tempo.

Ó Deus, não hesito em pedir-te que me dobres, me submetas, me subjugues, me venças, me faças cativo a Jesus Cristo.

Aumenta a minha comunhão contigo, aumenta a minha confiança em ti, ó meu Deus, meu Senhor, meu Salvador!

No precioso nome de Jesus Cristo, digo amém, amém e amém”.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/352/suplicas-ardentes-de-um-compulsivo-humilde

PS1- Leia mais: Quando o salmista e o compulsivo fazem orações parecidas

PS2- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=4NVhBmzEaZI
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April 25, 2015

Nossa vocação: sermos de Deus, filhos

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- Ricardo Barbosa

Alguns anos atrás, num seminário em Brasília, fui convidado para dar um curso sobre vocação e espiritualidade. Comecei a aula perguntando aos alunos – todos eles estudando para serem pastores – quantos ali tinham certeza da sua vocação. Todos levantaram a mão, e uns dois ou três compartilharam seu chamado. Então perguntei a eles:

– Vocês já viram um faxineiro de banheiro de rodoviária dizendo que Jesus o chamou para ser faxineiro de rodoviária?

Tentei melhorar a pergunta:

– Vocês já viram um caixa de banco dizendo que Jesus o chamou para ser bancário?

O objetivo ali era refletirmos sobre quão elitista é o conceito que temos de vocação. Ele refere-se a menos de 1% do povo de Deus, que se dedica ao pastorado, a missões ou algo assim. O restante é um bando de gente “desvocacionada” e sem chamado algum. Não é isso que Paulo tem em mente.

Em geral, temos uma compreensão muito equivocada do que significa o chamado, ou a vocação. Para nós, hoje, dentro da nossa cultura, a vocação depende do que nós fazemos, de preferência alguma coisa que nos dê prazer. Então, quando alguém encontra sua vocação, seu chamado, isso significa que encontrou alguma coisa com que se identifica e que lhe dá algum tipo de satisfação. Acredito que Paulo nunca pensou nisso. Quando ele fala em chamado ou em vocação, com duas exceções em que descreve o seu apostolado, Paulo está tratando da nova identidade que temos em Cristo, e não daquilo que fazemos.

Quando lemos em 1 Coríntios 7: “Foi alguém chamado sendo solteiro? Permaneça solteiro. Se é casado, não se separe, mantenha-se casado. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se faça circuncidar”, e assim por diante. Por três vezes Paulo diz: “Cada um permaneça na vocação a que foi chamado” (v. 17, 20, 24).

O que o apóstolo entende por vocação é aquilo que nós somos chamados a fazer em Cristo Jesus: sermos filhos e filhas de Deus, povo de Deus, discípulos de Jesus, servos uns dos outros. Esse é o nosso chamado! E nós servimos a Deus a partir desse chamado onde quer que estejamos. Hoje, eu sirvo a Deus como pastor, mas poderia fazê-lo com a mesma dignidade sendo faxineiro. Não me torno uma pessoa mais vocacionada do que alguém que exerce uma atividade lá embaixo na nossa pirâmide social. Este é um conceito pagão, não bíblico! O conceito paulino de vocação tem a ver com aquilo que nós somos em Cristo e com a nossa resposta ao mundo em que vivemos, a partir dessa identidade. Todos nós somos chamados para essa mesma realidade e, quando entendemos o nosso chamado, procuramos encontrar a melhor maneira de servir a Deus no mundo. Não importa se nós gostamos ou se não gostamos. É necessário? Precisa ser feito? Então iremos fazer! Não se trata de prazer, de satisfação, trata-se de ser povo de Deus atuando no mundo em serviço, promovendo o bem, a paz, a salvação, a reconciliação, levando homens e mulheres ao arrependimento, abençoando todas as famílias da Terra.

Logo, o chamado é um convite, uma eleição, uma convocação. Para quê? Para sermos povo de Deus. E quando respondemos a uma vocação passamos a viver como pessoas convidadas, convocadas, eleitas. De preferência, devemos viver de modo digno de quem nos chamou, para sermos aquilo pelo qual ele se deu por nós.

A vocação nos dá uma identidade, nos oferece um destino. Deus nos chama e nossa resposta – quando damos o “sim” – nos coloca dentro de uma nova realidade, o mundo do povo de Deus, onde Jesus Cristo é o Senhor. Nós começamos a viver de um modo adequado a essa nova realidade. O chamado, portanto, não apenas nos dá uma identidade, mas define o que iremos fazer.

Às vezes jovens e adolescentes da igreja me procuram para conversar sobre qual curso vão fazer, em busca de ajuda para escolher sua profissão. Eu digo:

– Olhe para o seu país e veja onde existem as maiores necessidades. Olhe aquilo e faça! E, se lá na frente você precisar mudar, mude.

– Mas qual é a vontade de Deus? – eles sempre retrucam.

– A vontade de Deus é que você sirva a ele e abençoe as famílias da Terra! A vontade de Deus não é que você seja engenheiro, ou advogado, ou professor, ou isto, ou aquilo. Não! A vontade de Deus é que você tome a decisão correta a partir daquilo que você foi chamado para ser. Você acredita que ser um advogado, ou uma dona de casa, ou uma secretária é a forma de você servir a Deus? Ou você tem de escolher uma dessas ocupações por outras contingências e encontra uma maneira de servir a Deus a partir daquela realidade, vivendo como povo de Deus ali naquele lugar, como secretária, como telefonista, como doutor, como professor, ou o que for? Seja povo de Deus onde você estiver e isso vai ajudá-lo a definir como você vai andar, viver, se comportar.

O chamado molda nosso comportamento, define nossa ética, explica quem nós somos nos nossos relacionamentos. Nossa vocação nos dá condições de viver uma vida coerente, integral e íntegra quando vivemos a partir da consciência de quem somos.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/nossa-identidade-nossa-vocacao

April 18, 2015

Paz

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A partir de hoje, com a ajuda de Deus, vou pôr um ponto final em meus desentendimentos com todas as pessoas com as quais convivo ou com as quais me encontro.

Chega de briga, de discussões, de gritaria, de grosseria, de palavrões, de agressões, de antipatia.

Estou cansado de depender do outro para parar de brigar.

Vou tomar a iniciativa.

Não sou ingênuo. Estou ciente de que será difícil. Porém não digo mais que será impossível. Reconheço que já avancei um pouco e quero dar continuidade a esse pouco. A partir daí, Deus me dará outras vitórias.

Sei que o relacionamento entre duas ou mais pessoas é sempre complicado por causa da nossa herança adâmica. Lembro-me de Abel e Caim, de Sara e Hagar, de Jacó e Esaú, de Raquel e Lia, de José e seus irmãos, de Maria e Marta, de Paulo e Barnabé e da membresia da igreja de Corinto.

Estou ciente de que eu e meu cônjuge, eu e meus filhos, eu e meus vizinhos, eu e meus colegas de trabalho, eu e meus irmãos na fé - somos muito diferentes, o que me leva a crer que o relacionamento entre nós não será automático. Vai exigir esforço, temperamento controlado e auto-negação continuada. Eu e eles temos temperamentos, históricos, ênfases, experiências, reações, defeitos, virtudes, capacidades e dons diferentes.

Além disso, eu e eles somos - pelo menos potencialmente - invejosos, ciumentos, egoístas, orgulhosos, impacientes, briguentos e outras coisas mais. Para viver em paz, preciso passar por cima de tudo isso. Preciso andar a segunda milha de que fala Jesus (Mt 5.41) e perdoar setenta vezes sete, também de acordo com Jesus (Mt 18.22).

Meu relacionamento no circuito mais próximo e íntimo (no lar) e no circuito mais amplo e público (no trabalho e na igreja) vai depender de certas virtudes claras.

Preciso conhecer e respeitar o outro. Preciso amar e perdoar o outro. Preciso tolerar o outro e ter paciência com ele. Preciso ter sabedoria e acerto para conviver com o outro. Preciso de humildade para não me encher de glória à custa do esvaziamento da glória do outro. Preciso repudiar a comparação, a competição e a concorrência com o outro. Preciso descolar da memória qualquer lembrança negativa - tanto recente, como remota - do outro. Preciso pedir desculpas e desculpar. Preciso conversar, dialogar e desabafar com o outro. Preciso evitar qualquer oportunidade que possa gerar aborrecimento com o outro. Preciso interceder pelo outro.

De hoje em diante vai ser assim.

Que o Senhor me socorra!

Amém.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/324/nao-quero-brigar-com-ninguem

April 17, 2015

Existe escolha certa?


- Glaucia Leal

Os mecanismos que influenciam nossas decisões têm sido investigados pela ciência há muito tempo. Um marco nesse campo foi a troca de cartas entre dois eminentes matemáticos franceses, Blaise Pascal e Pierre de Fermat, em 1654. Seus insights sobre jogos de azar formaram a base da teoria da probabilidade. No século 20, o tema atraiu a atenção de psicólogos, cientistas sociais e economistas. Algumas “teorias da decisão” consideram que os seres humanos tendem a pesar cada opção, levando em conta seu valor e probabilidade para, em seguida, tomar a resolução “mais adequada”. Na prática, porém, não é bem assim. Talvez seja mais fácil entender como gostaríamos de fazer escolhas, guiados por princípios lógicos, do que como de fato as fazemos.

A verdade é que uma gama de fatores molda e embasa nossas opções: tendências inatas, emoções, expectativas, equívocos, características de personalidade, aspectos culturais e conteúdos inconscientes. Às vezes, a tomada de decisão pode parecer inconsistente ou perversa, e o mais intrigante talvez seja o quão frequentemente forças aparentemente irracionais nos ajudam a fazer a opção certa – se é que ela existe.

Num evento recente sobre o tema, promovido pelo instituto independente de pesquisa Ernst Strüngmann Forum, em Frankfurt, na Alemanha, que reuniu cientistas e pensadores, foi salientado que, todos os dias, tomamos de 2.500 a 10 mil decisões. Nesse total, estão incluídas desde as pequenas preocupações sobre a marca de café que preferimos até considerações sobre a pessoa com quem queremos dividir (ou continuar dividindo) a vida.

Não é novidade que nossas emoções podem ser a força motriz nos processos de tomada de decisão. Do ponto de vista evolutivo, muitas vezes o que sentimos (mais até do que aquilo que pensamos) nos direcionou para a sobrevivência. A raiva, por exemplo, pode nos motivar a punir um transgressor, o que, para nossos antepassados, foi fundamental na manutenção da ordem e da coesão do grupo. Já o nojo nos torna exigentes e moralistas, levando a escolhas que podem evitar doenças e o descumprimento de normas sociais. O medo, por sua vez, nos deixa mais cuidadosos – e, às vezes, nos mantém vivos. Se pensarmos na reação de seres humanos pré-históricos diante de um ruído nos arbustos, talvez valha considerar que os mais corajosos, que não apostaram na possibilidade de haver um predador escondido entre as folhagens, tenham pago com a própria vida pelo erro de avaliação – e, assim, não conseguiram passar seus genes para a geração seguinte.

Especialistas consideram que emoções nos ajudam a nos concentrar no que realmente importa em dado momento, já que até mesmo as situações diárias mais básicas são complexas para nosso cérebro e exigem que inúmeras informações sejam levadas em conta. Por isso, sempre que possível é preciso simplificar.

O pesquisador Gordon Brown, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, afirma, porém, que na maioria das vezes tendemos a classificar possibilidades com base em processos cognitivamente fáceis, como comparações-binárias. Por exemplo: ao decidir se R$ 5,50 é muito para pagar por um suco, você pode se lembrar de meia dúzia de ocasiões em que o mesmo produto custou menos e de apenas duas nas quais pagou mais, o que o fará colocar essa bebida específica na categoria “cara” – e, eventualmente, optar por não comprá-la. Essa é uma típica “decisão por amostragem”, útil quando temos à disposição opções simplificadas, mas que pode levar a decisões ruins quando as informações usadas para classificar possibilidades estiverem incorretas, forem limitadas ou se basearem em crenças falsas. A decisão por amostragem pode influenciar nossas escolhas até quando enfrentamos ameaças mais imediatas. Pessoas que vivem em sociedades com altas taxas de mortalidade, por exemplo, são mais propensas a decidir colocar-se em risco em comparação com alguém que tem pouca experiência de perigo.

Ainda do ponto de vista da evolução, por meio da aprendizagem podemos aprimorar nossa capacidade de escolher as informações sobre as quais baseamos nossas decisões. A seleção natural pode explicar até a intrigante propensão da maioria das pessoas para evitar fazer escolhas mais amplas – e simplesmente “seguir o rebanho”. O pesquisador Rob Boyd, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, destaca que nós, humanos, evoluímos à medida que aprendemos com os outros e os imitamos – até porque essa é, muitas vezes, uma boa opção. Na maioria das situações, saber por si só qual é a melhor coisa a fazer está além da capacidade de um único indivíduo. Mas somos bons em reconhecer o que os outros fazem de forma acertada – e copiar. Resultado: nossas tendências conformistas em geral nos levam a escolhas surpreendentemente eficazes, que nos permitem nos socializar quando começamos um novo curso ou trabalho e a adquirir produtos de qualidade mesmo quando não somos experts.

O lado ruim da situação é que, excessivamente conformados, corremos o risco de nos desresponsabilizar por nossas opções e cair nas armadilhas da manipulação, sem sequer nos darmos conta disso. Desabituados a exercitar o pensamento crítico, abrimos espaço para preconceitos. Assim, em situações novas ou nas quais trabalhamos com informação limitada, temos o hábito infeliz de basear nossas decisões em conexões aleatórias. Esse efeito, conhecido como “ancoragem”, foi apresentado pela primeira vez pelos psicólogos Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, ganhador do Nobel de Economia em 2002, e Amos Tversky, já falecido, que participou da pesquisa que rendeu o prêmio ao colega. Os dois revelaram algumas atitudes peculiares em relação ao risco. Por exemplo, tendemos a ser muito mais cautelosos quando há a possibilidade de grandes ganhos ou de perdas pequenas. No entanto, escolhemos opções arriscadas sem grande apreensão se existe a probabilidade de pequenos ganhos ou de perda significativa. Essa inclinação para subestimar eventos raros, mas catastróficos, tem sido chamada de “efeito cisne negro”.

O que se pode dizer sem medo de errar é que nossas escolhas, quaisquer que sejam, grandes ou pequenas, estão sujeitas a uma quantidade enorme de influências e variáveis, nem todas sob nosso controle. Mas tudo indica que a compreensão mais clara das forças que sustentam nossas decisões pode nos ajudar a fazer melhores escolhas. Um exemplo prático? A descoberta recente de pesquisadores das universidades Ben-Gurion, em Israel, e Stanford sobre a “fadiga de decisão”, que faz com que juízes sejam quatro vezes mais propensos a conceder penas menores de manhã do que à tarde, poderá persuadir não só os profissionais, mas qualquer pessoa a ser mais cuidadosa quando se vê diante de um dilema. E, com certeza, de todas as escolhas que enfrentamos todos os dias, a de se comprometer a tomar boas decisões é seguramente a melhor.

Fonte: http://blogs.estadao.com.br/pensar-psi/existe-escolha-certa/
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April 16, 2015

This I believe

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Chérie,

você nem imagina, mas suas crenças tem poder, pois são elas que determinam suas escolhas.

Sim, sua vida é regida pelo que você acredita.

Escolha acreditar ; ).

Vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=uuDI-sk2nJU

Bjs,

KT
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April 15, 2015

Subvertendo o mundo com a esperança

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- Marcos Almeida

Dias atrás, uma jovem jornalista deixou a seguinte pergunta em minha caixa postal: “O que é ser um músico e artista cristão?”. Não tive outra escolha senão utilizar a resposta que já estava na ponta da língua. Então de pronto e docemente,respondi: é aquele que não coloca sua arte a serviço de segundas intenções, que tem a liberdade de compor e criar a partir daquilo que é real, a partir desta vida palpável e complexa, inteira e misteriosa.

O artista cristão é aquele que não se preocupa em fazer uma “arte cristã”, já que sua criação é fruto natural de uma vida. Ele se ocupa mesmo em viver o evangelho e ser honesto com sua criatividade ao invés de produzir uma arte-simulação.

Ninguém fica pedindo para uma macieira dar maçãs, pois esse é o fruto esperado de tal árvore. Da mesma forma, seria desnecessário solicitar ao cristão uma arte cristã, exatamente porque toda expressão sincera e honesta daquele que se imbuiu do evangelho reflete-se numa arte evangélica. Então, quando o artista olhar para o mundo, tentando descrevê-lo como um narrador sensível e atento, ou quando precisar dar significado a ele, comunicando aos outros e a si mesmo o sentido da vida, tudo que chegar aos seus olhos passará primeiro pelas lentes da Boa Nova. Sendo assim, toda arte que fizer não poderá estar separada do evangelho. Caso isso aconteça, temos um excelente caso de esquizofrenia: de um lado, a vida privada do cristão; de outro, sua produção artística totalmente desvinculada do que ele acredita.

O único que pode nos livrar dessa contradição é o Deus que reconcilia consigo mesmo todas as coisas e nos faz inteiro nEle. É Ele quem nos habilita a ter uma arte que é fruto da liberdade, pois sua ação redentora afetou por completo todas as esferas da nossa existência.

Ao nos tornar livres, Ele nos deu também condições para uma arte admiravelmente livre.

Que alegria é poder viver assim!

E a nossa música brasileira, a arte desta terra, será rica dessa verdade subversiva quando, antes dela, no tempo que precede sua confecção, o artista também for cheio da vida que nasce da Vida.

“Por que você está dizendo essas coisas?”, algum simpático curioso me perguntaria. Digo isso porque não vejo alternativa diferente desse caminho de imersão real, existencial. Um caminho amplo e honesto, que tem como prioridade a vida antes da estética e do entretenimento.

Digo isso porque vejo uma arte amiga da realidade, um artista que ama o mundo de tal maneira que o abençoa, criando um bem estético capaz de interferir na sintaxe da nossa cultura.

Por meio da expressão espontânea ou da obra rebuscada, de uma canção de três acordes ou de um hino de quarenta vozes, num grito urbano e amplificado ou naquele sussurro alegre do sertão, vejo uma arte subvertendo o mundo com a esperança.

Se assim você também vê, é tempo de caminhar e semear a terra.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/327/subvertendo-o-mundo-com-a-esperanca

April 14, 2015

Coração aquietado

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1 Ó Senhor Deus, eu já não sou
orgulhoso;
deixei de olhar os outros com arrogância.
Não vou atrás das coisas grandes
e extraordinárias,
que estão fora do meu alcance.
2 Assim, como a criança desmamada
fica quieta nos braços da mãe,
assim eu estou satisfeito e tranquilo,
e o meu coração está calmo
dentro de mim.
3 Povo de Israel, ponha a sua esperança
em Deus, o Senhor,
agora e sempre!
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PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=s_6aB6S2aOA
https://www.youtube.com/watch?v=rWlnRn_4HEU
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April 06, 2015

Adoração

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1 Ao Senhor Deus pertencem o mundo
e tudo o que nele existe;
a terra e todos os seres vivos
que nela vivem são dele.
2 O Senhor construiu a terra
sobre os mares
e pôs os seus alicerces
nas profundezas do oceano.
3 Quem tem o direito de subir
o monte do Senhor?
Quem pode ficar no seu santo Templo?
4 Somente aquele que é correto
no agir e limpo no pensar,
que não adora ídolos,
nem faz promessas falsas.
5 O Senhor Deus o abençoará, o salvará
e o declarará inocente no julgamento.
6 São assim as pessoas
que adoram o Senhor,
que prestam culto ao Deus de Jacó.
7 Abram bem os portões,
abram os portões antigos,
e entrará o Rei da glória.
8 Quem é esse Rei da glória?
É Deus, o Senhor, forte e poderoso,
o Senhor, poderoso na batalha.
9 Abram bem os portões,
abram os portões antigos,
e entrará o Rei da glória.
10 Quem é esse Rei da glória?
É Deus, o Senhor Todo-Poderoso;
ele é o Rei da glória.

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=wzykL1MoE98
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April 01, 2015

Mentir é não ser

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- Noeme Rodrigues de Souza Campos

A mentira é como uma tinta cinza que alguém espalha numa paisagem colorida.

Ela ofusca as cores. Espanta a alegria. Embaça a visão.

O tempo em que a mentira prevalece é como um período não vivido – tanto pra quem mentiu, quanto pra quem acreditou.

É vida mutilada.

Mentir é não ser.

É isolamento, é não se deixar ser, não compartilhar, não relacionar, não se deixar existir, é não viver.

O mentiroso é um morto disfarçado de vivo.

Não é real, é só um fantoche de uma fantasia qualquer, que esconde a verdade de quem ele poderia ser, se fosse real.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/mentir-e-nao-ser