September 29, 2017

Como livrar-se da raiva para seguir em frente

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Perdoar é difícil. Mas é só o que podemos fazer por nós mesmos

- Daniel Martins Barros

A cantora lírica americana Beverly Sills disse certa vez que “Não existem atalhos para lugares a que valha a pena ir”. (Não, a frase não é do Paulo Coelho, como dizem alguns sites). De fato, não existe caminho fácil para grandes recompensas. Se por um lado nem tudo o que é trabalhoso leva a um fim bom, por outro nenhum resultado relevante é alcançado sem esforço.

Essa introdução é importante para falarmos de perdão. Hoje, 30 de agosto, é o Dia Nacional do Perdão, oficialmente incluído esse ano no calendário brasileiro por iniciativa da deputada federal Keiko Ota (PSB-SP). Vale lembrar que Ota entrou em campanha pelo perdão após ter seu filho de 8 anos sequestrado e assassinado vinte anos atrás. Não se trata de alguém que não sabe do que está falando.

Mas por que perdoar é tão difícil? E se é difícil, por que é tão eficaz?

O perdão vai contra uma de nossas reações emocionais mais primitivas – a raiva. Ao sermos atacados de alguma forma – seja física ou emocionalmente, por atos ou palavras, real ou imaginariamente – imediatamente surge em nós o instinto de contra-atacar. Essa reação, cujo objetivo inicial era garantir a proteção imediata, sofreu um deslocamento a partir da nossa organização como sociedade, incitando-nos à busca de reparação. Se o contra-ataque imediato não é possível, passamos a amargar emoções negativas dirigidas a quem achamos que nos prejudicou, remoendo a sensação de que precisamos fazer algo para não ficarmos no prejuízo. E se não é possível recuperar o que se perdeu, acreditamos que ao menos impor um sofrimento igual ou maior ao nosso oponente pelos menos nos fará quites. Eis como nasce o desejo de vingança.

A essa altura já é possível compreender porque é tão trabalhoso – já que contraria nossos instintos – mas porque pode ser tão eficaz. Porque muitas vezes na vida é simplesmente impossível alcançar reparação emocional para eventos que nos deixaram verdadeiramente com raiva. O golpista nos devolve o dinheiro, mas continuamos sentindo que fomos humilhados. O agressor é preso, e persiste em nós a sensação de que não é suficiente. O estuprador é executado, e ainda assim não nos convencemos que as contas foram acertadas. A justiça pode ter sido feita, mas a raiva não passa.

Perdoar não é esquecer, não é ignorar o fato ocorrido, não é ficar de bem com o ofensor nem desculpar quaisquer atitudes erradas. Não é sequer livrar a pessoas das consequências legais de seu ato. Perdoar passa, em primeiro lugar, por admitir que foi causado um mal, que fomos vítimas de algo errado que não deveria ter acontecido. E que alguém tem culpa. Mas que, apesar de tudo isso, não há o que possa trazer verdadeira cura para nosso mal-estar, a não ser deliberadamente decidir abrir mão dos sentimentos negativos em relação a quem nos ofendeu.

Pode parecer teórico demais, mas estudos com diversos tipos de pessoas realmente feridas vem mostrando a eficácia de se livrar ativamente do ressentimento, do ódio, das ruminações. Há estudos com vítimas de incesto, com mulheres abusadas emocional, física e mesmo sexualmente, com pessoas expostas a conflitos armados sofrendo de estresse, e em todos os casos as intervenções promovendo o perdão melhoraram a qualidade de vida, reduziram a ansiedade e em muitos casos eliminaram sintomas depressivos.

Realmente não é fácil perdoar. Os frutos do perdão podem ser bons, mas ficam escondidos atrás da muralha de nossos instintos, sobre a qual temos dificuldade de enxergar. Mas o Dia do Perdão serve para nos lembrar que a alternativa – alimentar a raiva, buscar de vingança ou esperar da justiça o alívio do ódio, da mágoa ou da tristeza – é inútil. Livrar-se desse peso e seguir em frente é o melhor caminho a se trilhar. E nele, não existem atalhos.

Fonte: http://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/dia-do-perdao-livrando-se-da-raiva-para-poder-seguir-em-frente/

September 28, 2017

Tudo o que eu mais desejo

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Salmo 131
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1Ó Senhor Deus, eu já não sou
orgulhoso;
deixei de olhar os outros com arrogância.
Não vou atrás das coisas grandes
e extraordinárias,
que estão fora do meu alcance.
2Assim, como a criança desmamada
fica quieta nos braços da mãe,
assim eu estou satisfeito e tranquilo,
e o meu coração está calmo
dentro de mim.
3Povo de Israel, ponha a sua esperança
em Deus, o Senhor,
agora e sempre!

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=0Yw5nPECs-s
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September 27, 2017

Quanto tempo até não ter mais tempo?

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Thales Rios

Dias atrás comecei a esboçar um texto para postar no blog. Estava chegando meu aniversário e achei que seria legal escrever algo sobre como o tempo passa e a gente não percebe. Semana passada fiz aniversário e aquele esboço também.


Sim, passou um ano e eu nem percebi! Aliás, faz mais de meio ano que não consigo terminar um texto. É muita correria de trabalho, de projetos, de igreja, de saúde, de compromissos, aniversários e velórios, e o tempo vai passando. Pra piorar minha situação, toda hora sai uma série nova e o canto das sereias que habitam meu sofá me faz naufragar ali na frente da TV todo finzinho de noite.

O tempo passa, o tempo voa e as novas gerações já nem sabem mais o que é a Poupança Bamenrindus. Quando perguntam minha idade eu tenho que fazer contas, e de repente chega uma carta em casa me dizendo que já é hora de renovar a carteira de motorista. Pela terceira vez!

Sinceramente não sei o que acontece: quando somos crianças parece que um ano demora, sei lá, um ano inteiro pra passar. Porém, mais pra frente na vida temos a impressão de que tem Copa do Mundo e eleições mês sim, mês não. Não sei se é o excesso de atividades e preocupação que nos faz perder a capacidade de ver o tempo passar, ou se talvez tem algum tipo de neurotransmissor da percepção temporal que evapora da cabeça um pouquinho a cada ano, mas só sei que nunca percebi antes como o Natal chega tão rápido depois do Carnaval.

Com essas coisas todas na cabeça, outro dia tive um sonho meio doido que tem a ver com isso tudo. Sonhei que estava apressado com alguma coisa qualquer e encontrei um amigo que tinha descoberto um jeito de ir para uma dimensão paralela. Ele me explicou que tínhamos que ir num beco e fazer um exercício de meditação por alguns segundos e assim iríamos parar nesta outra realidade. Apesar de todo meu ceticismo, resolvi tentar: fui pro tal beco, me sentei tipo indiozinho (só que flutuando, tipo Dhalsim), meditei por alguns segundos e quando abri meus olhos não entendi nada: tava tudo igual, só que diferente.

Parecia que eu não tinha saído do lugar, mas naquela realidade não tinha mais ninguém apressado e nem correndo. As coisas eram as mesmas, só que maiores. As pessoas eram felizes e tranquilas, o clima era mais gostoso e alguém veio me explicar que ali a vida era assim porque as dimensões eram maiores: o metro era maior que um metro e a hora era mais longa que uma hora.

Mano do céu: minha mente explodiu na piração nerd do continuum espaço-tempo e eu nem sabia o que pensar! Mas ao mesmo tempo em que desejava ficar ali de boas pra sempre, algo me inquietava e me fazia entender que não era hora de ficar ali ainda: eu precisava voltar pra minha realidade porque tinha algo de muito importante pra fazer no meio de toda correria e pressa da onde tinha acabado de sair. Eu só não sabia o quê.

Acordei tão frustrado quanto acordava na infância depois de sonhar que tinha ganhado fitas novas de Mega Drive. Eu queria voltar para aquela realidade, eu queria viver sem correria, eu tava muito brabo com esse tal de tempo. O tempo era meu inimigo número um.

O tempo nos afasta. Ele vem de mansinho e leva embora a intimidade que temos com nossos melhores amigos. Ele corta as horas que queríamos usar pra matar a saudade de alguém e corre pra nos tirar o prazer de ficar perto de quem a gente ama.

O tempo nos oprime. É o despertador tocando e você mal dormiu. É o micro-ondas demorando e já se passou metade do horário de almoço. É a pressão do prazo do projeto. É o boleto que você acabou de pagar e que o carteiro já trouxe a parcela seguinte no mesmo dia.

O tempo nos arrasta. Os anos passam e você não consegue acompanhar. As memórias evaporam, você se atrasa, o mês vira e parece que a Terra tá girando numa velocidade incompatível com tudo que você entende por relógio.

Mas apesar de toda revolta contra o tempo, temos que admitir: o tempo é inocente. O problema verdadeiro está na nossa relação com uma coisa chamada “vida”.

A frustração que temos ao não conseguir acompanhar a dinâmica da vida depois da infância nos faz terceirizar a culpa a uma mera dimensão do Universo. O tempo não é culpado pela nossa falta de foco no que importa, nem com nossa incapacidade de dizer não quando necessário. O tempo não é culpado por nossa bagunça e nem por nosso orgulho. O tempo não é culpado por nossa rebeldia e muito menos pelo nosso egoísmo.

O tempo não é o monstro que pensamos. O tempo é apenas limitado. E aprender a contar como são poucos os nossos dias é fundamental pra percebermos que só se vence o tempo fora dele.

É preciso aprender a enxergar a vida além do tempo. É preciso aprender a olhar para o dinheiro e saber que ele é passageiro, e que não se leva um tostão daqui. É preciso aprender a enxergar que o trabalho é passageiro, e que toda gota de suor não importa do lado de lá. É preciso aprender a ver que o prazer é passageiro, e que não faz sentido viver em função dele. Ao mesmo tempo é preciso aprender a olhar para a dor saber que ela também é passageira e um dia acaba. É preciso saber que os bens são passageiros, e também a cultura, e a arte e a política. Nem mesmo o Universo é pra sempre.

Diante disso é preciso aprender a tomar atitudes que sejam eternas. É preciso aprender a cuidar do que se leva para além do tempo. É preciso usar nosso tempo para despertar os outros de que há algo maior que nossa frágil realidade temporal.

É preciso saber que existe algo além do presente, mas que é afetado pelas atitudes que tomamos agora.

Não sei se dá pra flutuar num beco em posição de indiozinho e ir parar num universo paralelo, mas sei que experimentar um segundo de uma realidade eterna é mais que o suficiente para se convencer de que a paz que buscamos pra vida só pode ser encontrada fora do tempo.

Que nós aprendamos que, acima de tudo, o tempo é passageiro, mas a vida não precisa ser.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2017/09/06/quanto-tempo-ate-nao-ter-mais-tempo/#comment-5713

September 26, 2017

Adoração é uma coisa, ação de graças é outra

Embora tenha ensinado a minhas ovelhas e a meus alunos do Centro Evangélico de Missões que há várias modalidades de oração, tenho muita dificuldade em fazer orações de adoração. As outras orações, de agradecimento, de confissão de pecados e pecaminosidade, de entrega de tudo ao Senhor, de desabafos e lamentações, de súplicas e de intercessão — faço com frequência e naturalidade. Tenho esforçado-me para aprender a louvar. Chego a pedir a Deus que me ensine a tributar-lhe louvores. Eu me desculpava, alegando que a oração de agradecimento é quase igual à oração de adoração. Hoje enxergo que uma não dispensa a outra. Nas orações de ação de graças, eu digo obrigado por tudo o que ele é e por tudo o que ele faz. Nas orações de louvor, eu deveria “elogiar” a Deus por tudo o que ele é e por tudo o que ele faz.
- Élben Cesar

Em meus períodos de refúgio para escrever e para buscar a Deus mais intensamente, sozinho ou com minha esposa, numa praia do Espírito Santo, tenho feito algum progresso. A imensidão do mar, a imensidão do céu e a quantidade incontável de grãos de areia nas praias abriram para mim as portas da oração que adora.
Em dezembro de 2011, depois de ter louvado o Criador calma e silenciosamente enquanto caminhava pela praia, tentei colocar numa folha de papel os elogios que eu havia feito a Deus, desprovido de qualquer fingimento. Daí saiu o texto a seguir, que enviei para a minha família:
“Ó Deus, eu te louvo pela beleza e ordem da criação. Pela extensão do mundo que tu criaste. Pela quantidade de galáxias. Pelo incontável número de estrelas que compõe cada galáxia. Pelos outros corpos celestes que vagam no espaço cada um no seu lugar e diferente um do outro na forma, no tamanho e no destino.
Eu te louvo pelo nascer do sol, aquela bola de fogo que parece sair do mar. Porque ele vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Porque ele expulsa as trevas e o frio. Porque ele vai e volta. Eu te louvo pela pontualidade do sol na marcação da hora, do tempo e das estações. Eu te louvo pelo pôr do sol, quando ele se despede de um hemisfério e vai para o outro. Por aquele amarelo do sol, tão forte como o do ipê amarelo. Eu te louvo pela rotina do sol, com a qual eu não me enfado.
Eu te louvo pela lua, porque ela se presta a iluminar a terra na ausência do sol. Porque posso observar o crescimento da lua como se fosse o crescimento de uma criança: a lua nova (a infância), o quarto crescente (a adolescência) e a lua cheia (a idade adulta). E o movimento contrário, no mês seguinte: a lua cheia (o auge da vida), o quarto minguante (o envelhecimento) e a lua nova (a morte). Eu te louvo pelo luar na praia, no sertão e nas montanhas. Eu te louvo pelos poemas e pelas cartas de amor escritas sob o luar.
Eu te louvo pela primavera depois do inverno e pelo outono depois do verão e pelos intervalos entre uma estação e outra. Eu te louvo pelo frio e pelo calor e por aquele clima temperado entre os dois.
Eu te louvo pela beleza, pela cor, pelo perfume, pelo formato, pelo tamanho (minúsculo e gigante), pela variedade, pela quantidade e pela excentricidade das flores — elas nascem na terra, na rocha, nas fendas, na água, nas árvores, no deserto, no pântano, no jardim, no fundo do quintal, nos telhados, nas paredes, nos bueiros, nas estufas, na lama, no lodo, no monte de lixo, nas praias e nos vasos que fabricamos.
Eu te louvo pelas nascentes d’água, pelos filetes d’água, pelos córregos, pelos rios, pelos afluentes, pela água despejada em outro rio, no lago e no mar. Pela água que está sob a superfície da terra, pela água das geleiras, pela água em seus estados líquido, sólido e gasoso. Eu te louvo pela neblina, pela chuva e pelos temporais. Eu te louvo por aquele relâmpago que acende e apaga em apenas alguns segundos, pelo estrondo do trovão, pelas tempestades e pelo incrível arco-íris.
Eu te louvo pelas lavouras de trigo, café, feijão, arroz, cana-de-açúcar e soja. Eu te louvo pelo canteiro de verdura, pelos jardins, pelos pomares, pela mata, pelas florestas. Pelas árvores pequenas e pelas gigantes. Eu te louvo pela lenha, pela madeira, pelo carvão.
Eu te louvo especialmente porque foste tu que idealizaste tudo isso, que criaste tudo isso, que governas tudo isso e que sustentas tudo isso! O nome do Senhor seja louvado para sempre!”
No mesmo lugar, mas em uma ocasião posterior, fiz uma oração de louvor centrada em Jesus Cristo:
“Eu te louvo, ó Deus, pela promessa do Servo Sofredor, pela concepção sobrenatural de Jesus, pelo Verbo que se fez carne, pela chegada do Deus Conosco.
Eu te louvo, ó Deus, tanto pela humanidade como pela divindade de Jesus, por sua simplicidade, por suas palavras, por suas curas, por suas interferências abençoadoras, pelas ressurreições da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim e do irmão de Maria e Marta.
Eu te louvo, ó Deus, porque ele foi tentado em todas as coisas à nossa semelhança com a diferença de ter resistido a cada tentação. Eu te louvo porque ele não transformou pedras em pães, não pulou do pináculo à calçada do templo, não dobrou os joelhos diante daquele que fará isso em relação a ele, não constrangeu o Pai a tirar de sua mão o cálice da morte e não desceu espetacularmente da cruz.
Eu te louvo, ó Deus, porque o sacrifício de Jesus na cruz foi salvífico, porque, ali e naquela sexta-feira, ele perdoou todos os nossos pecados e anulou definitivamente a dívida que tínhamos contigo, pregando-a na cruz. Eu te adoro porque houve um tremendo sinal no céu, do meio-dia até as 3 horas da tarde, quando ele inclinou a cabeça e morreu. Eu te louvo, porque aquela cortina que separava o absolutamente santo do absolutamente profano rompeu-se de alto a baixo no momento exato quando Jesus entregou o seu espírito em tuas mãos.
Eu te louvo, ó Deus, porque aquelas mulheres da Galileia tiveram de levar de volta para casa os perfumes e óleos que passariam no corpo de Jesus. Eu te louvo porque o túmulo estava vazio e porque, naquele primeiro dia da semana e de salvação consumada, Jesus apareceu aos discípulos em diferentes horários e lugares. Eu te louvo por sua ascensão aos céus com as mãos abençoadoras levantadas.
Eu te louvo, ó Deus, porque Jesus não demorou mais de quarenta dias para cumprir a promessa de que não nos deixaria órfãos, mas enviaria outro Paracleto.
Eu te louvo pelo barulho do vento, por aquilo que parecia línguas de fogo e que pousava sobre a cabeça de cada uma das 120 pessoas presentes, inclusive Maria Madalena e os irmãos e irmãs do próprio Senhor, recentemente convertidos.
Eu te louvo, ó Deus, porque aquele que nasceu numa estrebaria, que não tinha onde reclinar a cabeça nem duas dracmas para pagar o imposto do templo, desde então, está assentado à tua direita e colocando progressivamente debaixo de seus pés todos os poderes hostis à tua glória e à glória de teu povo, inclusive – e por último – a morte, o mais humilhante de todos.
Eu te louvo, ó Deus, por tua volta em poder e muita glória, pela ressurreição dos mortos e súbita transformação dos vivos, pela bem-sucedida separação do trigo e do joio, pelo louvor universal, pelo juízo final, pelos novos céus e nova terra, pela plenitude da salvação.”
Parece que eu vou indo bem na adoração. Estou quase pronto para fazer a mesma citação do salmista: “Que todo o meu ser te louve, ó Senhor! A vida inteira eu louvarei o meu Deus, cantarei louvores a ele enquanto eu viver” (Sl 146.1-2).
Só faço um pequeno acréscimo: “Não somente enquanto eu viver, mas também depois de minha morte, quando a noção de tempo acabar”.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2017/09/22/aprendi-que-acao-de-gracas-e-uma-coisa-adoracao-e-outra-2/
PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=founBXufLYg

September 25, 2017

Fé nem sempre significa confiar

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A PRÁTICA DA CONFIANÇA

Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei [Salmo 56.4]
Texto básico: Hb 11.8-12, 17-19
Textos de apoio:
Nm 23.19
Sl 40.4
Sl 46.10
Is 26.3
Rm 4.18-21
Tt 1.2
A plena confiança não surge de uma hora para outra. É gradativa. Vai crescendo aos poucos, vai se apoderando da pessoa, vai se avolumando, vai preenchendo a distância entre Deus e o homem.
A prática da confiança se faz a partir da primeira resposta aos apelos de Deus e às promessas da sua Palavra. Ela precisa crescer ao ponto de aprender a esperar contra a esperança, isto é, a ter fé e esperança mesmo quando não há o menor motivo para crer, como aconteceu com Abraão. Este é o clímax da confiança.

1. Para entender o que a Bíblia fala

a) Responda, de acordo com Hebreus 11.8-12 e 17-19:

  • Quais os feitos de Abraão baseados em sua confiança em Deus? (Observe que todos eles iniciam com a expressão “pela fé”.)
  • Com base na resposta anterior, como é possível observar um crescendo na vida de Abraão, com relação ao grau de dificuldade daquilo em que ele deveria crer?
b) Às vezes somos tentados a pôr nossa confiança em pessoas e em promessas que Deus nunca fez. Em que não devemos confiar?

  • Pv 28.26
  • Jr 17.5
  • Sl 146.3
  • Jr 7.8
  • Pv 11.28
  • Is 31.1
c) A prática da confiança tem “grande galardão”, como diz enfaticamente a Palavra de Deus (Hb 10.35).
Descubra os produtos ou galardões da confiança nas seguintes passagens:

  • Sl 40.4
  • Is 26.3
  • Sl 125.1
  • Sl 56.4

Hora de avançar

A prática da confiança é a arte de colocar em Deus toda a capacidade de crer, em qualquer lugar, em qualquer tempo e em qualquer situação, mediante a negação da incredulidade própria e a afirmação da onipotência divina. É a capacidade de amarrar-se a Deus, e não aos problemas que tolhem a alegria de viver.

2. Para Pensar

Entre o chamado de Abraão e o que aconteceu na terra de Moriá, quando Deus o pôs à prova (Gn 22.1-19), passaram-se talvez 40 anos. Nesse período, a confiança de Abraão cresceu poderosamente, não sem erros (como o caso de Ismael) e alguns fracassos (como o uso de expedientes escusos para proteger-se contra Faraó e Abimeleque).
A confiança em Deus é especialmente válida em circunstâncias adversas e em situações difíceis. É preciso confiar em Deus “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte” (Sl 23.4), “ainda que um exército se acampe contra mim” (Sl 27.3), “ainda que as águas tumultuem e espumejem” (Sl 46.3), “ainda que a figueira não floresça” (Hc 3.17), ainda que…

O que disseram

Deus faz “santas e fiéis promessas” para que nos tornemos participantes da natureza divina. Portanto não há lugar para o vazio.
O Deus que faz as promessas “não pode mentir”. Portanto não há lugar para a desconfiança.
O Deus que faz as promessas e que não pode mentir é extremamente dadivoso. Portanto não há lugar para a ansiedade. O Deus que faz as promessas, que não pode mentir e que é extremamente dadivoso tem todo o poder no céu e na terra, sobre tudo e sobre todos. Portanto não há lugar para o medo.

3. Para responder

a) A sua confiança em Deus tem crescido gradativamente ou está estagnada?
b) Como o salmista e o profeta, faça uma oração mencionando situações difíceis por que você está passando. Inicie cada frase com “ainda que” e termine com uma afirmação sincera de confiança em Deus.

Você e Deus

Permita que sua confiança seja fortalecida:
1) Por meio da comunhão com Deus.
2) Por meio da oração. É perfeitamente correto e válido confessar diante de Deus a pequenez de sua confiança e suplicar uma confiança mais ousada.
3) Pela leitura da Palavra de Deus, que alimenta o espírito e transmite valores extraordinários.
4) Por meio dos notáveis exemplos de confiança plena em Deus de vários personagens da Bíblia e da história. Procure conhecê-los.
5) Por meio de sua própria experiência.
Aprenda a confiar, não desanimar com as crises de falta de fé, levantar-se depois da queda, quantas vezes for necessário, e seguir adiante.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/pratica-da-confianca/

September 23, 2017

Oração por uma relação sadia com o tempo

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Salmo 90


1Senhor, tu sempre tens sido o nosso refúgio.
2Antes de formares os montes
e de começares a criar a terra
e o Universo,
tu és Deus eternamente, no passado,
no presente e no futuro.
3Tu dizes aos seres humanos
que voltem a ser o que eram antes;
tu fazes com que novamente virem pó.
4Diante de ti, mil anos
são como um dia,
como o dia de ontem, que já passou;
são como uma hora noturna
que passa depressa.
5Tu acabas com a vida das pessoas;
elas não duram mais do que um sonho.
São como a erva que brota de manhã,
6que cresce e abre em flor
e de tarde seca e morre.
7Nós somos destruídos pela tua ira,
e o teu furor nos deixa apavorados.
8Tu pões as nossas maldades
diante de ti
e, com a tua luz, examinas
os nossos pecados secretos.
9De repente, os nossos dias são cortados
pela tua ira;
a nossa vida termina como um sopro.
10Só vivemos uns setenta anos,
e os mais fortes chegam aos oitenta,
mas esses anos só trazem canseira
e aflições.
A vida passa logo, e nós desaparecemos.
11Quem já sentiu o grande poder
da tua ira?
Quem conhece o medo
que o teu furor produz?
12Faze com que saibamos como são poucos
os dias da nossa vida
para que tenhamos um coração sábio.
13Olha de novo para nós, ó Senhor Deus!
Até quando vai durar a tua ira?
Tem compaixão dos teus servos.
14Alimenta-nos de manhã com o teu amor,
até ficarmos satisfeitos,
para que cantemos e nos alegremos
a vida inteira.
15Dá-nos agora muita felicidade
assim como nos deste muita tristeza
no passado,
naqueles anos em que tivemos aflições.
16Que os teus servos vejam
as grandes coisas que fazes!
E que os nossos descendentes vejam
o teu glorioso poder!
17Derrama sobre nós as tuas bênçãos,
ó Senhor, nosso Deus!
Dá-nos sucesso em tudo o que fizermos;
sim, dá-nos sucesso em tudo.

September 22, 2017

Família: conflitos, aprendizados, perdas e ganhos














-  Jeverton “Magrão” Ledo

Por onde devo começar? Família é tudo igual ou será que nossas histórias familiares se confundem e se cruzam pelo simples fato de todas as relações pessoais estarem em descompasso com a essência do projeto?
Projeto família pode ser um bom ponto de partida. Afinal, todos somos envolvidos nesse núcleo composto por um elenco com seus mais diferentes papéis. Os papéis aqui são bem definidos, e devem executar o script com todas as nuances e detalhes para que o enredo tenha um “le grand finale“.
Infelizmente, nem tudo que por vezes começa bem terá o final esperado, e sim, isso causa frustração e desgaste ao longo do restante de uma caminhada.
O pano de fundo é o amor. Carregado do desejo de construir um ambiente onde todos os envolvidos cresçam e assim sigam dando continuidade a um ciclo. Esse deve perdurar, pois a família é o equilíbrio dessa pirâmide.
Me permita perguntar: qual é sua história familiar? Ok, isso é pessoal, mas cabe refletir! Penso eu que ainda há tempo para resgatar, reconciliar, e acima de tudo perdoar. Por vezes, e porque não dizer na maioria das vezes, a si mesmo.
Minha própria história me deixou aprendizados que jamais se apagarão de minha memória. Como tantos outros, sim, vivi conflitos, questionamentos. Por vezes e vezes, não entendia o posicionamento de meus pais. Sobrevivemos, superamos. E que doces lembranças dos dias que não voltam mais.
A família é um presente, mas sim, eu sei que muitas histórias estão marcadas por dor, desconfiança, traições e uma total e completa desilusão.
O recomeço e o escrever de um novo capítulo sempre será possível quando não se perde a esperança e a fé coerente. Fé essa que nos posiciona como falhos, limitados e incapazes de administrar tudo com margem de erro zero.
Mas sim, creia que a construção de uma nova família não precisa ser a reprodução daquilo que por vezes muitos de nós tenhamos outrora experimentado em algum momento dessa caminhada.
Restauração, construção, peças em um tabuleiro que devem se permitir ser mexidas pelo Criador, arquiteto e idealizador da família.
Para finalizar, com saudade das terras de Minas, onde por alguns anos vivi, digo Família: “Ô trem bão sô”.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2017/05/16/conflitos-aprendizados-perdas-e-ganhos-familia/

September 17, 2017

Lembrete

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“Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de comparecer!”

Is 40.25-26

- Taís Machado

Deus nos convoca para algo que, com freqüência, cai no esquecimento: “Ergam os olhos e olhem”. O que temos visto? Dependendo de onde moramos, podemos dizer que só vemos poluição, trânsito congestionado, violência e injustiça.

Olhar como resposta a um convite divino pode nos dar perspectivas mais sensíveis e se desdobrar em relações e posturas diferenciadas. Mesmo quando ao redor há destruição, prova de nosso descuido, conseqüência de nosso egoísmo, podemos melhor nos conscientizar sobre as mortes que o pecado gera. Podemos nos voltar a Deus humildemente, saboreando sua graça, a redenção em Jesus, e nos inspirar a criar com espontaneidade, com formosura e com a alegria de quem tudo começou - o Criador.

Nem sempre separamos tempo para contemplar a criação, para nos tornar verdadeiros adoradores. E, quando não adoramos o Criador, acabamos por adorar falsos ídolos.

Eugene Peterson, em seu livro “A Maldição do Cristo Genérico”, nos alerta: “Nada nessa criação existe meramente para ser estudado, analisado, entendido; cada elemento, a ‘obra’ de cada dia, existe, antes de tudo, para ser recebida como uma ‘nota’ integrante e coerente dos ritmos totalmente abrangentes do oratório da criação, na qual respiramos o mesmo ar que Deus soprou sobre o abismo; e, do mais profundo de nossos pulmões -- nossa vida --, cantamos e dançamos para a glória de Deus”.

Parece que nos tornamos mais técnicos que celebrantes. Acumulamos informações, discutimos acadêmica ou teologicamente, mas talvez o comentário de Jesus para nós não seria diferente daquele dirigido aos samaritanos: “Vocês adoram o que não conhecem” (Jo 4.22). Em nosso dia-a-dia, vivemos como seres fragmentados, continuamos a pregar Jesus na cruz (com os pregos da nossa ignorância), sem desfrutarmos do significado de sua morte e ressurreição -- uma vida nova, livre e abundante, cuja inteireza cativa outros. Como diz Franky Schaeffer em “Viciados em Mediocridade”: “Na maior parte do tempo os cristãos vivem na tensão entre suas atividades espirituais e o resto da sua vida. Entretanto, o cristianismo deveria ser uma experiência libertadora que abre nosso entendimento para apreciar mais do mundo de Deus. Somos aqueles que foram libertos para ver o mundo como realmente é, desfrutando e nos divertindo com a diversidade e a beleza da criação”.

A campanha do vencedor das eleições americanas, Barack Obama, teve como “slogan” principal: “Sim, nós podemos”. Será que podemos viver um ano novo no novo ano? Podemos, efetivamente, fazer diferente? Toda boa mudança, toda diferença geradora de vida só pode ser realizada a partir de Deus. Ele nos muda, para que possamos agir de maneira diferente. Tudo vem do Pai das luzes (Tg 1.17). Nele podemos viver um dia de cada vez, com reverência à vida.

Se Deus é pessoal até com as estrelas, que ele chama pelo nome, quanto mais conosco! Saibamos, pois, ouvir sua voz, que é cheia de majestade, faz dar cria às corças e desnuda os bosques (Sl 29.4, 9). Que o Espírito de Deus nos ajude a parar, contemplar, adorar e proclamar as maravilhas do Criador, cuidando da criação, cultivando espaços de silêncio e reflexão.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/316/lembretes-para-o-cotidiano

September 14, 2017

The Lord watches over me

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Salmo 40


1 Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro.
2 Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.
3 E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR.
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September 13, 2017

Firmes na liberdade

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Gálatas 5

1 Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres. Por isso, continuem firmes como pessoas livres, e não voltem a ser escravos.
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September 12, 2017

A alegria cristã

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O povo de Deus é alegre por definição. O cristão é alguém que foi encontrado por aquele que é feliz e recuperou a sua posição como filho. Para os cristãos, a alegria não é só uma opção de vida. É uma ordem de Deus ao seu povo; é um bom testemunho; é pré-evangelização; é coerência.

O mandamento da alegria está espalhado nas Escrituras Sagradas: nos livros da lei (Dt 16.11), nos Salmos (Sl 32.11), nos profetas (Zc 9.9), nos Evangelhos (Lc 10.20), nas Epístolas (Fp 4.4) e no Apocalipse (Ap 19.7). A alegria é também fruto do Espírito (Gl 5.22), é consequência do perdão e da salvação (Lc 10.20), é promessa a ser totalmente contemplada no futuro (Hb 11.39-40), é combustível e celebração da missão (Sl 126.6; Lc 15.7).

Certamente, algumas vezes terá de ser uma alegria disciplinada, baseada em promessas e em exercícios de fé. A despeito de ser – por natureza – feliz, cabe ao cristão desenvolver esta alegria. Isto pode ser feito por meio do exercício de um espírito grato (aqueles que julgam que a vida lhes deve alguma coisa são incapazes de ser felizes), pela lembrança constante das promessas do Senhor, pelo encontro amoroso com os irmãos e irmãs, pela contemplação da Criação, pela memória de Cristo e de sua beleza, pela comunhão diária com Deus por meio da oração e da leitura bíblica, pela vivência do discipulado cristão, pelo “enchimento” do Espírito.

Por causa do pecado, da depravação humana, da ordem política e social injusta, da incredulidade, da atuação satânica, do orgulho humano, da fome e da miséria, das vicissitudes naturais da vida, da enfermidade e da morte, da rejeição do evangelho – nem todo tempo é tempo de alegria. A Bíblia ressalta esta verdade: “[Há] tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar de alegria” (Ec 3.4).

Além disto, somos ainda seres incompletos, ambíguos, divididos. Um dos efeitos da queda é que nossas emoções nem sempre acompanham nossas certezas. A variação de humor que não dominamos continuará a ser nossa companheira até o final da vida. A plenitude da alegria não é para agora. A garantia de bem-estar permanente não é uma promessa cristã.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2017/09/08/a-alegria-crista/