November 29, 2019

O cálice amargo

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Às vezes o 'cálice' parece amargo demais

- Anderson Rogério de Souza 

Quando você procura um alívio para os seus temores, você espera muito mais que palavras. Você espera que as palavras ganhem vida, porque o desespero é tamanho e, às vezes, você fica sem direção, perde a esperança, a postura, o equilíbrio, perde o controle. Sei como se sente e entendo você. Às vezes o 'cálice' parece amargo demais. Seu 'cálice' amargo pode ser duro de suportar, mas dizer um monte de coisas sem o menor respeito ao seu sofrimento pode fazer com que você pense que estou buscando palavras, sem compreender a sua situação.

Quando você fala de tudo o que está passando agora, sei que as lágrimas vêm e quase sempre sua memória busca as piores situações para ilustrar o que está vivendo. E acho que, para ajudar alguém, uma pessoa precisa entender a estrutura de quem a gente quer ajudar. Precisa deixar que o seu momento de desabafo flua da forma como gostaria que fosse. Se você não quer falar muito, então por que não deixá-lo sozinho um pouco, refletindo o tanto que achar necessário? Se prefere falar tudo o que deseja, entendamos que isso é muito importante e que nesse instante o que mais queria é ser ouvido. Só não me diga que perdeu as esperanças, porque a vida é a mais preciosa dádiva, e a sua ainda não acabou. Você ainda respira, ainda está de pé. Nenhum dos obstáculos, os quais pensa agora, foram suficientes para parar você. Você é amado e importante para alguém, aliás, você é importante para muitos! Pessoas que ainda nem chegou a conhecer. Famílias inteiras, indivíduos que nem ao menos chegou ao seu pensamento. Você não sabe como poderá fazer a diferença para outro alguém, como poderá transformar a vida de outros! Sendo assim, valorize-se acima de tudo antes de julgar os padrões e os fundamentos de sua força e de sua esperança.

A fraqueza pode liquidar um abatido, mas nenhum abatido ficou a mercê de ser derrotado, a ponto de ser vencido. Todos têm uma chance para se levantar. Portanto, não se considere um desses. Palavras podem dizer muita coisa, e muitos já disseram tanto para você! Você questiona que rumo tomar, o que decidir, como fazer... mas agora não é o momento de pensar em mudanças bruscas, o que precisa pode estar perto de você, tudo pode se transformar em pouco tempo, sem precisar fazer uma escolha que eu sei que está lhe fazendo sofrer.

Parece que nessa altura de nossa conversa, acabou a lembrança do 'cálice' amargo, parece que ele se foi, pois é isso que acontece. 'Cálices' são mais frágeis que você, e eles se quebram. O que ele contém se derrama aos seus pés e logo desaparece. Amargos ou não, neste momento isso não faz a menor diferença. Se der alguns passos, tudo ficará para trás, sem nunca ter afetado de fato, você.

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=j2xdQu5WH_A 

November 25, 2019

A motivação certa para a corrida da vida

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- Ioná Nunes

O correr é novo caminhar. O ser humano é inquieto, se a gente puder pular a parte em que aprende a engatinhar, a se equilibrar em pé ou até mesmo a andar, a gente pula, porque não correr significa perder tempo e tempo é algo que uma vez perdido não pode ser resgatado.
Nem a nossa mente tá de fora disso, nossos pensamentos são tão velozes e intensos como pilotos de Fórmula 1. Em uma época em que a instantaneidade reina, onde o que você faz ou é nunca é suficiente, desacelerar para pegar fôlego é um luxo ao qual nós não podemos nos dar.
A todo momento somos pressionados a correr, ou é isso ou você fica para trás. Os vultos das pessoas que vão te ultrapassando comprovam isso. Não importa se seus pés estão calejados, não interessa se há um tempo determinado de antemão para que todas as coisas debaixo do sol aconteçam, se você não continuar correndo, não passa de um fracassado, um exemplo a não ser seguido.
Somos bombardeados pela mesma ladainha por todos os lados, pois todos acham que sabem o que é melhor pra nós, porque se sentem no direito de nos marcarem a ferro quente com um discurso humanista, individualista e competitivo. A impressão que tenho é que, para algumas pessoas, não passamos de cavalos de corrida em quem elas fazem suas apostas. É exaustivo!
Em uma tigela despeje a motivação errada para a corrida, acrescente a pressão externa e interna baseada na comparação das pessoas parecidas com você, e, por fim, acrescente uma pitada de sal e açúcar para deixar o resultado agridoce. O que você obtém é apenas cansaço. A frustração ferve no teu sangue e te obriga a dar uma parada brusca e é óbvio que uma contusão grave é a consequência.
Achou que poderia correr pela razão errada, com o objetivo distorcido e que ficaria tudo bem? É, ninguém te avisou das consequências, mas o nosso corpo não só sente, como também se defende. Ele deixa a gente chegar ao limite para nos lembrar que não somos super humanos, e que por mais incrível que seja a sua estrutura, ela é tão frágil quanto é forte.
A resposta natural ao cansaço é o descanso, por isso a corrida é tão importante quanto o repouso. A corrida da vida só pode ser aproveitada em todos os seus aspectos se for realizada pela motivação certa e com olhos no único prêmio perene. O treinamento rigoroso só vale a pena quando seu alvo não é a glória terrena ou objetivos mesquinhos. E isso tudo só é possível se você souber quem é, para onde vai e porquê faz o que faz. Do contrário, você será apenas um atleta perdido que se cansa rapidamente e que não é capaz de renovar suas forças.
A sua identidade vai definir sua vida, onde está o seu tesouro está também o seu coração. Uma vez que você sabe quem é e entende que o seu prêmio não será recebido aqui, correr não é mais um martírio.
Quando compreendemos que o querer correr e o efetuar a corrida pela razão certa foram enxertados em nós, temos a certeza que mesmo se nos cansarmos seremos fortalecidos, pois existe Alguém muito interessado na nossa perseverança. Nos tornamos convictos de que se esperarmos o melhor apenas nessa vida, somos dignos de compaixão.
Quando temos ciência de quem somos e porque corremos, sabemos que a nossa vida não é nossa, que o completar a carreira não tem nada a ver com a gente ou com as pessoas e suas pressões, mas tem tudo a ver com glorificar a Deus.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2019/11/19/a-motivacao-certa-para-a-corrida-da-vida/

November 24, 2019

Deus aquieta. Deus inquieta.

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- Elben Cesar

1
Deus aquieta e Deus inquieta. Ele faz ambas as coisas. Ora aquieta, ora inquieta. Aquieta uns e inquieta outros. Depende da situação de cada um. Ele é quem sabe. O tratamento na base da aquietação funciona perfeitamente bem. O mesmo acontece com o tratamento na base da inquietação. As terapias são diferentes, mas dão certo. Ele aquieta quem está em perigo e levanta os olhos para o monte e pergunta: “De onde me virá o socorro?” (Sl 121.1). Ele inquieta quem está seguro demais e diz para sua alma: “Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come e bebe, e regala-te” (Lc 12.19).
2
Há uma inquietude nata. É provocada pela falta de Deus. Enquanto não se satisfaz a sede de Deus, a alma permanece inquieta. “Como suspira a corça pelas correntes das águas”, assim suspira o ser humano por Deus (Sl 42.1). Este anseio pelo Senhor é mais forte que o anseio dos guardas pelo romper da manhã (Sl 130.6). A necessidade interior de Deus é maior que a necessidade de sucesso, de lazer e de amor. É algo entranhado, de que não se pode livrar. A quietude só é possível quando se descobre Deus e se mantém com Ele agradável comunhão. Ou você se liga a Deus ou você continua inquieto. Além destas não há outra opção. Seria recalcitrar contra os aguilhões de Deus.
3
Os cuidados normais da vida produzem inquietações. Jesus sabe muito bem deste problema e apresenta soluções práticas. É preciso confiar na providência de Deus. Se ele sustenta as aves do céu que não semeiam, não colhem nem ajuntam em celeiros, não cuidará também de você? Se ele veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno não cuidará também de você? Se ele perfuma e colore os lírios do campo, não cuidará também de você? Portanto, disse o Senhor, “não vos inquieteis com o dia de amanhã” (Mt 6.34). A excessiva preocupação com as necessidades básicas da vida causa inquietação e não levam a nada.
4
Outra fonte de grave inquietação é a falta de conformidade com a lei de Deus. O profeta Isaías deixa isto muito claro: “Os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo” (Is 57.20). O problema é que “as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus” (Is 59.2). Repare só o transtorno, inclusive emocional, pelo qual passou o rei Davi logo após o adultério: “De dia e de noite sentia a mão de Deus pensado sobre mim, fazendo com as minhas forças o que a seca faz com o pequeno riacho” (Sl 32.4 em A Bíblia Viva). Neste caso, a inquietação é o expediente pelo qual Deus provoca o retorno à obediência.
5
Há casos em que a inquietação é virtude. A inquietação provocada pelo sofrimento alheio revela o bom espírito cristão. A inquietação com os desvios morais de certo membro da família, a inquietação com a frieza da igreja, a inquietação com os campos brancos para ceifa, a inquietação com os povos não-alcançados pelo evangelho, a inquietação com os escândalos que estão rolando por aí, a inquietação com a injustiça, a inquietação com a decadência do mundo – são inquietações nobres das quais o próprio Jesus participa. O profeta dizia: “Por amor de Jerusalém não me aquietarei, até que saia a sua salvação como uma tocha acesa” (Is 62.1).
6
O melhor remédio para os frequentes períodos de inquietação é este: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus, sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra” (Sl 46.10). Deve haver um esforço honesto para acabar com a inquietação, na certeza de que Deus não deixou de ser Deus. Ele ainda governa sobre tudo e sobre todos, ainda dispõe as coisas de modo sábio e positivo, ainda tem autoridade e poder, ainda não se retirou. Daí a palavra de Moisés a Israel frente ao mar Vermelho: “Aquietai-vos e vede o livramento do Senhor que hoje vos fará” (Êx 14.13). “Como a criança desmamada se aquieta nos braços da mãe”, você precisa se aquietar nos braços de Deus (Sl 131.2).
Fonte: https://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2019/11/22/deus-aquieta-deus-inquieta/

November 23, 2019

A cura do orgulho e o sossego no Senhor

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- Jonathan Freitas


Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim.
Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.
Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.
Salmo 131

O tema deste pequeno salmo é a postura da alma. Seu porte, sua atitude, seu sentimento, seu ânimo. Os dois primeiros versos contrastam duas posturas pessoais: uma negada, outra afirmada. Por fim, o último versículo exorta à postura correta.

A postura negada: procurar se elevar

Os termos utilizados no primeiro verso remetem à imagem de altura, grandeza: “elevar”, “levantar”, “grandes”. Essa imagem, por sua vez, está associada à maravilhamento –  Deus, por exemplo, é louvado como “Altíssimo” e “grandioso” em diversos textos. Portanto, a postura negada é a de querer ser maior e, assim, mais admirado – o que corresponderia a um “coração soberbo” e “olho altivo”.

A questão-chave, nesse contexto, é: “maior em relação a quem?”. Para o salmista, o parâmetro de referência é quem se é: “para mim”. Ou seja, não quem os outros são, pois este tipo de comparação produz orgulho ou inveja. A postura negada é procurar ser quem você não é. Como Paulo disse: “Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim [pense a meu respeito] mais do que em mim vê ou de mim ouve” (1Co 12.6). Em outras palavras: “não quero parecer quem eu não sou de fato”.

O sentimento do salmista não é de comodismo consigo mesmo; o título do salmo indica autoria do engajado rei Davi. Antes, a atitude que o inspira é de auto-rebaixamento, humilhação – ou, mais precisamente, “humildade”. Como ele próprio disse em outra passagem, “me rebaixarei ainda mais, e me humilharei aos meus próprios olhos” (2Sm 6.22a).

Isso não significa tentar ser menor do que quem você é; quem escreve o salmo é o glorioso rei de Israel. Pelo contrário, significa se fazer menor para com os outros – ou, para usar uma antítese, “o maior servo”. Davi, sendo rei, demonstra, nesse salmo, “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo (…)” (Fp 2.5-8).  

As dádivas de Deus

Um capítulo que lembra muito essa mensagem é Romanos 12. No versículo 16, Paulo diz: “sede unânimes entre vós [tenham uma mesma atitude uns para com os outros]; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos [aos seus próprios olhos]”. Sendo que, no verso 3, o apóstolo já tinha dito: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Em outra tradução: “Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado”.

O contexto aqui é o dos “dons”, que também podem ser vistos como o “lugar” , que nos são dados (!) por Deus   no corpo de Cristo. Esse cenário alinha-se perfeitamente com a aplicação desse princípio feita por Paulo a si mesmo em 1Co 4.6–7: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro. Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?”. Portanto, para o apóstolo, o que cura o orgulho é um senso claro da dádiva.

Ainda para os coríntios, ele reafirma: “Porque não ousamos [temos a pretensão de] classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam [recomendam] a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos [para se louvarem/recomendarem], estão sem entendimento. Porém, não nos gloriamos fora da medida [limite], mas conforme a reta medida que Deus nos deu [a esfera de ação que Deus nos confiou], para chegarmos até vós; Porque não nos estendemos além do que convém (…). Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva [recomenda], mas, sim, aquele a quem o Senhor louva [recomenda]” (2Co 10.12–18). Nesse sentido, o que conta não é a quantidade relativa de dons que você tem, mas ser um mordomo fiel no “lugar” que Deus confiou a você –  como na famosa parábola dos talentos.

A postura afirmada: sossegar no Senhor

Em contraposição à postura da alma, de procurar se elevar, o segundo verso aponta o sossego no Senhor como a atitude apropriada do coração. Mais que isso, esse versículo associa o sossegar a uma verdadeira humildade. Afinal, o modelo dado para essa postura é o da criança recém-nascida –  o ser humano mais baixinho, “pequenino”, não altivo nem grandioso (como Davi, autor do salmo e o caçulinha da sua família).

Essa forma de ver a questão faz lembrar algumas palavras do próprio Jesus, como quando respondeu aos discípulos: “Quem é o maior no reino dos céus? Aqueles que se tornam humildes como uma criança!” (cf. Mt 18.1-15). De fato, ele os encorajou nesse sentido: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas (...)” (Mt 11.28-30).

Encontre o que procura

Além de humildade, satisfação e contentamento também estão associados ao sossego no Senhor. O salmista especifica a criança-modelo como aquela “recém-amamentada”. Ou seja, aquela satisfeita com o leite materno que acabou de saciá-la.

Definitivamente, essa não é a postura de alma típica da nossa cultura. Como os Rolling Stones gritam por décadas (aludindo a Ec 12.1b?): I can’t get no satisfaction! Ou, como o U2 expressou tão claramente o sentimento de muitos: I still haven´t found what I´m looking for.

A criança do salmo 131, pelo contrário, ficou satisfeita; encontrou o que estava buscando. E o fez no peito de sua mãe — o que aponta para um descanso confiante: “minha mãe é bondosa; cuida de mim”.

Um exemplo que ecoa a convocação de outro salmo: “Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!” (Sl 116.7). De fato, esse é um chamado ressonante com o alvo cristão do contentamento no Senhor: “(…) já aprendi a contentar-me com o que tenho. 

Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.11b-13).

Alguém contente assim recebe as circunstâncias, pela fé, como perfeitas ordenanças de Deus para a vida (cf. Jó 1.21)  -  ainda que muitas vezes incompreensíveis. Se circunstâncias boas: como uma graça, uma dádiva, um presente. Se más: como um lembrete (gracioso!) de que não somos Deus.

Com expectativa, mas sem desespero

Assim, o último verso do salmo exorta os filhos de Deus ao cultivo do sossego no Senhor. “Espere no Senhor”; sossegue no Senhor. Com expectativa, mas sem desespero; com atividade, mas sem inquietude; com ânsia, mas sem ansiedade. Como a corça e a terra seca anseiam pela água ,  que sempre vem (Sl 42.1–2; 63.1). O Senhor é o seu bom pastor, que cuida de você (Sl 23)!

Por isso: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação; se é que já provastes que o Senhor é benigno” (1Pe 2.2–3).

“Israel”, filhos, crianças do Senhor: “espere no Senhor”, cultivando o contentamento nele, “desde agora e para sempre”. Amém!

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/a-cura-do-orgulho-e-o-sossego-no-senhor

November 22, 2019

O que fazer quando sentir que Deus se esqueceu de você

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- John Bevedere

É fácil receber um sonho de Deus com grande alegria – mas o que você deve fazer quando parece que tudo em sua vida pode estar levando você na direção oposta?

Muitos de nós somos levados a um ciclo quando nossas circunstâncias mudam para o sul, imaginando que erro devemos ter cometido para nos levar tão longe do curso – mas e se isso fizer parte do plano mestre de Deus?
Lembre de José: quando ele era jovem, Deus lhe deu um sonho de que um dia, mesmo seus irmãos e familiares estariam sob sua autoridade. O que veio depois? Ele foi jogado em uma cova por aqueles que deveriam protegê-lo – seus irmãos mais velhos. Logo depois, eles o venderam como escravos, enviando-o para uma terra estrangeira. Você pode imaginar o choque, decepção e dor?
Certamente José imaginou que Deus faria uma intervenção milagrosa para libertá-lo rapidamente, mas nenhum desses eventos ocorreu. Em vez disso, José passou a década seguinte de sua vida servindo como escravo na casa de Potifar. Então, em vez de melhorar, as coisas pioraram quando ele foi injustamente acusado de tentar dormir com a esposa de seu mestre e jogado na prisão.
Na prisão, José deve ter tido muito tempo para refletir. Eu só posso imaginar o que estava passando pela cabeça dele. Ele provavelmente pensou: servi a Deus fielmente a vida toda, e o que isso me levou? Acontece que, sem culpa minha, estou nesta masmorra para apodrecer. Minha vida acabou! Meus irmãos maus são livres e provavelmente desfrutam de grande abundância. O que eu fiz errado? Tudo o que fiz foi compartilhar meu suposto sonho “dado por Deus” com meus irmãos e ver o que isso me pegou! De que serve servir a Deus? Parece que quanto mais eu O obtenho, pior a vida fica para mim".
Quem poderia culpar José por ter esses pensamentos? Eles parecem lógica de som, certo?
Mal sabia ele, seu maior teste no deserto ainda estava na sua frente. Um dia na masmorra, Deus trouxe para os homens, um mordomo e um padeiro, que tiveram um sonho que os deixou confusos e buscando uma interpretação. Se José tivesse perdido a fé em Deus e em Sua promessa, teria sido muito fácil se concentrar e expulsá-los. Ele poderia ter dito: “Você teve sonhos ontem à noite? Ha, eu também tive um sonho. Eu também pensei que o sonho veio de Deus. Mas aqui está a verdade: os sonhos não acontecem. Os sonhos são inúteis, vãos e enganosos. Então você poderia me deixar em paz?”
Se José tivesse feito isso, ele provavelmente teria permanecido em seu deserto por muitos mais anos, ou talvez até o resto de sua vida. Ele teria ignorado sua passagem para a liberdade, pois foi o mordomo quem mais tarde contou ao rei a capacidade de José de interpretar sonhos, o que levou à libertação de José da prisão e promoção ao governo. Se ele tivesse uma atitude de autocomiseração, José acabaria morrendo naquele calabouço, um homem amargo, cínico e sem esperança – expressando de várias maneiras: “Deus não é fiel; Ele não cumpre Suas promessas!”
Mas não foi isso que José fez. Ele lutou contra os pensamentos e a lógica contrários à sua promessa pessoal de Deus e escolheu servir o mordomo e o padeiro. Ele permaneceu consistente em sua obediência a Deus. O resultado? Eventualmente, ele foi libertado e foi promovido em um dia para se tornar o segundo em comando do Faraó, passando a governar com sabedoria e previsão que salvaram a nação e sua própria família em um período de grande fome. No final, Deus levou os irmãos e o pai de José ao Egito em busca de comida, e o sonho que Deus deu a José há muitos anos foi realizado.
Somente Deus sabia o tempo que sua promessa a José iria cumprir – mais de 20 anos depois que ele inicialmente deu a José o sonho. O deserto forjou em José o caráter que edificaria bem sua vida, família e posição de liderança. A chave para todo o seu sucesso ao longo de décadas de espera foi sustentar o medo do Senhor durante tudo isso. Independentemente de suas condições, José falaria, agiria e obedeceria à Palavra de Deus, confiando n’Ele durante tudo. 
E você? Talvez Deus tenha lhe mostrado sonhos ou visões do que Ele chamou você para fazer – mas talvez você se encontre em uma estação semelhante a José. Você pode estar lutando com todos os tipos de dúvidas e perguntas. Por que Deus está demorando tanto para fazer isso acontecer? Deus esqueceu de mim? Eu o ouvi corretamente?
Exorto você a continuar sua corrida bem, confiando em Deus a cada passo no caminho. Lembre-se da fidelidade de Deus. Não fique cansado. Não perca a esperança. Não fique amargo. Não vire as costas para Deus. O tempo dele pode ser mais lento que o seu, mas sua palavra certamente acontecerá no momento certo.
Fonte: https://estudos.gospelmais.com.br/que-fazer-sentir-deus-esqueceu-30412.html

November 19, 2019

Esquecer ou lembrar? Eis a questão

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O maior sucesso da memória é não esquecer de Deus

- Elben Cesar

1
Chama-se esquecimento a perda parcial daquilo que está retido na memória. Pode ser um bem, como pode ser um mal. Pode trazer prejuízo, como pode trazer benefício. Pode ser defeito, como pode ser virtude. Depende do que se esquece. Por esta razão, é necessário aprender ambas as técnicas: tanto a de esquecer como a de lembrar. Este duplo exercício exige ampla e livre disponibilidade. Disponibilidade para deixar escapar algumas lembranças, e disponibilidade para reter outras, sempre de acordo com a conveniência mais alta. O controle da memória pode ser difícil, mas não é impossível. Depende primeiramente da vontade. Faz-se por meio de exercícios. Há exercícios próprios para memorizar e exercícios próprios para esquecer.
2
O maior sucesso da memória é não esquecer de Deus. Este esquecimento ocorre muitas vezes, especialmente em ocasião de fartura: “Quando tinham pasto eles se fartaram e uma vez fartos ensoberbeceu-se-lhes o coração; por isso se esqueceram de mim” (Os 13.6). O não esquecimento de Deus deve começar cedo: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer.” (Ec 12.1). É preciso acabar com este esquecimento ilógico e altamente destruidor de felizes iniciativas: “Por acaso a moça se esquece das suas joias? Por acaso a noiva se esquece do seu vestido de casamento? Mas o meu povo já há muitos anos se esqueceu de mim – que era o seu maior tesouro!” (Jr 2.32).
3
Não é possível esquecer também do compromisso assumido com Deus, em resposta ao clamor da alma sedenta e o clamor do Espírito. Quando o homem se encontra verdadeiramente com Deus, faz-se um pacto entre ambos e distribuem-se obrigações. As de Deus nunca são esquecidas, relaxadas ou relegadas a segundo plano. O mesmo não se pode dizer do homem. Com incrível frequência, ele se esquece de suas responsabilidades, muito embora haja uma cláusula com esta advertência: “Guardai-vos, não vos esqueçais da aliança do Senhor vosso Deus, feita convosco” (Dt 4.22). Desta quebra de trato por parte do homem, Deus se queixa constantemente: “Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos, e quebram a aliança eterna” (Is 24.5).
4
Outra coisa da qual não conseguimos esquecer em hipótese alguma é da colheita pós-semeadura. É certo que o homem colhe o que planta: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Esta lei é implacável e válida tanto para a semeadura na carne quanto para a semeadura no Espírito: “O que semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). O esquecimento da colheita pós-semeadura pode ocasionar desânimo e imobilidade ao que semeia não na carne, mas no Espírito. O esquecimento da colheita pós semeadura pode ocasionar arrogância e desobediência ao que semeia não no Espírito, mas na carne. Desta lembrança não se pode apartar o homem.
5
Entre as coisas que devem permanecer no esquecimento encontra-se o pecado confessado, abandonado e definitivamente perdoado por Deus. O comportamento diferente deste acarreta consequências muito desagradáveis e rouba o valor terapêutico da expiação realizada por Jesus Cristo. Se Paulo se lembrasse constantemente de seu passado anticristão, da tortura que infringiu a homens e mulheres, da morte de Estêvão, da caça aos cristãos até no exterior, da perseguição ao próprio Jesus, ele não teria paz de espírito. O apóstolo, no entanto, conhecia a técnica do esquecimento saudável: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13-14). Em casos assim, não há substituto para o esquecimento.
6
A maior parte dos problemas que o homem enfrenta tem as suas raízes em alguma experiência já vivida. Quase sempre traumática, esta experiência precisa ser localizada, entendida, superada e abandonada. Para tanto, são necessárias ambas as técnicas de lembrar e de esquecer. A terapia começa com o exercício do esquecimento. O esquecimento ajuda a aceitação de uma situação de fato, de algo realmente irreversível, de alguma coisa que não pode ser mudada. Um pouco de aceitação, por sua vez, já ajuda o esquecimento. A Bíblia deplora a murmuração, e exalta a gratidão e o louvor devido a Deus. Desta maneira, ela sugere o controle da memória, exercício capaz de gerar saúde psíquica e bem-estar emocional.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2019/10/25/esquecer-ou-lembrar-eis-a-questao/


November 18, 2019

Ele cumpre Suas promessas ; )

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1Senhor Deus diz:
“Escutem, os que têm sede:
venham beber água!
Venham, os que não têm dinheiro:
comprem comida e comam!
Venham e comprem leite e vinho,
que tudo é de graça.
2Por que vocês gastam dinheiro com o que não é comida?
Por que gastam o seu salário com coisas que não matam a fome?
Se ouvirem e fizerem o que eu ordeno,
vocês comerão do melhor alimento, terão comidas gostosas.
3Escutem-me e venham a mim,
prestem atenção e terão vida nova.
Eu farei uma aliança eterna com vocês
e lhes darei as bênçãos que prometi a Davi.
4Eu fiz Davi chefe e líder dos povos,
e por meio dele viram o meu poder.
5E agora vocês darão ordens a povos estrangeiros,
povos que vocês não conheciam,
e eles virão correndo para obedecer-lhes.
Isso acontecerá porque eu, o Senhor, seu Deus,
o Santo Deus de Israel,
tenho dado poder e honra a vocês.”
6Procurem a ajuda de Deus

enquanto podem achá-lo;
orem ao Senhor
enquanto ele está perto.
7Que as pessoas perversas mudem a sua maneira de viver
e abandonem os seus maus pensamentos!
Voltem para o Senhor, nosso Deus,
pois ele tem compaixão e perdoa completamente.
8Senhor Deus diz:

“Os meus pensamentos não são como os seus pensamentos,
e eu não ajo como vocês.
9Assim como o céu está muito acima da terra,
assim os meus pensamentos e as minhas ações estão muito acima dos seus.
10A chuva e a neve caem do céu
e não voltam até que tenham regado a terra,
fazendo as plantas brotarem, crescerem
e produzirem sementes para serem plantadas
e darem alimento para as pessoas.
11Assim também é a minha palavra:
ela não volta para mim sem nada,
mas faz o que me agrada fazer
e realiza tudo o que eu prometo.
12“Vocês sairão alegres da Babilônia,
serão guiados em paz para a sua terra.
As montanhas e os morros cantarão de alegria;
todas as árvores baterão palmas.
13Onde agora só há espinheiros crescerão ciprestes,
murtas aparecerão onde agora só cresce o mato.
Isso será para vocês uma testemunha daquilo que eu fiz,
será um sinal eterno, que nunca desaparecerá.”

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=OH74IsvEBl8

November 17, 2019

Uma conversa bem franca

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Joe Rigney

Deus existe em todo lugar e em todo tempo. Ele é eterno e onipresente. E não só ele está presente em todo lugar, mas também ele está em todo lugar nos procurando. Ele é o caçador, o rei, o marido, se aproximando numa velocidade infinita. É central para a visão de C.S. Lewis da vida cristã o fato básico de que estamos sempre na presença e na mira de Deus.

Esse fato básico sobre a realidade nos dá uma escolha básica. Podemos ou abraçar e receber essa realidade, entregando-nos a esse Deus eterno, onipresente e que vai atrás, ou podemos tentar em vão nos esconder dele, resistir aos seus avanços, rejeitar a sua oferta. Assim, embora seja verdade que sempre estamos na presença de Deus, é igualmente verdade que somos perpetuamente chamados a vir até a presença de Deus, para que nos revelemos a ele.

“Todos nós somos piores do que pensamos”

Um dos principais componentes dessa entrega é a confissão dos nossos pecados. Se é para virmos até a presença de Deus, precisamos vir honestamente. Precisamos vir como somos. 

E o que somos é um aglomerado de pecados, temores, necessidades, desejos e ansiedades, de forma que a nossa honestidade e entrega precisa incluir a confissão de pecados.

Lewis está ciente de que a confissão é difícil e cheia de perigos. Assim, em vários lugares, ele oferece conselhos sobre os perigos e riscos de confessar os nossos pecados.

1. Tome cuidado com a culpa vaga

Um dos principais obstáculos a se revelar perante Deus é uma nuvem de culpa que frequentemente paira sobre nós. E a culpa vaga é particularmente problemática. 

Porque você não pode se arrepender de pecados vagos; você só pode se arrepender de pecados reais. E todos os pecados reais são pecados específicos.

Isso quer dizer que para você se achar na neblina da culpa vaga, você precisa começar a pedir para que Deus te mostre os detalhes. Aperte-se na fumaça para ver se realmente tem fogo ali em algum lugar.

Se você o fizer, e se ver incapaz de descobrir qualquer pecado debaixo do vago senso de culpa, não se sinta compelido a sair procurando até aí. Pelo contrário, trate a culpa como um barulhinho incômodo nos seus ouvidos, algo para se aguentar até que você busque revelar na presença de Deus (Lewis, Letters to Malcom, p. 34).

2. Confesse os seus pecados rápida e especificamente

Outras vezes, a nossa relutância de fazer essa revelação é dirigida pelo fato de que somos culpados e sabemos exatamente o porquê. Sabemos sobre o que é a culpa e estamos evitando aceitá-la. Em tais momentos, nós frequentemente sentimos também que Deus está ali, nos observando ir e vir e rebolar e fazer desculpas e Ele nos diz: “eu sei que você só está enrolando”. 

Em tais casos, a melhor solução é simples. Se há um pecado específico na sua vida, confesse-o a Deus, clara, honesta e diretamente, sem se valer de eufemismos (Lewis, “Miserable Offenders”, em God in the Dock, 124).

Isso quer dizer usar palavras bíblicas para os pecados. “Eu menti” ao invés de “eu não fui muito honesto”. “Eu roubei” ao invés de “eu usei algo sem pedir”. “Eu tive intenções impuras no coração. Eu cometi imoralidade sexual. Eu tive inveja de outras pessoas ou cobicei seus dons. Eu estou cheio de amargura e ódio contra uma pessoa específica. Eu sou soberbo e arrogante. Eu estou cheio de ansiedade e medo. Eu não estou confiando o meu futuro a Deus”. Da mesma forma que você não pode confessar de verdade pecados vagos, você não pode confessar pecados reais de forma vaga.

3. Peça a Deus que te perdoe, não que te desculpe

Frequentemente quando pedimos para que Deus nos perdoe, o que estamos na verdade fazendo é pedindo para que Ele nos desculpe. 

Mas, segundo Lewis, perdoar e desculpar são quase que opostos (Lewis, “On Forgiveness”, em The Weight of Glory and Other Addresses, 178-181). 

O perdão diz: “você fez uma maldade; ainda assim, não vou usar isso contra você”. A desculpa diz: “eu entendo que você só teve essa opção ou que não era essa a sua intenção; a culpa não é realmente sua”. 

Portanto, desculpar alguém é fazer vista grossa para a pessoa porque ela não merecia uma vista mais rígida. Nos recusamos a culpar alguém por algo que nem era culpa dela para começo de conversa.

“Peça para que Deus te perdoe, não para que Ele te desculpe.”

Quando se trata de Deus, observa Lewis, “o que chamamos de ‘pedir perdão a Deus’ frequentemente consiste na verdade em pedir para que Deus aceite as nossas desculpas”. Queremos que Ele lembre as circunstâncias atenuantes que nos levaram a fazer o que fizemos. Saímos “imaginando que nos arrependemos e fomos perdoados quando tudo que aconteceu na verdade foi que nos satisfizemos com as nossas próprias desculpas”.

Quando buscamos o perdão de Deus, precisamos deixar de lado as desculpas e o apontar de dedos. Se houve circunstâncias atenuantes, Deus sabe muito mais do que nós. 

O que devemos fazer é descobrir o que restou depois de toda circunstância ser desconsiderada, aquela pequena bolinha de pecado que é dura como um câncer. É isso que devemos levar a Deus. É isso que Ele precisa (e vai) perdoar.

4. Proibido acampar no esgoto

Alguns cristãos pensam que uma das principais marcas do crescimento cristão é uma percepção permanente e permanentemente horripilada da corrupção interna de alguém (Letters to Malcolm, 98). 

A verdadeira narina cristã deve estar continuamente atenta ao mau cheiro interior. Sentimos que a fidelidade exige que acampemos nas cavernas escuras e nos buracos nojentos dos nossos corações. Lewis acha que isso não é uma boa ideia. Mas não é porque não somos tão corruptos assim. Somos tão corruptos assim. 

Os nossos corações realmente são nojentos. Quando você olha ali, é verdade que há profundezas e profundezas de amor próprio e pecado. Mas Lewis recomenda uma olhadela imaginativa da nossa pecaminosidade, não um olhar fixo. 

A olhadela é suficiente para nos ensinar a sentir, para nos humilhar para que não nos consideremos em mais alta conta do que deveríamos. Mas quanto mais olhamos, mais corremos o risco de cair em desespero. Ou pior, começamos a desenvolver uma tolerância ao esgoto, até um tipo de orgulho perverso com esse barraco pútrido.

Assim, precisamos cultivar a prática de honestidade imaginativa sobre o nosso pecado. Precisamos olhar para ele claramente e reconhecê-lo. 

Precisamos não o esconder ou tentar inventar desculpas para ele. Mas, igualmente, não podemos nos afundar nele. Precisamos saber que o pecado está nos nossos corações e precisamos sentir a feiura dele. Mas então também precisamos lembrar que Jesus cobre tudo isso.

5. Renda o autoexame a Deus

Nas nossas tentativas de nos expor ao exame de Deus, precisamos nos lembrar de que o autoexame é na verdade Deus nos examinando. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mal e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139.23-24). 

Isso não nos torna passivos. Somos ativos, mas a nossa atividade está principalmente em nos abrir para a inspeção divina. Autoexame só é seguro quando as mãos de Deus estão nas rédeas.

“Você não pode se arrepender de pecados vagos; você só pode se arrepender de pecados reais. E todos os pecados reais são pecados específicos”.

Seria algo assim. Entregamo-nos a Deus; damos a Cristo as chaves de todo cômodo no nosso coração. Sem nenhum armário trancado. Sem “não entre” no porão. Toda a casa pertence a ele (e ele é livre para demoli-la, se preferir). 

Nos abrimos diante dele e pedimos “pelo tanto de autoconhecimento naquele momento que podemos aguentar e usar naquele momento” (Letters to Malcom, 34). Pode haver pecados mais profundos, em cavernas mais tenebrosas, que não vimos ainda. Mas talvez não as vejamos porque Deus sabe que não estamos prontos para encará-las ainda. 

Precisamos aprender a engatinhar antes de podermos andar. Deus quer que nós passemos no treinamento dos recrutas antes de nos mandar para a guerra.

Então, tendo se rendido e pedido a nossa pequena dose diária de autoconhecimento, nós cremos (e, para alguns, este é um dos maiores atos de fé que eles farão) que ele é plenamente capaz de levar o nosso pecado e pecaminosidade à lume, à nossa atenção consciente onde tudo pode ser confessado e mortificado.

Enquanto isso, se estivermos nos rendendo diariamente a Deus dessa forma, devemos esquecer de nós mesmos e fazer o nosso trabalho.

6. Você está evitando o bem?

Finalmente, enquanto confrontamos a nossa relutância de nos abrir na presença de Deus, é digno de nota o que Deus está realmente procurando. C.S. Lewis conta uma história sobre a sua esposa, Joy: 

Há muito tempo, antes de nos casarmos, ela estava toda perturbada numa manhã quando ia ao trabalho por ter um sentimento obscuro de Deus (por assim dizer) “estar puxando a sua orelha”, exigindo a sua atenção. E, é claro, não sendo uma santa aperfeiçoada, ela tinha o sentimento de que seria uma questão, como normalmente é, de algum pecado impenitente ou algum dever entediante. Finalmente ela cedeu e o encarou. Mas a mensagem era: ‘eu quero te dar algo’ e instantaneamente chegou a alegria. (A Grief Observed, 46-47)

Quanto nos esforçamos para evitar tudo o que nos faria bem. Esse é o grande paradoxo que levamos à presença de Deus. Deus está aqui e agora, e ele quer tudo de nós. Mas Deus está aqui e agora, e ele quer nos dar tudo. Deus é por nós, não contra nós. Ele pode não ser seguro, mas certamente ele é bom.

“Quanto nos esforçamos para evitar tudo o que nos faria bem.”

E ele não vai se satisfazer com soluções mea boca, porque ele nos ama e quer se dar a nós. E ele não pode se dar a nós se ainda estivermos cheios de nós. Mas se nos entregarmos, se morrermos para nós mesmos, então ele vai se dar a nós e, ao se dar a nós, ele vai dar nós mesmos de volta.

Na verdade, quando nos expomos na presença de Deus, descobrimos que nos tornamos os nossos verdadeiros “eus”, estáveis, fortes, cheios de vida e alegria e conformados à imagem de Cristo, de glória em glória.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/peca-a-deus-que-te-perdoe-nao-que-te-desculpe-cinco-licoes-de-c-s-lewis

November 14, 2019

A vida acontece onde a gente não tem o controle

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- Ivan Martins

Meu corretor de seguros é um homem prático. Ele apoia que eu corra todos os riscos, desde que deixe a família amparada por uma gorda indenização em caso de acidente. 

O que o corretor não sabe é que os riscos que afligem a mim e a milhões de outros não se referem à existência física. Eles incidem sobre a capacidade de ser feliz. Dizem respeito aos sentimentos. Se referem ao futuro e aos sonhos secretos que cada um de nós carrega. 

Para isso não há apólice de seguro. 

Recomendo, a esse respeito, que se veja o filme dinamarquês Rainha de Copas. É uma história extraordinária e não pretendo estragá-la com spoilers. Basta saber que o filme mostra uma família em que a mãe se deixa conduzir radicalmente por seus desejos. 

O resultado é chocante, mas aponta, metaforicamente, para a situação existencial em que todos nos encontramos: tomamos decisões essenciais com base em sensações, pulsões e sentimentos vertiginosos. Nossa vida é dirigida pela subjetividade de uma forma que nada tem a ver com o mundo racional. Somos animais emocionais tentando agir de forma lógica. Às vezes nos ferramos, outras vezes ferramos os outros. Com sorte, dá tudo certo.

Não há cálculo ou antecipação que nos proteja do futuro. 

Se a gente ficar em casa, escondida atrás do computador, nada vai nos machucar (muito) e ninguém vai nos expor ou nos humilhar (muito), mas tampouco vai acontecer qualquer coisa deliciosamente memorável.

É preciso ir à rua e se expor ao contato da carne e dos ossos dos outros para que o acaso lance dados capazes de mudar a nossa sorte.

Mesmo quando isso acontece e o amor nos surpreende, ainda é preciso ter coragem. Uma paixão requer decisões difíceis e urgentes. Ela exige que se abra mão de algo agora, sem certeza sobre o que virá depois. Mesmo estando apaixonados, acordaremos no meio da noite com o coração aos pulos, temerosos em relação ao futuro e aos planos que fizemos a dois. Não há garantias, sussurra o oráculo da noite. Não há garantias. 

Ainda assim, é essencial não fugir de tudo que provoca medo e incerteza. A vida parece acontecer ali, onde não temos controle. O inesperado tem o dom de nos revelar a nós mesmos, mas para isso será necessário caminhar na beira de um precipício, sentindo no rosto o o vento que assusta e inebria. 

Entendem?

De vez em quando, teremos de tomar decisões morais, como faz a mulher do filme. Uma porta se abrirá à direita, com uma oferta de carinho, e diremos não. Outra se abrirá à esquerda, com um sorriso travesso, e recusaremos. Declinaremos daquilo que nos oferecem e mesmo daquilo que desejaríamos porque é a coisa certa a fazer. Há limites, afinal, ao que podemos. 

Houve um momento, no passado, em que nossos pais tiveram de aprender a ser livres, porque haviam crescido sob coação e repressão. Não sabiam vivenciar seus desejos, e disso resultava um corpo e um cotidiano mais tristes do que poderiam ser. Agora é o contrário. Todo mundo pode tudo, e milhões não sabem o que querem. Talvez precisem aprender a dizer não a si mesmos para entender o que faz falta — para descobrir a forma do seu desejo, aquele que se manifesta apenas na ausência. 

Enquanto isso, prosseguiremos atabalhoadamente entre o medo e a culpa, entre a atração do desconhecido e a segurança do que é previsível. Tentaremos nos esconder no familiar e descobriremos, pasmados, que ele também é estranho, esquisito e que tampouco oferece garantias. Suspiraremos livres e amedrontados, mas lúcidos. 

O corretor de seguros ligará no meio da manhã, oferecendo todas as salvaguardas, e nos riremos dele, com carinho: "Vamos fazer o seguro do carro, Oscar. O resto ninguém sabe, e é melhor nem saber".

Fonte: https://ivanmartins.blogosfera.uol.com.br/2019/11/12/a-vida-acontece-ali-onde-a-gente-nao-tem-controle/

PS- Para ouvir a canção dos covardes: https://www.youtube.com/watch?v=RIIkA2OTfVs
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November 13, 2019

Alegria no Senhor como força ; )

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A Ti bendirei pra sempre
Em Ti confiarei Senhor
Eu não terei o que ter medo
Meus pés só na rocha firmarei
Não me abalarei
e do Senhor direi

Tu és meu Deus
Protetor
Meu refúgio
Libertador
Meu abrigo
Torre forte
Todo tempo meu socorro vem de Ti

Não há outro a quem eu ame
Tu és tudo o que eu desejo
Eu me alegro em Ti
e do Senhor direi

https://www.youtube.com/watch?v=b1d6C681f4Y
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