January 31, 2021

Eu era cego, mas agora vejo

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- Ricardo Barbosa de Sousa

Lendo há pouco tempo um artigo de Steven Garber, A disposition to dualism [Uma disposição para o dualismo], encontramos um detalhe da vida de John Newton, compositor do famoso hino Amazing Grace, que até então eu desconhecia. John Newton, antes de sua conversão, foi por muitos anos capitão de navios negreiros. Não é difícil imaginar o que ele quis dizer em seu hino: “Eu era cego, mas agora vejo”. O que ele fez nos anos em que transportou homens e mulheres da África para a América está além de nossa imaginação. Após a sua conversão, ele insistiu para que seu jovem amigo William Wilberforce permanecesse na política a fim de lutar pelo fim da escravidão.

Segundo Garber, John Newton, mesmo depois de sua conversão, continuou trabalhando como capitão de navio por vários anos, transportando escravos e, ironicamente, conduzindo estudos bíblicos com sua tripulação no deque do navio. Ao que parece, ele era incapaz de conectar sua fé com seu trabalho. Ele só deixou o trabalho de capitão de navio escravo cinco anos após a sua primeira experiência de conversão. Somente trinta anos depois fez sua primeira declaração pública de arrependimento. Ele disse: “Será sempre um assunto de reflexão humilhante para mim lembrar que eu já fui um instrumento ativo em um negócio sobre o qual meu coração hoje treme”. Estes detalhes de sua biografia não mudam a grande contribuição dele para a abolição da escravidão nem, de modo particular, o maravilhoso testemunho pessoal que cantamos no hino Amazing Grace.

O que me chama a atenção neste relato é a mesma dificuldade que encontramos de conectar nossa fé com as demais realidades do dia a dia e viver de forma coerente. Separamos o domingo do resto da semana, o secular do religioso, o espiritual do mundano. A herança grega do dualismo é mais presente entre nós do que imaginamos. Alguns cristãos chegam a dizer que a religião nada tem a ver com o “mercado”, que os princípios que regem a fé não valem para os negócios.

O comportamento de John Newton não é diferente do nosso. Integrar a fé com todas as dimensões da vida não é natural para nenhum cristão. É mais fácil e seguro viver a fé num ambiente onde nos sentimos confortáveis. A igreja ou a família nos proporcionam um ambiente favorável para viver a fé. Porém, quando deixamos este espaço seguro e entramos no ambiente do trabalho, onde a fé não é compreendida e nossos valores são questionados, recolhemo-nos e, muitas vezes, agimos de forma incoerente.

Escrevo este artigo a pouco menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições. Impressiona-me como a fé e o chamado para sermos discípulos de Cristo pouco ou nada têm a ver com as nossas escolhas políticas. A identidade de muitos é determinada em primeiro lugar por sua opção ideológica, e não por sua fé. Salomão, em sua oração de consagração do templo, termina dizendo: “Seja perfeito [íntegro] o vosso coração para com o Senhor, nosso Deus, para andardes nos seus estatutos e guardardes os seus mandamentos, como hoje o fazeis” (1Rs 8.61). O povo de Deus é chamado para ter um coração inteiro, não dividido.

Como Newton, demoramos para compreender a graça maravilhosa de Deus. Éramos cegos, mas ainda vemos muito pouco como aquele cego que Jesus curou e, num primeiro momento, via homens como se fossem árvores. Desejamos ser íntegros, mas ainda lutamos com nossas ambiguidades. A graça que John Newton experimentou atuou em toda a sua vida e, por fim, ele pôde dizer com toda a clareza: “Eu era cego e agora vejo”.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/374/eu-era-cego-mas-agora-vejo

 

January 30, 2021

Encontrando o seu lugar na grande história

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- Ricardo Barbosa

O livro de Ester nos conta uma história na qual Deus age através de uma jovem judia cuja vida é tão comum como a da maioria de nós.

Ela acontece no século V a.C. em Susã, uma das duas capitais do Império Persa, governado pelo rei Assuero, aclamado como rei dos reis, porém um homem fraco, inseguro, dedicado apenas aos prazeres da corte.  
 
Ester era órfã e foi criada por seu primo Mordecai. O rei Assuero buscava uma nova esposa e, como todo rei daquele tempo, possuía um harém cheio de concubinas, mas precisava de uma rainha e a única exigência é que fosse jovem e extremamente bonita. Ester foi levada junto com outras candidatas para o palácio real a fim de ser preparada. Depois de um ano, ela foi apresentada ao rei e ele se encantou com a sua beleza e a amou mais do que a todas as outras, e a escolheu para ser a rainha. Aconselhada por seu primo, não revelou sua identidade judaica. Até aqui, a história de Ester é bem parecida com um conto de fadas. Sua vida segue de banquete em banquete, numa rotina sem nenhuma importância, sempre submissa, seja ao primo, seja ao rei. Até este ponto, não há nada que justifique que seu nome figure como um livro da Bíblia.
 
Entra em cena Hamã e o conto de fadas se transforma num pesadelo. Hamã é o conselheiro real, homem ambicioso e manipulador. Ele convence o rei que ordene a todos os súditos que se curvem diante dele, reconhecendo seu poder, mas Mordecai se recusa e isso deixa Hamã furioso. Hamã descobre que Mordecai era judeu e elabora um plano para aniquilar todos os judeus que viviam no Império Persa (3:6-9); isso envolvia praticamente todos os judeus daquela época. O rei, mais preocupado com suas festas, deu carta branca a Hamã e nem se preocupou em saber que povo era aquele. 
 
Chegamos ao clímax da história. Mordecai, sabendo do plano de Hamã, pediu para Ester falar com o rei a fim de evitar uma tragédia. Ela responde dizendo que seria impossível. Mordecai envia o seguinte recado para Ester: “Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?” (4:14). A jovem Ester, que até este momento nunca havia tomado uma decisão, se vê diante de um conflito onde apenas ela se encontra numa posição capaz de evitar um genocídio.  Ela assume seu papel de rainha e a responsabilidade de mudar a decisão do rei arriscando a sua própria vida.
 
A história de Ester, sob vários aspectos, tem muita semelhança com a história de Moisés, com a diferença de que ela não viu a sarça ardente, nem as pragas, o mar se abrindo ou a coluna de fogo. A libertação dos judeus do Egito é comemorada na festa da Páscoa, e a festa de Purim celebra os feitos da rainha Ester salvando os judeus do massacre. 
 
Somos, como Ester, pessoas comuns vivendo vidas ordinárias. As demandas e oportunidades estão à nossa volta o tempo todo, precisamos apenas compreender a conjuntura do dia a dia e responder com coragem e obediência à sua demanda. Achamos que é preciso encontrar um propósito para a vida, quando na verdade é Deus que nos encontra e realiza o seu propósito através das circunstâncias em que nos encontramos. Cada um precisa, de fato, encontrar o seu lugar na grande história.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/encontrando-o-seu-lugar-na-grande-historia

January 04, 2021

Cultivando relacionamentos significativos

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Texto básico: Sl 133.1-3

Textos de apoio
– Gn 2.18
– Pv 27.9
– Ec 4.9-12
– Jo 15.7-9
– At 2.16-21
– Hb 10.24-25

Introdução

A solitude faz parte do envelhecer por diversas razões, como a mudança no estilo da vida, uma limitação física, a morte de amigos ou até mesmo o simples desejo de ficar só. Solitude não implica necessariamente em sofrimento, desde que não signifique um abandono ou exclusão social.

A solidão humana não é boa. Fomos criados para vivermos em relacionamentos na família, na sociedade em geral, na igreja e no ambiente profissional. A amizade é algo muito precioso e precisa ser cultivada sempre.

Transcrevo aqui um parte do livro É preciso saber envelhecer de Paul Tournier, que fala sobre a missão do idoso no resgate das relações pessoais perdidas na cultura atual. Ele fala que “é justamente aqui onde vejo a verdadeira e grande missão para os idosos. Como tarefa básica, trazer o calor humano e a relação afetiva que faltam a nossa sociedade impessoal. […] Na velhice, […] o indivíduo possui o tempo e o conhecimento necessário para exercer um verdadeiro ministério de relação pessoal”.

É fato que muitos idosos ainda são esteio financeiro da família. Mas esta não é a condição ideal. Função de grande valor o aguarda como o serviço desinteressado, o acolhimento e companheirismo com seus netos, a comunicação de uma “sabedoria contextualizada”, por ter a possibilidade no tempo presente de expressar de diversas formas e maneiras sua história de fé ao longo do tempo. Todos nós precisamos de exemplos e estímulos, e os idosos podem ser um instrumento de Deus neste ponto também.

Um igreja sadia, cheia do Espírito, conta com a participação de todos, crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres. O idoso, apesar de sua vasta experiência, não precisa focar no passado, ele tem um presente para administrar e um futuro para projetar. Mesmo que a conclusão do projeto não esteja necessariamente em suas mãos. Veja quantas obras inacabadas são valorosas. Elas são exemplo de nossa finitude, mas lembram que independente da idade de quem sonha, os projetos pertencem a Deus, e ele estará sempre no controle.

Para entender o que a Bíblia fala com base em Salmos 133.1-3

1) Discuta sobre a importância da amizade (Ec 4.8-12, Rm 1.9-12; 2Tm 4.6-11, 16, Pv 18.24)

2) Você consegue perceber a benção do relacionamento cristão? (Rm 12.4-10, Mt 18.20)

3) Se Deus valoriza tanto a comunhão cristã, o que dizer para os “desigrejados”? (Hb 10.24-25)

Hora de Avançar

“A conversão é a transformação do “eu” solitário
num “nós” comunitário. É o chamado para sermos
amigos de Deus e dos nossos irmãos.”

Ricardo Barbosa de Sousa

Para pensar

Algumas pessoas têm mais facilidade que outras de fazer amizades e desfrutar delas. Dentro do propósito de Deus, o relacionamento com outras pessoas, não é algo descartável, pelo contrário é preciso, sim, buscar e cultivar bons relacionamentos.

A fé cristã é, por natureza, comunitária. O memorial que Jesus nos deixou e nos estimula a fazermos sempre em sua memória é um símbolo de comunhão física e espiritual. A Ceia do Senhor nos lembra que a comunhão faz parte da nossa saúde espiritual.

O que disseram

“A igreja é o campo natural da comunhão. Comungamos ideais, expectativas e lutas. Usamos o termo “comunhão” para designar a alegria das reuniões da igreja e a unidade na adoração, na Santa Ceia, na oração, na confissão de fé e nas contribuições (At 2.42-47). Especialmente, comungamos o nosso pertencimento à família de Deus.” (Délio Porto)

“Valerá a pena sujeitarmo-nos ao aprendizado de estar sozinhos sem nos sentir infelizes. Dessa solidão poderão nascer forças e dons que beneficiam a vida. Um sábio disse certa vez disse: “Nunca estou menos só do que quando estou sozinho”. Isto vale especialmente para nós, cristãos, já que sabemos que Deus está conosco em qualquer tempo e lugar. O próprio Jesus frequentemente procurou a solidão para falar com Deus.” (Dr. Lindolfo Weingärtner)

“[…] organize seu tempo; tenha um sábio plano de leituras; participe de algo significativo para o reino de Deus; não se leve demasiado a sério; tenha senso de humor; construa amizades profundas e duradouras; busque formar um grupo de estudos e ação sobre algo significativo.” (Recado aos mais jovens, em Experiência e Esperança na Velhice, Editora Ultimato, 2015)

Para responder

  • A família é a base de nossos relacionamentos. Como você tem cultivado seu relacionamento com sua esposa, seu marido, filhos, netos e irmãos? Há algo que precisa ser resgatado? Há algo a ser perdoado? Há algo a ser esquecido? Sempre há tempo para reconstruir.
  • Mobilidade e acesso são duas coisas que precisam ser planejadas com o avançar da idade. Você já pensou sobre isto onde mora?

Eu e Deus

Algumas vezes é custoso para mim sair da comodidade de minha casa, me arrumar e ir para a escola dominical ou culto comunitário. Algumas vezes estou cansado demais, acomodado demais, desanimado demais, antissocial demais.

Meu Pai, abre os meus olhos para ver a benção da comunhão
com a tua igreja. Muda meu coração. Dá-me mais amor.
Dá-me pés que se apressem em direção a ti e ao meu irmão
Ensina-me a construir relacionamento em harmonia com tua palavra.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/cultivando-relacionamentos-significativos/

January 03, 2021

Proteja a sua mente

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Texto básico: Fp 4.6-9

Textos de apoio
– 2 Co 4.7-18
– Pv 4.20-23
– Sl 32.3-5
– Mc 7.20-23
– Pv.14-30
– Sl 123.1-3

Introdução

Como um curioso filho de psiquiatra pude ver o quão estreita é a relação entre a mente e o corpo. Seus efeitos podem ser tanto positivos quanto negativos mas, sem dúvida, relevantes. Não é a toa que a Bíblia traz tantos conselhos sobre guardar nosso coração.

Talvez por seu aspecto de subjetividade, um certo receio das ciências ligadas à mente humana ou ao mau uso deste conhecimento, acabamos negligenciando tanto a busca por diagnóstico de nossos problemas mentais, bem como seu acompanhamento profissional. Dado referido na revista World Psychiatry em 2010 chama a atenção para que 90% das pessoas que tem problemas mentais não recebem o tratamento adequado em países menos desenvolvidos.

De acordo com a OMS, 15% dos problemas de saúde do mundo estão associados à saúde mental. Depressão, por exemplo, só fica abaixo de problemas do coração.

Ao contrário do corpo, o espírito não envelhece. Durante o evoluir da idade começamos a perceber o distanciamento entre fragilidade do corpo e a robustez da mente. “Não me sinto velho ou velha” é uma expressão comum. No entanto, precisamos monitorar aquilo que pode comprometer nossa mente como a falta de sono, o estresse prolongado, a ansiedade e a depressão. Procure se informar como estes três fatores estão relacionados entre si e à saúde do corpo.

O sono, é fundamental para restabelecer todo equilíbrio mental e fisiológico do nosso organismo, é uma bênção que podemos usufruir quando reconhecemos nossas limitações e confiamos no zelo do nosso Deus (Sl 127.2).

Assim como nosso corpo, a mente precisa de exercícios para permanecer saudável, as preocupações e as demanda do dia-a-dia não podem nos afastar das práticas devocionais como a leitura bíblica, meditação, oração, confissão de pecados e louvor. Deus sabe muito bem como fomos criados, e obedecê-lo é uma resposta de amor e um sinal de sabedoria.

Para entender o que a Bíblia fala com base em Filipenses 4.6-9

1) O que pode causar a ansiedade, e quais as suas consequências? (Jr 17. 7-8; Ec 11.10; Pv.12.25)

2) O que a Bíblia fala sobre confiança em si mesmo e confiança em Deus, entre autoajuda e ajuda do alto. (Dt 8.11-18; Ne 4.19-21; Sl 20.6-7; Sl 127;1-2)

3) Paulo propõe um exercício para nosso coração. Relacione este exercício com o texto de Mt 12.34.

Hora de Avançar

A capacidade humana para suportar seus males
depende mais de seu estado de alma
do que da gravidade desses males.

Paul Tournier

Para pensar

A Bíblia não é um livro de autoajuda, muito menos de psicologia. Ela revela quem é nosso Deus e como ele se relaciona com ser humano.

A psicologia e a psiquiatria, enquanto ciência, descobrem a lei com que Deus nos criou, entendem o funcionamento da mente humana, do nosso organismo e a relação entre eles. À semelhança de outras especialidades médicas, farmacêuticas ou fisioterapêuticas.

Olhando a importância da ciência na melhoria da saúde humana, podemos fazer uso da graça comum dispensada por Deus diante dos problemas da mente, assim como o fazemos diante dos problemas do corpo.

O que disseram

“A saúde mental não se relaciona à cura de uma enfermidade, mas indica a capacidade que uma pessoa tem de lidar com seus sentimentos, pensamentos e comportamento, e administrá-los mesmo nas situações desastrosas, de faltas e de perdas.” (Esther Carrenho, em Ultimatoonline).

“Senhor, fui moço e agora sou velho… e às vezes sinto medo do futuro, da enfermidade, da solidão, da viuvez e da morte. Ajuda-me a não me preocupar com essas possibilidades. Ajuda-me a não ser hipocondríaco. Ajuda-me a fixar meu olhar em Jesus e a apropriar-me de suas virtudes. Ajuda-me, dia após dia, a ter vivas em minha mente suas lindas e maravilhosas promessas.” (Kléos Magalhães Lenz César)

“Quando se trata de depressão, deve-se evitar a palavra doença. É mais apropriado usar a expressão transtorno psíquico. Outra observação: quando a depressão se instala, apelos bem intencionados, conselhos na linha do pensamento positivo e exemplos desafiadores só contribuem para que o deprimido sinta-se ainda mais incapaz e desalentado.” (Uriel Heckert)

Para responder

  • Pare e reflita: como anda seu nível de estresse e a qualidade de seu sono nos últimos dois meses?
  • Quais situações são capazes de tirar seu sono? Compartilhe em grupo coisas práticas que podem ser feitas para melhorar a qualidade do sono.
  • Você conseguiria distinguir entre tristeza e depressão? Investigue sobre os caminhos utilizados para superar este que foi conhecido como um dos males do século.

Eu e Deus

Sei que não devo me preocupar demasiadamente com as coisas que estão por vir. Sei que devo colocar minhas preocupações diante de Deus. Muitas vezes tento resolver coisas sobre as quais não tenho o mínimo controle. Como o Salmista, os meus pecados e minhas falhas veem constantemente à mente.

Deus, perdoa-me a minha falta de fé. Ajuda-me a derramar meu coração em teu altar. Ensina-se a confiar em ti e a não ser omisso com aquilo que está ao meu alcance fazer.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/proteja-sua-mente/

January 02, 2021

Mantendo um corpo saudável

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Texto básico: 1Co 6.12-20

Textos de apoio
– 1Ts 5.23
– Pv 3.7-8
– 2Co 4.6-11
– Sl 38.1-22
– 1Tm 5.23
– Pv 23.26-35

Introdução

Houve época na história da igreja em que o corpo era visto com desprezo. Não só o corpo, como tudo aquilo que fosse material. Não precisamos negar os erros da igreja ao longo de sua caminhada, mas podemos aprender com eles e rever o que Deus nos ensina na Bíblia. Certamente, todos os mal entendidos ou todas as heresias surgem do fato de não conhecermos a Deus e seu poder (Mt 22.29).

Deus nos criou corpo e alma, e toda a sua palavra considera a pessoa por inteira. As palavras de Deus vivificam a nossa alma e nossos sentimentos, ela dá saúde e vigor ao corpo. Precisamos do nosso corpo para fazermos a vontade de Deus e anunciar o evangelho.

Nossa preocupação com o corpo assume um propósito mais nobre. O que nos move não pode ser a simples e pura vaidade ou a busca da sensualidade. Nos mantemos saudáveis para melhor servir a Deus pelo tempo que ele desejar. O convite feito por Paulo no livro de Romanos 12.1-2, prioriza a mudança de mente, seguida de uma ação coerente. Ou seja, a mudança de mente deve provocar uma mudança de comportamento.

O cuidado com o corpo envolve hábitos importantes relacionados às atividades físicas, à alimentação, ao acompanhamento médico regular, tanto mais regular quanto a idade avança.

De modo geral, é preciso cuidar preventivamente daquilo que possa afetar a nossa visão, audição e locomoção. A falta destas funções tornará o envelhecer mais difícil, poderá comprometer a tão estimada independência. Não podemos esquecer de monitorar os diferentes tipos de câncer, doença que tem seu risco aumentado com o avançar da idade.

Finalmente, precisamos renunciar, se já os temos, ou evitar, possíveis vícios ligados à sexualidade, à alimentação e à atividade física.

Para entender o que a Bíblia fala em 1 Coríntios 6.12-20

1) Sobre qual tema Paulo está escrevendo no capítulo 16 da primeira carta aos coríntios?

2) Como uma vida imoral pode afetar a saúde do corpo humano (Lc 21.34, Pv 23.29-35)?

3) Qual o argumento de Paulo para que tenhamos cuidado com nosso corpo?

4) “Glorificar a Deus com o corpo”, como isto é possível?

Hora de Avançar

O cuidado com os dentes, cabelos, pele, mãos e pés
pode fazer com que o idoso se sinta liberto de seu
isolamento voluntário do contado social.


Paul Tournier

Para pensar

A igreja de Corinto cresceu muito e rapidamente, sendo composta de judeus e gentios. Percebe-se nesta igreja a influência negativa do pensamento romano que desvalorizava o corpo. Sendo assim, as relações sexuais ou eram consideradas uma prática pecaminosa em si e, portanto, evitada, ou, ao contrário, por ser tão desprezível, o ato sexual não teria conexão alguma com a espiritualidade.

Atualmente vivemos outro extremo, o culto ao corpo! A preocupação excessiva com a estética corporal tem sido a raiz de vários problemas como transtornos alimentares, baixa autoestima, depressão, anorexia e, ironicamente, obesidade.

O que disseram

“Por mais que uma pessoa tenha se cuidado, e continue a se cuidar, observando tudo que se recomenda e consultando o médico regularmente, vem a hora em que nosso corpo falseia, tropeça e cai. Perde-se uma mobilidade, um prazer, um órgão importante, e não existe dinheiro que reponha o que se perdeu. Não foi, portanto, por acaso que recomendei, que um ancião tivesse sua teologia em ordem, sua fé viva e definida. Caso contrário, estas perdas significarão pânico e angústia.” (Thomas Hahn)

Embora o idoso não possa contar cada vez mais com a performance do exterior, que é o corpo, ele pode contar cada vez mais com a performance do interior, que é o espírito. Mais do que a renovação apenas do espírito, o idoso pode alimentar a esperança de um corpo novo, parecido com o corpo do Senhor. Isso vai acontecer quando Jesus aparecer outra vez (1Jo 3.2). Outras passagens confirmam essa surpresa (Rm 8.29; 1Co 15.49, 2Co 3.18).

Para responder

  • Considerando o histórico de saúda de sua família, que isto lhe diz a respeito do cuidado de seu corpo?
  • Quais medidas práticas você poderá tomar para melhorar sua saúde?
  • Se você tiver experiência de como problemas de saúde afetaram o seu relacionamento com Deus ou com o próximo compartilhe com o grupo.

Eu e Deus

Sei que tenho hábitos arraigados e que prejudicam a minha saúde. Vejo a necessidade de mudar e desenvolver novos hábitos. Não há como negar que consigo melhorar em algumas áreas mais que em outras. Sei que nunca é tarde para mudar.

Renova, meu Pai, meus pensamentos. Dá-me força e perseverança na mudança. Ajuda-me a glorificar a Cristo integralmente no meu ser.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/aconselhamento/mantendo-um-corpo-saudavel/