Ser chic

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- Glória Kalil

Nunca o termo "chic" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.

A verdade é que ninguém é chic por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.

Assim, para ser chic é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro italiano.

O que faz uma pessoa chic não é o que uma pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.

Chic é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, por seus imensos decotes e não conta vantagens mesmo quando são verdade.

Chic é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.

Chic é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.

Chic é parar na faixa de pedestres. É evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.

Chic é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar do aniversário dos amigos.

Chic é não se exceder jamais: nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.

Chic é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante e prestar verdadeira atenção na sua companhia.

Chic é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda, correto com quem você se relaciona e honesto em seus negócios.

Chic é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite.

Mas para ser chic, chic mesmo, você tem, antes de tudo, de se lembrar sempre de quão breve é a vida e que, ao final, vamos todos retornar ao mesmo lugar. Portanto, não desperdice seu tempo com aquilo que não tem valor e não aceite, em hipótese alguma, fazer algo que não te faça bem. O diabo pode parecer chique, mas o inferno não tem qualquer glamour.

Porque, no final das contas, chic mesmo é ser feliz.
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