September 30, 2011

O líder que brilha

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Sete Relacionamentos que Levam à Excelência

- pr. David Kornfield

A resplandecente Estrela da Manhã nos chama para sermos, também, estrelas a brilhar no meio de uma geração depravada e corrompida (Fp 2.15). Existem muitas estrelas, mas nem todas realmente brilham. Da mesma forma, há bastante líderes bons; porém é bem mais raro encontrar líderes excelentes que permanecem assim através dos anos.

O líder realmente grande demonstra sua grandeza na habilidade de vivenciar o Grande Mandamento de amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo (Mt 22.36-40). Quer dizer, essa pessoa é fantástica em se relacionar, até consigo mesma, tendo uma harmonia interna que se reflete em suas relações externas. A Grande Comissão de fazer discípulos (Mt 28.18-20) também se pode entender como profundamente relacional, uma vez que define o discipulado como Jesus o definiu: uma relação comprometida e pessoal.

Sete relacionamentos são fundamentais para nos transportar da condição de bons para excelentes. Ninguém será um líder que verdadeiramente brilha se não se sobressair em cada um deles, se relacionando bem com:

- Jesus Cristo
- Consigo mesmo
- Sua família
- Um grupo pastoral
- Sua equipe (para um pastor, isto seria sua equipe pastoral)
- Um líder pastoral, discipulador ou mentor
- Amigos íntimos

Visualizemos os sete itens acima através de uma estrela. O centro dela é Jesus Cristo e nada pode tomar o Seu lugar de destaque. Devemos estar e permanecer n’Ele para fazermos a diferença e brilharmos. O verdadeiro filho não pode fazer nada de si mesmo (Jo 5.19). Isso se aplica a nós e não apenas a Jesus. Ele esclarece isso quando diz que sem ele, não podemos fazer coisa alguma, que não podemos dar fruto sem permanecer nele (Jo 15.4, 5). A prioridade deste relacionamento fica claro no Grande Mandamento e no chamado a buscar a Ele e sua justiça em primeiro lugar, sabendo que todas as outras coisas serão acrescentadas (Mt 6.33).

Em segundo lugar, o líder estrela se relaciona bem consigo mesmo. Gosta de si mesmo, sem ser orgulhoso. Leva a sério a advertência de Paulo para Timóteo “Cuide de si mesmo...” (1 Tm 4.16). Cuida de sua saúde física, emocional e espiritual. Ele se entende. Conhece seu chamado, dons e pontos fortes, como também suas vulnerabilidades e fraquezas. Ele se esforça em crescer, em se afiar e não se acomodar, ao mesmo tempo que fica patente que isso é a graça de Deus agindo nele e não apenas o seu próprio esforço (1 Co 15.10).

Uma terceira prioridade, após Deus e o cuidado consigo mesmo, é ter uma família que brilha, onde o mistério do amor entre Cristo e a Igreja se revela no amor entre marido e mulher. Refletir o Reino de Deus e desfrutar disso em casa é fundamental para a vida e ministério de qualquer líder pastoral (1 Tm 3.2, 4-5, 10; 5.8). A família é como um farol que não pode ser escondido, sua saúde e alegria (ou a falta do mesmo) sendo evidente. Se ela não está bem, levanta sérias perguntas quanto à integridade e validade do ministério do líder. Quando brilhamos nisto, as pessoas são atraídas a nosso casamento e família, vendo-o como um exemplo num mundo que carece terrivelmente disso.

Em quarto lugar, o líder estrela precisa de um grupo pastoral que o ame, o aceite e nutra; que o ajude na prestação de contas e ande junto dele no dia-a-dia, encorajando-o, fortalecendo-o e, quando preciso, confrontando-o em amor. Esse grupo cumpre as palavras de Paulo quando ele diz aos presbíteros de Éfeso “Cuidem de vocês mesmos...” (At 20.28). Para funcionar bem é interessante que o grupo seja pequeno mesmo, um grupinho de 3-4 pessoas, onde todos realmente se conhecem, abrem seus corações e cuidam uns dos outros, até de forma preventiva para que problemas maiores nem apareçam.

Em quinto lugar, todos temos um chamado e precisamos de uma equipe para realizá-lo. Ninguém vai longe sozinho. Precisamos de parceiros, aliados, com o mesmo chamado e que nos provocam, estimulam e complementam; aliados que nos apoiam nos momentos em que o desânimo nos acomete e nos protegem de nossos pontos fracos. Um grande segredo para o sucesso como líder é ter um co-líder, um sucessor, um escudeiro que o acompanha, o seu braço direito. Através desta equipe realmente estendemos o Reino de Deus para outros.

Em sexto lugar, o líder estrela tem um mentor que se importa com ele. Um mentor ou líder pastoral é alguém que fornece um ambiente de amor e aceitação, onde ele incentiva, exorta, desafia e provoca uma transposição do ordinário para o extraordinário. Ele acredita profundamente em nós e tem uma graça especial para ministrar à nossa vida. Encontros com esta pessoa são freqüentemente divinos, quando Deus revela o Seu poder, sabedoria ou presença de forma especial.

E em sétimo e último lugar, um excelente líder tem amigos íntimos, cuja relação não se baseia no ministério. Esses amigos esclarecem e ressaltam que existe uma vida além do ministério que é preciosa e precisa ser desfrutada. Amigos são pessoas com as quais abrimos nossos corações; que têm liberdade especial para nos corrigir ou confrontar em amor, especialmente quando somos tentados a exagerar em nossos envolvimentos ministeriais. O ideal é termos um ou dois amigos íntimos do mesmo sexo e, se for casado, um casal com quem você e seu cônjuge tenham uma amizade especial. Se puder ter um bom amigo do sexo oposto (além de seu cônjuge), como também alguém não crente, isso acrescenta à sua capacidade de ser uma pessoa equilibrada. Esses amigos nos ajudam a lembrarmo-nos de que somos “gente” e que precisamos ter momentos de simplesmente desfrutar disso!

Quantos, desses sete relacionamentos, funcionam bem em sua vida? Realmente vale a pena investir nestas áreas; o retorno será sempre bem maior que nosso investimento. Se houver alguma ponta da estrela que nem existe em sua vida, corra atrás dela! Não fique acomodado, não se contente em ser apenas bom. Pesquisas mostram que a área onde pastores e líderes sentem mais carência é em sua relação com Deus. Além disso, a maioria dos líderes tem fraqueza na área da família e, muitas vezes, as outras cinco pontas sequer existem!

Se estes relacionamentos não existem ou não andam bem em nossa vida, é porque não investimos seriamente neles. A Bíblia diz que se buscarmos, encontraremos. Se procurarmos, acharemos. Se batermos na porta, abrir-se-nos-á (Mt 7.7). Se não desistirmos, se realmente formos sérios em nossa procura, Deus acabará revelando-nos quem deve preencher a lacuna que existir nessa estrela.

Perguntas para reflexão (possivelmente em grupo pequeno):

1. Que nota (de 0 a 10) você daria a si mesmo em cada um dos relacionamentos ressaltados aqui?
2. Em qual das sete áreas você mais gostaria de melhorar? Como?
3. Ninguém consegue brilhar no seu campo ou especialidade sem dedicação e disciplina (veja Pv 1.2, 3, 7). O que você precisa mudar em seu estilo de vida se quiser realmente brilhar?

Fonte: http://www.nimbusoft.com/Ferramentas/Artigos/OLiderqueBrilhaSeteRelacionamentos/tabid/1298/language/pt-BR/Default.aspx
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September 29, 2011

Quais os seus sonhos e o que pode barrá-los?

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"Onde não há visão, o povo perece”
Provérbios 29.18a (KJV)

- pr. David Kornfield

Sonhar não é apenas um capricho; é o combustível que faz o carro andar, o alimento da alma. Sem o objetivo de realizar nossos sonhos, não temos razão para crescer, nem o que desfrutar da vida. Se não tivermos visão, morreremos.

Muitas coisas, porém, minam nossos sonhos ou nossa habilidade em lutar por eles! São barreiras que precisamos transpor. Se não o fizermos e desistirmos de nossos sonhos, deixaremos de experimentar a alegria do Senhor em nós e perderemos o alicerce de nossos chamados.

Vejamos algumas barreiras:

1. Falta de foco: nossa vida se dispersa em tantas atividades que perdemos o foco da nossa visão. Não podemos dizer como Paulo “Uma coisa faço...” (Fp 3.13).

2. Cansaço e esgotamento: a correria nos deixa sem fôlego para curtir a vida, sem energia e tempo para sonhar. Não andamos no ritmo do Espírito, fazendo apenas o que vemos o Pai fazer (Jo 5.19).

3. Ausência de perspectiva divina: ouvimos tantas vozes ao nosso redor, de nosso passado e de nós mesmos, que perdemos a sabedoria e o poder de Deus; não separamos tempo para ouvi-Lo (Sl 46.10).

4. Decepção: invade-nos um sentimento de fracasso pelos sonhos que não deram certo.

5. Feridas emocionais sugam nossa energia e ficamos sem disposição para sonhar; desânimo e até depressão podem nos ameaçar; medo, ira e estresse nos amarram.

6. Dificuldades financeiras geram preocupações sérias; sem recursos, é difícil pensar além de certo tipo de sobrevivência.

7. Solidão: a falta de companheiros de sonhos, de pessoas que compartilham a mesma visão e que nos amam, aceitam e apóiam nos impede de criar algo novo; sozinhos, apenas reproduzimos aquilo que já somos.

8. Ausência de mentor: precisamos de alguém que acredite em nós e nos estimule, provoque e desafie para sermos mais do que somos, para irmos além do que imaginamos conseguir.

Deixe-me destacar as três maiores chaves para trazer nova visão e nova perspectiva em minha experiência. As três chaves começam a funcionar à medida que enfrentamos circunstâncias além de nossos recursos. Dificilmente pagaremos o preço para ganhá-las e usá-las, se não sentimos certo nível de desespero santo. Por isso tantas vezes falo da “bendita crise” que nos tira de onde nos acomodamos e nos leva a um novo desequilíbrio que abre a possibilidade de irmos além do que já conhecemos.

A primeira chave é uma nova e maior procura de Deus, de sua pessoa, perspectiva e poder. Não existe outra fonte maior de sabedoria, de discernimento, de enxergar o que outros não estão vendo do que o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Precisamos pedir que Ele nos ajude a articular o sonho que Ele tem para nós.[1] E quando a visão começa a surgir, fica ainda mais claro que não somos feitos à medida dela.[2] Nosso sentimento de dependência de Deus, nosso desespero santo, nossa necessidade gritante de um novo derramar do Espírito, de voltar a experimentar de alguma forma Atos 1 e 2 crescem em nós. Nesse momento precisamos meditar nesses capítulos e em outras passagens parecidas, como também em livros como os de Watchman Nee, A Libertação do Espírito, ou de Jim Cymbala, Poder Renovado.

A segunda chave quanto a articular e entender os sonhos de Deus para nós passa pelo crivo de nossa equipe[3] – ou pela falta dela. Nossos sonhos ministeriais são testados e vivenciados em miniatura nessa equipe. São compartilhados num ambiente de amor e aceitação, onde a gravidez possa chegar ao termo final e dar à luz. Nesse contexto são aprofundados e refinados. Você ganha escudeiros e companheiros de sonhos.

De outra forma, sem uma equipe, nossos sonhos normalmente diminuem, facilmente se tornando apenas sombras do original, podendo ficar como simples desejos ou fantasias. Tornam-se secos, sem vida, porque não estamos vivendo-os. Antes da criação de minha equipe, Deus questionou-me (por meio de uma amiga): “Você tem entregado os seus sonhos para Deus sobre essa equipe? Se sua resposta for negativa, gostaria de fazê-lo neste momento?” Atendi ao chamado de Deus e entreguei-Lhe nossa equipe e sonhos. Depois, descobri que, na realidade, meus sonhos para nossa equipe ainda não estavam claros.

Comecei a perguntar “O que eu sonho para minha equipe de sonhos?” E tomei tempo para ouvir meu coração e o coração de Deus até ter dez respostas. Encorajo você a fazer o mesmo. E se fizer, encorajo você a pedir que os membros da sua equipe ou equipe-em-potencial também respondam à questão e compartilhem suas respostas em algum momento. É possível que nesse encontro vocês experimentem uma nova unção do Espírito e o nascimento de novos sonhos, como em Atos 2 e Atos 13.1, 2.

A terceira chave é um mentor especializado na área de nosso sonho e chamado. Essa pessoa não é fácil encontrar, mas como Howard Hendricks diz no seu livro clássico sobre mentoria, Como Ferro Afia Ferro, as barreiras e dificuldades são mais internas do que externas. Temos a tendência de ser cegos, ignorantes e inconscientemente arrogantes (veja Ap 3.14-22), quando achamos que não existe ninguém que poderia nos servir nesse sentido. Até articularmos nosso sonho e chamado, nem sabemos bem a quem procurar. Hendricks diz que, sem esse sério trabalho preparatório, nem merecemos um mentor.

Perguntas para reflexão:
  1. Algumas das barreiras alistadas neste artigo minam seus sonhos? Quais passos você pode tomar para mudar esse quadro? 
  2. O que você pode fazer para articular melhor seu sonho?
  3. De quais das três chaves você mais precisa hoje?
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[1] Veja a seção do site sobre sonhos. Ela inclui “Despertando seus sonhos”, o exercício “Eu Tenho um Sonho” e “O Exercício de Alicerces para Sonhos e Visões”. Também na página ferramentas existe um link descrevendo um retiro com Deus, que seria útil para poder separar um tempo para aplicar esses exercícios e artigos.

[2] Veja o devocional de Oswald Chambers, Tudo para Ele, 6 de julho.

[3] Veja a segunda estratégia principal do MAPI: equipes pastorais. Veja também o livro de David Kornfield, O Líder que Brilha, que dedica seis capítulos à área de desenvolvimento de uma equipe.

Fonte: http://www.nimbusoft.com/Ferramentas/Artigos/SonhandoAltoBarreirasChaves/tabid/1304/language/en-US/Default.aspx
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September 28, 2011

Companheiros de sonhos

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- pr. Marinho Soares

Vivemos dias em que os sonhos têm se tornado escassos. Inclusive nós, pastores, passamos por esta crise de sonhos. Ou não temos sonhos, ou sonhamos grande demais, nos frustrando com uma visão irrealizável.

Larry Crabb, em seu livro, O Lugar mais Seguro da Terra diz, que “Deus dá gargalhadas de nossos sonhos”. Contudo, a grande maioria de nós já não sonha mais. Já nem sequer fazemos mais “cócegas” em Deus.

Por que Perdemos Nossos Sonhos?

Um dos maiores inimigos dos nossos sonhos é a frustração e decepção do passado. Nossas histórias de insucessos e feridas nos paralisam. Estas memórias nos deixam completamente inertes quanto a sonhar.

Outras vezes nos encontramos estressados, cansados e pressionados pela demanda de frentes que abraçamos, não sobrando energia para nossos sonhos. Quando andamos sozinhos e nos esgotamos, minamos a força de nossos sonhos e vozes negativas começam a tomar conta da nossa mente, ameaçando-os.

Ao olharmos para grandes personalidades da Bíblia como Gideão, José, David e Moisés, percebemos que seus sonhos normalmente seguiram três fases:
  1. Nascimento do sonho
  2. Morte deste sonho
  3. Ressurreição do sonho, mas de forma diferente do que iria acontecer segundo a visão inicial.
Eu sei que durante sua vida deve ter sonhado muito. Muitas coisas fantásticas nasceram em seu coração, no entanto, boa parte delas assim como nasceram, morreram.

Todos os sonhadores enfrentam reveses tais como: limitações físicas, emocionais e/ou financeiras; pessoas cujo prazer é desmotivar sonhos alheios; lutas, provações e tribulações. Todas estas coisas não são privilégio de alguns. Isto faz parte do processo divino de purificar e refinar nossas intenções.

Não é fácil manter um sonho vivo e crescente. Exige muito esforço. É necessário cavar fundo. Por desistirmos antes da hora é que nossos sonhos morrem. Quando estava no seminário ouvi um professor dizer: “As gavetas das mesas dos escritórios dos pastores são cemitérios de projetos (sonhos)”.

Mas não podemos desistir, ainda que o sonho aparentemente morreu.

Um sonho pode ser ressuscitado?

Sim!!! Entendendo que estamos no plano eterno de Deus, esses sonhos podem renascer de forma majestosa para a glória dEle.

Efésios 4:11 (BV) diz: “Além do mais, devido àquilo que Cristo fez, nós fomos oferecidos a Deus como dádivas nas quais Ele se compráz, pois como parte do plano soberano de Deus fomos escolhidos desde o princípio para sermos dEle, e todas as coisas estão acontecendo tal qual Ele decidiu desde o princípio do mundo.”

Meu querido colega, você faz parte do que Deus criou. Os sonhos dentro do seu coração são parte do que Deus trouxe a existência para você ser e fazer. Você faz parte do plano soberano de Deus. Há algo mais especial que isto?

Outra chave nossos sonhos/projetos renascer é a participação num grupo que compartilha nossos sonhos. São os “Parceiros de Sonhos”. Poucos sonhadores vão longe sozinhos. Vários ministérios buscam construir pontes para que encontremos estes companheiros (mapi-sepal.org.br, projetotimoteo.org.br, ministeriopastoral.org.br, topicbrasil.org.br). Somos estimulados pela Palavra que nos diz que “é melhor serem dois do que um” e que “a corda de três dobras não se rompe” (Ec 4.9, 12). Precisamos juntar forças.

Grupos de pastoreio de pastores espalhados por todo o Brasil cumprem a função de termos companheiros de sonhos. Como tem sido especial caminhar com estes amigos. Tenho visto muitos pastores “ressuscitarem” nestes grupos; sonhos mortos renascendo com uma força antes desconhecida; pastores curando suas feridas e apagando de suas memórias as imagens de derrota e insucesso. Levantando a cabeça e agora seguros, pois, sabem que não estão sozinhos, correndo a corrida que lhes está proposta com um sentimento de grande aventura.

Encontre seus parceiros! Venha para um grupo de pastoreio. Você encontrará pessoas que acreditam em você. Que crêem nos seus sonhos. Que valorizam e oram pela concretização destes ideais na sua vida. Elas também estarão dispostas a lhe ajudar e a lhe corrigir se achar que você está errado ou focalizando seus interesses e não os de Deus e Seu reino. Esse grupo o ajudará a aprender com seus erros, não o deixará desistir. O ouvirá, encorajará, estimulará, fará boas perguntas, criará pontes com outras pessoas, sugerirá opções e oferecerá ferramentas. Resumindo, o ajudarão a chegar às alturas dos sonhos de Deus para sua vida! Não perca mais tempo!

Finalmente para lhe ajudar a reencontrar sua caminhada com Deus, seus sonhos divinos, sugiro que responda as perguntas abaixo, elas lhe ajudarão no reencontro com seus sonhos. Gaste um tempo com elas. Fará grande diferença para sua corrida.
  • O que você mais gosta de fazer?
  • O que você faz melhor?
  • Quando você devaneia ou faz castelos no ar, sobre o que você mais pensa?
  • Sobre o que você gostaria de aprender mais?
  • Se você tivesse um dia para fazer absolutamente qualquer coisa que quisesse, estando bem descansado e sem pressões, o que faria?
  • O que mais mexe com suas emoções?
  • O que mais leva as pessoas a lhe cumprimentarem?
  • O que mais chama sua atenção?
  • Quem você mais admira e por que?
  • Quais são as características básicas ou as habilidades envolvidas nas vocações que você mais se interesse?
  • Em qual área você tem mais confiança?
  • Para o que você está disposto a dar sua vida?
Suas respostas a estas perguntas pode lhe ajudar a encontrar uma direção para seu sonho. Vá em frente e ouse sonhar. Saiba que a opção é sua. Avance ou esqueça. Se optar em avançar, minha esperança é que este exercício e o texto acima, possam ajudá-lo a viver seus sonhos muito além dos limites que você enfrenta hoje. Peça a Deus para lhe ajudar a acordar os sonhos que ele depositou em você, mas que ficaram enterrados.

Perguntas para reflexão:
  1. Quais coisas contribuíram à morte de seus sonhos?
  2. O que você tem feito para a “ressurreição” destes sonhos?
  3. Você tem companheiros de sonhos? Quais são?
Fonte: http://www.nimbusoft.com/Ferramentas/Artigos/CompanheirosdeSonhos/tabid/1294/language/en-US/Default.aspx
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September 27, 2011

Como achar a vontade de Deus

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- por Ralph Mahoney

DOIS EXTREMOS

"Pois, enquanto os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria"
1 Co 1:22

Há no mundo hoje duas espécies de pessoas. Uma classe, semelhante aos gregos, é intelectual. Quando uma pessoa desta classe se converte, ela se prende mais ao aspecto intelectual do evangelho. Podemos dizer que estas pessoas aceitam mais o lado objetivo das coisas. Estão acostumadas a interpretar e a estudar as coisas conforme as exigências da sua razão, e trazem esta tendência para sua vida espiritual também.

Outra classe de pessoas se assemelha aos judeus. Estas são tendentes, por natureza, ao lado subjetivo das coisas. São emocionais, baseiam suas opiniões e idéias em experiências e sentimentos. No evangelho também elas reagem mais a um sinal ou milagre que a uma apresentação lógica dos fatos. Na vida cristã, elas buscam experiências, sentimentos, curas e fenômenos sobrenaturais.

Deus tem usado ministérios diferentes no mundo espiritual. Alguns têm uma ênfase mais lógica, intelectual, ou objetiva nos seus ministérios. Outros possuem sinais e milagres. Deus tem lugar para todos. A contribuição de cada um é importante.

Ao mesmo tempo, é perigoso ir a um ou outro extremo. Atualmente vivemos numa sociedade dominada por materialismo, razão humana, e intelecto natural. Todos andam atrás de sabedoria e conhecimentos. No meio da renovação da igreja, que Deus está trazendo através do derramamento do seu Espírito em todo o mundo, muitos intelectuais têm sido atingidos. Tendo já procurado conhecer a Deus por meio da sua razão, cheios de diplomas e títulos, descobriram que tudo isto só produz morte.

Porém, ao encontrar o outro lado da verdade, e a realidade de uma experiência viva com Deus através do Espírito Santo, correm o risco de ir ao outro extremo. Muitas vezes saem do intelectualismo para entrar no misticismo. Começam a dar ênfase apenas aos aspectos subjetivos do cristianismo. Isto tem ocorrido também com os jovens modernos. Antes de se converterem, reagindo à sociedade materialista, recorriam a drogas e outras experiências para fugirem da frieza e do vazio oferecidos pela sabedoria natural e impessoal. Depois, quando convertem, são encantados pela experiência transbordante e sobrenatural que encontram no Espírito. Passam também ao extremismo das experiências subjetivas do cristianismo e ignoram os aspectos objetivos.

Se você viver no extremo subjetivo, vai acabar em misticismo e orientação falsa. Se você viver no extremo objetivo e intelectual, vai murchar e secar. A letra mata. E possível possuir poder - tanto poder que você explode. É possível possuir sabedoria - tanta sabedoria que você se resseca e morre! Mas nós não queremos ir a nenhum dos dois extremos.

Em Mt 22:29 Jesus disse aos fariseus: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". É possível conhecer apenas as Escrituras - e secar-se completamente. É possível também conhecer apenas o poder sobrenatural de Deus - e sofrer uma explosão na sua vida. Mas se você conhecer as Escrituras e o poder de Deus, irá crescer e amadurecer. Pois este é o propósito de Deus: que todos nós cresçamos até a medida da estatura de varão perfeito (Ef 4:14).

Qualquer cristão que estiver andando neste caminho de crescimento e desenvolvimento espiritual, agindo na dimensão de uma fé viva, e obedecendo à palavra do Senhor para a sua vida, enfrentará, dia a dia, a necessidade de descobrir a vontade de Deus em situações concretas e urgentes. O próprio crescimento, as bênçãos do Senhor, e o progresso espiritual trazem a necessidade de orientação divina, a fim de dar o passo seguinte e pôr em prática aquilo que Deus vai revelando.

Neste campo de orientação divina nós encontramos os dois extremos já mencionados. Podemos buscar a direção de Deus usando o nosso próprio intelecto e raciocínio como instrumento básico. Por outro lado, podemos ir ao extremo do misticismo.

Podemos ser tão místicos e superespirituais ao ponto de buscarmos direção do Espírito até para saber qual vestido devemos vestir hoje. Ou qual alimento devemos preparar para o almoço. Absurdo? É uma realidade. Pois o povo de Deus anda, na maior parte, em extremos sem saber como ser guiado pelo Senhor.

Portanto, a fim de entendermos claramente a vontade de Deus é necessário conhecer estes dois lados do assunto: o racional e o místico. Paulo diz em 1 Co 14:10 que no lado místico, ou subjetivo, existem muitas vozes, vários tipos de vozes, cada uma com seu significado próprio. Se você estiver aberto para este tipo de experiência, poderá ouvir muitas vozes. O importante é saber quais vêm de Deus e quais devem ser rejeitadas. Para isto você vai precisar da sabedoria divina e de amadurecimento.

Alguns ouvem toda espécie de voz e não discernem entre uma e outra. Outros vão ao extremo oposto e são tão lógicos, tão racionais, tão prudentes e cautelosos que rejeitam toda experiência subjetiva da vida cristã. Perdem, desta forma, um dos elementos indispensáveis da fé, que é o risco de fracassar. Pois fé não opera no nível visível onde você pode provar, apalpar, e verificar cuidadosamente as possibilidades antes de dar o passo. Pelo contrario, você dá um passo no escuro, pisa no que é invisível - e acontece o impossível! Como ocorreu isto? Pela fé. Fé é o elemento que você mistura com uma situação ou ação que seria loucura e bobagem no natural, mas que com a fé se torna possível e ao seu alcance.

Agora, a fé precisa de um fundamento. Ela tem de ser baseada em alguma coisa. Porque se você agir "pela fé" quando a sua fé não tem uma base sólida, ela deixa de ser fé. É presunção. Especialmente em se tratando de orientação divina, ao procurar a vontade de Deus para nossas vidas e decisões, podemos ser presunçosos se agirmos sem um fundamento para nossa fé, ou sem saber de onde vem a nossa direção. Por isto queremos mostrar pela palavra de Deus um caminho equilibrado, entre os extremos do misticismo e do racionalismo, onde você pode com segurança ser guiado pelo Senhor e conhecer com clareza a sua vontade.

NAVEGAÇÃO NA VIDA CRISTÃ

Uma pequena ilustração poderá servir para nos ajudar a entender melhor este assunto de orientação divina. Quando um navio vindo do oceano se aproxima de um porto, o timoneiro tem que tomar muito cuidado e usar muita perícia para levar o navio com segurança até o seu ancoradouro. Para ajudar o timoneiro a evitar os perigos das águas litorâneas e rasas, o porto tem uma série de luzes instaladas na água e no litoral, a fim de oríentá-lo e informá-lo, a cada momento, da sua posição. Para o timoneiro saber que esta guiando o navio no caminho certo, livre de todos os perigos, tem que estar sempre numa posição tal que todas as luzes estejam enfileiradas. Quando ele olha para aquelas luzes, e vê uma só, é porque elas estão todas alinhadas. Enquanto as luzes estiverem assim, ele sabe que o navio esta percorrendo a trajetória certa. À direita pode haver o casco de um navio submergido a poucos metros da superfície. Porém, ele não vai se chocar com este obstáculo porque ele está com todas as luzes alinhadas. À esquerda pode haver algumas minas deixadas no tempo da guerra que poderiam explodir debaixo do navio. Mas o timoneiro não vai passar por cima delas porque está com todas as luzes enfileiradas. E seguindo desta forma, mantendo sempre a sua direção através destas luzes, o navio chegará seguro sem perigo de naufrágio.

Deus tem nos dado também algumas luzes para nos ajudar a navegar no meio dos perigos da nossa experiência cristã. Através destas luzes nós podemos ter orientação segura e descobrir em cada circunstância a vontade de Deus. Vamos estudar sete destas luzes para que você encontre o caminho claro sem perigo de naufrágio.

Convicção Interior

Vamos chamar a primeira luz que Deus nos dá para a nossa orientação de "Convicção Interior". Encontramos esta luz em Atos 16:10. Nesta passagem, Paulo tentara entrar na Ásia, porem Deus queria que ele fosse a outro lugar. Paulo precisava de orientação. Como a recebeu?

"Assim que teve a visão, imediatamente procuramos partir para aquele destino, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciar o evangelho."

Que aconteceu com Paulo? Ele recebeu uma convicção interior, uma certeza de que Deus queria que ele fizesse uma determinada coisa. Por duas vezes o Espírito havia impedido que ele entrasse na Ásia, e agora o Espírito lhe deu uma visão de um homem da Macedônia que lhe dizia: "Venha para cá, ajude-nos". Quando Paulo viu isto, falou: "Agora estou convencido que Deus quer que vamos a Macedônia".

Onde se iniciou a sua orientação? Na sua convicção interior sobre o que ele sentia ser a vontade de Deus. Podemos chamar isto de "testemunho do Espírito", ou outro nome qualquer. Mas o importante é saber que antes de qualquer outra luz de orientação, você precisa ter uma certeza interior sobre a vontade de Deus. Deus põe a responsabilidade sobre você mesmo em primeiro lugar, para descobrir a sua vontade. Se você confundir a ordem das luzes e tentar usar uma antes da outra numa ordem que não seja a ordem de Deus, entrará em escuridão e confusão nas suas tentativas de descobrir a vontade de Deus.

Há muitos hoje que correm de um lado para outro em busca de ministérios proféticos, colocados por Deus no corpo de Cristo, para que lhes possam fornecer uma direção às suas vidas. Dizem: "Irmão, dê-me uma palavra do Senhor!"

Às vezes podemos procurar estes ministros quase da mesma maneira que alguém procuraria um adivinho ou feiticeiro. E por causa de um conceito errado. Em primeiro lugar, antes de qualquer outro passo, descubra o que Deus quer que você faça. Só então é que você deverá buscar confirmação.

Você pode fazer isto passando um período de tempo esperando em Deus com um coração puro e fervoroso, orando e buscando a Deus até que, ao seu espírito, venha uma convicção de que é isto que sente de Deus para esta decisão na sua vida. Não é necessário ter certeza absoluta, mas deve ser uma convicção forte sobre aquilo que Deus quer que você faça.

Não é possível enfatizar demasiadamente o fato de que este é o verdadeiro ponto de partida em qualquer busca de orientação divina. Se você partir pela direção dos outros, é quase certo que terminará em confusão. É preciso que você seja firme primeiro em seu próprio coração, entre você e Deus, para então depois, procurar confirmação.

As Escrituras

Nenhuma direção de Deus, em hipótese alguma, contradirá os princípios que temos revelados nas Escrituras. O segundo passo consiste, portanto, de um exame das Escrituras para se obter nelas uma confirmação objetiva para nosso sentimento ou convicção subjetiva. Primeiro eu tenho um sentimento subjetivo daquilo que eu sinto que é a vontade de Deus para mim.

Depois eu meço este sentimento à luz das Escrituras.

"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva." (Is 8:20). A lei e o testemunho representam as Escrituras. Se alguém não falar segundo a palavra escrita, é porque não há nele luz alguma. Qualquer sentimento que não estiver de acordo ou em harmonia com as Escrituras não vem de Deus. Estamos alinhando as primeiras duas luzes para verificar se estamos ou não no percurso correto. Conforme vemos em l Co 14:10 há muitas vozes, e uma voz que não falar de acordo com a palavra escrita certamente nos levará a um desvio do plano de Deus.

Muitas pessoas recebem hoje todo tipo de orientação e sentimentos. Alguém diz: "Deus está me mostrando que minha companheira no ministério não é a minha esposa é aquela outra irmã. Nós temos plena comunhão. Nossos ministérios complementam um ao outro".

Você acha que Deus pode orientar assim? As Escrituras mostram claramente que não. Portanto toda direção subjetiva deve ser conferida com a palavra escrita. As vezes cristãos baseiam todas as suas decisões inteiramente nos seus sentimentos subjetivos. Os jovens costumam dizer: "Eu estou sentindo que devo me casar com fulana".

Este tipo de sentimento é muito suspeito! Se você tomar uma decisão como esta, baseando-se unicamente num sentimento, entrará num território extremamente perigoso. Precisamos das Escrituras e de outras luzes que ainda vamos citar a fim de andarmos seguros.

Imagine se você fosse um piloto, preparando-se para aterrissar, e encontrasse apenas uma luz na pista. Uma luz não lhe daria orientação nenhuma, pois de qualquer ângulo que você viesse, veria a luz da mesma maneira. As conseqüências de tal situação seriam catastróficas! Aprendamos esta lição também na vida espiritual. É perigoso navegar com apenas uma luz!

Confirmação Profética

Uma terceira luz que Deus pode nos dar para confirmar nosso sentimento Inicial sobre a vontade dele é a confirmação profética ou a confirmação através de profecia. As Escrituras são uma confirmação objetiva enquanto que a profecia é uma confirmação subjetiva.

Em At 21:10-13 temos uma ilustração disto. O profeta Ágabo está confirmando através de profecia algo que Paulo já sabia (At 20:23). É um bom sinal do nível da igreja do Novo Testamento o fato de que em cada cidade onde Paulo ia os dons estavam em funcionamento e o Espírito lhe assegurava que cadeias e tribulações o esperavam em Jerusalém.

Ainda em At 21:4, em outro lugar, os discípulos foram movidos pelo Espírito para recomendar a Paulo que ele não fosse a Jerusalém. Aqui temos, então, três passagens, todas confirmando a mesma coisa. Todas representam esta confirmação subjetiva, ou seja, uma palavra sobrenatural. Não foi uma palavra intelectual, que poderia ser conhecida naturalmente. Foi uma palavra discernida espiritualmente.

Agora, poderíamos perguntar se Paulo estava certo ou não em ir a Jerusalém assim mesmo. At 21:4 diz que os discípulos lhe recomendaram "pelo Espírito" a não ir. Paulo foi assim mesmo. Algumas pessoas são da opinião que Paulo era um apóstolo "cabeça-dura" ou obstinado. Pode ser que isto seja verdade. Pois todo ministério ou dom se encontra num vaso de barro.

Paulo começou se considerando como "em nada ... inferior aos mais excelentes apóstolos" (2 Co 11:5) e terminou escrevendo em Ef 3:8 que era "o menor de todos os santos". Você não acha que ele progrediu?

De qualquer maneira, se Paulo foi certo ou se ele foi "cabeçudo", a verdade é que estas passagens demonstram a importância da confirmação através de profecia. E a ordem certa é que homens falam pelo Espírito para confirmar uma convicção interior coerente com as Escrituras. Se você trocar a ordem, entrará em grandes problemas. Pois muitas pessoas procuram primeiro uma profecia, depois buscam uma passagem para confirmar a profecia, para em último lugar convencer a si próprias de que aquela é realmente a vontade de Deus. Esta é a ordem errada, e se você seguir as luzes desta maneira, aterrissará no lado errado do aeroporto, com desastre certo. Pois a primeira obrigação de uma pessoa que estiver buscando uma direção de Deus é conhecer, ela própria, o que Deus quer sem nenhum outro intermediário.

É claro que este é um princípio geral, e poderá haver situações excepcionais em que Deus atue de maneira diferente. Mas normalmente deverá vir em primeiro lugar a certeza interior através de uma busca real do Senhor, esperando nele em submissão completa à sua vontade; depois um alinhamento deste sentimento com as Escrituras para ver se estas o aprovam; e finalmente poderá vir uma confirmação profética. Quando a confirmação profética vem nesta ordem, ela aumenta tremendamente a sua fé, pois mostra que você realmente ouviu de Deus e está andando no centro da sua vontade.

Agora, quando uma profecia vem sobre alguém que não descobriu primeiro por si mesmo o que Deus quer, ela será uma palavra que cai sobre terra que não produz fruto. Pois se a palavra não foi do agrado pessoal dela, a pessoa pode dizer que quem profetizou foi um falso profeta. O profeta pode ter revelado a vontade de Deus para aquela vida, mas não estando preparada, ela não permitiu que a palavra se cumprisse e produzisse o fruto esperado. Pois não tendo buscado a Deus primeiro a palavra não foi confirmada ao seu coração, e conseqüentemente a pessoa não a seguiu.

Podemos ilustrar este princípio em At 13:1,2. Na igreja em Antioquia havia certos profetas. No Novo Testamento um profeta era um homem que operava nos dons de revelação: palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, discernimento de espíritos, e muitas vezes o próprio dom de profecia. Deus pôs cinco ministérios na igreja: os apóstolos para fundar, os profetas para revelar, os evangelistas para ajuntar, os pastores para zelar, e os mestres para ensinar. Em Atos 13 havia profetas e mestres.

Estes ministérios são complementares - precisam um do outro. Enquanto eles ministravam ao Senhor, o Espírito Santo disse: "Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado" (At 13:2).

Como foi que o Espírito falou? Através dos profetas. Por que ele falou: "... a obra a que os tenho chamado"? Você pode perceber o que implica este tempo do verbo?

O Espírito já havia falado com Barnabé e com Saulo. Os profetas agora estavam confirmando o que eles já tinham recebido diretamente do Espírito. Portanto, é essencial que você tenha um encontro pessoal com Deus neste assunto de orientação divina, antes de buscar uma palavra de outras fontes. Nesta ordem você receberá a palavra profética como confirmação e saberá que está sendo guiado por Deus. Na ordem errada você não terá segurança e poderá ser levado a sair da vontade do Senhor.

Conselho Piedoso

A quarta luz é rejeitada por muitos cristãos hoje e conseqüentemente muitos estão naufragando espiritualmente. Salomão disse, mil anos antes de Cristo: "Na multidão de conselheiros há segurança" (Pv 11:14).

Há uma idéia hoje no meio dos cristãos que é mais ou menos assim: "A ordem do rei é urgente (1 Sm 21:8); portanto, seja o que for que você estiver fazendo, faça-o com urgência". Mas um exame do contexto desta passagem revela que a ordem do rei que exigiu pressa foi uma ordem falsa! Geralmente um serviço que exige pressa é um serviço desonesto, algo que deve ser realizado às escondidas. Mas Isaías diz: "Aquele que crer não se apressa" (Is 28:16). Se um espírito apressado começar a agir em você, é um sinal certo de que você está prestes a errar e a perder a orientação certa de Deus. Tenha cuidado daquele senso de pressão sobre você, daquela pressa que o leva a pensar que deve agir agora e que não há tempo para buscar o conselho piedoso. Isto tem levado muitas pessoas a naufragarem.

Na multidão de conselheiros há segurança. Agora, isto não significa que a Maria com quinze anos deve buscar conselho da Suzana com dezesseis anos. Estou me referindo a conselho que vem de Deus através de homens que têm andado com Deus por muitos anos, que conhecem os seus caminhos e adquiriram conhecimento espiritual. Um homem que tenha estas qualificações poderá ouvir o seu dilema ou problema e discernir quase imediatamente se você está andando na direção certa ou se está caminhando para um desastre espiritual.

Você terá muito mais segurança na sua vida espiritual, e nas decisões que você tomar, se puder parar o tempo suficiente para buscar, ouvir, e meditar no conselho que vem de um homem com vários anos de experiência com Deus. Será uma verdadeira luz que o ajudará a navegar na sua vida espiritual. Mesmo que você já tenha uma convicção interior, em harmonia com as Escrituras, e que foi confirmado profeticamente; o conselho piedoso ainda se constitui um elemento essencial para encontrar a vontade de Deus.

Com toda diligência, portanto, busque alguém que possa lhe dar este conselho. Porém, de maneira nenhuma receba conselho de neófitos. Você sabe o que é um neófito? É um novo convertido, com um ou dois anos de conversão, com pouca experiência com o Senhor, que em pouco tempo se transformou em um conselheiro perito nas coisas de Deus. Ele tem resposta para tudo! Mas o seu conselho não tem o fundamento de um conhecimento espiritual e real dos caminhos de Deus, e poderá se tornar um verdadeiro laço para desviar os outros da vontade de Deus. Conselho piedoso vem de homens experientes, tementes a Deus, que estão andando com Deus, e têm andado com ele por muitos anos.

As Evidências das Circunstâncias

Esta luz nem sempre aparece quando estamos buscando a vontade de Deus. Há ocasiões, até, em que você tem que se esquecer de todas as circunstâncias e obedecer a voz de Deus. Todas as circunstâncias podem ser contrárias e ainda não invalidar a orientação que Deus lhe tem dado. Há outras vezes, porém, em que ao andar no centro da vontade de Deus, você notará que as circunstâncias confirmam a sua orientação. Deus pode dar evidencia através de circunstâncias de que você está andando de acordo com a sua vontade.

Em 1963, o Senhor falou comigo e com a minha esposa que deveríamos nos mudar para o Oeste dos Estados Unidos. Fomos às imobiliárias e todas nos informavam que levaríamos um ou dois anos para vender a nossa casa devido à crise econômica.

Porém, eu falei com a minha esposa: "Estou certo que Deus pode vender a nossa casa, com boas condições de venda, num prazo curto - até em duas semanas."

Foi exatamente o que aconteceu. Tivemos quatro compradores interessados e o que realmente comprou a casa deu metade do valor à vista. Isto era muito difícil de acontecer, pois via de regra a entrada de casas baratas era muito pequena. Portanto, para nós esta era uma evidência das circunstâncias confirmando que Deus estava realmente dirigindo a nossa mudança.

Agora é importante relembrar que nem sempre ocorre assim. Há ocasiões em que todas as circunstâncias são contrárias, mas você tem a palavra de Deus bem clara no seu coração. O fato de ter um Mar Vermelho à sua frente não significa que você não vai conseguir atravessá-lo. Deus o trouxe até este ponto e ele mesmo há de providenciar um meio para passar. Se você tiver a sua palavra, pode ir em frente, que ela se cumprirá indiferentemente de circunstâncias contrárias.

No livro de Josué, ao atravessar o rio Jordão ,os sacerdotes tiveram que pôr os seus pés na água para que esta abrisse diante deles. Se você tiver a certeza da palavra do Senhor e da sua direção na sua vida, você andará até no meio do rio Jordão, sem medo, e as águas hão de se abrir diante de você. A palavra do Senhor é capaz de mudar as circunstâncias!

Mas eu gostaria também de dar uma advertência: é possível entrar no rio Jordão e afogar! Porque se você não tiver a palavra do Senhor, não adianta tentar mudar as circunstâncias. Sem a certeza da direção de Deus, não é fé ir em frente sem olhar para evidências externas -- é presunção! Por isto, é importante entender como as circunstâncias podem nos servir também de luz para a nossa navegação a fim de estarmos sempre no centro da vontade de Deus.

A Paz de Deus

Esta luz é muito importante na nossa busca da vontade de Deus. Primeiro devemos fazer uma distinção: a paz com Deus e a paz de Deus são duas coisas diferentes. Quando você é justificado pela fé (Rm 5:1), ou salvo, você recebe paz com Deus. A paz de Deus vem como resultado do seu andar em obediência à vontade de Deus.

"Não andeis ansiosos de coisa alguma... E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em Cristo Jesus" (Fp 4:6,7). A palavra "guardará" significa também "juiz" ou "árbitro". Esta paz de Deus tem a função de "juiz" ou "árbitro" em nossos corações. Qual é a função de um juiz num jogo? Dizer o que está certo, de acordo com as regras, e o que está errado. O juiz descreve a situação como ela realmente é.

Como é que a paz de Deus age na função de um juiz? Vou mostrar. Em primeiro lugar, quando você chegar a um ponto na sua vida onde você precisa tomar uma decisão, meu conselho é: tome uma decisão: Em outras palavras, ao mesmo tempo que não devemos ter pressa em excesso, não devemos ficar numa encruzilhada por dez anos, com medo de errar! Quando você estiver enfrentando uma decisão, submeta-a ao Senhor, ore a ele, busque a sua vontade, e depois aja! No momento em que você começar a caminhar na direção que você escolheu, pode ser que a paz de Deus o abandone. O que você vai fazer? Voltar atrás, dizendo: "Senhor, fiz a decisão errada".

Se, ao mudar de direção, você notar que a paz de Deus volta ao seu coração, então poderá saber que você está fazendo a sua vontade. Isto não é um princípio teórico - é muito prático. Pois a paz de Deus realmente age como juiz em nossos corações. Se ela o abandonar, é porque é tempo de parar e examinar a situação.

Aqui também cabe uma palavra para explicar situações um pouco anormais. Você pode se encontrar numa situação onde sente tanta confusão interior que se torna impossível ter a paz de Deus. Talvez você tenha sido abalado tanto de um lado para outro que decisão alguma parece lhe trazer paz. Mas esta situação não é normal, e enquanto ela permanecer na sua vida para um fim especial de Deus para o seu aperfeiçoamento, transformação e reconstrução, você terá que depender exclusivamente de outras luzes para sua orientação. Geralmente, porém, você pode depender da paz de Deus para agir como juiz no seu coração e mente, mostrando-lhe se está andando na sua vontade ou não.

A Provisão de Deus

Uma outra luz que serve para nos orientar é a provisão de Deus. Devemos buscar a provisão de Deus na direção em que estamos caminhando. É claro que isto não quer dizer que você tem que ver uma mina de ouro na sua frente para acreditar que Deus o está guiando.

Posso ilustrar o que quero dizer com um exemplo de missionários. Muitas vezes eu converso com um missionário que tem um chamado para algum país estrangeiro na África ou na Ásia ou outro lugar, e pergunto: "Quando você chegar lá, como você vai ser sustentado financeiramente?"

Às vezes ele está pensando que eu vou ajudá-lo! Mas quando eu dou resposta negativa, ele diz: "- Eu vou assim mesmo."'

Então eu pergunto: "- Você vai sem provisão alguma?"

"- Sim, eu vou, pois Deus falou comigo para ir e eu vou!"

"- Mas", eu pergunto, "você tem certeza que foi Deus quem lhe falou, ou é apenas a sua vontade própria misturada com um pouco de teimosia?"

Porque você pode andar pela fé numa situação impossível - se você tiver uma palavra definida e confirmada de Deus. Mas se você não tiver esta palavra, poderá cair num buraco enorme e encontrar desastre. Watchman Nee dizia que Deus usa a necessidade de provisão para segurar alguns dos seus filhos que são zelosos demais. Se alguém quiser ir à Índia, por exemplo, fora da vontade de Deus, ele simplesmente não providencia o dinheiro da passagem. E assim ele o impede de sair da sua vontade.

Hudson Taylor, missionário para a China, dizia: "Onde Deus guia, ele providencia". Esta lei espiritual é invariável. A provisão de Deus é um dos elementos essenciais da direção divina. Eu conheço pessoas que foram "fazer a vontade de Deus", e deixaram suas esposas e filhos sem dinheiro, comida, roupa, ou outra necessidade, Simplesmente saíram para obedecer um "chamado de Deus" dizendo que Deus cuidaria da família. Mas isto não funciona. Qualquer que seja a vontade de Deus, ela não o isentará da sua responsabilidade em relação à sua família ou em relação a outros seres humanos que dependem de você.

O mesmo Hudson Taylor também dizia: "A obra de Deus, realizada na hora de Deus, da maneira de Deus, nunca faltara a provisão de Deus". Vale a pena sempre se lembrar disto. Quando você propõe fazer a vontade de Deus, pode estar certo de que ele mesmo providenciara.

Eu fiz um contrato com Deus alguns anos atrás. Falei com ele: "Senhor, irei a qualquer lugar, qualquer hora que quiseres - numa condição: que tu providencies tudo e pagues todas as contas".

Ele falou: "Está certo. Pode assinar aqui".

Deus, não só tem cumprido a sua parte do acordo, mas tem exigido de mim que eu cumpra a minha! Eu tenho atravessado o mundo, andando em mais de cinqüenta países, e ele nunca tem me chamado a um lugar sequer sem providenciar o suficiente para mim e para deixar com a minha família. Eu nunca subi a um púlpito com a intenção de levantar uma oferta para ajudar cobrir as minhas despesas. Até hoje só tenho recebido duas ofertas públicas de uma igreja. Muitos perguntam: "Como você consegue viajar assim?" A resposta é que Deus tem providenciado.

Mas Deus me guardou por doze anos num estado financeiro tão crítico que muitas vezes eu não tinha dinheiro para andar de ônibus urbano. Assim ele usou esta falta, por tantos anos, para me conservar no lugar onde ele queria, onde ele podia me preparar. Se eu tivesse feito a minha vontade, eu teria saído muito antes da hora. Chegueí até a tentar fazer isto, e há marcas ou "cicatrizes" na minha vida que mostram quantas portas tentei derrubar! Mas Deus segura as chaves e se você andar com ele, for fiel a ele e consagrar sua vida inteiramente a ele, é certo que você terá a sua provisão. Pois quando chegou a hora dEle para eu sair, ele fez a provisão e tem feito até hoje.

Não quero dizer com isto que é errado levantar ofertas ou que todos são dirigidos de forma exatamente igual. Mas Deus usa a provisão como uma das suas luzes para nos guiar e é uma lei espiritual que onde ele guia, ele sempre providencia.

GUIANDO OS CEGOS

"Guiarei os cegos por um caminho que não conhecem, fá-los-ei andar por veredas desconhecidas: ... Quem é cego como o meu servo, ou surdo como o meu mensageiro, a quem envio? Quem é cego como o meu amigo, e cego coro o servo do Senhor?" (Is 42:16,19).

Talvez a minha conclusão pareça a alguém uma contradição de tudo que tenho falado até este ponto. Mas não vou anular nada que eu disse antes - apenas vou acrescentar uma explicação sobre uma situação pela qual quase todos os cristãos passam em algum ponto da sua experiência.

Você já passou pelos tratamentos de Deus em que não sabia em qual rumo estava andando - se para cima, para baixo, para a direita ou para a esquerda? Você já esteve num lugar onde não podia discernir nenhuma luz para o orientar, para lhe dar segurança sobre o que estava acontecendo ou em que caminho você estava andando? Tenho algo para lhe dizer. Se você tiver sua vida inteiramente dedicada a Deus e comprometida à sua vontade, e se você não estiver em rebelião contra Deus, então mesmo numa situação como esta, você pode estar certo, Deus está guiando-o. Na passagem que citamos acima, Deus fala que guiará cegos por um caminho que não conhecem. Deus pode nos guiar através destas sete luzes que mostramos, ou pode nos guiar na nossa cegueira - mas ele está guiando. Ó quão grande é a misericórdia e graça de Deus em nos guiar! Quando eu olho para trás na minha própria vida, eu posso enxergar agora que Deus me guiava mesmo quando eu tinha perdido a visão do caminho por onde devia andar, não sabia aonde estava indo, nem a razão de me encontrar daquela maneira - contudo Deus estava me guiando. Tanto na cegueira, como quando eu estava na luz, com clareza enxergando a sua direção e com certeza de que eu estava andando na sua vontade, Deus estava me guiando.

Se você estiver em rebelião contra Deus ou contra sua vontade, você não poderá gozar desta confiança de que Deus o está guiando mesmo na sua cegueira. Mas se você estiver passando pelos açoites e tratamentos e disciplinas do Senhor, encontrando a sua vida como a de José na prisão do Egito, pode ficar confiante de que ele está guiando e dirigindo. Quer pela luz ou pela cegueira, se a sua vontade for comprometida e dedicada a fazer somente a vontade de Deus, então certamente ele o guiará. Deus há de guiá-lo!

Esta mensagem foi traduzida e publicada por John Walker a partir de uma fita por Ralph Mahoney, intitulada "How to Obtain Divine Guidance". É a quinta fita numa série de 5 mensagens chamada "Growth of Faith".
 Publicada no site Ichtus com permissão.

Fonte: http://ichtus.com.br/publix/ichtus/mensagem/vontade.html
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September 26, 2011

Só podemos dar o que temos dentro de nós mesmos

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Que finde nutridor ; )!

Momentos ordinários, mas repletos de significado. Por que a dificuldade em dizer o quanto as pessoas mais queridas nos são caras?

Talvez porque, para presentear os outros com flores, temos de cuidar primeiro de nosso jardim.

Que delícia ouvir com atenção minha mãe (não as palavras em si, mas o que o seu coração queria de fato dizer), perceber com emoção as lágrimas e os sorrisos do meu pai (e poder expressar o quanto ele é importante para mim, o quanto aprendo com o seu exemplo de vida). E o que dizer do meu irmão, amigo fiel e leal? Presente puro de Deus, obrigada obrigada obrigada!

A minha oração é para que, a cada dia, os nossos corações estejam ancorados na Rocha, que faz novas todas as coisas (II Co 5: 17; )!
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September 25, 2011

Assentados em lugares celestiais

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- pr. Ricardo Barbosa

Quando era jovem, ficava fascinado com a afirmação de Paulo segundo a qual Deus nos fez “assentar em lugares celestiais”. Não sabia exatamente o que isto significava. Que lugares eram estes, onde ficavam, mas me parecia algo muito espiritual. Tinha a impressão de que se tratava de um “estado espiritual”, um tipo de arrebatamento que iria me subtrair da realidade terrena, e me lançar num espaço abstrato de gozo celestial. Para se alcançar este estado, era necessário não se importar muito com a vida terrena, mas cultivar uma mística espiritual, algo como fechar os olhos e se deixar levar para os “lugares celestiais”.

Uma grande dificuldade que os cristãos sempre tiveram foi a de estabelecer uma relação adequada entre a terra e o céu, o temporal e o eterno, o humano e o divino. Levei algum tempo para entender esta linguagem. Ainda encontro dificuldades. Mas arrisco dizer que estes “lugares celestiais” são o lugar onde o céu e a terra se encontram. O lugar onde a ressurreição de Cristo realiza em nós o milagre divino da verdadeira humanidade.

Na carta aos colossensses, Paulo afirma que, uma vez que fomos ressuscitados com Cristo, devemos pensar e buscar as coisas lá do alto, e não aquelas que são aqui da terra (Cl. 3:1-3). É um convite para elevar nossos desejos e anseios. Um convite para viver a partir de uma nova realidade. “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus (…) Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef. 2:6 e 10). Um convite para não mais vivermos conformados com este mundo (Rm. 12:2). A ressurreição de Cristo realizou isto.

Uma onda de frustração, futilidade e falta de sentido vem tomando conta da humanidade. Perdeu-se a noção do que significa ser humano. Os valores e tradições que davam algum sentido ou ordem na vida e na sociedade não existem mais. A família, que sempre foi reconhecida como a “célula mãe” da sociedade, hoje representa a matriz das muitas patologias sociais. A igreja, que simbolizou o eixo moral, encontra-se mergulhada em muitos escândalos. Sem saber o que fazer, somos levados a viver da forma como os outros vivem, empurrados por uma cultura decadente e consumista. A humanidade encolheu.

A mediocridade é uma marca da nossa cultura. Vivemos cercados de celebridades fúteis, políticos inescrupulosos e estúpidos, negociantes ambiciosos e desumanos, religiosos vulgares e narcisistas. Por todo lado que olhamos, não encontramos alguém que nos inspire, que valha a pena imitar, que nos desperte para algo maior, mais sublime, mais real. É claro que eles existem, mas parece que ninguém se importa com eles. O que move a nossa cultura é a vulgaridade.

É num contexto assim que Paulo fala sobre os “lugares celestiais”. É um convite para elevar nossas expectativas, linguagem, anseios e desejos. Elevar, enfim, nossa humanidade à semelhança de humanidade de Jesus Cristo. Os “lugares celestiais” não são esferas abstratas de uma espiritualidade subjetiva, mas a natureza gloriosa da vida que nasce da ressurreição, da vida liberta da presente ordem cultural, e elevada a uma nova realidade da qual Jesus é o primogênito.

Somos a nova criação de Deus. Fomos libertos e redimidos da escravidão da futilidade imposta à humanidade pelos pensamentos e filosofias vazias da cultura que nos cerca. A nova criação de Deus, realizada em Cristo, abre as portas para uma realidade nobre e gloriosa, para uma humanidade moldada pela humanidade real de Cristo. Os “lugares celestiais” são a expressão que Paulo usa para descrever esta nova realidade. Fazemos parte dela. Fomos colocados neste lugar pela fé em Cristo e pela participação em sua ressurreição.

Somos tentados, ora por um escapismo subjetivo de uma espiritualidade abstrata que nos afasta da realidade, ora por uma forma de engajamento cultural que nos torna parte deste sistema. A espiritualidade cristã é a expressão da vida de quem foi assentado em lugares celestiais pela fé em Jesus Cristo.

Fonte: http://www.ippdf.com.br/ipp/node/607
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September 24, 2011

Rumo a um bom final

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Aquele que começou a boa obra em nós vai completá-la até o dia final.
Fp 1: 6
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- pr. Ricardo Agreste
 
Um de meus mentores espirituais é um pastor de idade já bem avançada, homem que considero um verdadeiro servo de Deus. Certa vez, comentei com ele acerca de um jovem pastor que eu ouvira pregar. Disse a ele o quão impressionado fiquei com a paixão que ele demonstrara e com a facilidade com que comunicava suas idéias. Depois de ouvir-me pacientemente, aquele experiente ministro pôs uma de suas mãos sobre o meu ombro e declarou: “Meu filho, eu também me impressionava com aqueles que começam bem. Hoje, depois de ter visto muitas coisas, aprendi a simplesmente reverenciar aqueles que terminam bem”.

Vivemos envolvidos por uma cultura que celebra o sucesso, principalmente daqueles que o alcançam em idade ainda bem jovem. As revistas voltadas ao mundo corporativo estampam em suas capas fotos de executivos que se tornaram milionários, por exemplo, aos 30 anos de idade. No mundo dos esportes, são muitos os atletas que se destacam ainda na adolescência e tornam-se astros mundiais antes dos vinte. No entanto, quantos destes precoces vencedores alcançarão a terceira idade ainda contando com a admiração e o respeito das pessoas?

É claro que não há nada de errado em alcançar sucesso e vitórias nas etapas iniciais da vida. Nas páginas das Escrituras, conhecemos a trajetória de muitos homens e mulheres que se tornaram referência para suas gerações ainda jovens. É importante para o Reino de Deus que os cristãos se destaquem em suas áreas de atuação, alcançando assim posição de autoridade e influência na sociedade. Nesta posição, poderão ser grandemente usados por Deus para a promoção dos valores do Evangelho, levando muitas pessoas a conhecer a salvação que há em Cristo. Todavia, é preciso aguçar nossa percepção acerca do perigo que nos espreita quando simplesmente nos deixamos levar por este movimento acelerado na direção do sucesso que caracteriza nossa cultura, sem qualquer atenção para com as bases sobre as quais o mesmo é construído.

A busca desenfreada – e a qualquer custo – pelo sucesso tem feito inúmeras vítimas. Cresce a cada dia o número daqueles que começam bem, mas não caminham para um final com o mesmo brilho na esfera pessoal, familiar, profissional e eclesiástica. Com efeito, cada vez mais gente chega ao topo com trinta ou quarenta anos de idade – mas vemos bem poucos homens e mulheres dignos de reverência e admiração em sua idade provecta.

Mas qual então seria o caminho para a vida na direção de um bom final? Quando pessoalmente paro para refletir nesta pergunta, o que me vem à mente são algumas frases que me foram ditas, ao longo de minha jornada, por pessoas que optaram pela sabedoria e a construção da vida na direção de um futuro melhor. Dentre estas frases, três são aquelas que nos convidam a uma avaliação mais profunda de nossa caminhada.

A primeira diz que “a vida não é uma corrida de 100 metros rasos, mas uma longa maratona”. Envolvidos pela cultura do sucesso e da celebração da juventude, muitas vezes somos tentados a pensar na vida como algo curto, onde o que mais vale é chegar rápido a algum lugar. Aqueles dois tipos de prova requerem atletas de perfis bem diferentes. Velocistas são ágeis e espertos; maratonistas, perseverantes e sábios. Logo, se concebermos a vida como uma maratona e se nosso alvo é terminá-la bem, precisamos optar pela perseverança diante das adversidades e pela sabedoria constante como a melhor solução diante das variadas circunstâncias.

“Nosso papel é aprofundar nossas vidas. Torná-las relevantes é papel de Deus”. Esta é a segunda frase que trata da vida em perspectiva. Nestes tempos de luta por oportunidades, as pessoas gastam muita energia e recursos promovendo o chamado marketing pessoal. É preciso, afinal de contas, fazer-se necessário e relevante, seja a que preço for, e o mais rapidamente possível. No entanto, na maioria das vezes, este tipo de influência ou relevância mostra-se artificial e sem consistência na própria vida das pessoas, na medida em que o tempo se prolonga. Bem diferente deste modelo é aquela influência e relevância derivada de uma vida construída sobre uma relação profunda com o Senhor através de uma espiritualidade saudável e contagiante. Este deve ser nosso foco primário.

Outra frase que nos convida à reflexão é a seguinte: “Integridade é aquilo que somos quando ninguém nos observa.” Em nosso mundo atual, as escolas, universidades, seminários teológicos e organizações têm colocado seus esforços na formação de competências que propiciem o sucesso nas mais variadas áreas de atuação. Pouca ou nenhuma ênfase tem sido dada no fator integridade. Logo, não são poucos aqueles que demonstram grande habilidade e potencial no desempenho das funções que lhes foram confiadas, galgando facilmente posições de destaque. Mas não conseguem permanecer ali porque não foram incentivados a lidar com a mesma seriedade quando o assunto é integridade.

Construir uma existência que começa e termina bem é um desafio que passa por duas convicções. A primeira é a certeza bíblica de que aquele que começou a boa obra em nós – o Senhor – vai completá-la até o dia final, de acordo com Filipenses 1.6. Nossa confiança no cuidado de Deus para conosco e nossa rendição sincera aos seus processos em nossas vidas nos conduzirão ao bom final. A segunda é a certeza de que, mesmo quando nossas escolhas não são as melhores e nossos atos sejam equivocados, ele é o Deus que apaga nossas transgressões e faz novas todas as coisas, colocando caminhos no deserto e riachos no ermo, conforme as palavras do profeta Isaías.

Fonte: http://www.lideranca.org/cgi-bin/index.cgi?action=viewnews&id=7362
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September 23, 2011

Excesso de bagagem

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O vento sopra onde quer, você o escuta mas não pode dizer de onde vem e
para onde vai, assim acontece com todos os nascidos do Espírito.
João 3.8

O povo de Israel foi chamado de hebreu, que quer dizer peregrino. A mensagem central do estilo de vida de Jesus Cristo era de um andarilho, de alguém que está caminhando. Paulo nos advertiu que esta não é a nossa casa, estamos de passagem. Nossa vocação elementar é a de viajantes.

Isso sugere uma constante mudança, não somente de local, sobretudo de vida, porque quem está em constante mudança no caminho há de ser alterado enquanto caminha. Somos chamados para um constante processo de conversão, por isso que os discursos evangélicos são repletos de apelos à mudança pessoal, “deixe tudo e siga”.

Há pessoas que precisam de verdadeiros tsunamis para operar um pequena mudança, suas conversões são demoradas e sofridas, elas têm um peso excessivo na vida, carregam consigo muitas demandas que com o passar do tempo tornam as mudanças cada vez mais difíceis e a única maneira de sobrevivência é a acomodação, com sua falsa sensação de segurança, mas com o poder letal de matar aos poucos aqueles que foram criados para a transformação constante, para a peregrinação, para a viagem, para a conversão.

Ser como vento faz toda a diferença. Quanto mais simples, quanto mais leves, quanto menos compromissos desnecessários, maior serão nossa habilidade, rapidez e disponibilidade às conversões da vida. A primeira brisa será o sinal para que as malas sejam feitas e o que terá de ser deixado pra trás sempre será menor do que a expectativa do novo que virá.

Nossa conversão depende da bagagem que carregamos na vida. Ouvi um diálogo em um filme em que um fugitivo pergunta ao outro como ele passou a vida inteira fugindo sem ser pego. Ele disse que não tinha nada na vida que demorasse mais que 5 minutos para deixar pra trás.

© 2005 Alexandre Robles
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September 22, 2011

Oração, a base do ministério

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- pr. Ariovaldo Ramos
Mc 1: 29-39

29 Logo depois, Jesus, Simão, André, Tiago e João saíram da sinagoga e foram até a casa de Simão e de André.
30 A sogra de Simão estava de cama, com febre. Assim que Jesus chegou, contaram a ele que ela estava doente.
31 Ele chegou perto dela, segurou a mão dela e ajudou-a a se levantar. A febre saiu da mulher, e ela começou a cuidar deles.
32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram até Jesus todos os doentes e as pessoas que estavam dominadas por demônios.
33 Todo o povo da cidade se reuniu em frente da casa.
34 Jesus curou muitas pessoas de todo tipo de doenças e expulsou muitos demônios. Ele não deixava que os demônios falassem, pois eles sabiam quem Jesus era.
35 De manhã bem cedo, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou, saiu da cidade, foi para um lugar deserto e ficou ali orando.
36 Simão e os seus companheiros procuraram Jesus por toda parte.
37 Quando o encontraram, disseram: - Todos estão procurando o senhor.
38 Jesus respondeu: Vamos aos povoados que ficam perto daqui, para que eu possa anunciar o evangelho ali também, pois foi para isso que eu vim.
39 Jesus andava por toda a Galiléia, anunciando o evangelho nas sinagogas e expulsando demônios.
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O ministério de Jesus estava “bombando”. O equívoco de Pedro foi não ver que a oração era a base de todo o Seu ministério.

Qtas vezes nós tb nos envolvemos com mil e uma atividades e só damos valor para aquilo que aparece? No caso de Pedro, o ministério de cura era mais importante que o ministério da oração. E além de não ter discernimento, Simão ainda “chamou a atenção” de Jesus: - estávamos todos te procurando!

Como assim? Interromper uma conversa é falta de educação!!!

Oração é nossa conversa com Deus, é um relacionamento de intimidade (nunca é perda de tempo).

Atenção: cuidado para não ser escravo das demandas alheias, das mil e uma atividades, do comportamento dos outros ou de suas expectativas (aquilo que os outros esperam que vc faça).

Só a oração ajuda a gente a não perder o foco. Porque só aos pés de Deus vc vê a vida com clareza; vc vê aquilo que é importante, tem certeza de qual é o seu objetivo e diferencia o que é necessário daquilo que é supérfluo.

A oração faz vc ver quem é vc de verdade (todos te buscam, mas vc busca ao Pai?). Não posso deixar a minha vida ser conduzida pelos outros, por seus valores de sucesso. Ser bem-sucedido é fazer a vontade de Deus; é cumprir os Seus santos propósitos (fazer a vontade de Deus sempre foi a comida e a bebida de Jesus).

É em Deus que eu descubro a minha identidade e redefino o meu propósito (não o que os outros esperam, mas aquilo que o Pai espera de mim).

Propósito = objetivo pelo qual Deus me criou

Na oração, definem-se as prioridades; é debaixo das asas do Pai, de Sua presença amorosa que encontramos a paz, a segurança, a alegria...

Tem gente que diz que só orar não adianta.

Mas, afinal com quem vc está falando?
- com um falso deus?
- ou com vc mesmo (como os fariseus, hipócritas)?

Porque aí não tem jeito mesmo!

Mas se vc fala com o Todo Poderoso, aí o que Ele fala, é. Porque o que Ele abre, ninguém fecha e o que Ele fecha, ninguém abre.

Reflexão: - Deus, o que vc quer que eu faça?

Jesus, mais do que falar, Ele ouvia.

Na oração, Jesus desfrutava da intimidade com o Pai e encontrava clareza. Para saber aonde ele devia ir, o que fazer e aonde deveria chegar.

Sucesso para nós deveria ser o que o Pai chama de sucesso.

Que tenhamos olhos para ver e ouvidos para ouvir (e não sermos cegados pelas circunstâncias do mundo). A gente só enxerga de verdade com os olhos do coração.

E só o Pai pode nos fazer ver. Só aos pés do Pai poderemos ouvir e ver de verdade a nós mesmos e aos outros.

Fonte: Mensagem ministrada na IBAB em 05/03/06 às 10h.
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September 21, 2011

Visão bíblica sobre foco

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A Importância de Foco na Vida de Jesus

- pr. David Kornfield

1. Jesus tinha um sentido claro de visão e missão desde o início de seu ministério. Ele expressa isso quando diz “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para...” (Lc 5.18, 19a). E eu, sou ungido para o que?

2. De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto onde ficou orando. Simão e seus companheiros foram procurá-lo e, ao encontrá-lo, disseram: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim” (Mc 1.35-38). O foco de Jesus superou as vozes da multidão e dos discípulos.

3. Quando Jesus comissionou os Doze, também os mandou com um foco: “Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam-se às ovelhas perdidas de Israel” (Mt 10.5, 6).

4. De forma parecida, quando Jesus manda os Setenta ele diz “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto... vão... não levem bolsa, nem saco de viagem, nem sandálias; e não saúdem ninguém pelo caminho” (Lc 10.2-4). Em outras palavras, as oportunidades são grandes, não se desviem. Mantenham seu foco.

5. Na parábola dos solos (ou do semeador), o solo espinhoso representa aqueles que “ouvem, mas ao seguirem seu caminho, são sufocados pelas preocupações [ativismo, correria], pelas riquezas [materialismo] e pelos prazeres desta vida [valores deste mundo]...” (Lc 8.14). Todos os três nos tiram do foco.

6. “Desde aquele momento Jesus começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas...” (Mt 16.21). Dentro do foco de sua missão, houve momentos de águas divisórias onde o chamado de Jesus se enfocava ainda mais.

7. “Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém” (Lc 9.51). Não deixava Pedro (Mt 16.22-23) ou mais ninguém o desviar de seu foco.

8. “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e tudo que dá fruto ele poda para que dê mais fruto ainda” (Jo 15.1, 2). Jesus quer nos cortar atividades desnecessárias para focalizar nossa energia. Somos sábios ao tomar iniciativa para sermos parceiros nisso, abraçando essa disciplina da poda. Se não, sofreremos quando ele precisa nos podar de forma dura porque nós não prestamos atenção.

9. “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra [o foco] que me deste para fazer” (Jo 17.4). Conseguimos dizer isso ao final do dia, do mês, do ano? Apenas assim poderemos dizer-lho ao final de nossa vida.

10. “‘Está consumado!’ Com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito” (Jo 17.30). O propósito, o foco, pelo qual Jesus veio à terra, foi completado.

A Importância de Foco na Vida de Paulo

11. “Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo [sem foco], e não luto como quem esmurra o ar [dando golpe em tudo e qualquer lugar, sem foco], mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo...” (1 Co 9.26, 27a). Alguém que está numa corrida olímpica ou uma maratona, não corre por qualquer lado. Corre com foco. Nesta ilustração, Paulo estende o conceito ao fato que nossos corpos precisam ser disciplinados para que eles não nos impeçam em manter nosso foco.

12. “Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo [o foco]” (Fp 3.13, 14). Quatro frases, cada um expressando dedicação a um foco.

13. “Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim” (Cl 1.28-29). Tendo um foco, Paulo dedicou todas suas forças, humanas e espirituais, para isso.

14. Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha [tudo que for fora do foco] e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus...” (Hb 12, 1, 2). Mais uma vez, surge a imagem de um atleta que sacrifica tudo que é peso. Foco requer perseverança. Requer concentração. Mas quem nos lidera na corrida é Jesus. Ele nos mostra o caminho e estabelece o ritmo. Parar de segui-lo resulta em desvios ou uma corrida frenética em direção errada. Pode também resultar num foco obsessivo e desequilibrado.

15. “Nenhum soldado se deixa envolver pelos negócios da vida civil, já que deseja agradar àquele que o alistou” (2 Tm 2.4). Estamos debaixo de autoridade. Estamos numa batalha. Não podemos nos perder em “negócios da vida civil”, especialmente se queiramos agradar a Jesus.

16. “Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial” (At 26.19). Você e eu: temos uma visão celestial? Estamos sendo obedientes? A convicção de Paulo foi tal que a declarava até para autoridades não crentes. Nesta passagem, Paulo está de viagem para Roma, entendendo que sua vida encerrará ali. Continua com a mesma simples dedicação ao seu foco.

17. No final de sua vida, no último capítulo de sua última carta, Paulo diz, “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2 Tm 4.6, 7). Esta é uma expressão parecida à de Jesus em João 17.4. Tive uma corrida que me foi proposta e a terminei. Tive foco... e o alcancei.

O discipulado como foco de Jesus... e para nós também

Vejamos a última noite de Jesus (João 13-17) e a forma que o foco dele no discipulado se manifestou.

18. Já citamos João 17.4 onde Jesus diz “Eu te glorifiquei na terra, completando a obra [o foco] que me deste para fazer” (Jo 17.4). Qual essa obra? Sem tomar o tempo para explicar com detalhes, deixe-me sugerir que Jesus tinha uma obra para completar através de sua morte e outra através de sua vida. Por sua morte, completou a obra redentora (“Está consumado!”). Por sua vida, completou a obra do discipulado. O contexto de João 17 é a última noite de Jesus com seus discípulos; é uma oração por eles. Jesus iniciou seu ministério chamando discípulos a lhe seguirem (Mc 1, Jo 1), se entregou a eles durante três anos e meio e encerrou seu ministério com eles (a última noite de sua vida e os 40 dias depois de sua ressurreição; At 1).

19. “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo” (Jo 17.18). Jesus enviou os Doze, e por extensão a nós também (Jo 17.20), para fazer a mesma missão, a mesma obra que ele: proclamar sua obra redentora e fazer discípulos.

20. “Em favor deles [meu foco] eu me santifico [me consagrou, me separo], para que também eles sejam santificados [separados] pela verdade” (Jo 17.19). Enviados como Jesus foi enviado, precisamos nos santificar a favor das pessoas que o Pai nos deu. Você sabe quais são essas pessoas? Está dedicado a elas, se consagra para eles, se entrega para eles?

21. Se voltarmos ao início dessa última noite com os discípulos, este foco se revela de diversas outras formas. “Um pouco antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que havia chegado o tempo em que deixaria este mundo e iria para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Seu coração foi entregue aos Doze.

22. Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus diz “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Digo-lhes verdadeiramente que nenhum escravo é melhor do que o seu senhor, como também nenhum mensageiro é maior do que aquele que o enviou. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem” (Jo 13.15-17). Jesus é nosso exemplo. Devemos fazer o que ele fez. Ele discipulou os homens que o Pai lhe deu. Nós não somos melhores; não devemos ser diferentes. Seremos felizes se discipularmos e infelizes se não.

23. “Foi me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28.18-20). Esta é a única vez que Jesus se veste de autoridade como Rei dos reis e nos manda cumprir sua comissão real. Nos tempos bíblicos, desobedecer a um comando do rei foi motivo para morte. Precisamos levar a sério esta Grande Comissão. Fazendo como Jesus fez, não é principalmente o discipulado de novos convertidos e sim, o discipulado de líderes.

24. “Quem me vê, vê o Pai. Você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu lhes digo não são apenas minhas. Ao contrário, o Pai que vive em mim, está realizando a sua obra. Creiam em mim quando digo que estou no Pai e que o Pai está em mim...” (Jo 14.9b-11a). Jesus revelou o Pai e devemos fazer o mesmo. Uma das formas principais que fazemos isso é através de ser um pai espiritual (mentor, discipulador) para outras pessoas. Jesus fez isso para os Doze. No próximo parágrafo, ele prometeu que não os deixaria órfãos (Jo 14.18). Hoje a igreja está cheia de órfãos, filhos sem pai ou mãe espiritual. Essa epidemia de orfandade inicia-se no próprio pastor e flui dele. Cada um reproduz segundo sua espécie.

25. “Vocês serão meus amigos se fizerem o que eu lhes ordeno. Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvir de meu Pai eu lhes tornei conhecido. Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça...” (Jo 15.14-16a). Somos verdadeiros amigos de Jesus, verdadeiros seguidores? Se formos, faremos discípulos. Daremos fruto, fruto que permaneça, líderes discipuladores que permaneçam fieis a Jesus. Essa permanência e fidelidade são reforçadas quando esses líderes amadureçam a ponto de não abrirem mão do valor de serem discipulados e discipularem. Como discípulo, mentoreado ou pessoa pastoreada, mantemos o valor de ser um aprendiz, ensinável, humilde, submisso e interdependente. Isso nos dá a autenticidade e autoridade para também discipular, mentorear ou pastorear outros.

Quando pensamos em nosso foco, precisamos pensar nas pessoas que Deus nos deu. Parecido à parábola dos talentos (Mt 25), não importa muito quantas pessoas Deus nos deu; importa o que façamos para que elas cresçam e se multipliquem. Ao fazer o exercício do foco, normalmente uma de nossas quatro atividades prioritárias deva ser o investimento nestas pessoas. Para muitos, será uma das duas atividades mais prioritárias.
 
Fonte: http://www.nimbusoft.com/Ferramentas/Exerc%C3%ADcios/Exerc%C3%ADciodoFocoVis%C3%A3oB%C3%ADblica/tabid/1434/language/pt-BR/Default.aspx
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September 20, 2011

Entre demandas e valores

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"Um novo equilíbrio entre nossos corações e nossas agendas"

- pr. Ricardo Agreste

Nunca na história da humanidade uma geração esteve tão cercada por demandas como esta à qual pertencemos. Vivemos imersos numa cultura geradora de demandas pessoais, familiares, profissionais, econômicas, sociais e ecológicas, entre outras. Parte delas tem sido gerada e propagada pela mídia de uma sociedade de consumo. Mas também têm sido produzidas e assimiladas através de nossas próprias redes de relacionamentos, nas quais, constantemente, estabelecemos como padrão de referência aquilo que o nosso amigo, vizinho ou parente diz ser, possuir ou fazer.

No passado, era muito mais fácil criar um filho, ter um corpo considerado saudável ou sentir-se realizado profissionalmente – até ter um padrão de vida tido como bom era menos complicado. Atualmente, para criar um filho, necessitamos de coisas que jamais passaram pela mente de nossos pais ou avós. Hoje, só é saudável quem passa horas e horas em academias, ou malha até o limite da resistência. Só pode ser considerado um bom profissional aquele que acumula títulos acadêmicos, domina idiomas e está disposto a sacrificar tudo pela carreira. E ter um bom padrão de vida significa necessariamente possuir bens considerados, até pouco tempo, como totalmente supérfluos.

O grande problema de estarmos inseridos nessa cultura da demanda é que, gradativamente, perdemos a noção da influência que ela exerce sobre nós e dos caminhos que nos leva a percorrer. Passamos a viver em função das demandas que emergem diante de nós e somos pressionados a seguir rumos que nos são impostos (ou a que nos impomos) sem refletir se eles nos levarão para onde um dia planejamos chegar. Assim, nossas vidas se transformam numa grande maratona, só que no ritmo de uma corrida de 100 metros rasos.

Podemos encontrar as consequências disso por todo lado. É fácil encontrarmos gente com agendas lotadas, valores confusos, sintomas crônicos de estresse, casamentos arrebentados, filhos ansiosos e sem limites, vida financeira em desequilíbrio e profundos sentimentos de frustração. Esse tipo de pessoa tem se tornado tão comum em nossa sociedade que corremos o risco de assimilar tal perfil como normal – e concluir que este é o único padrão possível numa cultura geradora de demandas.

No entanto, como discípulos de Jesus, não podemos – e nem devemos –, acreditar que tal é o padrão normal a ser vivido. Na verdade, imersos pela cultura das demandas, precisamos tomar uma decisão interior – afinal, quem determinará os rumos de nossas vidas? As demandas da cultura que nos envolve ou os valores de Deus em nossos corações? Nossa resposta não apenas determinará o futuro de nossas vidas, como também revelará quem de fato é nossa fonte primária de orientação.

Mas a decisão por fazer dos valores de Deus a nossa fonte primária de orientação não é tão simples como parece. Decisão assim impõe sobre nós a necessidade de uma verdadeira reorganização de prioridades em nossas vidas. Primeiramente, precisamos de um realinhamento entre os valores de Deus e os valores de nossos corações. Muitas pessoas frequentam igrejas, leem a Bíblia, conhecem seus principais personagens e histórias e até fazem orações diariamente. No entanto, os valores do Reino de Deus não estão em seus corações. Sua relação com a espiritualidade cristã é de mera informação, e não de transformação; e seus corações continuam envolvidos e encharcados pelos valores determinados pela cultura.

Em segundo lugar, após o realinhamento dos valores de Deus aos valores de nossos corações, precisamos também de um novo equilíbrio entre nossos corações e nossas agendas. Podemos afirmar que nossa família é prioridade em nossas vidas, mas nossas agendas não condizem com tal afirmação. Podemos dizer que nossa saúde física e emocional é fundamental em nossa caminhada, mas, novamente, nossa agenda diz o contrário. Logo, se queremos experimentar os valores de Deus como fonte primária de orientação em nossas vidas, precisamos fazer com que eles alcancem e influenciem nossas agendas.

Desta forma, como homens e mulheres imersos numa cultura de demandas, podemos viver uma verdadeira contracultura que tem como centro dinamizador os valores de Deus para a vida em todas as suas dimensões. Como consequência, nossas agendas não estarão mais condicionadas às demandas emergentes, mas sim, aos valores estabelecidos pelo Senhor – valores estes que nos conduzem a um projeto de vida marcado pela sabedoria do Criador, e não pela loucura da cultura gerada pela obstinação de suas criaturas.
 
Fonte: http://www.sepal.org.br/novo/index.php?option=com_content&view=article&id=3725:entre-demandas-e-valores&catid=36&Itemid=170
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September 19, 2011

Uma questão de coerência

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Seja pouco, mas seja você

Talvez o maior desafio da vida moderna seja sermos nós mesmos em um mundo que insiste em modelar nosso jeito de ser. Querem que deixemos de ser como somos e passemos a ser o que os outros esperam que sejamos.

Aliás, a própria palavra "pessoa" já é um convite para que você deixe de ser você. "Pessoa" vem de "persona", que significa "máscara". É isso mesmo: coloque a máscara e vá para o trabalho. Ou vá para a vida com a sua máscara. Talvez o sentido do elogio: "Fulano é uma boa pessoa", signifique na verdade: "Ele sabe usar muito bem a sua máscara social".

Mas qual o preço de ser bem adaptado?

O número de depressivos, alcoólatras e suicidas aumenta assustadoramente. Doenças de fundo psicológico como síndrome do pânico e síndrome do lazer não param de surgir. Dizer-se estressado virou lugar-comum nas conversas entre amigos e familiares. Esse é o preço. Mas pior que isso é a terrível sensação de inadequação que parece perseguir a maioria das pessoas. Aquele sentimento cristalino de que não estamos vivendo de acordo com a nossa vocação.

E qual o grande modelo da sociedade moderna?

Querer ser o que a maioria finge que é. Querer viver fazendo o que a maioria faz. É essa a cruel angústia do nosso tempo: o medo de ser ultrapassado em uma corrida que define quem é melhor, baseada em parâmetros que, no final da pista, não levam as pessoas a serem felizes.

Quanta gente nós não conhecemos, que vive correndo atrás de metas sem conseguir olhar para dentro da sua alma e se perguntar onde exatamente deseja chegar ao final da corrida?

A maior parte das terapias prega que as pessoas não olham para dentro de si com medo de encontrar a sua sombra. Porém, na verdade, elas não olham para dentro de si por medo de encontrar sua beleza e sua luz. O que assusta é o receio de se deparar com a sua alegria de viver, e ser forçado a deixar para trás um trabalho sem alegria. Mas sejamos francos: para quê manter um trabalho sem alegria? Só para atender às aspirações da sociedade?

Basta voltar os olhos para o passado para ver as represálias sofridas por quem ousou sair dos trilhos, e, mais que isso, despertou nas pessoas o desejo de serem elas mesmas. Veja o que aconteceu a John Lennon, Abraham Lincoln, Martin Luther King, Isaac Rabin. É muito perigoso não ser adaptado!

Essa mesma sociedade que nos engessa com suas regras de conduta, luta intensamente para fazer da educação um processo de produção em massa.

Porque as pessoas que vivem como máquinas não questionam a própria sociedade.

A maioria das nossas escolas trabalha para formar estudantes capazes de passar no vestibular. São poucos os educadores que se perguntam se estão formando pessoas para assumirem a sua vocação e a sua forma de ser.

As escolas de música ensinam com os mesmos métodos as mesmas músicas. Quase todas querem formar covers de Mozart ou covers dos Beatles. É raro um professor com voz dissonante que diga para seus alunos: "Aqui você vai aprender idéias, para liberar o músico que existe dentro de você".

Os MBA's tão na moda, na sua maioria, usam os mesmos livros, dão as mesmas aulas, com o objetivo não explicitado de formar covers do Jack Welch ou do Bill Gates. O que poucos sabem é que nenhum dos dois fez MBA. Bill Gates, muito ao contrário disso, abandonou a idolatrada Harvard para criar uma empresa na garagem, que se transformou na poderosa Microsoft. Os MBA's são importantes para que o aluno aprenda alguns instrumentos de administração. Mas alguém tem de dizer ao estudante: "Utilize essas ferramentas para implementar suas idéias, para ser intensamente você".

Quantos casos de genialidade que foram excluídos das escolas porque estavam além do que o sistema de educação poderia suportar?

Conta-se que um professor de Albert Einstein chamou seu pai para dizer que o filho nunca daria para nada, porque não conseguia se adaptar. Os Beatles foram recusados pela gravadora Decca. O livro "Fernão Capelo Gaivota" foi recusado por 13 editoras. Caetano Veloso foi vaiado quando apareceu com a sua música "Alegria, Alegria". O projeto da Disney World foi recusado por 67 bancos. Os gerentes diziam que a idéia de cobrar um único ingresso na entrada do parque não daria lucros.

O genial Steven Spielberg foi expulso de duas escolas de cinema antes de começar a fazer seus filmes, provavelmente porque não se encaixava nos padrões comportamentais e técnicos que a escola exigia que ele seguisse. Só há pouco tempo é que ele ganhou um título de "honoris causa" de uma faculdade de cinema. E recebeu o título pela mesma razão que foi expulso anteriormente: ter assumido o risco de ser diferente, por não ceder à padronização que faz com que as pessoas pareçam seres saídos de linhas de montagem.

A lista de pessoas que precisaram passar por cima da rejeição porque não se adaptavam ao esquema pré-existente é infinita. A sociedade nos catequiza para que sejamos mais uma peça na engrenagem e quem não se moldar para ocupar o espaço que lhe cabe será impiedosamente criticado.

Os próprios departamentos de treinamento da maioria das empresas fazem isso. Não percebem que treinamento é coisa para cachorros, macacos, elefantes. Seres humanos não deveriam ser treinados, e sim estimulados a dar o melhor de si em tudo o que fazem. Resultado: a maioria das pessoas se sente o patinho feio e imagina que todo o mundo se sente o cisne. Triste ilusão: quase todo mundo se sente um patinho feio também.

Ainda há tempo!

Nunca é tarde para se descobrir único. Nunca é tarde para descobrir que não existe nem nunca existirá alguém igual a você. E ao invés de se tornar mais um patinho, escolha assumir sua condição inalienável de cisne.
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