November 04, 2011

Quem ama é livre

Pedro, você me ama?
Jesus Cristo

Quando somos expostos aos nossos erros podemos negá-los, afirmá-los como responsabilidade de outros ou assimilá-los.

Quem tem a consciência desenvolvida para perceber a importância do bem maior na existência, quem crê que seus atos afetam diretamente outras pessoas e se importa com isso, há de naturalmente lidar com seus erros através da assimilação. Estes são os que assumem seus erros, envergonham-se pelo mal causado e desejam ardentemente uma maneira de recuperar o que se perdeu.

Uma vez que o mal não pode ser remediado, a tendência destes que assumem sua responsabilidade é a fuga, baseada num profundo sentimento de indignidade e inadequação, como se a partir daquele momento a vida não pudesse ser a mesma por causa do mal causado. Invariavelmente as partes ofendidas enfatizam o mal sofrido e mantêm os ofensores sob este sentimento de indignidade, como se os tivessem presos pela impossibilidade de reparação do mal.

Com Jesus é e foi diferente, porque o que foi é uma amostra de como nos trata sempre e de como espera que sejamos e que nos tratemos uns aos outros hoje. Ele foi abandonado, negado, traído. Pedro havia dito que morreria por Ele, mas na hora da Cruz fugiu negando-o. Aplicando na prática a oração que faz na cruz, Jesus de fato perdoa os seus amigos que não sabem o que fazem. Ele vê além do ato e sabe que o amigo não quis fazer-lhe o mal, apenas não sabia como evitar. Isso se dá entre amigos, quando nossos erros têm justificativa apenas em nossa incompetência existencial, jamais em nosso desejo de fazer o mal.

É pra casos assim que precisamos orar e entregar o amigo que nos fere conscientes de que ele foi desastroso, mas não mal intencionado. E é pra casos assim que devemos acreditar do mesmo modo sobre nós, assumindo nosso erro, mas assumindo também que não era nossa intenção.

Então podemos olhar pro futuro, conscientes de que Jesus que conhece nosso interior nos encontra nas praias desta viagem e nos chama novamente a viver tudo o que somos, porque nossos erros do passado fazem e fizeram mal a nós e a outros, mas não têm o poder de nos tornar indignos, uma vez que fomos e somos alvos diretos do amor incondicional de Jesus Cristo. E nossa dignidade não será retomada quando fizermos algo notório e especial em compensação aos males causados, nossa dignidade está no fato de que o amamos, se o amamos é porque Ele nos ama antes, durante e depois.

Por isso que Jesus pergunta a Pedro, aquilo que Ele sabia, mas que queria que Pedro entendesse. Se eu amo o meu Senhor, posso erguer minha cabeça, prosseguir na caminhada, repleto de uma dignidade que Ele colocou sobre mim e que nada nesta vida pode tirar.

© 2006 Alexandre Robles
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