February 29, 2012

Tu me amas?

João 21:15-19
Nova Tradução na Linguagem de Hoje

15) Quando eles acabaram de comer, Jesus perguntou a Simão Pedro: - Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros me amam? - Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor! - respondeu ele. Então Jesus lhe disse: - Tome conta das minhas ovelhas!
16) E perguntou pela segunda vez: - Simão, filho de João, você me ama? Pedro respondeu: - Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor! E Jesus lhe disse outra vez: - Tome conta das minhas ovelhas!
17) E perguntou pela terceira vez: - Simão, filho de João, você me ama? Então Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado três vezes: "Você me ama?" E respondeu: - O senhor sabe tudo e sabe que eu o amo, Senhor! E Jesus ordenou: - Tome conta das minhas ovelhas.
18) Quando você era moço, você se aprontava e ia para onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai querer ir.
19) Ao dizer isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro ia morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado. Então Jesus disse a Pedro: - Venha comigo!

* * *

É a 3a. vez que Jesus aparece depois de ressurreto e os discípulos haviam voltado a pescar

1) Contexto: depois de comer (discípulos alimentados)

2) Jesus chama "Simão filho de João" ao invés de Pedro (o seu nome antes do ministério)

3) Pergunta: Você me ama? - O amor de Deus é que deve direcionar a nossa vida, antes do próprio ministério.

- O que você está fazendo?
- Onde você está?
- O que é mais importante para a sua vida?

Jesus entregou uma missão, mas as ovelhas são de Jesus!

Pessoas famintas saem em busca de alimento e quando não encontram, comem qualquer coisa

4) Nossa resposta: Amamos Jesus? Temos respondido ao seu chamado?

(Na Coréia os pastores são respeitados e quando um deles foi questionado, respondeu:)

- Como ser respeitado? O pastor tem de amar incondicionalmente as ovelhas de Jesus (cuidar, andar junto)
- Como a igreja cresce tanto? O pastor ora muito
- Como é o ministério? Dedicação, compromisso e estudo - acordo às 5h da manhã e preparo 8 pregações diferentes por semana (Ora e labora)

5) Desafio: Siga-me!

Precisamos seguir JESUS, não nossos pensamentos

Aceite, venha como você está.

(Na África é comum encontrar pessoas mutiladas, por terem pisado numa mina)

Quando Deus está na sua frente, você tem confiança porque Ele te dá segurança, você não precisa ter medo de pisar em terreno minado.

* * *

O desafio não é aprender para controlar o texto sagrado, mas ser lido - É A PALAVRA QUE NOS LÊ!

Foi a Palavra quem dirigiu a vida de Pedro.

Podemos responder com arrogância ou com humildade (não é o que fazemos, mas o que Deus está fazendo em nós - e é a partir daí que agimos e ministramos).

Lembrete: Quem anda de joelhos não tropeça!

- Para meditar: Ef 3: 18 "para que assim, junto com todo o povo de Deus, vocês possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade".
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February 28, 2012

Considerações sobre o amor

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Ficou curioso?

Vai lá:

  • http://en.m.wikipedia.org/wiki/Greek_words_for_love
  • http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Amor

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    February 27, 2012

    Quando as dores se tornam sua maior redenção

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    FERIDOS QUE CURAM
    - Isabelle Ludovico

    Provérbios de Salomão, na Bíblia, nos convidam a "entender o nosso próprio caminho" (Pv 14:8) e "estar atentos para os nossos passos" (Pv 14:15). De fato, a maturidade provém da capacidade de compreender a nossa história e integrar as peças esparsas do quebra cabeça que é a nossa existência para enxergar o quadro completo. As experiências marcantes da nossa vida precisam ser consideradas com reverência para encontrar o seu sentido mais profundo e aprender com elas. Tempo e atenção são necessários se queremos evitar a superficialidade.

    Fomos criados à imagem de Deus que é Luz. Assim, quanto mais nos aproximamos dele numa atitude contemplativa, mais enxergamos a nossa própria realidade. O olhar amoroso de Deus nos permite superar o medo da rejeição e tirar as nossas máscaras para reconhecer tanto a nossa luz quanto a nossa sombra. Percebemos nossos limites, feridas, mecanismos de defesa e incoerências, mas também nossa aspiração por amor, alegria e paz, nossa capacidade criativa e relacional, nossa busca de sentido existencial.

    Identificamos, perplexos, a coexistência simultânea e sistêmica de alegria e tristeza, prazer e dor, sofrimento e paz, amor e solidão. Perceber esta condição da nossa humanidade entra em choque com o desejo de nos apegar a um estado mental dominante e obsessivo como a busca da felicidade permanente. Nossa sociedade a define como a ausência de dor e, para isto, construímos um castelo forte onde estamos protegidos, mas também enclausurados. Poupar-nos do sofrimento acaba nos privando da alegria, pois estes dois sentimentos são parceiros inseparáveis nesta vida. Nossa cultura prega uma felicidade artificial mantida com pílulas que anestesiam a dor camuflando nossa inescapável condição de mortalidade e fragilidade. Solitários e carentes, buscamos compensar o nosso vazio interior mediante um consumismo compulsivo.

    O desejo mais profundo de amar e ser amado requer a disposição de baixar as defesas e nos torna vulneráveis. Como diz uma música popular: "Quem quiser aprender a amar, vai ter que chorar, vai ter que sofrer...". As feridas mais profundas e dolorosas não provêm de acidentes que nos aconteceram, mas do amor. O amor transforma nossa personalidade e nossa percepção. Ele nos arranca de um mundo unidimensional em preto e branco para nos transportar num universo de cores brilhantes e paisagens sempre renovadas. Quando o amor se retrai, sofremos a dor da perda. A alegria do encontro é proporcional à dor do desencontro.

    Como diz o teólogo John Main, precisamos diferenciar feridas e machucados. Os machucados como o fracasso num teste, uma derrota financeira, uma expectativa frustrada, são sofrimentos provisórios e superáveis. As feridas nos marcam para sempre. Elas modificam nossa percepção íntima e o fundamento da nossa identidade. Uma ferida significa que nada será como antes. O tempo apaga os machucados, não cura as feridas. Somente a imersão no amor absoluto de Deus pode curar nossas feridas. É preciso mergulhar na morte de Cristo para experimentar a sua ressurreição. O significado das nossas feridas emerge quando as vivenciamos na sua relação com outros eventos e padrões da nossa vida.

    Conforme a maneira como lidamos com as nossas feridas, podemos nos tornar feridos que ferem ou feridos que curam. A Bíblia fala de dois tipos de tristeza: uma tristeza "mundana" que leva à auto comiseração nos faz assumir o papel de vítima e "produz morte"; uma tristeza na perspectiva de Deus que gera transformação e vida (2 Coríntios 7:10). Mergulhando na história da nossa vida, encontramos momentos dramáticos em que tivemos que fazer a escolha crucial de nos tornarmos amargurados por nossas feridas ou feridos que curam. O filme recente "Patch Adams: o amor é contagioso" fala de um homem que fez a escolha de ser um ferido que cura e quase desistiu quando uma nova ferida o empurrou na beira do precipício. Para seu próprio bem e o bem das pessoas à sua volta, ele finalmente escolheu seguir o princípio bíblico de "vencer o mal com o bem"(Romanos 12:21). Na maioria das vezes, optamos por uma solução intermediária mesclando sentimentos de magoa e desejo de superar, passando alternativamente de vítima à protagonista.

    Nossa experiência pessoal de feridos curados pelo amor incondicional de Deus é que nos permite aliviar o sofrimento de outros. Enquanto perseguimos nossa felicidade como prioridade absoluta, iremos fazer isto às custas do bem estar do outro. Mas ao buscar minorar a dor do nosso próximo, encontraremos a plenitude de alegria para a qual fomos criados. Ao acolher a realidade com todas as suas facetas, não podemos deixar de perceber o próprio Deus. Cristo é a Verdade e a Vida. Por isto, ao optarmos pela verdade encontraremos a Cristo, assim como através das coisas bonitas podemos enxergar a própria beleza.

    A cruz de Cristo proclama que a vida não se preserva negando a morte, mas acolhendo o ciclo de morte e renascimento. Por isto, somos chamados a "levar sempre nos corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo"( 2 Coríntios 4:10). Assim, em vez de fugir do sofrimento através de uma vida artificial, podemos superá-lo com o bálsamo do amor de Deus que transforma o mal em bem. Precisamos olhar para os retalhos espalhados da nossa vida na perspectiva de Cristo que venceu o mal e a morte. Assim podemos costurá-los para formar uma colcha que reflete a obra de arte única que é a nossa existência à luz do amor de Deus e na dependência do Espírito Santo.
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    February 26, 2012

    Tua presença

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    Tua Presença é o meu lugar
    É onde eu sinto a tua paz
    Me deixa ver Tua luz

    Me leva pra onde a Tua Mão me levar
    Teu Lugar é o meu Lugar

    Tua Presença me faz calar
    Ver Tua face te contemplar
    E no Teu céu caminhar

    Me leva pra onde a Tua Mão me levar
    Teu lugar é o meu lugar
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    February 25, 2012

    No coração do Pai

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    Chérie,

    por mais que você esteja rodeado de pessoas, quando passa por um perrengue, você sempre estará só.

    Por mais que abra o seu coração e receba acolhimento, ninguém pode chegar no âmago porque só você sabe o que está sentindo e só você pode decidir o que vai fazer, afinal ninguém vai viver a sua vida por você.

    Nestas horas, o único lugar onde você pode encontrar refúgio é no coração do Pai.

    É lá que você encontra abrigo, proteção, força, segurança e nutrição. Para enfrentar corajosamente as batalhas que vem pela frente, que não são poucas nem pequenas.

    Só com Ele você nunca estará só.

    Um beijo,

    KT
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    February 24, 2012

    Amor de verdade

    1 Coríntios 13
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    Nova Tradução na Linguagem de Hoje
    1. Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino. 
    2. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tirar as montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada. 
    3. Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada. 
    4. Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso.
    5. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas. 
    6. Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. 
    7. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência
    8. O amor é eterno. Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falar em línguas estranhas, mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. 
    9. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos. 
    10. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá. 
    11. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto, parei de agir como criança. 
    12. O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus. 
    13. Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor.
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    February 23, 2012

    Oração da serenidade

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    Concede-me, Senhor,
    a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar,
    coragem para modificar as que eu posso e
    sabedoria para distinguir umas das outras.

    Vivendo um dia de cada vez,
    desfrutando um momento de cada vez,
    aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz,
    considerando o mundo cheio de pecados como ele é,
    e não como gostaria que ele fosse,
    confiando em Deus para endireitar todas as coisas
    para que eu possa ser moderadamente feliz nesta vida
    e sumamente feliz contigo na eternidade.
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    - Reinhold Niebuhr
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    February 22, 2012

    Gente nasceu para brilhar

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    Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados.

    Nosso medo mais profundo é sermos poderosos além de qualquer medida.
    É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora.

    Nós nos perguntamos: quem sou eu para ser brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso?

    Na realidade, quem é você para não ser?

    Você é filho do Universo.

    Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.

    Não há iluminação em se encolher para que os outros não se sintam inseguros quando estão perto de você.

    Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós.

    E conforme deixamos a nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.

    E conforme nos libertamos do nosso medo, a nossa presença automaticamente liberta os outros.

    Nelson Mandela, discurso de posse, 1994
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    February 21, 2012

    Quem é você de verdade?

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    Os filósofos gregos avaliam uma pessoa por meio de três perguntas:

    - Onde você esteve?
    - Onde você está?
    - Para onde você vai?

    A trajetória de nossas escolhas aponta quem somos.
    Tudo que plantamos, colhemos.

    Claro, nem sempre vamos acertar. Mas o mais surpreendente é descobrir que nossa identidade não depende do nosso desempenho.

    Quer saber mais?
    Vai lá: http://www.youtube.com/watch?hl=en&v=CT7x3VnrqbA&gl=US
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    February 20, 2012

    Como uma criança

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    Em cada idade, em cada época da vida, sempre haverá beleza.

    E as dores, as delícias, as descobertas, as dúvidas... sempre serão as mesmas.

    O importante é manter o maravilhamento e a humildade para continuar aprendendo.

    Um dia por vez ; )!
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    February 19, 2012

    Viver, um aprendizado contínuo

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    Chérie,

    o finde prolongado está relaxante e tranquilo: muita soneca, muita comilança e muita descoberta.

    Gosto de conversar e observar as pessoas: os homens costumam ser mais práticos e diretivos, enquanto as mulheres mais sensíveis e relacionais. Ontem passamos a tarde falando de expectativas em relação ao futuro, e o que me impressionou foi a trajetória bonita que estão fazendo, calcada em crenças e valores (fazer e optar pelo que é certo ao invés de ser guiado pelo efêmero ou para sair bem na foto).

    Falhas? Várias, todos temos.
    Dúvidas? Milhares, ao longo do caminho.
    O desafio para toda a vida? A simplicidade.

    A cada dia me espanto com a complexidade do ser humano (incluindo a minha): dentro de nós há luz e sombras - é preciso aprender a integrá-las, acolhê-las e nunca julgá-las.

    Temos a tendência de ficar acomodados; temos medo de viver pelo medo de errar (mas é no errar que se vive e se aprende).

    Pisar na bola pode ser desanimador e frustrante, por isto a promessa do Pai chega como bálsamo para a alma: "As misericórdias do Senhor não tem fim e são a causa de não sermos consumidos; elas se renovam a cada manhã - grande é a Sua fidelidade" (Lm 3: 22 e 23).

    Chérie, receba este presente!

    E lembre-se: quem tem o controle do passado, do presente e do futuro é o Eterno que - apesar de nossas limitações, falhas, defeitos, obstinação e por aí vai - conduz a História com mãos fortes.

    Um beijo carinhoso,

    KT

    PS- Max von Sydow, ator sueco de 82 anos, candidato ao Oscar de melhor coadjuvante, declarou numa entrevista: "Seria soberba eu achar que sei tudo. Não sei nada, ou melhor, sei alguma coisa. Sei que a vida é uma permanente descoberta, e que viver é carregar a herança daqueles que amamos e que foram importantes para nós". Lindo, não?
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    February 18, 2012

    Crime e Castigo

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    Fiodor Dostoiévski é um dos autores mais densos da literatura mundial.
    Os seus romances são reflexivos, psicológicos e tremendamente perturbadores.

    Uma das metas (espero) para 2012 é ler Crime e Castigo, com aproximadamente 40 capítulos.

    Comecei a 1a. parte (capítulo 1) e já estou pilhada (rsrsrs): - o que o protagonista pretende? Do que ele está falando?

    A frase que mais gostei foi: "Terei mesmo necessidade de fazer este percurso? Serei verdadeiramente capaz daquilo? Aquilo será mesmo uma coisa séria? Absolutamente: um simples jogo da minha imaginação, uma fantasia que me diverte... Uma brincadeira. Sim, é isto mesmo: uma brincadeira".

    Pirou no corpinho? Vai lá: http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_e_Castigo
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    February 17, 2012

    Liberdade criativa

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    "Luxo é você ser autor da sua história!
     É uma coisa que, atualmente, tentam tirar de você o tempo inteiro."

      Ronaldo Fraga
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    February 16, 2012

    Mudanças

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    METANÓIA: basta concordar
    Mc 1: 14

    - pr. Ariovaldo Ramos

    Satanás nos venceu no jardim, que era o nosso ambiente. Por isto agora Jesus vai ao deserto, para vencer o inimigo no ambiente dele. O deserto é o lugar árido da solidão, da desolação. Com Jesus, Deus inaugura um novo mundo, uma nova fase de relacionamento. Não é mais a lei e sim a graça: é o novo mundo!

    "Convém que Ele cresça e que eu diminua". Qdo João diz isto, é como se ainda existissem 2 ministérios paralelos. Ele não compreende que falando, Jesus não podia falar. E enquanto João não parou, o novo mundo não pôde começar. João não entendeu que era a última voz e, como não soube fechar a porta (pq Jesus é a porta), Deus teve de levá-lo.

    E nós? O que é que temos de parar para Deus começar? O que estou fazendo, pensando, sentindo, sonhando... que deixo Deus em tempo de espera?

    Note a paciência de Jesus, Ele fica em tempo de espera (Deus é um ser que agüenta não ser amado).

    João não percebeu que o novo mundo só começaria quando ele parasse. O novo mundo começa quando a gente toma consciência. E pela graça, a gente não precisa fazer nada, só concordar que precisa parar. O resto é com Deus, o controle passa a ser dEle.

    Uma edição antiga da revista Mensagem da Cruz (editora Bethânia) conta a história de uma tribo africana que capturava macacos com uma cumbuca que tinha uma pedrinha dentro. O macaco era atraído pelo barulho (se ele soltasse a pedra, a armadilha não prenderia mais a sua mão, porque era assim que ele era capturado). Jesus veio para nos libertar da paixão mórbida pela pedrinha e nos fazer agentes do mundo novo.

    Qual é o mundo novo em:
    - nossos relacionamentos familiares;
    - nosso trabalho;
    - sociedade;
    - agir/escolher (quais as escolhas que não são mais viáveis)?

    João devia estar deprimido: o seu primo nem foi visitá-lo na prisão, por isto pediu que seus discípulos perguntassem se Ele era mesmo o Messias. E Jesus teve de fazer milagres para responder: - Sou eu mesmo, vc é que não é mais vc - vc deixou de ser vc mesmo! Por isto o Altíssimo resolveu intervir, não há nada que eu possa fazer.

    Reflexão: - Senhor, o que é que tem de parar na minha vida?

    A gente só precisa concordar que precisa parar.

    Vamos pedir que Deus liberte-nos da paixão pela pedrinha e nos ajude a concordar com Ele. Para que o novo mundo comece dentro de nós.

    Fonte: Mensagem ministrada na IBAB dia 27/11/05 às 10h (resumo elaborado por KT).

    PESSOAS MUDAM?

    Pessoas não mudam. Esta é a tese de Po Bronson em seu livro O que devo fazer da minha vida? (Editora Nova Fronteira). Depois de mais de 900 entrevistas, Bronson conta a história de 40 pessoas e chega à conclusão de que as pessoas falam em mudar, mas na verdade, mudam apenas quando não têm alternativa.

    Essa é uma visão otimista, pois a IBM, em sua Conferência de Inovação Global realizada em novembro de 2004, buscou soluções científicas e tecnológicas para os grandes problemas atuais. No topo da agenda estava à questão da saúde, que custa aos Estados Unidos 1,8 trilhão de dólares ao ano (quase três vezes o PIB do Brasil). O fenômeno tão caro aos americanos é agravado pelo fato da constatação de outra pesquisa: diante da alternativa de mudar ou morrer, apenas 1 em cada 10 pessoas realmente promove alterações em sua maneira de pensar e modifica seus hábitos e estilo de vida.

    Sigmund Freud dizia que existem 4 fatores determinantes da transformação pessoal: o sofrimento, um grande amor, a psicanálise e a experiência religiosa. Concordo, apesar de crer que mudança não significa necessariamente torna-se uma pessoa melhor. Muita gente muda para pior. Não é todo mundo que sai do sofrimento aperfeiçoado. Paixão romântica é diferente de amor, e não necessariamente afeta desvios de caráter e personalidade. A análise não se propõe a mudar ninguém, mas a entregar cada um à sua própria verdade. Daí por diante, as pessoas devem contar apenas com seus recursos interiores para, de fato, ajustar suas vidas e o problema é que nem todo mundo tem recursos interiores. A experiência religiosa, por sua vez, não pode ser confundida com encontro com Deus, e infelizmente parece que a religião tem contribuído mais para adoecimentos do que para processos de saúde pessoal, comunitária e social.

    Acho que o profeta hebreu tinha essa mesma sensação a respeito dos processos de transformação pessoal. Deve ter pronunciado com pesar o veredicto de Deus “Será que o etíope pode mudar a sua pele? Ou o leopardo as suas pintas? Assim também vocês são incapazes de fazer o bem, vocês que estão acostumados a fazer o mal” (Jeremias 13: 23).

    Mas não desisto. Pessoas mudam, sim. Jacó mudou quando lutou com Deus. Mas teve de lutar muito antes de mudar. Lutou não porque Deus não quisesse transformá-lo, mas certamente porque ele Jacó se recusava a se deixar transformar. Geralmente é assim. Mudar implicar admitir erros e pecados; abandonar hábitos arraigados; romper relacionamentos duradouros; renunciar confortos convenientes; abrir mão de convicções antigas; aprender coisas novas, reeducar o corpo, a mente, as emoções; re-significar memórias; e principalmente outorgar perdão. Mudar implica abandonar a ilusão e encarar a verdade. E a verdade geralmente dói. A verdade a nosso respeito, a respeito das pessoas que amamos e das pessoas que acreditamos que nos amam. Talvez por isso as pessoas mudem pouco, sejam poucas as que mudam e as mudanças demorem a se solidificar.

    Pessoas mudam, sim. Mudam porque não há pecado ou culpa que Deus não possa perdoar. Mudam porque não há lugar distante ou abismo tão profundo que o amor de Deus não possa alcançar. Mudam porque Deus é especialista em transformações. É aquele que faz novas todas as coisas. E sua graça é irresistível.

    © 2005 Ed René Kivitz

    Fonte: Informativo IBAB Edição 170, 04 de setembro de 2005.
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    February 15, 2012

    O tempo é igual para todo mundo. A diferença é o que você faz com ele.

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    Para o rico, para o pobre,
    Para a mulher, para o homem,
    Para o jovem, para o experiente,
    Para o europeu, para o brasileiro,
    O dia tem 24 horas.

    Alguns escolhem fazer acontecer, outros escolhem cruzar os braços,
        "         "           persistir,              "            "        arrumar desculpas,
        "         "           construir,             "            "        destruir,
        "         "           amar,                   "           "         desistir,
        "         "           viver,                   "           "         morrer.

    O tempo é igual para todo mundo.
    A diferença é o que você com ele.

    Escolha ser feliz.
    Hoje e sempre!
    Feliz 2012

    February 13, 2012

    Fazendo valer ; )!

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    Chérie,

    sabe que Deus fala com a gente muitas vezes e de muitas maneiras (Hb 1: 1), não é?

    E nesse finde particularmente fui encorajada por dois filmes que abordaram propósito de vida e coragem para fazer o que precisa ser feito. Claaaro, como não podia deixar de ser, tem também a Palavra, que é viva e eficaz, capaz de cortar juntas e medulas, e separar alma e espírito (a mensagem na IB Morumbi foi sobre Mt 5: 7).

    No entanto, ainda assim acordei um pouco melancólica. Mas aí pensei no meu treinador, que tem acreditado no meu potencial e tem sido presente de Deus (estava morrendo de medo de perdê-lo por causa do mestrado), então desci para treinar.

    ... e foi tão bom!

    Será que a gente também não tem de pensar em Deus desta maneira? Ele, investindo tempo, recursos e esperança na gente, sendo fiel mesmo quando a gente não consegue ser fiel a Ele?

    Como comportar-se de maneira a corresponder ao Seu grande amor?
    Como fazer nossa vida valer (para honra e glória dEle)?

    A minha oração - para você, para mim, para nós - é que nossas vidas sejam vividas repletas de significado!

    Um beijo carinhoso,

    KT

    PS- Para conferir a trilha sonora do dia (rs), acesse: http://www.youtube.com/watch?v=J2GrBog4JQI&feature=related
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    February 12, 2012

    Ninguém venha me dar vida

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    - Cecilia Meireles

    Ninguém venha me dar vida,
    que estou morrendo de amor,
    que estou feliz de morrer,
    que não tenho mal nem dor,

    que estou de sonho ferido,
    que não me quero curar,
    que estou deixando de ser,
    e não quero me encontrar,
    que estou dentro de um navio,
    que sei que vai naufragar,

    já não falo e ainda sorrio,
    porque está perto de mim
    o dono verde do mar
    que busquei desde o começo,
    e estava apenas no fim.

    Corações, por que chorais?
    Preparai meu arremesso
    para as algas e os corais.

    Fim ditoso, hora feliz:
    guardai meu amor sem preço,
    que só quis quem não me quis.

    PS- Vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=lnGVSIRCi7A&feature=related
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    February 11, 2012

    Lidando com o não

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    Em um mundo marcado pelo desequilíbrio de forças o direito de dizer “não” é inalienável. A liberdade de um ser humano e sua afirmação como indivíduo em uma sociedade somente são reais quando ele pode escolher negar o que lhe foi demandado. A impossibilidade é violência.

    Liberdade pessoal é de fato poder dizer não a si mesmo. Não somente dizer não às demandas externas, sobretudo negar-se o impulso de fazer tudo o que vier à mente. Quem não pode dizer não pra si mesmo, é escravo.

    A força de nossas convicções e propósitos é medida por nossa capacidade de continuar apesar dos “nãos” que recebemos pelo caminho. Quem desiste fácil, logo nas primeiras rejeições, quem mede o valor do que faz apenas pela aceitação de suas ideias, enfim, quem não prossegue mesmo depois de ouvir “não”, denuncia que seus propósitos não são tão fundamentados e que seu empreendimento não tem tanta importância, porque se o que eu quero fazer na vida, dura apenas até o primeiro “não”, é provável que não valha por uma vida toda.

    O “não” é um gatilho de proteção, de liberdade e de prova das intenções.

    © 2010 Alexandre Robles

    Fonte: http://www.alexandrerobles.com.br/lidando-com-o-nao/
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    February 10, 2012

    As concepções da verdade

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    - Marilena Chauí

    * GREGO, LATIM E HEBRAICO

    Nossa idéia da verdade foi construída ao longo dos séculos, a partir de três concepções diferentes, vindas da língua grega, da latina e da hebraica.

    Em grego, verdade se diz aletheia, significando: não-oculto, não-escondido, não-dissimulado. O verdadeiro é o que se manifesta aos olhos do corpo e do espírito; a verdade é a manifestação daquilo que é ou existe tal como é. O verdadeiro se opõe ao falso, pseudos, que é o encoberto, o escondido, o dissimulado, o que parece ser e não é como parece. O verdadeiro é o evidente ou o plenamente visível para a razão.

    Assim, a verdade é uma qualidade das próprias coisas e o verdadeiro está nas próprias coisas. Conhecer é ver e dizer a verdade que está na própria realidade e, portanto, a verdade depende de que a realidade se manifeste, enquanto a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências.

    Em latim, verdade se diz veritas e se refere à precisão, ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes, pormenores e fidelidade o que aconteceu. Verdadeiro se refere, portanto, à linguagem enquanto narrativa de fatos acontecidos, refere-se a enunciados que dizem fielmente as coisas tais como foram ou aconteceram. Um relato é veraz ou dotado de veracidade quando a linguagem enuncia os fatos reais.

    A verdade depende, de um lado, da veracidade, da memória e da acuidade mental de quem fala e, de outro, de que o enunciado corresponda aos fatos acontecidos. A verdade não se refere às próprias coisas e aos próprios fatos (como acontece com a aletheia), mas ao relato e ao enunciado, à linguagem. Seu oposto, portanto, é a mentira ou a falsificação. As coisas e os fatos não são reais ou imaginários; os relatos e enunciados sobre eles é que são verdadeiros ou falsos.

    Em hebraico verdade se diz emunah e significa confiança. Agora são as pessoas e é Deus quem são verdadeiros. Um Deus verdadeiro ou um amigo verdadeiro são aqueles que cumprem o que prometem, são fiéis à palavra dada ou a um pacto feito; enfim, não traem a confiança.

    A verdade se relaciona com a presença, com a espera de que aquilo que foi prometido ou pactuado irá cumprir-se ou acontecer. Emunah é uma palavra de mesma origem que amém, que significa: assim seja. A verdade é uma crença fundada na esperança e na confiança, referidas ao futuro, ao que será ou virá. Sua forma mais elevada é a revelação divina e sua expressão mais perfeita é a profecia.

    Aletheia se refere ao que as coisas são; veritas se refere aos fatos que foram; emunah se refere às ações e as coisas que serão. A nossa concepção da verdade é uma síntese dessas três fontes e por isso se refere às coisas presentes (como na aletheia), aos fatos passados (como na veritas) e às coisas futuras (como na emunah). Também se refere à própria realidade (como na aletheia), à linguagem (como na veritas) e à confiança-esperança (como na emunah).

    Palavras como "averiguar" e "verificar" indicam buscar a verdade; "veredicto" é pronunciar um julgamento verdadeiro, dizer um juízo veraz; "verossímil" e "verossimilhante" significam: ser parecido com a verdade, ter traços semelhantes aos de algo verdadeiro.

    * DIFERENTES TEORIAS SOBRE A VERDADE

    Existem diferentes concepções filosóficas sobre a natureza do conhecimento verdadeiro, dependendo de qual das três idéias originais da verdade predomine no pensamento de um ou de alguns filósofos.

    Assim, quando predomina a aletheia, considera-se que a verdade está nas próprias coisas ou na própria realidade e o conhecimento verdadeiro é a percepção intelectual e racional dessa verdade. A marca do conhecimento verdadeiro é a evidência, isto é, a visão intelectual e racional da realidade tal como é em si mesma e alcançada pelas operações de nossa razão ou de nosso intelecto. Uma idéia é verdadeira quando corresponde à coisa que é seu conteúdo e que existe fora de nosso espírito ou de nosso pensamento. A teoria da evidência e da correspondência afirma que o critério da verdade é a adequação do nosso intelecto à coisa, ou da coisa ao nosso intelecto.

    Quando predomina a veritas, considera-se que a verdade depende do rigor e da precisão na criação e no uso de regras de linguagem, que devem exprimir, ao mesmo tempo, nosso pensamento ou nossas idéias e os acontecimentos ou fatos exteriores a nós e que nossas idéias relatam ou narram em nossa mente.

    Agora, não se diz que uma coisa é verdadeira porque corresponde a uma realidade externa, mas se diz que ela corresponde à realidade externa porque é verdadeira. O critério da verdade é dado pela coerência interna ou pela coerência lógica das idéias e das cadeias de idéias que formam um raciocínio, coerência que depende da obediência às regras e leis dos enunciados corretos. A marca do verdadeiro é a validade lógica de seus argumentos.

    Finalmente, quando predomina a emunah, considera-se que a verdade depende de um acordo ou de um pacto de confiança entre os pesquisadores, que definem um conjunto de convenções universais sobre o conhecimento verdadeiro e que devem sempre ser respeitadas por todos. A verdade se funda, portanto, no consenso e na confiança recíproca entre os membros de uma comunidade de pesquisadores e estudiosos.

    O consenso se estabelece baseado em três princípios que serão respeitados por todos:

    1. que somos seres racionais e nosso pensamento obedece aos quatro princípios da razão (identidade, não-contradição, terceiro-excluído e razão suficiente ou causalidade);

    2. que somos seres dotados de linguagem e que ela funciona segundo regras lógicas convencionadas e aceitas por uma comunidade;

    3. que os resultados de uma investigação devem ser submetidos à discussão e avaliação pelos membros da comunidade de investigadores que lhe atribuirão ou não o valor de verdade.

    Existe ainda uma quarta teoria da verdade que se distingue das anteriores porque define o conhecimento verdadeiro por um critério que não é teórico e sim prático. Trata-se da teoria pragmática, para a qual um conhecimento é verdadeiro por seus resultados e suas aplicações práticas, sendo verificado pela experimentação e pela experiência. A marca do verdadeiro é a verificabilidade dos resultados.

    Essa concepção da verdade está muito próxima da teoria da correspondência entre coisa e idéia (aletheia), entre realidade e pensamento, que julga que o resultado prático, na maioria das vezes, é conseguido porque o conhecimento alcançou as próprias coisas e pode agir sobre elas.

    Em contrapartida, a teoria da convenção ou do consenso (emunah) está mais próxima da teoria da coerência interna (veritas), pois as convenções ou consensos verdadeiros costumam ser baseados em princípios e argumentos lingüísticos e lógicos, princípios e argumentos da linguagem, do discurso e da comunicação.

    Na primeira teoria (aletheia/correspondência), as coisas e as idéias são consideradas verdadeiras ou falsas; na segunda (veritas/coerência) e na terceira (emunah/consenso), os enunciados, os argumentos e as idéias é que são julgados verdadeiros ou falsos; na quarta (pragmática), são os resultados que recebem a denominação de verdadeiros ou falsos.

    Na primeira e na quarta teoria, a verdade é o acordo entre o pensamento e a realidade. Na segunda e na terceira teoria, a verdade é o acordo do pensamento e da linguagem consigo mesmos, a partir de regras e princípios que o pensamento e a linguagem deram a si mesmos, em conformidade com sua natureza própria, que é a mesma para todos os seres humanos (ou definida como a mesma para todos por um consenso).

    * A VERDADE COMO EVIDÊNCIA E CORRESPONDÊNCIA

    Se observarmos a concepção grega da verdade (aletheia), notaremos que nela as coisas ou o Ser é o verdadeiro ou a verdade. Isto é, o que existe e manifesta sua existência para nossa percepção e para nosso pensamento é verdade ou verdadeiro. Por esse motivo, os filósofos gregos perguntam: Como o erro, o falso e a mentira são possíveis? Em outras palavras, como podemos pensar naquilo que não é, não existe, não tem realidade, pois o erro, o falso e a mentira só podem referir-se ao não-Ser? O Ser é o manifesto, o visível para os olhos do corpo e do espírito, o evidente. Errar, falsear ou mentir, portanto, é não ver os seres tais como são, é não falar deles tais como são. Como é isso possível?

    A resposta dos gregos é dupla:

    1. o erro, o falso e a mentira se referem à aparência superficial e ilusória das coisas ou dos seres e surgem quando não conseguimos alcançar a essência das realidades (como no poema de Mário de Andrade, em que a garoa-neblina cria um véu que encobre, oculta e dissimula as coisas e as torna confusas, indistintas); são um defeito ou uma falha de nossa percepção sensorial ou intelectual;

    2. o erro, o falso e a mentira surgem quando dizemos de algum ser aquilo que ele não é, quando lhe atribuímos qualidades ou propriedades que ele não possui ou quando lhe negamos qualidades ou propriedades que ele possui. Nesse caso, o erro, o falso e a mentira se alojam na linguagem e acontecem no momento em que fazemos afirmações ou negações que não correspondem à essência de alguma coisa. O erro, o falso e a mentira são um acontecimento do juízo ou do enunciado. [Juízo é uma proposição afirmativa ("S é P") ou negativa ("S não é P") pela qual atribuo ou nego a um sujeito S um predicado P. O predicado é um atributo afirmado ou negado do sujeito e faz parte (ou não) de sua essência.]

    Se eu formular o seguinte juízo: "Sócrates é imortal", o erro se encontra na atribuição do predicado "imortal" a um sujeito "Sócrates", que não possui a qualidade ou a propriedade da imortalidade. O erro é um engano do juízo quando desconhecemos a essência de um ser. O falso e a mentira, porém, são juízos deliberadamente errados, isto é, conhecemos a essência de alguma coisa, mas deliberadamente emitimos um juízo errado sobre ela.

    O que é a verdade? É a conformidade entre nosso pensamento e nosso juízo e as coisas pensadas ou formuladas. Qual a condição para o conhecimento verdadeiro? A evidência, isto é, a visão intelectual da essência de um ser. Para formular um juízo verdadeiro precisamos, portanto, primeiro conhecer a essência, e a conhecemos ou por intuição, ou por dedução, ou por indução.

    A verdade exige que nos libertemos das aparências das coisas; exige, portanto, que nos libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de nossos órgãos dos sentidos. Em outras palavras, a verdade sendo o conhecimento da essência real e profunda dos seres é sempre universal e necessária, enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedade para sociedade, de pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões provam que a essência dos seres não está conhecida e, por isso, se nos mantivermos no plano das opiniões, nunca alcançaremos a verdade.

    O mesmo deve ser dito sobre nossas impressões sensoriais, que variam conforme o estado do nosso corpo, as disposições de nosso espírito e as condições em que as coisas nos aparecem. Pelo mesmo motivo, devemos ou abandonar as idéias formadas a partir de nossa percepção, ou encontrar os aspectos universais e necessários da experiência sensorial que alcancem parte da essência real das coisas. No primeiro caso, somente o intelecto (espírito) vê o Ser verdadeiro. No segundo caso, o intelecto purifica o testemunho sensorial.

    Por exemplo, posso perceber que uma flor é branca, mas se eu estiver doente, a verei amarela; percebo o Sol muito menor do que a Terra, embora ele seja maior do que ela. Apesar desses enganos perceptivos, observo que toda percepção percebe qualidades nas coisas (cor, tamanho, por exemplo) e, portanto, as qualidades pertencem à essência das próprias coisas e fazem parte da verdade delas.

    Quando, porém, examinamos a idéia latina da verdade como veracidade de um relato, observamos que, agora, o problema da verdade e do erro, do falso e da mentira deslocou-se diretamente para o campo da linguagem. O verdadeiro e o falso estão menos no ato de ver (com os olhos do corpo ou com os olhos do espírito) e mais no ato de dizer. Por isso, a pergunta dos filósofos, agora, é exatamente contrária à anterior, ou seja, pergunta-se: Como a verdade é possível?

    De fato, se a verdade está no discurso ou na linguagem, não depende apenas do pensamento e das próprias coisas, mas também de nossa vontade para dizê-la, silenciá-la ou deformá-la. O verdadeiro continua sendo tomado como conformidade entre a idéia e as coisas - no caso, entre o discurso ou relato e os fatos acontecidos que estão sendo relatados -, mas depende também de nosso querer.

    Esse aspecto voluntário da verdade torna-se de grande importância com o surgimento da Filosofia cristã porque, com ela, é introduzida a idéia de vontade livre ou de livre-arbítrio, de modo que a verdade está na dependência não só da conformidade entre relato e fato, mas também da boa-vontade ou da vontade que deseja o verdadeiro.

    Ora, o cristianismo afirma que a vontade livre foi responsável pelo pecado original e que a vontade foi pervertida e tornou-se má-vontade. Assim sendo, a mentira, o erro e o falso tenderiam a prevalecer contra a verdade. Nosso intelecto ou nosso pensamento é mais fraco do que nossa vontade e esta pode forçá-lo ao erro e ao falso.

    Essas questões foram posteriormente examinadas pelos filósofos modernos, os filósofos do Grande Racionalismo Clássico, que introduzirão a exigência de começar a Filosofia pelo exame de nossa consciência - vontade, intelecto, imaginação, memória -, para saber o que podemos conhecer realmente e quais os auxílios que devem ser oferecidos ao nosso intelecto para que controle e domine nossa vontade e a submeta ao verdadeiro.

    É preciso começar liberando nossa consciência dos preconceitos, dos dogmatismos da opinião e da experiência cotidiana. Essa consciência purificada, que é o sujeito do conhecimento, poderá, então, alcançar as evidências (por intuição, dedução ou indução) e formular juízos verdadeiros aos quais a vontade deverá submeter-se.

    Tanto os antigos quanto os modernos afirmam que:

    1. a verdade é conhecida por evidência (a evidência pode ser obtida por intuição, dedução ou indução);

    2. a verdade se exprime no juízo, onde a idéia está em conformidade com o ser das coisas ou com os fatos;

    3. o erro, o falso e a mentira se alojam no juízo (quando afirmamos de uma coisa algo que não pertence à sua essência ou natureza, ou quando lhe negamos algo que pertence necessariamente à sua essência ou natureza);

    4. as causas do erro e do falso são as opiniões preconcebidas, os hábitos, os enganos da percepção e da memória;

    5. a causa do falso e da mentira, para os modernos, também se encontra na vontade, que é mais poderosa do que o intelecto ou o pensamento, e precisa ser controlada por ele;

    6. uma verdade, por referir-se à essência das coisas ou dos seres, é sempre universal e necessária e distingue-se da aparência, pois esta é sempre particular, individual, instável e mutável;

    7. o pensamento se submete a uma única autoridade: a dele própria com capacidade para o verdadeiro.

    Quando os filósofos antigos e modernos afirmam que a verdade é conformidade ou correspondência entre a idéia e a coisa e entre a coisa e a idéia (ou entre a idéia e o ideado), não estão dizendo que uma idéia verdadeira é uma cópia, um papel carbono, um "xerox" da coisa verdadeira. Idéia e coisa, conceito e ser, juízo e fato não são entidades de mesma natureza e não há entre eles uma relação de cópia. O que os filósofos afirmam é que a idéia conhece a estrutura da coisa, conhece as relações internas necessárias que constituem a essência da coisa e as relações e nexos necessários que ela mantém com outras. Como disse um filósofo, a idéia de cão não late e a de açúcar não é doce. A idéia é um ato intelectual; o ideado, uma realidade externa conhecida pelo intelecto.

    A idéia verdadeira é o conhecimento das causas, qualidades, propriedades e relações da coisa conhecida, e da essência dela ou de seu ser íntimo e necessário. Quando o pensamento conhece, por exemplo, o fenômeno da queda livre dos corpos (formulado pela física de Galileu), isto não significa que o pensamento se torne um corpo caindo no vácuo, mas sim que conhece as causas desse movimento e as formula em conceitos verdadeiros, isto é, formula as leis do movimento.

    * UMA OUTRA TEORIA DA VERDADE

    Quando estudamos a razão, vimos os problemas criados pelo inatismo e pelo empirismo. Vimos também a "revolução copernicana" de Kant, distinguindo as estruturas ou formas e categorias da razão e os conteúdos trazidos a ela pela experiência, isto é, a distinção entre os elementos a priori e a posteriori no conhecimento.

    Com a revolução copernicana kantiana, uma distinção muito importante passou a ser feita na Filosofia: a distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos.

    Um juízo é analítico quando o predicado ou os predicados do enunciado nada mais são do que a explicitação do conteúdo do sujeito do enunciado. Por exemplo: quando digo que o triângulo é uma figura de três lados, o predicado "três lados" nada mais é do que a análise ou a explicitação do sujeito "triângulo".

    Quando, porém, entre o sujeito e o predicado se estabelece uma relação na qual o predicado me dá informações novas sobre o sujeito, o juízo é sintético, isto é, formula uma síntese entre um predicado e um sujeito. Assim, por exemplo, quando digo que o calor é a causa da dilatação dos corpos, o predicado "causa da dilatação" não está analiticamente contido no sujeito "calor". Se eu dissesse que o calor é uma medida de temperatura dos corpos, o juízo seria analítico, mas quando estabeleço uma relação causal entre o sujeito e o predicado, como no caso da relação entre "calor" e "dilatação dos corpos", tenho uma síntese, algo novo me é dito sobre o sujeito através do predicado.

    Para Kant, os juízos analíticos são as verdades de razão de Leibniz, mas os juízos sintéticos teriam que ser considerados verdades de fato. No entanto, vimos que os fatos estão sob a suspeita de Hume, isto é, fatos seriam hábitos associativos e repetitivos de nossa mente, baseados na experiência sensível e, portanto, um juízo sintético jamais poderia pretender ser verdadeiro de modo universal e necessário.

    Que faz Kant? Introduz a idéia de juízos sintéticos a priori, isto é, de juízos sintéticos cuja síntese depende da estrutura universal e necessária de nossa razão e não da variabilidade individual de nossas experiências. Os juízos sintéticos a priori exprimem o modo como necessariamente nosso pensamento relaciona e conhece a realidade. A causalidade, por exemplo, é uma síntese a priori que nosso entendimento formula para as ligações universais e necessárias entre causas e efeitos, independentemente de hábitos psíquicos associativos.

    Todavia, vimos também que Kant afirma que a realidade que conhecemos filosoficamente e cientificamente não é a realidade em si das coisas, mas a realidade tal como é estruturada por nossa razão, tal como é organizada, explicada e interpretada pelas estruturas a priori do sujeito do conhecimento. A realidade são nossas idéias verdadeiras e o kantismo é um idealismo.

    Vimos também, ao estudar a Filosofia contemporânea, que o filósofo Husserl criou uma filosofia chamada fenomenologia. Essa palavra vem diretamente da filosofia kantiana. Com efeito, Kant usa duas palavras gregas para referir-se à realidade: a palavra noumenon, que significa a realidade em si, racional em si, inteligível em si; e a palavra phainomenon (fenômeno), que significa a realidade tal como se mostra ou se manifesta para nossa razão ou para nossa consciência. Kant afirma que só podemos conhecer o fenômeno (o que se apresenta para a consciência, de acordo com a estrutura a priori da própria consciência) e que não podemos conhecer o noumenon (a coisa em si). Fenomenologia significa: conhecimento daquilo que se manifesta para nossa consciência, daquilo que está presente para a consciência ou para a razão, daquilo que é organizado e explicado a partir da própria estrutura da consciência. A verdade se refere aos fenômenos e os fenômenos são o que a consciência conhece.

    Ora, pergunta Husserl, o que é o fenômeno? O que é que se manifesta para a consciência? A própria consciência. Conhecer os fenômenos e conhecer a estrutura e o funcionamento necessário da consciência são uma só e mesma coisa, pois é a própria consciência que constitui os fenômenos.

    Como ela os constitui? Dando sentido às coisas. Conhecer é conhecer o sentido ou a significação das coisas tal como esse sentido foi produzido ou essa significação foi produzida pela consciência. O sentido, ou significação, quando universal e necessário, é a essência das coisas. A verdade é o conhecimento das essências universais e necessárias ou o conhecimento das significações constituídas pela consciência reflexiva ou pela razão reflexiva.

    Na perspectiva idealista, seja ela kantiana ou husserliana, não podemos mais dizer que a verdade é a conformidade do pensamento com as coisas ou a correspondência entre a idéia e o objeto. A verdade será o encadeamento interno e rigoroso das idéias ou dos conceitos (Kant) ou das significações (Husserl), sua coerência lógica e sua necessidade. A verdade é um acontecimento interno ao nosso intelecto ou à nossa consciência.

    Para Kant e para Husserl, o erro e a falsidade encontram-se no realismo, isto é, na suposição de que os conceitos ou as significações se refiram a uma realidade em si, independente do sujeito do conhecimento. Esse erro e essa falsidade, Kant chamou de dogmatismo e Husserl, de atitude natural ou tese natural do mundo.

    * UMA TERCEIRA CONCEPÇÃO DA VERDADE

    Quando falamos sobre Filosofia contemporânea, fizemos referência a um tipo de filosofia conhecida como filosofia analítica.

    A filosofia analítica dedicou-se prioritariamente aos estudos da linguagem e da lógica e por isso situou a verdade como um fato ou um acontecimento lingüístico e lógico, isto é, como um fato da linguagem. A teoria da verdade, nessa filosofia, passou por duas grandes etapas.

    Na primeira, os filósofos consideravam que a linguagem produz enunciados sobre as coisas - há os enunciados do senso-comum ou da vida cotidiana e os enunciados lógicos formulados pelas ciências. A pretensão da linguagem, nos dois casos, seria a de produzir enunciados em conformidade com a própria realidade, de modo que a verdade seria tal conformidade ou correspondência entre os enunciados e os fatos e coisas.

    Essa conformidade ou correspondência seria inadequada e imprecisa na linguagem natural ou comum (nossa linguagem cotidiana) e seria adequada, rigorosa e precisa na linguagem lógica das ciências. Por isso, a ciência foi definida como "linguagem bem feita" e concebida como descrição e "pintura" do mundo.

    No entanto, inúmeros problemas tornaram essa concepção insustentável. Por exemplo, se eu disser "estrela da manhã" e "estrela da tarde", terei dois enunciados diferentes e duas pinturas diferentes do mundo. Acontece, porém, que esses dois enunciados se referem ao mesmo objeto, o planeta Vênus. Como posso ter dois enunciados diferentes para significar o mesmo objeto ou a mesma coisa?

    Um outro exemplo, conhecido com o nome de "paradoxo do catálogo", também pode ilustrar as dificuldades da teoria da verdade como correspondência entre enunciado e coisa, em que a correspondência é uma "pintura" da realidade feita pelas idéias.

    Se eu disser que existe o catálogo de todos os catálogos, onde devo colocar o "catálogo dos catálogos"? Isto é, o catálogo dos catálogos é um catálogo catalogado por ele mesmo junto com os outros catálogos, ou é um catálogo que não faz parte de nenhum catálogo? Se estiver catalogado, não pode ser catálogo de todos os catálogos, pois será necessário um outro catálogo que o contenha; mas se não estiver catalogado, não é o catálogo de todos os catálogos, pois em tal catálogo está faltando ele próprio.

    O que se percebeu nesse paradoxo é que a estrutura e o funcionamento da linguagem não correspondem exatamente à estrutura e ao funcionamento das coisas. Essa descoberta conduziu a filosofia analítica à idéia da verdade como algo puramente lingüístico e lógico, isto é, a verdade é a coerência interna de uma linguagem que oferece axiomas, postulados e regras para os enunciados e que é verdadeira ou falsa conforme respeite ou desrespeite as normas de seu próprio funcionamento.

    Cada campo do conhecimento cria sua própria linguagem, seus axiomas, seus postulados, suas regras de demonstração e de verificação de seus resultados e é a coerência interna entre os procedimentos e os resultados com os princípios que fundamentam um certo campo de conhecimento que define o verdadeiro e o falso. Verdade e falsidade não estão nas coisas nem nas idéias, mas são valores dos enunciados, segundo o critério da coerência lógica.

    * A CONCEPÇÃO PRAGMÁTICA DA VERDADE

    Os filósofos empiristas tendem a considerar que os critérios anteriores são puramente teóricos e que, para decidir sobre a verdade de um fato ou de uma idéia, eles não são suficientes e podem gerar ceticismo, isto é, como há variados critérios e como há mudanças históricas no conceito da verdade, acaba-se julgando que a verdade não existe ou é inalcançável pelos seres humanos.

    Para muitos filósofos empiristas, a verdade, além de ser sempre verdade de fato e de ser obtida por indução e por experimentação, deve ter como critério sua eficácia ou utilidade. Um conhecimento é verdadeiro não só quando explica alguma coisa ou algum fato, mas sobretudo quando permite retirar conseqüências práticas e aplicáveis. Por considerarem como critério da verdade a eficácia e a utilidade, essa concepção é chamada de pragmática e a corrente filosófica que a defende, de pragmatismo.

    * AS CONCEPÇÕES DA VERDADE E A HISTÓRIA

    As várias concepções da verdade que foram expostas estão articuladas com mudanças históricas, tanto no sentido de mudanças na estrutura e organização das sociedades, como quanto no sentido de mudanças no interior da própria Filosofia.

    Assim, por exemplo, nas sociedades antigas, baseadas no trabalho escravo, a idéia da verdade como utilidade e eficácia prática não poderia aparecer, pois a verdade é considerada a forma superior do espírito humano, portanto, desligada do trabalho e das técnicas, e tomada como um valor autônomo do conhecimento enquanto pura contemplação da realidade, isto é, como theoria.

    Nas sociedades nascidas com o capitalismo, em que o trabalho escravo e servil é substituído pelo trabalho livre e em que é elaborada a idéia de indivíduo como um átomo social, isto é, como um ser que pode ser conhecido e pensado por si mesmo e sem os outros, a verdade tenderá a ser concebida como dependendo exclusivamente das operações do sujeito do conhecimento ou da consciência de si reflexiva autônoma.

    Também nas sociedades capitalistas, regidas pelo princípio do crescimento ou acumulação do capital por meio do crescimento das forças produtivas (trabalho e técnicas) e por meio do aumento da capacidade industrial para dominar e controlar as forças da Natureza e a sociedade, a verdade tenderá a aparecer como utilidade e eficácia, ou seja, como algo que tenha uso prático e verificável. Assim como o trabalho deve produzir lucro, também o conhecimento deve produzir resultados úteis.

    Numa sociedade altamente tecnológica, como a do século XX ocidental europeu e norte-americano, em que as pesquisas científicas tendem a criar nos laboratórios o próprio objeto do conhecimento, isto é, em que o objeto do conhecimento é uma construção do pensamento científico ou um constructus produzido pelas teorias e pelas experimentações, a verdade tende a ser considerada a forma lógica e coerente assumida pela própria teoria, bem como a ser considerada como o consenso teórico estabelecido entre os membros das comunidades de pesquisadores.

    A verdade, portanto, como a razão, está na História e é histórica.

    Também as transformações internas à própria Filosofia modificam a concepção da verdade. A teoria da verdade como correspondência entre coisa e idéia, ou fato e idéia, liga-se à concepção realista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do objeto do conhecimento, ou realidade, sobre o sujeito do conhecimento. Ao contrário, a concepção da verdade como coerência interna e lógica das idéias ou dos conceitos liga-se à concepção idealista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do sujeito do conhecimento ou do pensamento sobre o objeto a ser conhecido.

    As concepções históricas e as transformações internas ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade para que o saber possa realizar-se.

    As verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a idéia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca do verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso-comum, o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.

    * AS EXIGÊNCIAS FUNDAMENTAIS DA VERDADE

    Se examinarmos as diferentes concepções da verdade, notaremos que algumas exigências fundamentais são conservadas em todas elas e constituem o campo da busca do verdadeiro:

    1. compreender as causas da diferença entre o parecer e o ser das coisas ou dos erros;

    2. compreender as causas da existência e das formas de existência dos seres;

    3. compreender os princípios necessários e universais do conhecimento racional;

    4. compreender as causas e os princípios da transformação dos próprios conhecimentos;

    5. separar preconceitos e hábitos do senso comum e a atitude crítica do conhecimento;

    6. explicitar com todos os detalhes os procedimentos empregados para o conhecimento e os critérios de sua realização;

    7. liberdade de pensamento para investigar o sentido ou a significação da realidade que nos circunda e da qual fazemos parte;

    8. comunicabilidade, isto é, os critérios, os princípios, os procedimentos, os percursos realizados, os resultados obtidos devem poder ser conhecidos e compreendidos por todos os seres racionais. Como escreve o filósofo Espinosa, o Bem Verdadeiro é aquele capaz de comunicar-se a todos e ser compartilhado por todos;

    9. transmissibilidade, isto é, os critérios, princípios, procedimentos, percursos e resultados do conhecimento devem poder ser ensinados e discutidos em público. Como diz Kant, temos o direito ao uso público da razão;

    10. veracidade, isto é, o conhecimento não pode ser ideologia, ou, em outras palavras, não pode ser máscara e véu para dissimular e ocultar a realidade servindo aos interesses da exploração e da dominação entre os homens. Assim como a verdade exige a liberdade de pensamento para o conhecimento, também exige que seus frutos propiciem a liberdade de todos e a emancipação de todos;

    11. a verdade deve ser objetiva, isto é, deve ser compreendida e aceita universal e necessariamente, sem que isso signifique que ela seja "neutra" ou "imparcial", pois o sujeito do conhecimento está vitalmente envolvido na atividade do conhecimento e o conhecimento adquirido pode resultar em mudanças que afetem a realidade natural, social e cultural.

    Como disseram os filósofos Sartre e Merleau-Ponty, somos "seres em situação" e a verdade está sempre situada nas condições objetivas em que foi alcançada e está sempre voltada para compreender e interpretar a situação na qual nasceu e à qual volta para trazer transformações. Não escolhemos o país, a data, a família e a classe social em que nascemos - isso é nossa situação -, mas podemos escolher o que fazer com isso, conhecendo nossa situação e indagando se merece ou não ser mantida.

    A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e poderosa. Frágil porque os poderes stabelecidos podem destruí-la, assim como mudanças teóricas podem substituí-la por outra. Poderosa, porque a exigência do verdadeiro é o que dá sentido à existência humana. Um texto do filósofo Pascal nos mostra essa fragilidade-força do desejo do verdadeiro:

    O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza: mas é um caniço pensante. Não é preciso que o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para matá-lo. Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o Universo nada sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar.

    Fonte: http://br.groups.yahoo.com/group/PortAberta/message/2092
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    February 09, 2012

    Quem tem um bom amigo encontrou um bom tesouro

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    Sou tão grata pelos amigos que tenho!

    Pessoas inteligentes, sábias, generosas, melhores do que eu e que ensinam - por meio de palavras e atitudes - o que é amor, integridade e compromisso.

    Uns tem mais de 30 anos de caminhada, outros apenas alguns meses, mas todos muito especiais, preciosos, queridos.

    Muito obrigada ; )!

    PS- Para você com carinho, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=r_ZCrT-y9wE
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    February 08, 2012

    Se joga ; )!

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    "Quer saber, abraça o que é teu.
    .Abraça o que te faz bem.
    .Abraça o que te faz feliz!"

    ....................Caio Fernando de Abreu
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    February 07, 2012

    Se liga ; )!

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    "Não tenha medo de viver, de correr atrás dos sonhos.
    .Tenha medo de ficar parado".

    .........................................Anita Garibaldi
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    February 06, 2012

    O luto

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    Na perspectiva humana:

    Na perspectiva espiritual:
    • Porque as misericórdias do Senhor não tem fim, elas se renovam a cada manhã (Lm 3: 23).
    • O grão tem de morrer para dar fruto (Jo 12: 24).
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    February 05, 2012

    Reflexões sobre a mentira

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    Hoje a Folha publicou um artigo sobre o suposto suicídio de Wladimir Herzog.

    O desabafo do fotógrafo Silvaldo Leung Vieira é tocante:

    "Ainda carrego um triste sentimento de ter sido usado para montar essas mentiras. Tudo foi manipulado e infelizmente acabei fazendo parte dessa manipulação. Depois me dei conta que havia me metido em uma roubada. Isso aconteceu porque eles precisavam simular transparência".

    Confesso que me solidarizo com a dor dele.

    Muitas vezes a gente sabe o que é certo, mas anestesia o coração e a alma, e inocentes que não tem nada a ver com a história é que são prejudicados (deixam de ser indivíduos para se tornarem números estatísticos).

    O que mais me assusta não é o mal que cerca o mundo, mas quando somos nós os cúmplices ou os agentes do mal (porque mentira não é apenas distorcer a verdade, mas ocultá-la também).

    Que Deus nos dê graça e misericórdia!
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    February 04, 2012

    Segundas intenções

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    Chérie,

    no finde li o excelente Segundas intenções do rabino Nilton Bonder e separei alguns insights (espero que curta ; )!

    Bjs,

    KT

    Até que ponto os prazeres nos separam de Deus ou do sagrado em nossa essência?

    Freud disse que o Ego e o mundo espiritual só podem se desenvolver quando os impulsos são contidos.

    Sagrado é a capacidade de conter um impulso justamente quando não há possibilidade de implicações desagradáveis. Quando decisões são praticadas a partir de valores e sensibilidades do que é certo ou errado, abandonamos a dimensão animal e nos elevamos à qualidade humana. O rompimento com o animal estaria justamente não na liberdade de exercer seus impulsos e desejos, mas de contê-los.

    O sagrado surge no momento em que uma pessoa santifica (sacrifica) algo que lhe pertence ou que lhe era permitido. Abrir mão de um desejo sem que isto esteja atrelado a alguma forma de sanção produziria o sagrado. Ou seja, o sagrado seria a forma mais sofisticada de liberdade.

    O mais poderoso arbítrio do livre-arbítrio é coibir-se.

    O ser humano abre mão de sua dependência não pela autonomia plena, mas pela obediência, pela sujeição eleita por arbítrio. O antídoto é o compromisso - naassé ve-nishmá - faremos e então discerniremos. O texto sagrado propõe este ato revolucionário de contracultura à consciência humana que é a de sua suspensão temporária para poder acatar e obedecer antes de discernir.

    Ha mais grandeza na escolha por obedecer do que na escolha pelo discernimento. Segundo Martin Buber, há maior importância no compromisso do que no discernimento.

    Nas palavras de Rabi Zeira, uma criança aprende a mentir a partir das promessas que os adultos fazem e não cumprem.

    Diferença entre o sujeito se expõe à vida quando transgride (Davi) x o defensor presente e em guarda antes que as conseqüências se apresentem (Caim).

    Para a consciência existir é preciso ter que interagir com o inesperado, com a lama das estradas da vida.

    A vida contempla os lamaçais. Por mais atento que se esteja, mais cedo ou mais tarde você cairá num deles. E quando isto acontecer, vai precisar dos recursos, ou seja, dos cavalos fortes para arrancá-lo de lá. Por isso vale a pena investir em recursos para lidar com as estradas da vida. Provisões de todo tipo - econômica, intelectual e emocional - farão a diferença. Por outro lado, podemos ficar atentos e evitar os lamaçais. É melhor estar preparado para evitar a lama do que fazer esforços para desatolar. Ou seja, nem toda lama da estrada tem que ser experimentada ou testada. Vale a pena se precaver, e isso diz respeito a riscos, falas e feitos desnecessários. Se prestarmos atenção, não repetiremos o que não precisa ser repetido. Se estivermos atentos, não seremos imaturos ao testar limites pagando o preço de ousadias e precipitações. Porém, nos dois casos, não importa o quão vigilante você fica ou quão forte você é, haverá momentos na vida onde ocorrerá o desconforto da lama, pois ela é uma característica da existência.

    Diz o Talmude que quatro tipo de pessoas não podem ver a shechiná: o cínico, o hipócrita, o malicioso e o mentiroso.

    Conhecer a criança e o ladrão que há dentro de nos é uma tarefa para toda a vida.

    Com uma criança, você aprende:
    - alegrar-se sem razão alguma
    - nunca desperdiçar um único momento da vida
    - exigir o que quer em alta voz

    Com um ladrão, a:
    - fazer seu trabalho secretamente
    - se não completar seu trabalho numa noite, voltar na seguinte
    - ser solidário com seus companheiros
    - arriscar a vida para atingir seus objetivos
    - estar disposto a perder tudo por um ínfimo ganho
    - estar preparado para suportar dificuldades
    - ser dedicado ao seu trabalho sem sequer hesitar em mudar de ofício

    (Martin Buber)
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    February 03, 2012

    Salmo 3

    Nova Tradução na Linguagem de Hoje
    1. Ó SENHOR Deus, tenho tantos inimigos! São muitos os que se viram contra mim!
    2. Eles conversam a meu respeito e dizem: "Deus não o ajudará!"
    3. Mas tu, ó SENHOR, me proteges como um escudo. Tu me dás a vitória e renovas a minha coragem.
    4. Eu chamo o SENHOR para me ajudar, e lá do seu monte santo ele me responde.
    5. Eu me deito, e durmo tranqüilo, e depois acordo porque o SENHOR me protege.
    6. Não tenho medo dos milhares de inimigos que me ameaçam de todos os lados.
    7. Vem, ó SENHOR! Salva-me, meu Deus! Tu atacas os meus inimigos; tu humilhas os maus e acabas com o seu poder.
    8. És tu que dás a vitória. Ó SENHOR Deus, abençoa o teu povo.
    Vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=j2xdQu5WH_A
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    February 02, 2012

    Ethos, a morada do ser

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    A ÉTICA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HOJE

    Mario Sergio Cortella
    Professor-Titular do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP

    Ressaltemos desde o início: a ética é uma questão absolutamente humana. Só se pode falar em ética quando se fala em humano, porque a ética tem um pressuposto: a possibilidade de escolha. A ética pressupõe a possibilidade de decisão, ética pressupõe a possibilidade de opção.

    É impossível falar em ética sem falar em liberdade. Quem não é livre não pode, evidentemente, ser julgado do ponto de vista da ética. Outros animais, ao menos nos parâmetros que utilizamos, agem de forma instintiva, não deliberada, sem uma consciência intencional. Cuidado. Há quem diga: “Eu queria ser livre como um pássaro”; lamento profundamente, pois pássaros não são livres, pássaros não podem não voar, pássaros não podem escolher para onde voam, pássaros são pássaros. Se você quiser ser livre, você tem de ser livre como um humano. Pensemos em algo que pode parecer extremamente horroroso: como disse Jean-Paul Sartre, nós somos condenados a ser livres.

    Da liberdade, vêm as três grandes questões éticas que orientam (mas também atormentam, instigam, provocam e desafiam) as nossa escolhas: Quero? Devo? Posso? Retomemos o cerne: o exercício da ética pressupõe a noção de liberdade. Existe alguém sobre quem eu possa dizer que não tem ética? É possível falar que tal pessoa “não tem ética”? Não, é impossível. Você pode dizer que ele não tem uma ética como a tua, você pode dizer que ele tem uma ética com a qual você não concorda, mas é impossível dizer que alguém não tem ética, porque ética é exatamente o modo como ele compreende aquelas três grandes questões da vida: devo, posso, quero?

    Tem coisa que eu devo mas não quero, tem coisa que eu quero mas não posso, tem coisa que eu posso mas não devo. Nessas questões, vivem os chamados dilemas éticos; todas e todos, sem exceção, temos dilemas éticos, sempre, o tempo todo: devo, posso, quero? Tem a ver com fidelidade na sua relação de casamento, tem a ver com a sua postura como motorista no trânsito; quando você pensa duas vezes se atravessa um sinal vermelho ou não, se você ocupa uma vaga quando vê à distância que alguém está dando sinal de que ele vai querer entrar; quando você vai fazer a sua declaração de Imposto de Renda; quando você vai corrigir provas de um aluno ou de um orientando seu; quando você vai cochilar depois do almoço, imaginando que tem uma pia de louça que talvez seja lavada por outra pessoa, e como você sabe que ela lava mesmo, e que se você não fizer o outro faz, você tem a grande questão ética que é: devo, posso, quero? Por exemplo, quando se fala em bioética: podemos lidar com clonagem? Podemos, sim. Devemos? Não sei. Queremos? Sim. Clonagem terapêutica, reprodutiva? É uma escolha. Posso eu fazer um transplante intervivos? Posso. Devo, quero? Tem coisa que eu devo, mas não quero; aliás, a área de Saúde, de Ciência e Medicina, é recheada desses dilemas éticos. Tem muita coisa que você quer, mas não pode, muita coisa que você deve, mas não quer.

    Na pesquisa, já imaginou? Por que montamos comitês de pesquisa, por que a gente faz um curso sobre ética na pesquisa? Porque isso é complicado, e se fosse uma coisa simples, a gente não precisava fazer curso, não precisava estudar, não precisava se juntar. É complicadíssimo, porque estamos mexendo com coisas que têm a ver com a nossa capacidade de existir. Quando se pensa especialmente no campo da ética, a relação com a liberdade traz sempre o tema da decisão, da escolha. Por que estou dizendo isso? Porque não dá para admitir uma mera repetição do que disseram muitos dos generais responsáveis pelo holocausto e demais atrocidades emanadas do nazismo dos anos de 1940. Exceto um que assumiu a responsabilidade, todos usaram o mesmo argumento em relação à razão de terem feito o que fizeram. Qual foi? “Eu estava apenas cumprindo ordens”. “Estava apenas cumprindo ordens”, isso me exime da responsabilidade? Estava apenas obedecendo... Essa é uma questão séria, sabe por quê? Porque “estava apenas cumprindo ordens” implica a necessidade de pensarmos se a liberdade tem lugar ou não.

    Ética tem a ver com liberdade, conhecimento tem a ver com liberdade, porque conhecimento tem a ver com ética. Por isso, se há algo que também é fundamental quando se fala em ciência, ética na pesquisa e produção do conhecimento, é a noção de integridade. A integridade é o cuidado para se manter inteiro, completo, transparente, verdadeiro, sem máscaras cínicas ou fissuras. Nessa hora, um perigo se avizinha: assumir- se individual ou coletivamente uma certa “esquizofrenia ética”. Ela desponta quando as pessoas se colocam não como inteiras, mas repartidas em funções que pareceriam externas a elas. Exemplos? “Eu por mim não faria isso, mas, como eu sou o responsável, tenho de fazê-lo”. Ora, eu não sou eu e uma função, eu sou uma inteireza, eu não sou eu e um professor, eu e um pesquisador, eu e um diretor, eu e um Secretário, eu sou um inteiro. “Eu por mim não faria”, então eu não faço!

    Cautela! Coloca-se um estilhaçamento da integridade: “Eu, por mim, não lhe reprovaria, mas como eu sou seu professor, eu tenho que reprovar”; “Eu, por mim, não lhe mandaria embora, mas como eu sou seu chefe...”; “Eu, por mim, não lhe suspenderia, mas como eu sou seu superior...”; “Eu, por mim, não faria isso, mas como eu sou o contador...”; “Eu, por mim, não faria isso, mas como eu sou o responsável pelo laboratório...”.: “Eu por mim não faria”, então eu não faço; “Eu por mim não lhe reprovaria”, então não reprovo. De novo: eu não sou eu e uma função, eu não sou eu e um pesquisador, eu e um chefe do laboratório, eu e um diretor de instituto, eu e um Secretário... O esboroamento da integridade pessoal e coletiva é a incapacidade de garantir que a “casa” fique inteira, e para compreender melhor a idéia de “casa íntegra”, vale fazer um breve passeio pelas palavras. Talvez as pessoas que estudaram um pouco de etimologia se lembrem que a palavra ética vem pra nós do grego ethos, mas ethos, em grego, até o século VI a. C., significava morada do humano, no sentido de caráter ou modo de vida habitual, ou seja, o nosso lugar. Ethos é aquilo que nos abriga, aquilo que nos dá identidade, aquilo que nos torna o que somos, porque a sua casa é o modo como você é, onde está a sua marca. Mais tarde, esse termo para designar também o espaço físico foi substituído por oikos. Aliás, o conhecimento mais valorizado na sociedade grega era o que cuidava das regras da casa, para a gente poder viver bem e para deixar a casa em ordem. Como o vocábulo nomos significa “regra” ou “norma”, passou-se a ter a oikos nomos (a economia) como a principal ciência. No entanto, a noção original de ethos não se perdeu, pois os latinos a traduziram pela expressão more, ou mor, que acabou gerando pra nós também uma dupla concepção; uma delas é “morada”, e a outra, que vai ser usada em latim, é o lugar onde você morava, o seu habitus. Olha só, a expressão “o hábito faz o monge” não tem a ver com a roupa dele, habitus; habitus é exatamente onde nós vivemos, o nosso lugar, a nossa habitação.

    Quando se pensa em ética e produção do conhecimento hoje, a grande questão é: como está a nossa possibilidade de sustentar a nossa integridade; essa integridade, como se coloca? A integridade da vida individual e coletiva, a integridade daquilo que é mais importante, porque uma casa, ethos, tal como colocamos, é aquela que precisa ficar inteira, é aquela que precisa ser preservada. Como está a morada do humano? Essa morada do humano desabriga alguém? Alguém está fora da casa, alguém está sem comer dentro dessa casa? Alguém está sem proteção à sua saúde, alguém está sem lazer dentro dessa casa? Essa morada do humano é inclusiva ou é exclusiva? Essa morada do humano lida com a noção de qualidade em ciência, ou lida com a noção de privilégio? Cuidado. Duas coisas que se confundem muito em ciência são qualidade e privilégio; qualidade tem a ver com quantidade total, qualidade é uma noção social, qualidade social só é representada por quantidade total. Qualidade sem quantidade não é qualidade, é privilégio. São Paulo é uma cidade em que se come muito bem, é verdade; quem come, quem come o quê? Qualidade sem quantidade total não é qualidade, é privilégio. Todas as vezes em que se discute essa temática, aparece a noção de uma qualidade restrita, e qualidade restrita, reforcemos, é privilégio. Nesse sentido, a grande questão volta: será que, na morada do humano, alguém está desabrigado? Será que essa casa está inteira, ela está em ordem nessa condição? Nessa nossa casa, quando a gente fala em cuidado, é o mesmo que falar em saúde; aliás, quando digo: “eu te saúdo”, ou, “queria fazer aqui uma saudação”, etimologicamente é a mesma coisa. Saudar é procurar espalhar a possibilidade de cuidado, de atenção, de proteção. Nossa casa, que casa é essa? Há nela saúde? A ética é a morada do humano; como essa casa é protegida? Qual é o lugar da ciência dentro dela? Qual é o papel que ela desempenha? Qual é a nossa tarefa nisso, para pensar exatamente aquelas três questões: posso, devo, quero?

    É claro que essas questões e suas respostas não são absolutas, elas não são fechadas, elas são históricas, sociais e culturais. A mesma pergunta não seria feita do mesmo modo há vinte anos; a grande questão no nosso país há cento e cinqüenta anos, a grande questão ética há cento e cinqüenta anos era se eu podia açoitar um escravo e depois cuidar dele, ou só açoitá-lo e deixá-lo pra ser cuidado pelos outros; se eu poderia extrair o dente de alguém, se é mais recomendável para o dentista que ele faça a extração ou que ele tente o tratamento. Há alguns anos, algumas décadas, uma discussão de natureza ética era algo que nem passaria pela cabeça de um dentista. A pessoa chegava ao seu consultório e dizia: “Eu quero que o senhor arranque todos os meus dentes”. Ele respondia: “Tá bom”; hoje, você tem outra questão. O mesmo vale em relação ao uso de contraceptivos ou à legalização do aborto consentido, ou ainda sobre a separação entre princípios religiosos e conduta científica. Quando se pensa na manutenção da integridade, do devo, posso e quero, a grande questão, junto com essa tríade, é se estamos dirigindo, como critério último, a proteção da morada do humano, da morada coletiva do humano. Afinal de contas, não somos humanos e humanas individualmente, pois só o somos coletivamente. Fala-se muito em vivência, quando referimos a vida humana; no entanto, o mais correto seria sempre dizer convivência, pois ser humano é ser junto. Desse modo, a noção de ethos, a noção de morada do humano, oferece um critério para responder ao posso, devo e quero, que é: protejo eu a morada ou desprotejo? Incluo ou excluo? Vitimo ou cuido?

    Em um livro delicioso e de complexa leitura, Ética da Libertação, Enrique Dussel escreve sobre um percurso da história da ética dentro do mundo. Começa exatamente mostrando o lugar que a reflexão ética ocupa na história humana, mas conclui com algo que alguns até achariam curioso, hoje: ele não aceita a noção do termo exclusão, ou falar em excluídos, porque acha que a noção de excluído é muito pequena e insuficiente. Dussel, ao pensar a Ética e os processos sociais, econômicos e culturais, trabalha com a noção de vítimas: as vítimas do sistema, as vítimas da estrutura. Pensa ele que, quando se fala em excluído, dá-se a impressão de que é uma coisa um pouco marginal, lateral, enquanto vitimação é uma idéia mais robusta e incisiva. A principal virtude ética nos nossos tempos, para poder manter a integridade e cuidar da casa, da morada do humano, é a incapacidade de desistir, é evitar o apodrecimento da esperança, é evitar aquilo que padre Antonio Vieira apontou, no começou de um de seus Sermões, da seguinte maneira: “O peixe apodrece pela cabeça”. Já viu um peixe apodrecer? Tal como algumas pessoas, ele apodrece da cabeça para o resto do corpo... Um olhar sobre a ética em ciência e na pesquisa tem uma finalidade: manter a nossa vitalidade, manter a nossa vitalidade ética, mostrar que nós estamos preocupadas e preocupados, que a gente não se conforma com a objetividade tacanha das coisas, que a gente não acha que as coisas são como são e não podem ser de outro modo, que a gente não se rende ao que parece ser imbatível.

    Ser humano é ser capaz de dizer não, ser humano é ser capaz de recusar o que parece não ter alternativa, ser humano é ser capaz de afastar o que parece sem saída. Ser humano é ser capaz de dizer não, e só quem é capaz de dizer não pode dizer sim; aí está a nossa liberdade. Tem gente que diz assim: “Ah, a minha liberdade acaba quando começa a do outro”; cuidado, a minha liberdade acaba quando acaba a do outro. Liberdade, como saúde, tem de ser um conceito coletivo, a minha liberdade não acaba quando começa a do outro, a minha liberdade acaba quando acaba a do outro. Se algum humano não for livre, ninguém é livre, se algum homem ou mulher não for livre da falta de trabalho, ninguém é livre; se algum homem ou mulher não for livre da falta de socorro, de saúde, ninguém é livre; se alguma criança não for livre da falta de escola, ninguém é livre; a minha liberdade não acaba quando começa a do outro, minha liberdade acaba quando acaba a do outro. Ser humano é ser junto, e é em relação a isso que vale pensarmos nossa capacidade de dizer não a tudo que vitima e sermos capazes de proteger o que eleva a Vida. O vínculo da Ética com a Produção do Conhecimento está relacionado à capacidade deste de cuidar daquela, isto é, manter a integridade digna da vida coletiva. Ética é a possibilidade de recusar a falência da liberdade, a ética é a nossa capacidade de recusar a idéia de que alguns cabem na nossa casa, outros não cabem; alguns comem, outros não comem; alguns têm graça, outros têm desgraça.

    A ética é o exercício do nosso modo de perceber como é que nós existimos coletivamente, e então pensar com seriedade naquilo que François Rabelais vaticinou: “Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque não quiseram, quando podiam”.

    Quero? Devo? Posso?

    Fonte: http://www.apropucsp.org.br/revista/r27_r15.htm
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    PS- Para entender mais um pouco, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=L_V0Y0lFJUs

    February 01, 2012

    Tempo de ser feliz

    Eclesiastes 3

    Nova Tradução na Linguagem de Hoje
    1. Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião.
    2. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar;
    3. tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir.
    4. Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; tempo de chorar e tempo de dançar;
    5. tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las; tempo de abraçar e tempo de afastar.
    6. Há tempo de procurar e tempo de perder; tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
    7. tempo de rasgar e tempo de remendar; tempo de ficar calado e tempo de falar.
    8. Há tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz.
    Para ler na íntegra, acesse:  http://www.bibliaonline.net/biblia/?livro=21&versao=2&capitulo=3&leituraBiblica=&tipo=&ultimaLeitura=&lang=pt-BR
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