April 30, 2013

A corrida


  1. Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos está proposta,
  2. tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.
  3. Considerem aquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, de forma que vocês não se cansem nem se desanimem.
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Como chegar bem ao final

- pr. Almir Salles

Quero fazer uso do texto lido para fortalecer nosso ânimo quanto aos desafios do próximo ano.

O texto começa com a palavra “portanto”. Isso nos remete ao capítulo anterior, conhecido como “galeria dos heróis da fé”. Homens e mulheres que servem de exemplo de pessoas que realizaram grandes feitos por conta de sua fé. O escritor sagrado nos leva a imaginar que estamos num grande estádio lotado por pessoas com essas características sentadas nas arquibancadas e torcendo por nós. Não são meros espectadores, são também exemplos para nós. E nós estamos lá embaixo, como verdadeiros atletas, prontos para a competição.

Esta competição é nossa vida cristã e para chegarmos ao final de 2013 cheios de energia, vigor e ânimo, precisamos atentar para duas recomendações importantes:

1. Livrar-se de tudo o que nos atrapalha (v. 1): A ideia é a de que para correr bem precisamos estar em forma. Quando o atleta se prepara para competir, precisa fazer muitos exercícios, precisa de muita disciplina e tem que ficar longe de alguns prazeres.

Quando leio esse texto uma imagem que vem a minha mente é a de alguém que quer competir numa corrida, mas está fora de forma (gorda), cheia de pesos presos aos pés. Para viver a vida cristã de forma eficaz, também precisamos de exercícios e disciplina para nos livrar do que atrapalha. O que seriam algumas dessas coisas além do pecado?

Arrisco-me a enumerar algumas:

a) Trabalho excessivo;
b) Dependência de outras pessoas;
c) Falta de autoconhecimento;
d) Falta de cultura;
e) Saúde física debilitada;
f) Vida desorganizada;
g) Falta de objetivos.

Acho que cada um de nós pode descobrir quais são as coisas que o atrapalham viver bem a vida cristã.

Tudo isso precisa vir acompanhado de perseverança. Vida cristã é como uma maratona de 42 Km. Para viver a vida cristã e chegar bem no final do próximo ano (e dos próximos) precisamos abandonar os pesos que nos atrapalham e com perseverança continuar correndo.

2. Manter-se concentrado (vv. 2 e 3): Um atleta também precisa estar concentrado para disputar a prova. Ele precisa conhecer bem os detalhes e não pensar em outra coisa que não seja a linha de chegada. Lembro-me quando praticava natação o treinador dizia: “quando o seu nome for chamado para a prova, não pense, não preste atenção em outra coisa que não seja a água, a piscina”.

Concentração total. Ter os olhos fitos (não tirar os olhos). É colocar cada membro do corpo, cada célula, em harmonia com um único objetivo. Para viver bem a vida cristã, precisamos olhar fixamente o alvo. Aliás, precisamos conhecer o alvo. Nesse caso nosso alvo é Jesus. Não deve haver nada em que nossos olhos fiquem fixos que não seja JESUS. Ele é o modelo, o padrão e também o alvo, a linha de chegada.

Quando leio que Ele é o autor e consumador da fé, penso na imagem do técnico ao nosso lado, nos incentivando, encorajando, animando e dizendo o tempo todo “vamos, você pode chegar lá”, “você pode dar mais do que isso”, “você pode vencer o desânimo”, “você pode vencer o medo”, “você pode vencer a depressão”, “você pode vencer o rancor” etc. Ele grita, veja o meu exemplo, veja a minha vida, faça como eu ensinei, eu sei que é difícil, sei que doi, sei que traz vergonha, mas olhe para mim. “Eu venci” e você também pode vencer.

Conclusão

Meus queridos, se atentarmos para o fato de que precisamos de disciplina, exercícios e dedicação para livrar-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado e mantermo-nos concentrados em Jesus, assim teremos a condição de chegar ao final do ano como diz o v. 3 - “para que vocês não se cansem nem desanimem”.

Amém!

Fonte: http://www.holiness.org.br/dc/mensagem.php?code=101
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April 19, 2013

Coragem!


A vida que sonhamos ter depende da determinação de ser quem somos

- Marcia de Luca

Ao nascer o ser humano recebe um presente: o livre arbítrio. Graças a ele temos o poder de traçar o nosso destino, criar a nossa realidade. Fazemos isso diariamente através de cada pequena e grande escolha - para o bem ou para o mal. A grande sacada é aprender a viver de maneira sábia, o que significa visar não apenas o bem estar individual, mas também o de todos os envolvidos, em cada situação que experimentamos.

Viver dessa forma exige coragem. Ao assumirmos definitivamente a coragem – de ser quem a gente é, de assumir os nossos pontos fortes e fracos, os nossos gostos... Somente a pessoa corajosa consegue ver a si mesma verdadeiramente, sem máscaras nem desculpas.

Ao assumirmos definitivamente a coragem, nossa vida se torna poderosa, grandiosa. E essa virtude passa a ser exercitada em todas as áreas de nossa vida: íntima, familiar, social, profissional e espiritual. E, quanto mais corajosos somos, mais adiante vamos - assumindo riscos, defendendo posições.

É o oposto do que faz um cachorrinho domesticado, o oposto que fazemos ao apenas seguir os conceitos estabelecidos pela sociedade. Quem apenas repete padrões de comportamento não tem coragem de ser diferente, de inovar, de se reinventar.

Este é o momento para você aprender a cantar a própria canção, desenvolver a coragem para decidir o que é melhor para si sem obedecer a normas e regras genéricas. É a hora certa para começar a ser autêntico, verdadeiro, único.

Para isso, é preciso quebrar o paradigma da segurança da forma míope como a entendemos no mundo ocidental - traduzindo-a em dinheiro e sucesso profissional. Para os mestres orientais, segurança é a sabedoria de apreciar a insegurança. E esse é o mecanismo que o universo usa para nos mostrar coisas novas, inusitadas, para nos surpreender.

Aprender a abraçar a insegurança significa manter acesa a chama da vida. O universo está sempre propondo surpresas. E o gosto de descobri-las pode ser imenso se nos abrirmos para a impermanência. A partir daí, nossa capacidade de apreciar a insegurança se torna paradoxalmente a maior de todas as seguranças. E é o que nos enche de coragem.

Ao trazer alegria, encantamento, romance, compaixão e coragem para sua vida, você estará afinando todos os instrumentos de sua orquestra interior para brilhar como uma estrela de primeira grandeza.

Então, coragem!

Fonte: Revista Gol, coluna Viver Bem, maio/2011.
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April 18, 2013

A crise, a paz, o amor e você

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Estamos em meio a uma grande oportunidade para mudar a nossa vida para muito melhor

- Marcia de Luca

Enquanto você está sentado, procure uma postura confortável, com a coluna ereta e os olhos fechados. Inspire profundamente, coloque sua atenção no momento presente e tenha a intenção de relaxar e aquietar a mente. Esqueça que o mundo lá fora existe. Esqueça as preocupações, esqueça os compromissos, os problemas.

Pare um instante para analisar como foi o último mês. O que você fez de bom para si mesmo e para os outros? Passou voando, não foi? E aposto o que você mais fez foi correr. Valeu a pena? Ou tanta correria foi como a do cachorrinho atrás do próprio rabo, que não chega a lugar nenhum? Muito provavelmente, esta é a resposta que a maioria de nós ouvirá. Corremos, nos estressamos, nos cansamos - e aqui estamos, exaustos, incompletos e no meio de uma crise mundial!

Puxa, que bom! Que bom quando o mundo inteiro está em crise! Explico: a história da humanidade é cíclica. Altos seguem baixos e assim por diante. As crises podem se tornar nossas grandes aliadas. Basta aquietarmos a mente, pararmos para pensar, analisarmos os velhos padrões de comportamento que se tornaram uma camisa de força.

Sabe, nós nos acostumamos com certas situações e continuamos na mesmice quando tanto já não nos serve mais. Esse tipo de atitude nos torna covardes além de acomodados. E então é preciso uma crise enorme como a atual para nos conscientizarmos de que é chegada a hora de tomar coragem - coragem para mudar, para recriar, para reinventar.

O meu presente para você neste dia é um desejo: o de que você crie uma nova realidade na sua vida. Em vez de se preocupar em ter milhões de coisas sem significado (como é de praxe na nossa sociedade), invente algo diferente. Está na hora de adotarmos uma nova moeda na nossa vida, a moeda do amor.

Que daqui para a frente, você pague com amor e receba amor. Pague com compaixão e receba compaixão. É implacável a lei do dar e receber, na mesma moeda, sempre.

Ao criar felicidade à sua volta – com pequenos gestos, atitudes cotidianas – você verá como a energia começa a fluir a sua volta e o mundo se torna melhor. Como será bom viver quando uma massa crítica de pessoas agir desta maneira!

Desejo a você, um dia repleto de Paz, Harmonia, Alegria e Amor.

Fonte: http://www.ciymam.com.br/midia/filosofia_2008_dezembro.htm
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April 17, 2013

Por que eu não consigo?

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- pr. Paulo Cardoso

Muitas vezes, tentamos eliminar as consequências das nossas vidas e não tratamos as causas que nos levam a elas. É aí que perguntar "por que?" para a sua alma tem tanta importância. Porque há algo que ela está tentando nos dizer a respeito daquilo que estamos sentindo e como estamos nos comportando.

Algumas coisas que fazemos são apenas a consequência de nossas ansiedades, carências e desconfortos interiores. Daí que se estas causas não forem tratadas, muitos de nós teremos dificuldade de livrar-nos daquilo que elas geram no nosso comportamento do dia a dia.

William Backus, autor do livro "Fale a verdade consigo mesmo" alerta que aquilo que dizemos para nós mesmos, acaba se transformando em emoções e comportamentos que passamos a ter.

É aí que temos que aprender a questionar esta fala interior, quando percebemos que ela está gerando algo adoecido em nossa vida. Foi o que Davi fez, quando perguntou para si mesmo: "Por que você está assim tão triste, minha alma?".

Por exemplo, quando dizemos que não conseguimos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, temos de parar e refletir sobre isto. Por que será que nós, realmente, não podemos parar, ou será que isto é o que sempre repetimos para nós mesmos e assumimos como uma verdade absoluta que está aprisionando o nosso modo de pensar e sentir?

A pergunta é: Por que nós não podemos parar? Por que é impossível? Por que nós dependemos disto para viver? Por que isto é o único prazer que resolvemos ter na vida? Não existe nada além disto? Por que é preciso fugir para isto? E por que sempre nestes momentos?

Pare e pense sobre o que você está, continuamente, dizendo para si mesmo a respeito disto. O que se tornou uma verdade para você e que, na verdade, não passa de um falso conceito, de algo que parece ser verdade, mas não é?

O fato é que se você só tiver um prazer em sua vida, é provável que em sua fala interior, você esteja, sempre, dizendo para si mesmo: "Eu tenho o direito de me dar este prazer, afinal, minha vida é tão sofrida...". Ou, então, "eu preciso disto para aliviar a minha tensão", ou "eu não posso viver sem isto, é a única coisa que me faz relaxar e me dá algum sabor na vida". Será que não é isto que você está dizendo no seu monólogo interior (naquilo que você conversa consigo mesmo o tempo todo)? Mas, será que isto é verdade? E será que isto não está envolvido pela culpa e por cobranças que você mesmo se faz?

Uma outra verdade, é que quanto mais tornamos o libertar-nos de uma coisa uma questão de vida ou morte e de uma repressão moral, mais ela se torna numa prisão em nossas mente e emoções. E, ao contrário, quanto mais nos amamos a nós mesmos, nos aceitamos em Deus e sabemos que Ele nos ama incondicionalmente, mais somos livres para poder fazer nossas escolhas como resultado da nossa consciência e liberdade interior e sairmos daquilo que nos faz mal.

Repressão vira pulsão que vira vulcão que acaba entrando em erupção. É simples assim. Por isso é que ninguém é liberto de nada que faça mal para si mesmo através do moralismo, mas de uma fé que age através do amor, de uma escolha que é resultado de uma consciência boa e clara diante de Deus, de si mesmo e da vida. Jesus disse que conhecer a verdade é que nos liberta.

Pense, num exemplo bem simples: há pessoas que sentem-se em profunda agonia emocional, porque estão há anos e anos seguindo a Jesus, mas nunca conseguiram se livrar do cigarro. Elas transformaram o livrar-se do cigarro numa questão de entrar ou não no céu, estar ou não entre os salvos, poder ou não ter acesso a Deus.

Só que elas estão abordando o problema de uma forma completamente errada. Porque o problema delas não é Deus. Deus as ama. Deus sabe o que as leva àquela atitude. Jesus já rasgou o escrito de dívida que era contrário a elas e que constava de ordenanças, e o encravou na cruz. Deus estava em Cristo reconciliando consigo os homens (o que inclui a elas), não atribuindo a eles os seus pecados (o que inclui a elas) e nos confiou o ministério da reconciliação. O problema não está em Deus. Jesus já gritou do alto da cruz: Está feito! Está pago! Está consumado!

O problema é que o cigarro tem cerca de 4.000 substâncias venenosas e diversas outras substâncias tóxicas, provoca câncer e muitas outras doenças. Não é uma questão moral, é uma questão de saúde e um problema social. É um problema para elas, porque está fazendo mal à saúde delas e das pessoas que com elas convivem, porque o cigarro prejudica, muito, os não fumantes que estão ao redor dos fumantes. Este é o problema. É assim que a questão tem que ser encarada: como uma questão de saúde e não como uma questão moral; como algo que está fazendo mal à pessoa e aos seus e não como uma questão religiosa.

O fato é que ninguém, absolutamente, ninguém se liberta de uma dependência emocional, física e mental se culpando e condenando moralmente. Isto é fato. Primeiro é preciso reconhecer que se tem um problema e questionar aquilo que nos acostumamos a acreditar como verdade a respeito daquilo, com tranquilidade e bom senso.

Quando podemos ver a coisa de uma forma mais sadia, já começamos a caminhar na direção da cura. Por que, de repente, descobrimos que outros, também, já passaram por isto, outros passam por isto e conseguiram sair disto. É uma questão humana. É coisa de gente. Cada um tem uma questão com alguma coisa. Alguns nunca colocaram um cigarro na boca, mas tem uma dificuldade enorme de controlar a ira. Outros, a crítica. Outros, o medo.

Por exemplo, nós dizemos que não temos autocontrole. Mas, será mesmo? Se disso depender a nossa vida, literalmente, será que não vamos ter autocontrole? Se for algo que está ali, bem diante dos nossos olhos, será que não vamos nos controlar? Se disto depender o nosso emprego, o nosso sustento, o pão dos nossos filhos, a vida de quem amamos, de uma forma dramática e visível, será que não vamos ser as pessoas mais controladas do mundo? Então, já não podemos mais afirmar que é impossível nos controlar, porque isto não é verdade. Parece verdade, nós sentimos como se fosse verdade - mas, é uma mentira.

Também se nós vivemos dizendo que nós somos assim e agimos desta ou daquela maneira, porque nossos pais são assim, nossos avós eram assim, e que todos em nosso meio são assim, estamos escolhendo falar uma mentira para nós mesmos. Nós vamos acreditar nela e até viver segundo ela, mas é uma mentira. Porque a Bíblia diz que nós podemos ser transformados pela graça de Jesus.

É claro que há a genética. Há exemplos. Há influências. Há a educação. Há circunstâncias. Há facilidades e dificuldades. E é claro que há situações e situações na história da nossa vida. Mas, ainda assim, nós podemos escolher pensar e ver as coisas de modo diferente.

A história está cheia de exemplos assim. Jacó teve muitos filhos e a maioria criou muitos problemas, mas José escolheu ser uma pessoa diferente. E, pela graça de Deus, ele foi. Jefté nasceu do relacionamento de seu pai com uma "mulher de programa", mas se tornou em um libertador e líder de seu povo, num momento de extrema crise. Nós podemos escolher agir diferente, se começarmos a pensar diferente e a crer diferente. É um processo, mas tem um início.

Agora, nós só podemos mudar algo em nós, quando podemos olhar aquele algo com um olhar diferente do que estávamos olhando anteriormente. Não com o olhar da culpa e da condenação, mas da consciência e da vida.

Se você pensar como sempre pensou, vai sentir como sempre sentiu e se comportar como sempre se comportou. Não é uma questão de convencer a si mesmo. Não é lavagem cerebral. Não é auto-indução. Não é o poder da mente. É sermos transformados por Deus através da renovação do nosso entendimento (Romanos 12:2). É muito diferente. É o poder de Deus se aperfeiçoando em nossa fraqueza. Só que sem culpas e neuroses, mas sabendo que Deus se importa conosco.

Deus sempre pode nos ajudar, não importa a situação. Mas, a primeira coisa é vê-lo conosco. É saber que o Seu amor é o que vai nos ajudar a vencer. Não o medo, não o ódio de si mesmo, não a autopunição, não a agressão a si mesma, não a repressão doentia - mas o amor de Deus e o passar a ver as coisas com consciência e sensatez.

Espero que estas palavras ajudem alguém que escolheu acreditar que não consegue. Oro para que estas simples palavras a ajudem a ver que o principal é tratar o que nos leva a agir como agimos e que podemos mudar quando entendemos que é o melhor para nós.

A graça de Deus é suficiente para nos socorrer. Deus não está contra nós, Ele está conosco querendo nos ajudar a vencer aquilo que está nos fazendo mal.

Nunca esqueça que não é um moralismo frio, é vida. E é isto porque Jesus nunca pregou moralismo - os fariseus já faziam isto - Ele pregou o amor de um Deus que é capaz de nos alcançar onde nós estivermos e nos levar onde planejou que nós estejamos. Um Deus que desce do Seu trono de glória e poder, se faz homem, em Jesus, e se entrega, por amor a nós, ensanguentado, no alto de uma cruz. É muito diferente!

Não se agrida, não se ofenda, não se bata, não se torture - fale consigo mesmo. Pergunte-se: Por que? E trate sua alma como uma criança que precisa ser curada e restaurada, não espancada e machucada. Jesus pagou um alto preço por você.

Talvez os fiscais da religião não concordem com o que escrevi, mas não escrevi para eles. Eles coam um mosquito, enquanto engolem um camelo.

Escrevi para gente sincera que ama a Deus e quer aprender um caminho mais sincero, verdadeiro e sadio para viver. Estamos todos aprendendo com Ele.

Pense nisto!

Fonte: http://www.encontrocomavida.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=4&sg=0&form_search=&pg=1&id=425
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April 16, 2013

Mudanças

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METANÓIA: basta concordar

- pr. Ariovaldo Ramos

Satanás nos venceu no jardim, que era o nosso ambiente. Por isto agora Jesus vai ao deserto, para vencer o inimigo no ambiente dele. O deserto é o lugar árido da solidão, da desolação. Com Jesus, Deus inaugura um novo mundo, uma nova fase de relacionamento. Não é mais a lei e sim a graça: é o novo mundo!

"Convém que Ele cresça e que eu diminua". Qdo João diz isto, é como se ainda existissem 2 ministérios paralelos. Ele não compreende que falando, Jesus não podia falar. E enquanto João não parou, o novo mundo não pôde começar. João não entendeu que era a última voz e, como não soube fechar a porta (pq Jesus é a porta), Deus teve de levá-lo.

E nós? O que é que temos de parar para Deus começar? O que estou fazendo, pensando, sentindo, sonhando... que deixo Deus em tempo de espera?

Note a paciência de Jesus, Ele fica em tempo de espera (Deus é um ser que agüenta não ser amado).

João não percebeu que o novo mundo só começaria quando ele parasse. O novo mundo começa quando a gente toma consciência. E pela graça, a gente não precisa fazer nada, só concordar que precisa parar. O resto é com Deus, o controle passa a ser dEle.

Uma edição antiga da revista Mensagem da Cruz (editora Bethânia) conta a história de uma tribo africana que capturava macacos com uma cumbuca que tinha uma pedrinha dentro. O macaco era atraído pelo barulho (se ele soltasse a pedra, a armadilha não prenderia mais a sua mão, porque era assim que ele era capturado). Jesus veio para nos libertar da paixão mórbida pela pedrinha e nos fazer agentes do mundo novo.

Qual é o mundo novo em:

- nossos relacionamentos familiares;
- nosso trabalho;
- sociedade;
- agir/escolher (quais as escolhas que não são mais viáveis)?

João devia estar deprimido: o seu primo nem foi visitá-lo na prisão, por isto pediu que seus discípulos perguntassem se Ele era mesmo o Messias. E Jesus teve de fazer milagres para responder: - Sou eu mesmo, vc é que não é mais vc - vc deixou de ser vc mesmo! Por isto o Altíssimo resolveu intervir, não há nada que eu possa fazer.

Reflexão: - Senhor, o que é que tem de parar na minha vida?

A gente só precisa concordar que precisa parar.

Vamos pedir que Deus liberte-nos da paixão pela pedrinha e nos ajude a concordar com Ele. Para que o novo mundo comece dentro de nós.

Fonte: Mensagem ministrada na IBAB dia 27/11/05 às 10h (resumo elaborado por KT).
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April 15, 2013

Pessoas mudam?

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Pessoas não mudam.

Essa é a tese de Po Bronson, em seu livro O que devo fazer da minha vida? (Editora Nova Fronteira). Depois de mais de 900 entrevistas, Bronson conta a história de 40 pessoas e chega à conclusão de que as pessoas falam em mudar, mas na verdade, mudam apenas quando não têm alternativa.

Essa é uma visão otimista, pois a IBM, em sua Conferência de Inovação Global realizada em novembro de 2004, buscou soluções científicas e tecnológicas para os grandes problemas atuais. No topo da agenda estava a questão da saúde, que custa aos Estados Unidos 1,8 trilhão de dólares ao ano (quase três vezes o PIB do Brasil). O fenômeno tão caro aos americanos é agravado pelo fato da constatação de outra pesquisa: diante de alternativa de mudar ou morrer, apenas 1 entre cada 10 pessoas realmente promove alterações em sua maneira de pensar e modifica seus hábitos e estilo de vida.

Sigmund Freud dizia que existem quatro fatores determinantes da transformação pessoal:

- o sofrimento;
- um grande amor;
- a psicanálise; e
- a experiência religiosa.

Concordo, apesar de crer que mudança não significa necessariamente tornar-se uma pessoa melhor. Muita gente muda para pior.

Não é todo mundo que sai do sofrimento aperfeiçoado. Paixão romântica é diferente de amor, e não necessariamente afeta desvios de caráter e personalidade. A análise não se propõe a mudar ninguém, mas a entregar a cada um a sua própria verdade. Daí por diante, as pessoas devem contar com seus recursos interiores para, de fato, ajustar suas vidas, e o problema é que nem todo mundo tem recursos interiores. A experiência religiosa, por sua vez, não pode ser confundida com o encontro com Deus, e, infelizmente, parece que a religião tem contribuído mais para adoecimentos do que para processos de saúde pessoal, comunitária e social.

Acho que o profeta hebreu tinha essa mesma sensação a respeito dos processos de transformação pessoal. Deve ter pronunciado com pesar o veredicto de Deus: "Será que o etíope pode mudar a sua pele? Ou o leopardo as suas pintas? Assim também vocês são incapazes de fazer o bem, vocês, que estão acostumados a fazer o mal" (Jeremias 13.23 NVI).

Mas não desisto. Pessoas mudam, sim.

Jacó mudou quando lutou com Deus. Mas teve que lutar muito antes de mudar. Lutou não porque Deus não quisesse transformá-lo, mas certamente porque ele, Jacó, se recusava a se deixar transformar. Geralmente é assim.

Mudar implica admitir erros e pecados; abandonar hábitos arraigados; romper relacionamentos duradouros; renunciar confortos convenientes; abrir mão de convicções antigas; aprender coisas novas, reeducar o corpo, a mente, as emoções; re-significar memórias; e, principalmente, outorgar perdão.

Mudar implica abandonar a ilusão e encarar a verdade. E a verdade geralmente dói. A verdade a nosso respeito,a respeito das pessoas que amamos e das pessoas que acreditamos que nos amam. Talvez por isso as pessoas mudem pouco, sejam poucas as pessoas que mudam, e as mudanças demorem a se solidificar.

Pessoas mudam, sim.

Mudam porque não há pecado ou culpa que Deus não possa perdoar. Mudam porque não há lugar tão distante ou abismo tão profundo que o amor de Deus não possa alcançar. Mudam porque Deus é especialista em transformações. É aquele que faz novas todas as coisas.

E sua graça é irresistível.

© 2005 Ed René Kivitz

Fonte: http://www.ibab.com.br/ed050904.html
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April 14, 2013

Lutando com Deus

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Jacó lutou com Deus no Vale de Jaboque. Disse a Deus "não te deixarei ir até que me abençoes". Literalmente, saiu no tapa com Deus, e levou a pior: foi ferido no nervo da coxa e passou o resto da vida mancando. Mas foi abençoado, e nesse sentido se deu bem. Seu nome deixou de ser Jacó, que quer dizer "aquele que age traiçoeiramente", e passou a se chamar Israel, "aquele que luta com Deus".

A pergunta por trás dessa história é por que um homem tem que lutar com Deus para ser abençoado? Estaria Deus se recusando a abençoar? Teria Deus má vontade em fazer o bem? Seria o caso de Deus não ser tão generoso quanto queremos acreditar? Será que as bençãos de Deus nós as conquistamos às custas de muito esforço, através de vigílias de oração, correntes de fé, jejuns, sacrifícios com ofertas financeiras, penitências, e tantas outras expressões próprias das religiões? Seria a nossa parte "tomar posse" das bençãos e a parte de Deus dificultar ao máximo o acesso aos seus favores para que somente os muito perseverantes os alcancem? Precisamos mesmo reivindicar o que é nosso? Enfim, por que a Bíblia diz que Jacó lutou com Deus até ser abençoado por Ele?

A luta com Deus não se justitifica pela necessidade de convencer Deus a abençoar. A luta com Deus não visa a mudar o coração de Deus em relação a nós e nossas necessidades e desejos. Lutamos com Deus porque queremos ser abençoados em nossos termos. Lutamos com Deus porque não queremos permitir que Ele transforme nossos corações e mentes. Lutamos com Deus porque nos recusamos a mudar. Lutamos com Deus porque queremos os favores de Deus e ao mesmo tempo queremos permanecer as mesmas pessoas que sempre fomos, agarradas aos mesmos vícios, padrões de pensamento, idéias fixas, comportamentos maléficos e sentimentos mesquinhos. Lutamos com Deus como quem diz "anda logo, responda a minha oração, atenda os meus anseios e não se meta na minha vida". Lutamos com Deus porque queremos impor sobre Ele nossa vontade, em vez de nos submetermos à sua vontade, que é sempre boa, perfeita e agradável.

O evangelho não é um caminho de conquista de bençãos. O evangelho é um convite à intimidade com Deus, numa caminhada onde nossos corações e mentes vão sendo transformados de modo a nos ocuparmos tanto com o reino de Deus, a justiça de Deus e a glória de Deus, que nem nos damos conta que as coisas que desejamos Deus no-las concede como expressão de seu cuidado paterno amoroso e fiel.

© 2006 Ed René Kivitz

Fonte: http://www.ibab.com.br/ed060226.html
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April 10, 2013

Um duelo de inteligências

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Chérie,

não sei se você teve oportunidade de ler este diálogo publicado na VEJA entre o novo papa e um rabino.

Em tempos de intolerância e de respostas fáceis onde as pessoas não sabem diferenciar dogma de fé, achei de uma humildade, lucidez e humanidade tão grandes que resolvi divulgar.

Abs,

KT
Conversa na Catedral

VEJA publica, com exclusividade, trechos dos diálogos entre Jorge Bergoglio, o então arcebispo de Buenos Aires e hoje papa Francisco, e o rabino Abraham Skorka. O resultado é um duelo de inteligências.

Não havia tema proibido nos encontros realizados semanalmente, ao longo de 2010, entre as duas maiores autoridades religiosas da Argentina — o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, e o rabino Abraham Skorka, doutor em química, professor de Bíblia e de literatura rabínica no Seminário Rabínico Latino-Americano. As conversas, quase sempre na catedral portenha, muitas vezes no escritório de Skorka, trataram de ateísmo, celibato, homossexualidade, aborto e divórcio.

O resultado foi transformado no livro Sobre o Céu e a Terra (tradução de Sandra Manha Dolinsky; Paralela; 208 páginas: 24,90 reais). Não há guia mais adequado para entender a cabeça do papa Francisco, o jesuíta com comportamento franciscano.

Ateísmo

Jorge Bergoglio - Quando me encontro com pessoas ateias, compartilho com elas as questões humanas, mas não toco de cara no problema de Deus, exceto no caso de falarem comigo sobre o assunto. Quando isso acontece, eu lhes conto por que acredito. O humano é tão rico para compartilhar, para trabalhar, que tranquilamente podemos complementar mutuamente nossas riquezas. Como sou crente, sei que essas riquezas são um dom de Deus. Também sei que o outro, o ateu, não sabe disso. Não encaro a relação para fazer proselitismo com um ateu, eu o respeito e me mostro como sou. Na medida em que haja conhecimento, aparecem o apreço, o afeto, a amizade. Não tenho nenhum tipo de reticência, não diria que sua vida está condenada, porque tenho certeza de que não tenho direito de julgar a honestidade dessa pessoa. Muito menos quando me mostra virtudes humanas, essas que engrandecem as pessoas e me fazem bem. De qualquer forma, conheço mais gente agnóstica que ateia; o primeiro é mais dubitativo, o segundo está convencido. Temos de ser coerentes com a mensagem que recebemos da Bíblia: todo homem é imagem de Deus, seja crente ou não. Por essa única razão, ele conta com uma série de virtudes, qualidades, grandezas. E caso tenha baixezas, como eu também as tenho, podemos compartilhá-las para nos ajudar mutuamente a superá-las.

Abraham Skorka - Concordo com o que o senhor disse: o primeiro passo é respeitar o próximo. Mas eu acrescentaria um ponto de vista: quando uma pessoa diz "eu sou ateu", acredito que está assumindo uma postura arrogante. A posição mais rica é a daquele que duvida. O agnóstico pensa que ainda não encontrou a resposta, agora o ateu tem certeza, 100%, de que Deus não existe. Tem a mesma arrogância de quem garante que Deus existe, tal como existe esta cadeira sobre a qual estou sentado. Nós, religiosos, somos crentes, não damos por cena Sua existência. Podemos percebê-la em um encontro muito, muito, mas muito profundo, mas nunca O vemos. Recebemos respostas sutis. A única pessoa que, segundo a Torá, explicitamente falava com Deus, cara a cara, era Moisés. Aos outros — Jacó, Isaac —, a presença de Deus chegava em sonhos ou em refrações. Dizer que Deus existe, como se fosse mais uma certeza, também é uma arrogância, por mais que eu acredite que Deus existe. Não posso afirmar superficialmente Sua existência porque tenho de ter a mesma humildade que exijo do ateu. O exato seria dizer — como Maimônides enuncia em seus treze princípios da fé — "eu acredito com fé plena que Deus é o Criador". Seguindo a linha de Maimônides, podemos dizer o que Deus não é, mas não podemos assegurar o que Deus é. Podemos mencionar suas qualidades, seus atributos, mas de jeito nenhum podemos lhe dar forma. Eu recordaria ao ateu que há uma perfeição na natureza que está enviando uma mensagem: podemos conhecer suas fórmulas, mas nunca sua essência.

Celibato

Bergoglio - Faço um esclarecimento: o sacerdote católico não se casa na tradição ocidental, mas pode fazê-lo na oriental. Ali casa-se antes de receber a ordenação; se já foi ordenado, então não pode se casar. E o laico católico, que vive em plenitude, está metido no mundo até o pescoço, mas sem se deixar levar pelo espírito do mundo. E isso é muito difícil. Agora, o que acontece conosco, os consagrados? Somos tão fracos que sempre há a tentação da incoerência. Queremos tudo, o bom da consagração e o bom da vida laica. Antes de entrar no seminário, eu andava por esse caminho. Mas depois, quando se cultiva essa escolha religiosa, encontra-se força nesse outro caminho. Eu, pelo menos, vivo assim, o que não impede que se conheça uma garota por aí. Quando eu era seminarista, fiquei deslumbrado por uma garota que conheci no casamento de um tio. Fiquei surpreso com sua beleza, sua luz intelectual... e, bem, andei confuso um bom tempo, pensava sem parar. Quando voltei ao seminário, depois do casamento, não consegui rezar ao longo de uma semana inteira, porque, quando me dispunha a orar, a garota aparecia em minha cabeça. Tive de voltar a pensar no que estava fazendo. Ainda era livre porque era seminarista, podia voltar para casa e tchau. Tive de repensar a opção. Tomei a escolher — ou a me deixar escolher — o caminho religioso. Seria anormal se não acontecessem coisas desse tipo. Quando isso acontece, temos de nos situar novamente. Temos de ver se voltamos a escolher ou dizemos: "Não, isso que estou sentindo é maravilhoso, tenho medo de que depois eu não seja fiel a meu compromisso. Vou deixar o seminário". Quando acontece algo assim com algum seminarista, eu o ajudo a ir em paz, a ser um bom cristão e não um mau padre. Na Igreja ocidental, à qual pertenço, os padres não podem se casar como nas igrejas católicas bizantina, ucraniana. russa ou grega. Nelas, os sacerdotes podem se casar; os bispos não, têm de ser celibatários. Eles são muito bons padres. Às vezes debocho deles, digo que têm mulher em casa, mas que não perceberam que também compraram uma sogra. No catolicismo ocidental, o tema é discutido impulsionado por algumas organizações. Por enquanto, a disciplina do celibato se mantém firme. Há quem diga, com certo pragmatismo, que estamos perdendo mão de obra. Se, hipoteticamente, o catolicismo ocidental revisasse o tema do celibato, acredito que o faria por razões culturais (como no Oriente), não tanto como opção universal. Por ora, sou a favor de que se mantenha o celibato, com seus prós e contras, porque são dez séculos de boas experiências, mais que de falhas. O que acontece é que os escândalos se veem logo. A tradição tem peso e validez. Os ministros católicos foram escolhendo o celibato pouco a pouco. Até o ano 1100, havia quem optasse por ele e quem não. Depois, no Oriente se seguiu a tradição não celibatária como opção pessoal, e no Ocidente o contrário. É uma questão de disciplina, não de fé. Isso pode mudar. Pessoalmente, nunca passou por minha cabeça me casar. Mas há casos. Veja o do presidente paraguaio Fernando Lugo, um sujeito brilhante. Mas, sendo bispo, teve um deslize e renunciou à diocese. Nessa decisão foi honesto. Às vezes surgem padres que caem nisso.

Skorka - E qual é a sua postura?

Bergoglio - Se um deles vem e me diz que engravidou uma mulher, eu o escuto, procuro fazer com que tenha paz e, pouco a pouco, faço-o perceber que o direito natural é anterior a seu direito como padre. Portanto, ele tem de deixar o ministério e assumir esse filho, mesmo que decida não se casar com essa mulher. Porque, assim como essa criança tem direito a ter uma mãe, tem direito a ter o rosto de um pai. Eu me comprometo a cuidar de toda a papelada em Roma, mas ele deve deixar tudo. Agora, se um padre me diz que se entusiasmou, que teve um deslize, eu o ajudo a se corrigir. Alguns padres se corrigem, outros não. Alguns, lamentavelmente, nem contam ao bispo.

Skorka - Que significa se corrigir?

Bergoglio - Fazer penitência, respeitar seu celibato. A vida dupla não nos faz bem. não gosto disso, significa substanciar a falsidade. Às vezes lhes digo: "Se não puder superar isso, decida-se".

Culpa

Bergoglio - A culpa pode ser entendida em duas acepções: como transgressão e como sentimento psicológico. Essa última não é religiosa; mais ainda, eu me atreveria a dizer que pode inclusive suprir um sentimento religioso, algo assim como a voz interior que diz que me enganei, que agi mal. Algumas pessoas são "culpogênicas", porque precisam viver em culpa; esse sentimento psicológico é doentio. Além disso, entender-se com a misericórdia de Deus parece muito mais fácil tendo esse sentimento de culpa, porque vou me confessar e pronto: o Senhor já me perdoou. Mas não é tão fácil, porque foi simplesmente para que lhe tirassem a mácula. E a transgressão é algo mais sério que uma mera mácula. Há pessoas que brincam com isso de culpa, e, então, transformam o encontro com a misericórdia de Deus em algo como ir à tinturaria, é só limpar a mancha. E assim vão degradando as coisas.

Skorka - Concordo totalmente. Uma coisa é o anedótico — os conselhos populares, a imagem da mãe judia "culpogênica" —, mas isso não tem nada a ver com a essência da concepção judaico-cristã da culpa, porque, quando alguém comete uma transgressão, existe uma possibilidade de se redimir. A pessoa tem de mudar para não tornar a cometer essa transgressão. Não basta dizer: "Eu me enganei", e acabou a história. É claro que ajuda fazer uma oração, realizar uma doação como um ato de caridade profundo, mas desde que sejam manifestações de uma elaboração sincera. Quando se fala que as religiões jogam com a transmissão da culpa judaico-cristã é uma incompreensão imensa, pois, nessa concepção, o fato de cometer uma transgressão não é o fim do mundo. Todo mundo pode se equivocar. mas é preciso reparar, consertar. E, acima de tudo, não tomar a cometer a falta.

Bergoglio - A mera culpa pertence ao mundo do idolátrico. É mais um recurso humano. A culpa sem reparação não me deixa crescer.

Aborto

Bergoglio - O problema moral do aborto é de natureza pré-religiosa, porque, no momento da concepção, está ali o código genético da pessoa. Ali já há um ser humano. Separo o tema do aborto de qualquer concepção religiosa. É um problema científico. Não deixar avançar o desenvolvimento de um ente que já tem todo o código genético de um ser humano não é ético. O direito à vida é o primeiro dos direitos humanos. Abortar é matar quem não pode se defender.

Skorka - O problema de nossa sociedade é que ela perdeu, em grande medida, o respeito pela sacralidade da vida. O primeiro ponto problemático é falar do aborto como se fosse um tema simples e o mais normal do mundo. Não é assim: por mais que seja uma célula, estamos falando de um ser humano. Portanto, o tema merece um âmbito muito especial de discussão. Vê-se frequentemente que todo mundo dá a sua opinião, sem informação exata, sem conhecimentos. O judaísmo, em termos gerais, condena o aborto, mas há situações em que é permitido. Por exemplo, quando a vida da mãe está em perigo. Há diversos casos em que se autoriza o aborto. Mas o interessante é que os antigos sábios judeus do Talmude o proibiram absolutamente nos outros povos quando analisaram as leis dos gentios, o que seria o jus gentium no Talmude. Minha interpretação é que, como sabiam do que acontecia em Roma, queriam evitar ter de discutir a possibilidade do abono em uma sociedade na qual a vida não era muito respeitada. Podemos encontrar no Talmude uma análise exaustiva da pena de morte. Embora esse castigo apareça na Torâ, alguns sábios são da opinião de que deve ser restringida até tomar impossível sua aplicação. E há quem defenda com argumentos uma postura menos restritiva. Os sábios de cada geração é que, com base nas conjunturas que enfrentarão, aplicarão a pena de acordo com um critério ou outro. Algo semelhante ocorre com o aborto. E claro que o judaísmo o abomina e condena, salvo no caso claro, como explica a Mishná, de que a mãe corra um inquestionável perigo de morte. Nessas ocasiões, privilegia-se sua vida.

União homossexual

Skorka - O modo como se tratou o tema do casamento homossexual foi, em meu entender, deficiente no que diz respeito à profundidade da análise que o assunto merece. Embora de fato já existam muitos casais do mesmo sexo que coabitam e merecem uma solução legal em questões como pensão, herança etc. — que bem podem se enquadrar em uma figura jurídica nova —, equiparar o casal homossexual ao heterossexual já é outra coisa. Não é só uma questão de crenças, e sim de ter consciência de que estamos tocando em um dos elementos mais sensíveis da constituição de nossa cultura. Faltaram mais análises e estudos antropológicos sobre a questão. Paralelamente a isso, é claro que se deveria ter dado maior espaço de informação aos credos, como portadores e formadores de cultura. Deveriam ter sido organizados debates no seio dos próprios credos, com suas variadas tendências, para formar um espectro completo de opiniões.

Bergoglio - A religião tem direito de opinar, pois está a serviço das pessoas. Se alguém pede um conselho, tenho direito de dá-lo. O ministro religioso às vezes chama a atenção sobre certos pontos da vida privada ou pública porque é o condutor dos fiéis. Mas não tem direito de forçar nada na vida privada de ninguém. Se Deus, na criação, correu o risco de nos fazer livres, quem sou eu para me meter? Nós condenamos o assédio espiritual, que acontece quando um ministro impõe de tal modo as normas, as condutas, as exigências, que priva a liberdade do outro. Deus deixou em nossas mãos até a liberdade de pecar. Temos de falar muito claro dos valores, dos limites, dos mandamentos, mas o assédio espiritual, pastoral, não é permitido.

Skorka – (...) A lei judaica proíbe relações entre homens. Estritamente, o que diz a Bíblia é que os homens não devem ter relações no estilo das que homens têm com mulheres. Disso se deduz toda uma postura. O ideal do ser humano, desde o Gênesis, é unir um homem e uma mulher. A lei judaica é clara: não pode haver homossexualidade. Por outro lado, eu respeito qualquer indivíduo, desde que mantenha uma atitude de recato e intimidade. Em relação à nova lei, não me convence do ponto de vista antropológico. Ao reler Freud e Lévi-Strauss quando se referem aos elementos formadores daquilo que conhecemos como cultura, e o valor que dão à proibição das relações incestuosas e à ética sexual, como base do processo de civilização, preocupam-me os resultados que essas mudanças podem produzir no seio de nossa sociedade.

Bergoglio - Penso exatamente a mesma coisa. Para defini-lo, eu utilizaria a expressão "retrocesso antropológico", porque seria debilitar uma instituição milenar criada de acordo com a natureza e a antropologia. Há cinquenta anos, o concubinato não era uma coisa socialmente tão comum como agora. Era até uma palavra claramente pejorativa. Depois, a situação foi mudando. Hoje, coabitar antes de se casar, embora não seja o correto do ponto de vista religioso, não tem o peso social pejorativo de cinquenta anos atrás. É um fato sociológico, que certamente não tem a plenitude nem a grandeza do casamento, que é um valor milenar que merece ser defendido. Por isso, alertamos sobre sua possível desvalorização, e, antes de modificar uma jurisprudência, é preciso refletir muito sobre tudo o que está em jogo. Para nós também é importante o que o senhor acaba de apontar, a base do direito natural que aparece na Bíblia, que fala da união do homem e da mulher. Sempre houve homossexuais. A ilha de Lesbos era conhecida porque ali viviam mulheres homossexuais. Mas nunca ocorreu na história que se tentasse dar a essa relação o mesmo status do casamento. Era tolerada ou não, admirada ou não, mas nunca equiparada.

Divórcio

Bergoglio - O tema do divórcio é diferente daquele do casamento de pessoas do mesmo sexo. A Igreja sempre repudiou a Lei de Divórcio Vincular, mas é verdade que há antecedentes antropológicos diferentes nesse caso. Nessa oportunidade, nos anos 1980, deu-se um debate mais religioso, porque o casamento até que a morte os separe é um valor muito fone no catolicismo. Hoje, entretanto, na doutrina católica recordamos a nossos fiéis divorciados e casados de novo que não estão excomungados — embora vivam em uma situação à margem daquilo que a indissolubilidade matrimonial e o sacramento do casamento exigem —, e lhes pedimos que se integrem à vida paroquial. As igrejas ortodoxas ainda têm uma abertura maior em relação ao divórcio. Naquele debate houve oposição, mas com matizes. Houve posições extremas que nem todos compartilhavam. Alguns diziam que era melhor que não se aprovasse o divórcio, mas também havia outros mais abertos ao diálogo do ponto de vista político.

Skorka - Na religião judia, a instituição do divórcio existe, sendo aplicada na Halachá, a legislação rabínica. É claro, é um drama. Não é uma questão de fé, como no catolicismo, porque sua posição deriva da leitura dos Evangelhos, que dizem que Jesus teve uma postura dura em relação ao divórcio, como a adotada pela casa de Shamai, conforme atesta o Talmude. Para o judaísmo, quando o casamento não dá certo, quando depois de muitos esforços para conciliar as partes as incompatibilidades persistem, então ajudamos a formalizar o ato de divórcio. Exponho o tema nesses termos porque, no judaísmo, o rabino ou o tribunal rabínico não declaram nem decretam o novo estado das panes, só supervisionam para que a dissolução seja de acordo com as normas. São o homem e a mulher que assumem e declaram seu novo estado, assim como quando se casam. É um ato íntimo do casal, supervisionado por um conhecedor da lei para confirmar que o realizado é correto. Por isso não foi tão conflituoso aquele debate. Algo parecido aconteceu quando foram discutidos os métodos de reprodução assistida. O judaísmo era a favor porque era uma maneira de ajudar Deus para que uma mulher pudesse ser mãe, para melhorar a condição do indivíduo sofredor. É uma postura mais dinâmica que a católica. O catolicismo é mais duro, tem posturas mais restritivas nesses temas. Mas, quando se levantam todas essas questões no seio de uma sociedade democrática, é preciso tentar chegar a consensos.

Fonte: VEJA, edição 2316, 10/04/13, pg 94-97.

Fonte: https://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2013/4/8/conversa-na-catedral

Comentários: : http://www.jmonline.com.br/novo/?noticias,22,ARTICULISTAS,78867
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April 07, 2013

Um coração grato, um dia por vez

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Chérie,

o que é importante de verdade?

Ter o coração ancorado no coração do Pai e viver destemido tudo o que Ele reservou para nós.

Dureza é que às vezes o que a gente tem é um coração murmurador e cheio de caprichos.

E é aí que a gente aprende com o testemunho dos outros a capacidade de viver o presente no presente e agradecer o milagre que é a vida.

Você conhece a história de Eliot?

Vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=Q4ewqdhrbfk

Descubra a certeza do que é ser amado e ser desafiado a amar assim.

Bjs,

KT

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=dPk2ZAr8ejI
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April 04, 2013

O tempo

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Muitas vezes o tempo do outro é diferente do nosso tempo.

É um tempo que nega a velocidade humana, construído quase à força. O resultado em câmera lenta é de uma ternura incomum, quase ingênua, mas verdadeira. Uma resistência à linguagem televisiva que se traduz na ausência de parágrafos.

Na contramão dos outros a aposta é no otimismo. Os problemas que enfrentamos são parte da vida e não um obstáculo intransponível criado por um mundo perverso – talvez acreditar demais no mundo, no ser humano.

Sempre há uma fronteira a ser vencida por alguém que decide arriscar-se por força de uma exigência material.

Que fronteira é essa, vigiada, perigosa?

Pouco importa: o que conta é o abandonar das pequenas coisas da vida, o telefone, o carro, a bolsa, os objetos, a casa.

Os tiros não dados pelos sentinelas acabam por confirmar que o pior não são os desfechos, mas as esperas.

Para refletir:

Para entender o valor de um ano,
pergunte a um estudante que não passou nos exames finais.
Para entender o valor de um mês,
pergunte a uma mãe que teve um filho prematuro.
Para entender o valor de uma semana,
pergunte ao editor de uma revista semanal.
Para entender o valor de uma hora,
pergunte aos apaixonados que estão esperando o momento do encontro.
Para entender o valor de um minuto,
pergunte a uma pessoa que perdeu o trem, ônibus ou avião.
Para entender o valor de um segundo,
pergunte a uma pessoa que sobreviveu a um acidente.
Para entender o valor de um milisegundo,
pergunte a uma pessoa que ganhou uma medalha de prata nas Olimpíadas.
O tempo não espera por ninguém.

Valorize cada momento de sua vida.
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April 03, 2013

Aviste seu oásis

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- Isabelle Ludovico

Como a maioria dos habitantes de cidades grandes, andamos geralmente estressados, tensos, aflitos, correndo de uma atividade para outra, sem intervalo para avaliar se as tarefas que enchem nossas agendas são realmente prioritárias. Precisamos separar um tempo para sair da rotina agitada e desgastante de nossas vidas e encontrar em nossos corações a fonte de água viva capaz de nos libertar e gerar transformações significativas na nossa perspectiva existencial.

O maior milagre que Deus realiza não é mudar as nossas circunstâncias, mas levar-nos a enxergá-las com o seu olhar amoroso, paciente, acolhedor, cheio de esperança e paz. Ou seja, mudar a nós mesmos: nosso olhar, nossas prioridades. Em vez de correr atrás de reconhecimento, tentando agradar as pessoas, ou de nos esconder para impedir que elas nos machuquem, somos convidados a deixar Seu amor suprir nossas carências e dissipar nossos medos.

No afã de sermos amados e valorizados, temos investido muito no nosso desempenho familiar e profissional e nos vários papéis que assumimos. Porém, nossa alma continua carente de um amor incondicional que só podemos encontrar em Deus. Nosso ativismo desenfreado acaba gerando um deserto em nós e ao redor de nós. Os relacionamentos se tornam superficiais, funcionais, azedados por expectativas irreais, cobranças e desencontros. Tentamos fugir do sentimento de inadequação com mais ocupações enquanto os meios de comunicação geram novos medos com sua avalanche de notícias ruins e novas necessidades, artificialmente produzidas, que aumentam a nossa frustração.

Uma inquietante sensação de não-preenchimento transparece sob as nossas vidas repletas, mascarando o tédio, o ressentimento e a depressão. O tédio se manifesta quando indagamos se o que fazemos tem uma importância real. Ficamos ressentidos porque sentimo-nos usados, manipulados, explorados. A depressão emerge quando nos perguntamos: “Será que a minha vida vale a pena?” Esses sentimentos levam à solidão, que constitui o núcleo central do nosso sofrimento. A tentativa de nos agarrar ao outro para que supra as nossas carências só pode levar ao fracasso e intensificar nosso sentimento de isolamento.

Deus nos chama para desfrutar do único amor capaz de preencher esse vazio. Nosso deserto interior, irrigado por esse amor, se transforma num jardim cheio de vida, flores, perfumes e água cristalina. Nele podemos encontrar o nosso verdadeiro lar.

A presença do Pai afetuoso, acolhedor, protetor e provedor é em si fonte de alegria e paz. Construir nEle a nossa identidade, de modo que se torne o centro da nossa vida, nos capacita a enfrentar qualquer tormenta. Desenvolver uma intimidade silenciosa com Deus transforma a nossa solidão em solitude. Os sofrimentos e as lutas que encontramos na nossa peregrinação não abalam a nossa confiança, pois esta não depende de livramento, mas da percepção da companhia do Espírito consolador de Deus em meio a esses sofrimentos.

O deserto é essencial para desconstruir imagens distorcidas de Deus e de nós mesmos. Na solitude e no silêncio, caminhamos da busca das bênçãos de Deus para a busca do próprio Deus e do falso self para o nosso self verdadeiro. Construímos o falso self através dos padrões que desenvolvemos para sermos amados e para fugir da dor. Nesse lugar de despojamento, quebrantamento e humildade, experimentamos a cura das nossas ilusões e a libertação de relacionamentos escravizantes.

Ao encontrar o caminho que nos leva do deserto à Fonte de Águas Vivas descobrimos uma segurança interior que lança fora o medo e nos permite acolher a vida de peito aberto, com seu potencial de alegrias e tristezas. Em qualquer situação, temos condição de retornar a este centro da nossa vida, pois nada pode separar-nos do amor de Deus. Nossa força e nossa serenidade, num mundo tão assustador, não estão baseadas em nós mesmos, mas no Espírito que habita em nós.

Conhecendo o caminho, podemos guiar outras pessoas para fora do deserto de suas expectativas equivocadas.
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Fonte: Nouwen, Henri, Renovando Todas as Coisas, São Paulo: Cultrix, 1981.
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Fonte: http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=74&materia=841
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April 02, 2013

Quando não há pedras suficientes


Uma das cenas mais comoventes do filme "Contador de Histórias" (Forrest Gump) foi quando Jenny, a namorada de Forrest, voltou depois de longos anos envolvida no submundo de drogas e os dois passaram pela casa onde ela foi criada... se é que se pode dizer que ela foi criada. Porque ela sofreu todo tipo de violência nas mãos do pai.

Quando ela vê o barraco, agora já adulta, fica totalmente abalada e todas as lembranças da infância horrorosa voltam à mente. Ela abaixa e pega uma pedra e a joga, com todas as forças, na direção da casa. Ela acerta uma janela que se desfaz em mil pedaços. Depois ela pega outra, e depois outra... Ela joga todas as pedras perto dela e depois cai no chão chorando.

Forrest disse a ela: "Às vezes não há pedras suficientes". Creio eu que ele quis dizer que às vezes o sofrimento é tanto, que nada há que podemos fazer para aliviá-lo - que nem a vingança, nem toda nossa raiva resolvem a dor.

Concordo.

Quando sofremos, estamos magoados, nós queremos jogar todas as pedras do mundo contra "aquele barraco" onde sofremos. Pode ser uma pessoa, uma coisa, uma memória, mas como no caso de Jenny, nunca há pedra suficiente para derrubar o barraco do sofrimento. De fato, o único resultado do esforço de jogar pedras, é que caímos no chão chorando.

Tem de haver uma outra solução.

Há uma mulher na Bíblia que não encontrou pedra suficiente para sua dor. Ela não tinha pedra nenhuma em suas mãos, mas se tivesse teria jogado milhares!

Como é a história?

Essa mulher se chamava Agar. Nós a encontramos pela primeira vez no livro de Gênesis, capítulo 16. Agar não era israelita, e nem era cananéia. Ela era egípcia e estava morando muito longe da sua terra. Até seu nome traduzia a sua triste realidade, pois Agar significava - fugitiva ou imigrante. Ela era uma mulher longe do seu povo e país, servindo a uma estrangeira, Sarai. Certamente Agar foi adquirida durante sua viagem ao Egito. Não sabemos se ela foi dada ou comprada, mas de qualquer forma ela era uma escrava.

Sarai, como qualquer mulher hebréia sem filhos, não se sentindo realizada entregou Agar para Abraão para que por meio dela pudesse dar-lhe um filho. O filho que nascesse, seria contado como o filho dela. Agar não ganharia nada em troca por sua participação nesse esquema. Ela dormiria com o marido da patroa, ficaria grávida, daria a luz a um filho e não teria direito sobre nada. Nem seu próprio corpo, nem a vida do filho.

Se esta história tem uma vítima, é Agar. Ninguém jamais perguntou: -Agar, você gostaria de ter um filho com Abrão? Abrão nunca teve um relacionamento com Agar. Ele apenas possuiu o corpo de Agar. Isso é uma violência. Por sorte dela, ela engravidou. Finalmente nasceu o sol para ela. Ela tinha alguma coisa que sua dona não tinha. Ela conseguiu o que Sarai, com toda sua beleza não havia conseguido. Acho sua reação era mais que natural. Ela, no fim de contas, “estava com rei na barriga”. Ela era superior à dona estéril. Era uma forma de jogar pedras no barraco do sofrimento. A senhora Sarai não tem filho, mas Agar tem. Ela, de repente, virou gente, pelo menos na sua cabeça. E diante das ordens de sua senhora, Agar ganha coragem para dizer pela primeira vez: "- Faça você mesma!".

Isto foi o suficiente para Sarai, morrendo de ciúmes, inveja e raiva, reclamar de Agar ao seu marido. E ter sua autorização, para se vingar de sua serva. E segundo o verso 6 ela a humilhou-a “segundo o costume pôs uma marca horrível de vergonha sobre o seu corpo”. Agar, desesperada, foge - começou a correr na direção do Egito (Sur é referência as fortificações fronteiriças do Egito). Como qualquer mulher em apuros, ela procurou a casa dos pais.

Passados 15 anos Agar, enche novamente as mãos de pedras diante da injustiça praticada por Sarai, ou Sara, a partir de então. Por causa de uma brincadeira maldosa de adolescente, Sara exige que Abraão expulse Agar e seu filho. Novamente Agar é marcada por Sara. Agora com a marca da morte. Ela estava marcada para morrer no deserto.

Ali, ela olha para a direita – só areia; para a esquerda - mais areia. Para frente, para trás, ao norte, ao sul, em todas as direções, nada mais que areia. De tantos anos de serviço não sobrara nada além de um mundo de areia e um sol escaldante. Não há nuvem no céu, não há nada. Só o céu, o sol, a areia, uma mulher, e um adolescente deitados, com o rosto e os lábios queimados e inchados pelo sol. Ismael, seu filho, está gemendo porque ele está morrendo de sede. E a única coisa que Agar pode fazer foi se afastar dele para não testemunhar a sua triste morte.

Se ela tivesse lágrimas, ela choraria, mas não tinha como derramar uma lágrima. Ela também está ressecada. Debaixo do sol tão cruel, ela tem um coração queimado, queimando de ódio. Ela olha para um pequeno odre que está vazio e sente desespero total. Ela não sabe o que fazer para salvar sua vida, nem a vida do filho. Ela está no deserto com um odre vazio e um filho morrendo de sede por causa de uma injustiça tremenda. Para essa mulher não há pedra suficiente para derrubar a casa do sofrimento.

Mas o que fazer quando nós estamos nesta situação? Desesperados, destruídos por dentro diante da injustiça praticada conosco e a única vontade que nós temos é de encher as nossas mãos de pedras e jogar nos algozes da nossa esperança?

1. Para que pegar pedras se eu tenho um Deus vivo que me vê?

Diz o verso 14 do capitulo 16, que lá no deserto, Agar, depois de ser assistida pelo Senhor na sua dor, impressionada, pela forma maravilhosa como Deus agira em seu drama, chamou Deus de Laai-Roi,que quer dizer: “aquele que vive e vê”. Não importava mais se Abraão não via as injustiças, se Sara não via as suas próprias atitudes erradas para com ela, não importava se ninguém mais a via na sua dor. havia alguém que a via e a ouvia (significado de Ismael).

2. Para que atirar pedras se Deus transforma minhas perdas em ganho?

Deus tirou as pedras das mãos de Agar quando ele a mostrou que Ele é o Deus que transforma as nossas perdas em ganho. As derrotas em triunfo. As humilhações em honra. Agar é a primeira e uma das únicas mulheres da Bíblia, a conversar diretamente com Deus e receber uma promessa dele. Qual outra mulher teve intimidade suficiente para dar um nome a Deus? Agar também recebeu uma promessa. Sarai não recebeu uma promessa. Sarai não conversou com Deus. Deus ouviu uma mulher imigrante, fugitiva, escrava, sofredora. Ela perdeu uma família e ganhou um povo (16:10; 17:20). Saiu com um pequeno odre e ganhou uma fonte de água (21:19).

3. Para que atirar pedras se Deus está presente em todos os momentos de nossa vida?

Quando lemos os versículos 17-19, mais uma vez vemos Deus agindo para tirar as pedras da mão de Agar. O que Deus fez: A primeira coisa que Deus faz é conversar com ela. E Ele faz uma simples pergunta: o que está acontecendo? É óbvio que Ele sabe. Mas ela precisa parar e pensar. Ela precisa lembrar como isso é parecido com o que já acontecera antes. As cenas não eram apenas coincidências eram reincidências divinas. Deus cuidou dela no passado, ele cuidará dela agora também. Através dessa conversa, Deus está dizendo: “Estou aqui - estou presente. Eu estava com você no início há 15 anos quando pela primeira vez você atravessou esse deserto e estou com você agora”. Pode ser que você também se sinta como num deserto, que está sozinho, mas pode ter certeza que Deus virá a você e perguntará: “O que há de errado? Eu estou aqui.” E com esta promessa, quem precisa de qualquer pedra na mão?

4. Para que atirar pedras se Deus tem nos dado uma missão em nossas mãos?

Interessante notar como Deus restabelece a vida de Agar para os trilhos da esperança. Ele tira as pedras e coloca o filho em suas mãos. Porque, sem perceber, em seu desespero e ódio, Agar tinha abandonado seu filho. Na primeira dificuldade abandonara a sua patroa, agora, abandonara o seu próprio filho. Agar era afeita a fugir das dificuldades (ver 16: 6,8). Pegar pedras sempre é mais fácil do que olharmos para a nossa responsabilidade. As pedras não são solução, são uma fuga. Não podemos abandonar tudo, e esquecer-nos do mundo a nossa volta quando estamos sofrendo. Deus não nos dá licença para curtirmos nossa dor e esquecer-nos das nossas responsabilidades. Mas Deus manda Agar tirar seus olhos do próprio sofrimento e cuidar do filho.

5. Para que atirar pedras se Deus já tem suprido a vitória?

Agar tem ao seu filho Ismael para salvar, e o odre está vazio. Será que Deus encheu o odre? Deus falou “abracadabra” e apareceu a água? Não! Ele abriu os olhos de Agar. O problema de Agar não era o odre vazio. Sempre houve água ali perto dela. O poço já estava naquele lugar. Mas Ela estava cega. Cega de amargura, cega de desespero, cega de ódio. Não conseguia ver outra coisa, a não ser pedras para jogar em Sara e Abraão. Muitas vezes tudo que precisamos está bem perto de nós, mas não conseguimos ver a bênção, o milagre a solução dos problemas, porque as lagrimas do desespero, o choro do ressentimento não nos deixa ver aquilo Deus fez por nós. Ele simplesmente ajudou Agar a ver o que tinha ao seu redor. A raiva, o ódio, a mágoa e o desespero cegaram os olhos da mulher.

Quem sabe você não está como Agar. Sem rumo, sem promessa, abandonado, e com as mãos cheias de pedras. Mas eu gostaria de desafiá-lo a deixar Deus tirar essas pedras das suas mãos para que você possa provar do seu amor e da sua água viva. Não há pedra suficiente neste mundo para aliviar sua dor. Mas ele nos disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28).

Agora, com suas pedras no chão, use-as para construir um altar. Encontre o Deus verdadeiro, receba seu conforto e diga, como Agar: "Eu vejo o Deus que me vê!"

Creia nisto.

José Kleber Fernandes Calixto
Igr. Presbiteriana Coromandel - MG  

Fonte: http://vetorial.net/~ibrg/art_est_26.htm

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=338OvpB_CbU
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April 01, 2013

A alegria

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A alegria é uma das partes do Espírito Santo (Gl 5: 22 e 23).

Interessante notar que ela vem logo em seguida do Amor (ao invés da paz).

Alegria não é como a felicidade, que depende de circunstâncias (é difícil ser feliz ouvindo as notícias todos os dias).

Alegria é uma atitude diante da vida, uma forma de afrontá-la.

PS- Para saber mais sobre o conceito, vai lá: https://bencaopura.blogspot.com.br/2011/02/um-convite-alegria.html
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