As escolhas da vida

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Neste exato momento deveria estar em BA, para um período de férias programadas em dezembro.

Mas desde que passei a aceitar as coisas e pessoas como são, e não como gostaria, parei de me irritar.

E cá estou eu, em Piracuama, desfrutando de dias ensolarados, quentes, repletos de gente mas com uma sensação interna de solidão.

Gosto de guardar fotografias mentais e desse finde guardo duas: uma toalha de mesa, simples e antiga, mas limpa (metáfora de dignidade, cuidado e beleza em meio à precariedade) e uma construção comunitária de dique.

Nesse mundo de black bocs em que as pessoas parecem mais engajadas em destruir e agredir, me emociona ver gente preocupada em construir.

É um trabalho árduo: pedra sobre pedra, lutando contra a correnteza... começou com um pai e uma filha, depois um senhor e agora uma mulher.

O método de cada um também merece atenção: enquanto um é cuidadoso, o outro é brucutu - joga as pedras de qualquer jeito, sem critério, e a outra mais brinca que ajuda, divertindo-se enquanto trabalha.

E como espectadora... como é fácil julgar!

Só que, com o passar do tempo, o que parecia desleixado mostra técnica: o senhor começa a encaixar as pedras com precisão cirúrgica, numa engenharia de simplicidade e singeleza.

Pronto!

A mini barragem acabou de ser concluída.

Fizeram um trabalho bonito, que nem chegaram a usufruir.

Mas que está aí, pronta para os outros aproveitarem.

Como na vida ; ).

Uns constroem e não usufruem, outros aproveitam sem ter construido, uns colocam defeito mas não arregaçam as mangas enquanto outros constroem em cima do que outros começaram sabendo que amanhã vão ter de começar tudo de novo, mas nem por isto fazem corpo mole ou ficam desanimados.

E você?

Que tipo de pessoa você é?

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