December 09, 2014

Qual é a real motivação do seu amor?

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 “1 Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos;3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. 4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”.
Ap 2: 1-7

 A desordem em Éfeso
At 19: 23-41 


23 Foi nessa ocasião que houve na cidade de Éfeso uma grande desordem por causa do Caminho do Senhor. 24 Um ourives chamado Demétrio fazia pequenos modelos de prata do templo da deusa Diana, e o seu negócio dava muito lucro aos que trabalhavam com ele. 25 Então ele chamou estes e outros da mesma profissão e disse:
— Meus amigos, vocês sabem que a nossa riqueza vem deste nosso ofício. 26 Vocês mesmos podem ver e ouvir o que esse tal de Paulo está fazendo. Ele afirma que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade. E está conseguindo convencer muita gente, tanto daqui como de quase toda a província da Ásia. 27 Assim nós estamos correndo o perigo de ver o povo rejeitar o nosso negócio. E não é só isso. Existe o perigo de o templo da grande deusa Diana não ficar valendo mais nada e também de ser destruída a grandeza dessa deusa adorada por todos na Ásia e no mundo inteiro.
28 Quando a multidão ouviu isso, ficou furiosa e começou a gritar:
— Viva a grande Diana de Éfeso!
29 E a confusão se espalhou por toda a cidade. A multidão agarrou Gaio e Aristarco, dois macedônios que viajavam com Paulo, e os arrastou até o teatro. 30 Paulo queria falar ao povo, mas os irmãos não deixaram.31 Alguns altos funcionários daquela província, que eram amigos de Paulo, mandaram a ele um recado, pedindo que não fosse ao teatro.32 Naquela altura dos acontecimentos a multidão que se achava no teatro estava em completa desordem: uns gritavam uma coisa, e outros gritavam outra, pois a maioria nem sabia por que estava ali. 33 Algumas pessoas ficaram pensando que Alexandre era o culpado, pois os judeus o obrigaram a ir e ficar lá na frente. Aí Alexandre fez um sinal com a mão e tentou falar para se defender diante do povo. 34 Mas, quando perceberam que ele era judeu, ficaram gritando todos juntos a mesma coisa durante duas horas:
— Viva a grande Diana de Éfeso!
35 Finalmente o secretário da prefeitura da cidade conseguiu acalmar o povo. Ele disse o seguinte:
— Cidadãos de Éfeso! Todos sabem que a nossa cidade é a guardadora do templo da grande Diana e da pedra sagrada que caiu do céu. 36 Ninguém pode negar isso. Assim fiquem calmos e não façam nada sem pensar bem. 37 Vocês trouxeram aqui estes homens, mas eles não assaltaram o templo, nem ofenderam a nossa deusa. 38 Se Demétrio e os seus ajudantes têm alguma acusação contra alguém, eles podem apresentar suas acusações no tribunal, pois para isso há dias certos de reunião, e também existem os governadores. 39 Porém, se vocês querem mais alguma coisa, isso será tratado na reunião do povo, convocada de acordo com a lei. 40 Pois corremos o risco de sermos acusados de revolta, por causa do que está acontecendo hoje. Não há motivo para toda esta confusão. E nós não poderíamos justificar tudo isso.
41    Depois de dizer essas palavras, ele terminou a reunião.

PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR:

Por que o Caminho provoca tumulto?  O livro de Atos mostra a comunidade cristã vivendo num espírito de partilha o que contrasta com a idolatria do mundo pagão que defende os próprios interesses. E é neste contexto que surge o alvoroço causado pelos fabricantes de lembranças da deusa Artemis.

A. RECAPITULANDO

At 19    Éfeso v. 1 - onde ficou 2 anos e 3 meses, diariamente (11h-16h) na escola de Tirano (vv.8-10). Não é de se admirar que os efésios tenham adquirido profundidade teológica neste período. Foi a mais longa permanência numa só localidade missionária!

Entre o capítulo 18 e 20, Paulo escreve sua primeira carta aos coríntios, e quando fica preso em Roma, escreve aos efésios.

A evangelização da Ásia proconsular foi uma das fases mais frutíferas da carreira missionária de Paulo e suas experiências - especialmente o perigo de morte do qual foi liberto de modo tão inesperado - tiveram um efeito profundo sobre a vida interior de Paulo.

            - Queima de livros* no valor de 50 mil dracmas = R$ 1.207.500 (24.150 livros)  * gde centro de feitiçaria e ocultismo
            - Timóteo (1 Co 4: 17 e 1 Co 16:10)

            - Cenário: grande tumulto v. 23 (1 Co 15: 32, 1 Co 16: 8-9 e 2 Co 1: 8-10)           e escreve para os coríntios!

B. CONTEXTO HISTÓRICO

Éfeso era a capital e o principal centro de negócios da Ásia, parte da atual Turquia, e a mais ilustre das povoações jônicas. Por ser uma das maiores cidades no litoral do mar Mediterrâneo, tornou-se um centro de transporte marítimo e terrestre tão importante quanto Antioquia na Síria e Alexandria no Egito (aqui se vê mais uma vez o método de Paulo que escolhia locais estratégicos para expansão do Evangelho, onde a mensagem tinha potencial de se propagar pelas áreas adjacentes).

A cidade tinha reputação de centro de encantamentos e magias, e também se orgulhava de ter o título de guardiã do templo de Artemis, adorada por toda Ásia e mundo (At 19: 27). Este templo que era uma das 7 maravilhas do mundo antigo.

C. Estudo

v. 24 - Demétrio: cada profissão tinha sua associação de classe e tudo indica que Demétrio era o líder responsável pela corporação dos artífices de miniaturas e imagens.

           Ártemis: nome grego da deusa romana Diana. Porém, a Artemis efésia era muito diferente da deusa romana, pois tinha assumido as características de Cibele, a deusa da fertilidade, adorada na Ásia Menor e atendida por muitas sacerdotisas cultuais (prostitutas)

v. 25 - uma boa fonte de lucro: como o templo de Ártemis era uma das 7 maravilhas do mundo antigo, as pessoas vinham de toda a parte para vê-lo. As miniaturas davam muito lucro aos ourives

v. 26 - Contraste: mensagem de Paulo (Deus que não é feito por mãos humanas) x Artemis sustento dos ourives

v. 27 - Demétrio se preocupa primeiro com a questão econômica e depois com a religião.

           Templo da grande deusa: quatro vezes maior que o Partenon em Atenas, sustentado por 127 colunas de 20 metros de altura (138m x 71,5m) e adornado por grandes escultores da Antiguidade

v. 28 - O objetivo de Demétrio para iniciar uma revolta contra Paulo consistiu em despertar nos colegas de profissão o amor ao dinheiro e encorajá-los a esconder sua cobiça atrás da máscara do patriotismo e da lealdade religiosa. Os amotinadores não demonstravam motivações egoístas, viam a si mesmos como heróis que defendiam sua pátria e suas convicções religiosas.

v. 29 -  Como é fácil ajuntar uma multidão! Maaas... onde estão as sacerdotisas*?!!   *1 Rs 18: 400 profetas Baal + 450 Aserá

v. 30 - Paulo quer falar, mas seus amigos não permitem. Sabedoria e discernimento: não dar perola aos porcos nem oferecer o que é santo aos cães.

v. 31 - autoridades da província: membros de um concílio de homens ricos e influentes, eleitos para promover o culto ao imperador. Paulo tinha amigos neste círculo de alta importância.

v. 32 - a maior parte do povo nem sabia por que estava ali!

vv. 33 e 34 - A multidão reconhece que os judeus não eram adoradores de Artemis assim como os cristãos.

v. 35 - Para chamar a atenção e acalmar os ânimos, o escrivão inicia o discurso com um ponto de convergência (algo que todos concordavam): guardiã do templo - título de honra concedido à cidade que mantivesse um templo de culto imperial.

            Escrivão da cidade: secretário que publicava as decisões da assembleia do povo. Era o oficial mais importante da localidade, e principal oficial executivo da assembleia, agindo de intermediário entre Éfeso e as autoridades romanas.

v. 36 - pede calma e chama à razão (visão grega)

v. 37 - Reporta a realidade (vocês trouxeram estes homens sem ter havido roubo nem blasfêmia): a honra e a fama da grande deusa não estavam em jogo - os homens com os quais eles estavam indignados não tinham cometido sacrilégios nem blasfemado. Paulo não havia cometido nenhum sacrilégio (sentido literal = roubo do templo)

Sacrílegos (literalmente roubadores de templo). O templo era o lugar de maior segurança na antiguidade para guardar objetos de valor.

Blasfemam: o caminho mais certo para derrubar uma religião falsa é apresentar a verdade.

v. 38 - Conclama o procedimento correto a ser tomado (para qualquer crime, existe o tribunal ou as autoridades): se alguém tivesse alguma acusação contra Paulo ou os outros, tinham de usar os tribunais.

Procônsules: Na época o procônsul da Ásia era Marco Junio Silano, que foi envenenado por Agripina, mãe de Nero. Esse incidente ocorreu no intervalo entre o assassinato de Silano e a chegada de seu sucessor.

v. 39 - Lembra ainda da regra (existe a assembléia): questões que diziam respeito à cidade, deviam ser tratadas na reunião regular (assembléia cívica) e não em aglomerações ilegais como essa.

Assembléia: conforme a lei, a reunião regular dos interesses do povo era realizada três vezes por mês.

v. 40 - E conclui, de maneira sábia, sobre o perigo de insistirem no caminho da ilegalidade, lembrando à multidão que a administração romana da província não toleraria essa conduta e poderia priva-los de seus privilégios cívicos (Éfeso poderia perder sua autonomia parcial).

Éfeso estava sob o domínio do Império Romano. A principal responsabilidade dos líderes da cidade era simplesmente manter a paz e a ordem (pax romana). Se falhassem em controlar o povo, Roma destituiria os funcionários designados para o cargo. A cidade inteira poderia ser posta sob a lei marcial, perdendo grande parte de sua liberdade cívica.

O secretário tinha bons motivos de preocupação, pois talvez fosse a pessoa mais influente na cidade e seria responsável perante aos romanos pela conduta dos cidadãos.

v. 41 - Bom senso de todos: algo concreto e real a ser perdido. Deus usou a revolta em Éfeso para ensinar muitas coisas a Paulo além de convencê-lo que era hora de partir.

Priscila e Áquila arriscaram a própria vida no esforço de ajudar Paulo (Rm 16: 4 - At 18: 19)

D. Algumas perguntas

- Qual a verdadeira razão do barraco (vv. 26 e 27): embate entre Deus x deuses feitos por mãos humanas?
- O que movia Paulo? antes da conversão x depois da conversão [ amor genuíno a Deus ]
- Comportamento de Paulo: aC (legalismo capaz de matar) x dC (amor disposto a morrer)

Agora queria que você pensasse na sua própria vida:

- Quem é Deus para você: Criador ou criatura?
- Como você está?

Talvez como:
- Demétrio (engano: culpa Paulo quando seu problema é com Deus + enxerga Deus como criatura + esconde de si mesmo a real motivação da sua vida)
- ourives (defendendo os próprios interesses)
- multidão (maria-vai-com-as-outras)
- Gaio e Aristarco (pegando carona no sofrimento de alguém)
- Paulo (sendo lapidado em meio a um desafio)
- amigos influentes de Paulo (fazendo diferença na vida de alguém ao invés de cruzar os braços)
- Alexandre (aumentando ainda mais a confusão)
- escrivão da cidade (fazendo bom uso da liderança para resolver um conflito)
- ou como os efésios, que trabalhavam arduamente, mas precisavam voltar ao primeiro amor.

E. Reflexão:

- Uma palavra de Paulo: Fp 3: 7-14
- O verdadeiro sentido do Natal: Jo 3: 16
- A razão da nossa vida: Mc 12: 30 - “Ame o Senhor, o seu DEUS, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças”.


Fontes:

- Comentários Bíblia de Estudo NVI.
- Comentários Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal Revista e Atualizada.
- Comentários Bíblia Vida Nova.
- Comentários Bíblia Edição Pastoral.
- Brandão, Junito de Souza. Mitologia Grega volume 1. Petrópolis: Vozes, 2004.
- Brandão, Junito de Souza. Mitologia Grega volume 2. Petrópolis: Vozes, 2003.
- BRUCE, F.F. Paulo, o apóstolo da graça – sua vida, cartas e teologia. São Paulo: Shedd Publicações, 2003.
- REINKE, André Daniel. Atlas bíblico ilustrado. São Paulo: Hagnos, 2006.
- http://en.wikipedia.org/wiki/Temple_of_Artemis
- http://en.wikipedia.org/wiki/Pax_Romana

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