De que lado você vai escolher ficar?
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- Paulo Brabo
O pedagogo norte-americano Fred Rogers gostava de contar que quando era menino e o noticiário anunciava desastres, crises e catástrofes, sua mãe lhe dizia: “Numa crise, procure aqueles que estão ajudando. Você vai sempre encontrar aqueles que estão ajudando”.
Trata-se do tipo de verdade tão afiada que é capaz de penetrar até a armadura de um cínico experimentado e cheio de cicatrizes como eu. Já vivi o bastante para saber que a regra dos Rogers não tem exceções. Na mais eloquentes das crises, momentos em que ninguém poderia ser condenado por abraçar o mais estrito dos cada-um-por-si, vi gente parando ou correndo na direção oposta para, incrivelmente, ajudar.
Numa crise, procure aqueles que estão ajudando. Você vai sempre encontrar aqueles que estão ajudando.
A regra serve, idealmente, como disciplina para que os que a exercitam não percam a sua fé na humanidade. Nos mais desesperados e catastróficos dos momentos você vai realmente encontrar aqueles que estão ajudando, e se essa luz na escuridão não for capaz de reacender a sua ternura, nada vai ser capaz de fazê-lo. Na parábola chega a estar implícito que aqueles que ajudam serão em todos os casos uma minoria – você vai ter de procurá-los, – mas isso é articulado de modo a não diminuir o valor dos ajudadores nem o nosso assombro diante da sua disponibilidade.
Minha vocação para a ternura e para o otimismo sendo muito limitada, a partir da presente crise mundial deduzi uma equação muito diferente, mas que aparentemente não tem também ela quaisquer exceções. A regra é: numa crise, procure aqueles a quem a maioria está ouvindo, e vai acabar ouvindo os que pregam a hostilidade, a divisão e a intolerância.
Quando vai tudo bem, meu caro, você vai até encontrar uma boa parcela de gente escolhendo (ou fingindo escolher, pelas vantagens estratégicas) o lado da inclusão, do diálogo e da tolerância.
Canalhas nunca deixam de falar e as vozes do mal nunca deixam de ter ouvintes, mas a crise coloca em ação um processo de totalização da hostilidade. Diante da crise, um gatilho coletivo e invisível é acionado, e o ouvido da maioria passa automaticamente a dar preferência às vozes dos que apregoam a mesquinharia e o ódio, os que promovem a polarização e o conflito. Não importa quantos lados tenha cada questão, em cada partido as vozes da moderação serão invariavelmente abafadas pela gritaria dos que promovem a hostilidade.
Não será a última vez que digo que a presente crise global está servindo, pelo menos, para ajudar a elucidar o mecanismo dos fascismos da primeira metade do século 20.
Em algum momento processual da década de 1980 – a década do bom-mocismo – passamos no ocidente a acreditar ter alcançado coletivamente o patamar de seres evoluídos e iluminados, prontos a lutar conjuntamente contra as injustiças estruturais e a abolir todos os preconceitos. Na esteira das revoluções igualitárias das décadas de 1960 e 1970, ganhou popularidade a ideia de que somos todos irmãos, passageiros viajando de mãos dadas no mesmo balão azul. Havíamos aparentemente deixado para trás, de uma vez por todas, as mesquinharias e antipatias gratuitas que tinham alimentado os conflitos da primeira metade do século 20.
Talvez não haja ícone mais exemplar da crença nessa nova lucidez planetária do que a letra e o clipe da música Can You Feel It? (Michael Jackson, 1980). O clipe é um sermão da tradição apocalíptica, encerrando um apelo solene à irmandade entre os seres humanos e o respeito à terra. A narração inicial anuncia o triunfo definitivo da tolerância, e ao final do vídeo representantes das mais diversas raças e tradições dão-se as mãos em harmonia. A Terra havia recuperado (ou estava para recuperar) uma perdida unidade ancestral, e a partir de agora não voltaríamos a cair nas velhas armadilhas do sectarismo e da intolerância1.
Um dos resultados dessa nova crença – a de que agora éramos gente evoluída e iluminada – foi que deixamos de entender de que modo os fascismos da primeira metade do século 20 tinham sido possíveis.
Ficou impossível compreender de que modo nações inteiras tinham-se deixado conduzir voluntariamente por líderes que pregavam o preconceito, a intolerância e a eliminação do diferente. Gente inteligente, instruída e de boa família tinha aclamado e lutado em nome dos promotores da hostilidade radical na Alemanha, na Itália e no Japão (mas também, e de modo mais do que superficial, nos Estados Unidos, no Brasil e na União Soviética).
Vinte anos depois, quando uma galera ouvia rock abraçada em Woodstock, esse tipo de mentalidade da barbárie parecia inconcebível e pertencente a uma realidade paralela. Entender o mundo que havia tolerado e concebido o nazismo e outras manifestações grotescas de fascismo, empatizar em qualquer medida com as omissões da maioria silenciosa da população, tinha se tornado tarefa impossível.
De que modo as pessoas tinham se permitido dar ouvidos a um sujeito como Hitler, que em cada palavra fomentava ódio – um ódio gratuito, contra alvos arbitrários e sem qualquer fundamento na realidade? Como o mundo tinha se permitido dar ouvidos aos discursos da totalização da hostilidade contra determinadas culturas, nações e tradições, quando muito evidentemente ninguém é melhor do que ninguém?
Não éramos mais capazes de responder. Um dos problemas de termos nos tornado gente iluminada é que tínhamos perdido a capacidade de entender ou de simpatizar com quem não foi.
Êe, mas isso foi até recentemente, porque recentemente tudo mudou. Agora voltamos a entender como tudo aquilo foi possível, porque os discursos da totalização do ódio estão em toda a parte, brilhando em todas as telas e na pauta de todas as maiorias.
O capitalismo/fundamentalismo de mercado foi desde sempre uma máquina de des-integrar, mas as rachaduras da sua obra só se tornaram visíveis globalmente num momento processual entre 2001 e 2009. A experiência de transformar o planeta numa monocultura continua a fracassar de modos cada vez mais espetaculares, porém os governos (e muito menos as corporações, que governam os governos) estão longe de colocar a culpa pelos fracassos locais e globais na inviabilidade do sistema.
Governos e corporações ganham com a queima dos recursos do futuro e das tradições do passado na fornalha do desenvolvimentismo, por isso não seria conveniente revelar que o capitalismo sem rédeas é a causa, a natureza e o perpetuador da crise. Conveniente, como em todas as crises, é encontrar um bode expiatório útil que seja capaz de alimentar a fogueira do ódio totalitário. Numa crise, cada matiz ideológica pode encontrar o combustível desejado numa longa lista de cores complementares.
Malditos refugiados. Malditos comunistas. Malditos nordestinos. Malditos gaúchos. Malditos índios. Malditos haitianos. Malditos cubanos. Malditos ruralistas. Malditos muçulmanos. Malditos americanos. Malditos invasores. Malditos ilegais. Malditos russos. Malditos gregos. Malditos africanos. Malditos palestinos. Malditos israelenses. Malditos sem-terra. Malditos empregadores. Malditos desempregados. Malditos pobres. Malditos ricos.
O capitalismo não proporcionou o “fim da História” no sentido otimista que apregoava Francis Fukuyama, mas num sentido radicalmente catastrófico e desintegrador. De um lado a natureza nunca esteve em pior condições ou com perspectivas mais sombrias; do outro, as cadeias econômicas e de produção tornaram-se tão longas e interligadas que a crise da monocultura global atinge todos os assentamentos humanos, e onde atinge desencadeia novas crises.
Era hora de ser gentil com as vítimas da crise e hostil com o sistema que a gerou, mas fazemos o contrário.
Virtualmente não há lugar na terra em que a massa das pessoas esteja dando ouvidos às vozes da moderação e do diálogo.
Os fascismos que patrocinaram duas guerras mundiais voltaram com toda a força, e estamos inventando novos.
Nos Estados Unidos os novos ateus usam o ódio à religião para imprimir peso político à guerra contra os muçulmanos, e os candidatos à presidência abriram caça contra os imigrantes.
No Brasil as elites de um lado se beneficiam das posturas neoliberais do PT, do outro não cessam de semear o terror de uma nova Cuba.
O Estado Muçulmano se sente infinitamente agredido pelo Ocidente, e usa os métodos do Ocidente para agredir.
No Brasil os ruralistas pedem que os fazendeiros usem a violência contra índios que ocuparam terras que pertencem aos índios pela Constituição e pela tradição, ao mesmo tempo em que compram uma emenda constitucional que negue aos índios quaisquer direitos.
Na Rússia, Putin faz tudo para de um lado reanexar a Europa oriental, de outro colocar a Europa ocidental contra os Estados Unidos.
No Brasil as elites pedem mais segurança, o que na prática quer dizer mais violência: confinamento em guetos, exclusão dos bairros elegantes, violência racial e social – ou pura e simples eliminação por comandos de choque na periferia menos próxima de você.
Na Europa da União os nacionalismos estão ardendo com um fogo redobrado, e nacionalismo quer dizer ódio contra os não-nacionais: em cada país os partidores conservadores pedem a hostilidade e a intolerância contra imigrantes, refugiados e muçulmanos, e o fazem com uma fúria que faria Hitler sorrir.
E falar de palestinos e israelenses? Das tensões dentro e entre as nações da Ásia e da África? Da fulgurante máquina de ódio que é Brasília, e de como todas as elites se beneficiam de colocar um contra os outros os três cantos do Brasil?
O mundo se assemelha cada vez mais a um ônibus lotado, e cada um tende a pisar com maior frequência no pé do outro. Como essas tensões estruturais não tendem a se aliviar num futuro próximo, deveríamos estar ouvindo as vozes dos que promovem a tolerância e a convivência, mas fazemos o contrário.
Você sabe que chegou a catástrofe quando a maioria está ouvindo os que pregam a hostilidade, a divisão e a intolerância.
Mister Rogers e sua mãe, que nunca deixaram de estar certos, diriam que os que estão ajudando são precisamente os que não estão ouvindo essas vozes do mal.
Fonte: http://www.baciadasalmas.com/as-vozes-do-mal/
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As vozes do mal
- Paulo Brabo
O pedagogo norte-americano Fred Rogers gostava de contar que quando era menino e o noticiário anunciava desastres, crises e catástrofes, sua mãe lhe dizia: “Numa crise, procure aqueles que estão ajudando. Você vai sempre encontrar aqueles que estão ajudando”.
Trata-se do tipo de verdade tão afiada que é capaz de penetrar até a armadura de um cínico experimentado e cheio de cicatrizes como eu. Já vivi o bastante para saber que a regra dos Rogers não tem exceções. Na mais eloquentes das crises, momentos em que ninguém poderia ser condenado por abraçar o mais estrito dos cada-um-por-si, vi gente parando ou correndo na direção oposta para, incrivelmente, ajudar.
Numa crise, procure aqueles que estão ajudando. Você vai sempre encontrar aqueles que estão ajudando.
A regra serve, idealmente, como disciplina para que os que a exercitam não percam a sua fé na humanidade. Nos mais desesperados e catastróficos dos momentos você vai realmente encontrar aqueles que estão ajudando, e se essa luz na escuridão não for capaz de reacender a sua ternura, nada vai ser capaz de fazê-lo. Na parábola chega a estar implícito que aqueles que ajudam serão em todos os casos uma minoria – você vai ter de procurá-los, – mas isso é articulado de modo a não diminuir o valor dos ajudadores nem o nosso assombro diante da sua disponibilidade.
Minha vocação para a ternura e para o otimismo sendo muito limitada, a partir da presente crise mundial deduzi uma equação muito diferente, mas que aparentemente não tem também ela quaisquer exceções. A regra é: numa crise, procure aqueles a quem a maioria está ouvindo, e vai acabar ouvindo os que pregam a hostilidade, a divisão e a intolerância.
Quando vai tudo bem, meu caro, você vai até encontrar uma boa parcela de gente escolhendo (ou fingindo escolher, pelas vantagens estratégicas) o lado da inclusão, do diálogo e da tolerância.
Canalhas nunca deixam de falar e as vozes do mal nunca deixam de ter ouvintes, mas a crise coloca em ação um processo de totalização da hostilidade. Diante da crise, um gatilho coletivo e invisível é acionado, e o ouvido da maioria passa automaticamente a dar preferência às vozes dos que apregoam a mesquinharia e o ódio, os que promovem a polarização e o conflito. Não importa quantos lados tenha cada questão, em cada partido as vozes da moderação serão invariavelmente abafadas pela gritaria dos que promovem a hostilidade.
Não será a última vez que digo que a presente crise global está servindo, pelo menos, para ajudar a elucidar o mecanismo dos fascismos da primeira metade do século 20.
Em algum momento processual da década de 1980 – a década do bom-mocismo – passamos no ocidente a acreditar ter alcançado coletivamente o patamar de seres evoluídos e iluminados, prontos a lutar conjuntamente contra as injustiças estruturais e a abolir todos os preconceitos. Na esteira das revoluções igualitárias das décadas de 1960 e 1970, ganhou popularidade a ideia de que somos todos irmãos, passageiros viajando de mãos dadas no mesmo balão azul. Havíamos aparentemente deixado para trás, de uma vez por todas, as mesquinharias e antipatias gratuitas que tinham alimentado os conflitos da primeira metade do século 20.
Talvez não haja ícone mais exemplar da crença nessa nova lucidez planetária do que a letra e o clipe da música Can You Feel It? (Michael Jackson, 1980). O clipe é um sermão da tradição apocalíptica, encerrando um apelo solene à irmandade entre os seres humanos e o respeito à terra. A narração inicial anuncia o triunfo definitivo da tolerância, e ao final do vídeo representantes das mais diversas raças e tradições dão-se as mãos em harmonia. A Terra havia recuperado (ou estava para recuperar) uma perdida unidade ancestral, e a partir de agora não voltaríamos a cair nas velhas armadilhas do sectarismo e da intolerância1.
Um dos resultados dessa nova crença – a de que agora éramos gente evoluída e iluminada – foi que deixamos de entender de que modo os fascismos da primeira metade do século 20 tinham sido possíveis.
Ficou impossível compreender de que modo nações inteiras tinham-se deixado conduzir voluntariamente por líderes que pregavam o preconceito, a intolerância e a eliminação do diferente. Gente inteligente, instruída e de boa família tinha aclamado e lutado em nome dos promotores da hostilidade radical na Alemanha, na Itália e no Japão (mas também, e de modo mais do que superficial, nos Estados Unidos, no Brasil e na União Soviética).
Vinte anos depois, quando uma galera ouvia rock abraçada em Woodstock, esse tipo de mentalidade da barbárie parecia inconcebível e pertencente a uma realidade paralela. Entender o mundo que havia tolerado e concebido o nazismo e outras manifestações grotescas de fascismo, empatizar em qualquer medida com as omissões da maioria silenciosa da população, tinha se tornado tarefa impossível.
De que modo as pessoas tinham se permitido dar ouvidos a um sujeito como Hitler, que em cada palavra fomentava ódio – um ódio gratuito, contra alvos arbitrários e sem qualquer fundamento na realidade? Como o mundo tinha se permitido dar ouvidos aos discursos da totalização da hostilidade contra determinadas culturas, nações e tradições, quando muito evidentemente ninguém é melhor do que ninguém?
Não éramos mais capazes de responder. Um dos problemas de termos nos tornado gente iluminada é que tínhamos perdido a capacidade de entender ou de simpatizar com quem não foi.
Êe, mas isso foi até recentemente, porque recentemente tudo mudou. Agora voltamos a entender como tudo aquilo foi possível, porque os discursos da totalização do ódio estão em toda a parte, brilhando em todas as telas e na pauta de todas as maiorias.
O capitalismo/fundamentalismo de mercado foi desde sempre uma máquina de des-integrar, mas as rachaduras da sua obra só se tornaram visíveis globalmente num momento processual entre 2001 e 2009. A experiência de transformar o planeta numa monocultura continua a fracassar de modos cada vez mais espetaculares, porém os governos (e muito menos as corporações, que governam os governos) estão longe de colocar a culpa pelos fracassos locais e globais na inviabilidade do sistema.
Governos e corporações ganham com a queima dos recursos do futuro e das tradições do passado na fornalha do desenvolvimentismo, por isso não seria conveniente revelar que o capitalismo sem rédeas é a causa, a natureza e o perpetuador da crise. Conveniente, como em todas as crises, é encontrar um bode expiatório útil que seja capaz de alimentar a fogueira do ódio totalitário. Numa crise, cada matiz ideológica pode encontrar o combustível desejado numa longa lista de cores complementares.
Malditos refugiados. Malditos comunistas. Malditos nordestinos. Malditos gaúchos. Malditos índios. Malditos haitianos. Malditos cubanos. Malditos ruralistas. Malditos muçulmanos. Malditos americanos. Malditos invasores. Malditos ilegais. Malditos russos. Malditos gregos. Malditos africanos. Malditos palestinos. Malditos israelenses. Malditos sem-terra. Malditos empregadores. Malditos desempregados. Malditos pobres. Malditos ricos.
O capitalismo não proporcionou o “fim da História” no sentido otimista que apregoava Francis Fukuyama, mas num sentido radicalmente catastrófico e desintegrador. De um lado a natureza nunca esteve em pior condições ou com perspectivas mais sombrias; do outro, as cadeias econômicas e de produção tornaram-se tão longas e interligadas que a crise da monocultura global atinge todos os assentamentos humanos, e onde atinge desencadeia novas crises.
Era hora de ser gentil com as vítimas da crise e hostil com o sistema que a gerou, mas fazemos o contrário.
Virtualmente não há lugar na terra em que a massa das pessoas esteja dando ouvidos às vozes da moderação e do diálogo.
Os fascismos que patrocinaram duas guerras mundiais voltaram com toda a força, e estamos inventando novos.
Nos Estados Unidos os novos ateus usam o ódio à religião para imprimir peso político à guerra contra os muçulmanos, e os candidatos à presidência abriram caça contra os imigrantes.
No Brasil as elites de um lado se beneficiam das posturas neoliberais do PT, do outro não cessam de semear o terror de uma nova Cuba.
O Estado Muçulmano se sente infinitamente agredido pelo Ocidente, e usa os métodos do Ocidente para agredir.
No Brasil os ruralistas pedem que os fazendeiros usem a violência contra índios que ocuparam terras que pertencem aos índios pela Constituição e pela tradição, ao mesmo tempo em que compram uma emenda constitucional que negue aos índios quaisquer direitos.
Na Rússia, Putin faz tudo para de um lado reanexar a Europa oriental, de outro colocar a Europa ocidental contra os Estados Unidos.
No Brasil as elites pedem mais segurança, o que na prática quer dizer mais violência: confinamento em guetos, exclusão dos bairros elegantes, violência racial e social – ou pura e simples eliminação por comandos de choque na periferia menos próxima de você.
Na Europa da União os nacionalismos estão ardendo com um fogo redobrado, e nacionalismo quer dizer ódio contra os não-nacionais: em cada país os partidores conservadores pedem a hostilidade e a intolerância contra imigrantes, refugiados e muçulmanos, e o fazem com uma fúria que faria Hitler sorrir.
E falar de palestinos e israelenses? Das tensões dentro e entre as nações da Ásia e da África? Da fulgurante máquina de ódio que é Brasília, e de como todas as elites se beneficiam de colocar um contra os outros os três cantos do Brasil?
O mundo se assemelha cada vez mais a um ônibus lotado, e cada um tende a pisar com maior frequência no pé do outro. Como essas tensões estruturais não tendem a se aliviar num futuro próximo, deveríamos estar ouvindo as vozes dos que promovem a tolerância e a convivência, mas fazemos o contrário.
Você sabe que chegou a catástrofe quando a maioria está ouvindo os que pregam a hostilidade, a divisão e a intolerância.
Mister Rogers e sua mãe, que nunca deixaram de estar certos, diriam que os que estão ajudando são precisamente os que não estão ouvindo essas vozes do mal.
Fonte: http://www.baciadasalmas.com/as-vozes-do-mal/
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