January 30, 2016

Vida longa, vida alongada e vida eterna

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Em vez de pedir a Deus vida longa, riqueza ou a morte de seus inimigos, o recém-empossado rei de Israel pediu sabedoria para governar o povo com justiça. Na escala de valores do jovem Salomão, pelo menos para aquele momento, capacidade para servir a Deus e aos homens era mais importante do que vida longa (1Rs 3.4-15).

Afinal, o que é vida longa?

Vida longa é aquela que, a cada dia, consegue empurrar a morte para frente. Mas, no fundo, o que se quer mesmo é a morte da morte, “aquele monstro cujo lábio inferior toca a terra e o superior toca o céu, de modo a engolir tudo”.

A morte é uma intrusa, não foi programada, é a sósia do pecado e, segundo Paulo, é o último -- e o pior -- inimigo do ser humano e da criação de Deus a ser derrotado (1Co 15.26).

Na realidade, enquanto não chegarmos à plenitude da salvação, é mais correto falar em vida alongada do que em vida longa. Há uma pequena diferença entre uma e outra.

A vida alongada tem um preço muito alto. Depende de uma infinidade de médicos e enfermeiras, de produtos farmacêuticos -- quase todos de uso contínuo --, de aparelhos cada vez mais sofisticados, de exames de laboratório, de planos de saúde, de internações hospitalares, de cirurgias e de permanências na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

Hoje em dia, o alongamento da vida está sendo questionado tanto pela ciência como pela sociedade, incluindo o próprio paciente e sua família. A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 90% das mortes -- quase 60 milhões por ano -- “resultam de doenças agudas e incapacitantes e enfermidades crônico-degenerativas que podem evoluir com lento e longo processo de morte, dependendo da doença e das comorbidades envolvidas”. O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, SP, e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diz que “a morte não é uma doença para a qual devemos achar cura” e “é necessário que o homem reconheça e aceite a própria realidade e os próprios limites”.

Precisamos tirar o foco da esperança da vida longa e da vida alongada e colocá-la na vida eterna, à qual Jesus se referiu diversas vezes.

Vida eterna não é vida terrestre, nem vida física, nem vida comum. Vida eterna é mais do que vida depois da morte e da ressurreição. Ela pode começar aqui e continuar, sem interrupção, para todo o sempre.

O Evangelho de João garante que quem crê no Filho de Deus como Salvador “tem a vida eterna”. O verbo “ter” está no presente e não no futuro (Jo 3.36). O ex-professor do Seminário Teológico de Dallas J. Walvoord explica que vida eterna “é mais o resultado do que a causa da salvação, mas relaciona-se com a conversão ou a manifestação da vida nova em Cristo”.

É aquela vida “que antegoza e garante a comunhão com Deus na eternidade”.

Jesus explicou a Nicodemos que ele seria pregado numa cruz para que todos os que cressem nele tivessem a vida eterna (Jo 3.15). A continuação destas palavras é o versículo mais traduzido e recitado de toda a Bíblia: “Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16).

Jesus não veio remendar coisa alguma -- ele veio para construir coisas novas e maiores. A vida eterna para quem deseja ter vida longa ou vida alongada -- e não consegue -- é uma delas.

A morte daquele monstro cujo lábio inferior encosta no mais baixo abismo e o superior encosta no mais alto céu, de modo a devorar bebês, recém-nascidos, crianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os gêneros, faz parte da escatologia cristã.

O sumiço da morte está em processo.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/345/vida-longa-vida-alongada-e-vida-eterna

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