Como lidar com a sexualidade
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- Carlos "Catito" e Dagmar
- Carlos "Catito" e Dagmar
No
dia 9 de setembro de 2015, foi publicado no site de notícias G1 que um
pastor norte-americano (John Gibson) suicidou-se após ter seu nome
revelado como integrante de um famoso site de encontros para relações
extraconjugais, o Ashley Madison, que foi invadido por hackers, os quais
expuseram publicamente os nomes de todos os participantes do site.
Ao
nos depararmos com esta notícia, vem-nos à mente, de modo rápido, a
pergunta que está no título deste artigo. É evidente que a resposta mais
objetiva a ela é que somos todos pecadores e destituídos da glória de
Deus (Rm 3.23) e, portanto, seres falíveis -- disso não temos dúvida.
Porém, creio que é necessária uma reflexão adicional.
A
igreja cristã tem sido influenciada, ao longo dos séculos, de muitas
formas no que diz respeito ao tema da sexualidade e, na maioria das
vezes, negativamente. Nos primeiros séculos da igreja, houve forte
influência da filosofia grega, que fazia uma divisão entre matéria e
espírito, afirmando que este era bom e aquela era ruim. Logo, a
sexualidade era vista como algo que se opunha ao espírito.
No
início da Idade Média, outra grave distorção atingiu a teologia cristã,
quando se atrelou o pecado original à relação sexual e, outra vez, a
sexualidade passou a ter matizes negativos e que atentam contra a
espiritualidade. Os movimentos pietistas e fundamentalistas do final do
século 19 e início do século 20 também percebiam a sexualidade de forma
negativa.
A
influência dos pensamentos de Freud, dos movimentos feministas, das
duas revoluções químicas da sexualidade (anticoncepcional e Viagra) e da
predominância de uma ideologia político-econômica única no Ocidente
pós-moderno na virada do século 21 também foram elementos principais em
torno dos quais se estruturou uma “nova” sexualidade, cujos eixos
principais são a “sensorialidade” e a “relação objetal”.
E
a igreja “não” tem conseguido pensar de forma crítica sobre essa nova
realidade. A sexualidade foi reduzida ao nível instintual e fisiológico e
a finalidade última passou a ser apenas a experiência sensorial. Sendo
assim, o outro é apenas um “objeto de consumo” que se “usa” para se
tentar atingir uma “sensação fantástica” (o orgasmo ideal) e, dessa
forma, não importa de qual gênero é esse outro -- já não é mais uma
“pessoa”, portadora da “imago Dei” e, portanto, digna de um tratamento
com toda a reverência, pois possui “algo” de Deus.
A expressão máxima disso é o “ficar”, em que o outro é apenas um estímulo para minhas sensações fisiológicas. E o pior é que se acredita que sempre haverá “algo mais”, o que nunca ocorre e gera a insatisfação e a insaciabilidade, abrindo a porta para toda a perversão e pornografia.
A expressão máxima disso é o “ficar”, em que o outro é apenas um estímulo para minhas sensações fisiológicas. E o pior é que se acredita que sempre haverá “algo mais”, o que nunca ocorre e gera a insatisfação e a insaciabilidade, abrindo a porta para toda a perversão e pornografia.
A
sexualidade que deveríamos pregar nas igrejas é a “sexualidade
relacional”, que vê no outro “mais” que um objeto que vai lhe
proporcionar prazer, mas, acima e além disso, uma “pessoa” com quem se
compartilhará a “ternura” --
que é a essência do “vínculo”. Junto a essa outra pessoa, com quem
estabeleço um “vínculo” ao declarar meu “compromisso” de caminhada
companheira e solidária por toda a vida, e sobre esse vínculo sinto a
liberdade de entrega e desfruto a aceitação incondicional.
No
aprofundamento do “vínculo” emerge cada dia com maior intensidade a
“ternura”, que se expressa de várias formas: escuta atenta ao outro,
disposição para servir, partilha de sentimentos (positivos e negativos),
divisão de tarefas e responsabilidades (domésticas, laborais,
financeiras etc.), toques físicos (beijos, abraços, carinhos) e
intercurso sexual, sendo esse último a expressão máxima da “ternura” --
“Quero-te tanto que te quero dentro de mim!”.
Enquanto
não vivenciarmos e ensinarmos em nossas igrejas a “sexualidade
relacional”, propósito de Deus na criação, facilmente deslizaremos para
um padrão de “conformidade” com a sociedade e não seremos agentes de
“transformação” dela (Rm 12.2).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/357/por-que-nossos-lideres-nao-sabem-lidar-com-a-sexualidade
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