February 15, 2016

Quem chama Deus de pai não escolhe irmão

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- Reinaldo Percinoto Júnior

Texto básico: Atos 11. 1-30

Textos de apoio
– Atos 10. 1-48
– Isaías 56. 1-7
– 1 Pedro 2. 4-10
– Deuteronômio 10.17-19
– Tiago 2. 1-8
– Salmo 145. 8-12

Introdução

A igreja cristã em Jerusalém, em franca expansão após a experiência do Pentecostes (Atos 2. 1-13), se vê diante de sucessivos desafios, tanto internos quanto externos. A crescente oposição por parte dos líderes religiosos e mestres da lei assume contornos mais violentos, culminando com a prisão e o apedrejamento de Estêvão, um dos lideres da nascente comunidade cristã (Atos 6 e 7). E em meio a esta conturbada atmosfera desencadeia-se uma forte perseguição contra a igreja em Jerusalém, de modo que a grande maioria dos discípulos precisam se refugiar nas regiões vizinhas à cidade (Atos 8. 1-3).
Como resultado, o Evangelho começa a ser “semeado” em solos aparentemente nunca antes visitados. A perseguição visava a destruição, mas acabou provocando a expansão da igreja! O mesmo Espírito, Senhor da história, que impulsionou os discípulos a saírem do cenáculo para as ruas de Jerusalém, agora conduz a igreja para fora de Jerusalém em direção ao mundo não judaico!
Paralelamente a esta positiva expansão, surgiram novas e desafiadoras questões que precisavam ser enfrentadas seriamente, sob pena de que a comunidade cristão sofresse uma seríssima divisão logo em seus primórdios (Atos 11). Essas questões diziam respeito à própria identidade e missão da igreja: quem eram de fato os verdadeiros descendentes de Abraão e, consequentemente, herdeiros legítimos das promessas de pertencimento ao exclusivo “povo de Deus”? A igreja de Cristo, recém-formada, estava limitada por alguma fronteira (étnica, religiosa, social, geográficas, etc) ou não? Em suma, o que realmente significava, e quem poderia fazer parte, da “igreja”, o Corpo de Cristo, o povo de Deus?

Para entender o que a Bíblia fala

1. Quando Pedro regressou à Jerusalém, que tipo de recepção o aguardava (vv. 1-3)? Por que os membros do “partido dos circuncisos” estavam tão indignados?
2. A visão experimentada por Pedro, da parte de Deus, representava um duro desafio para os judeus e suas leis alimentares (vv. 4-10). Porém, a “metáfora” presente na visão apontava para um desafio mais radical ainda para os cristãos judeus – não chamar impuro o que Deus purificou. Que desafio era este?
3. Qual foi a prova final e mais convincente, para Pedro, de que Deus estava agindo também entre os gentios (vv. 15-17)? E como os demais cristãos de Jerusalém reagiram diante de tal testemunho (v. 18)?
4. Ao mesmo tempo, o Evangelho era pregado aos gentios em Antioquia, com resultados impressionantes (vv. 19-21). Que tipo de ajuda foi providenciada para os novos crentes naquela cidade (vv. 22-26)? Que cuidado especial a igreja de Jerusalém demonstrou ao enviar especificamente a Barnabé?
5. A maravilhosa graça de Deus criou oportunidades para que os cristãos judeus e gentios pudessem expressar comunhão e auxílio mútuo em suas necessidades (vv. 25-30). De que maneira percebemos aqui o verdadeiro significado de “cristão” (v.26b) sendo mais profundamente descoberto e vivido no contexto de uma igreja multicultural?

Hora de Avançar

(…) muitas vezes, os fatores que mais afetam a vida e a missão da igreja não são resultado de planejamento humano. Irrompem no nosso caminho e nos surpreendem, como a chuva refrescante num dia de sol e calor.

Para pensar

Os judeus que haviam abraçado a fé em Jesus consideravam-se os legítimos herdeiros das promessas de benção e salvação da parte de Deus, proferidas inicialmente a Abraão (Gênesis 12. 1-3), e que ecoaram por todo o Antigo Testamento. E eram mesmo. Eram herdeiros legítimos mas não exclusivos! Deus tinha um plano muito mais amplo: abençoar, por meio da fé em Cristo, “todas as famílias da Terra” e toda a sua criação.
A eleição de Israel nunca significou uma rejeição das demais nações, mas ao contrário, tinha a expressa intenção de que elas fossem abençoadas por meio do povo eleito. “Deus havia escolhido Israel em conexão com o propósito dele para o mundo, não somente para Israel” (Christopher Wright). Por todo o Antigo Testamento Deus havia revelado sua intenção, e convocado o povo da antiga aliança para que manifestasse por meio de sua vida pessoal e comunitária, o desejo de Deus de ser conhecido por todas as nações.
Todas as promessas veterotestamentárias tiveram seu cumprimento “em” e “por meio de” Jesus. Ele era o “descendente”, por meio do qual “todas as famílias da Terra” seriam abençoadas com a certeza da libertação salvadora de Deus. No nosso estudo, Deus está desenvolvendo um novo estágio na história da redenção – agora por meio dos discípulos de Jesus. Assim como o povo de Israel, os judeus convertidos à Cristo precisavam descobrir e aprender que os planos de Deus para Sua igreja eram mais abrangentes e inclusivos: por meio da nova fé em Jesus “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gálatas 3. 28).

O que disseram

Há muita coisa que podemos entender sobre os caminhos de Deus, assim como há muita coisa que não podemos. Os caminhos de Deus não contradizem nossa razão, mas vão além dela. A revelação que Cristo nos traz coloca todos os fragmentos de nosso conhecimento em uma verdade completa. (Eugene Peterson, “Um Ano com Jesus”, Ed. Ultimato)

Para responder

1. Pedro e os cristãos em Jerusalém, diante da experiência na casa de Cornélio e em Antioquia, precisaram “construir” uma nova perspectiva sobre a presença e ação de Deus entre pessoas e lugares talvez inesperados. Talvez, hoje em dia, também nos sintamos desconfortáveis com determinadas pessoas, grupos e até mesmo lugares onde Deus possa estar agindo. Como você costuma “manejar” a necessidade de uma nova perspectiva em situações assim? Com resistência? Com empolgação? Com incertezas?
2. Às vezes, mesmo em se tratando de espaços já cristãos (igreja, congregação, grupos menores, células, etc), temos a tendência de subestimar o que já tem sido feito, e superestimar a nossa própria contribuição! Como o exemplo de Barnabé, ao ser enviado pela igreja de Jerusalém para acompanhar o que Deus estava realizando em Antioquia, pode nos ajudar a ter uma postura mais humilde e construtiva?

Eu e Deus

Peça a Deus que lhe dê discernimento espiritual para não considerar “impuro” aquilo que Ele já “purificou”, e para perceber Sua presença e ação em pessoas, grupos e lugares que talvez você considere “menos santos” do que na verdade o são!
Estudo bíblico desenvolvido a partir do artigo A metanoia de uma igreja, do colunista e escritor René Padilla, publicado na edição 358 da revista Ultimato.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/quem-chama-deus-de-pai-nao-escolhe-irmao/

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