Há solução para o pecado que as máscaras escondem
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- Ronaldo Lidório
Frequentemente julgamos a vida a partir de valores mais externos, contábeis e visíveis do que pelas coisas do coração. Corremos, assim, o risco de nos encantarmos com histórias, livros e pessoas que não encantam a Deus, aprovando aquilo que Ele desaprova e desaprovando o que Ele aprova.
A sociedade nos leva a crer que somos aquilo que aparentamos e, não raras vezes, somos julgados pelos nossos títulos, realizações, influência, aparência e tantas outras credenciais que tentam definir nossa identidade.
A razão para tal postura sociocultural é a natureza pecaminosa humana e sua tendência a esconder-se de Deus e da verdade. Desde Adão, que fugiu ao ser convocado por Deus em Gênesis 3, nos tornamos seres construtores de máscaras, agindo com ar de espiritualidade enquanto os interesses do coração e a satisfação do ego tornam-se o centro da vida.
O uso de máscaras é prática comum em diversas culturas, festas e apresentações teatrais ao longo da história. Dentre a diversidade de significado e função, máscaras são frequentemente usadas para esconder a verdadeira face ou projetar uma aparência diferente. De igual modo, somos uma sociedade inclinada ao uso de máscaras, tanto para esconder a verdade como para projetar uma imagem idealizada.
Máscaras de pureza em vidas sem compromisso com a santidade; máscaras de amor em relacionamentos marcados pelos interesses pessoais; máscaras de compromisso em casamentos internamente destruídos; máscaras de tolerância, que escondem planos vingativos; máscaras de espiritualidade em decisões puramente políticas e interesseiras; máscaras de exortação em sermões que não correspondem com a própria vida; máscaras de misericórdia, sem coração compassivo ou qualquer interesse em aliviar a dor do aflito.
Na busca por um coração íntegro talvez a oração mais marcante na Palavra tenha sido proferida pelo salmista: “Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23, 24).
No Reino de Deus a verdade é o fundamento de toda avaliação. Não por acaso a Palavra nos diz que ela nos libertará. A ausência da verdade, por outro lado, nos mantem cativos às mesmas masmorras psíquicas e comportamentais de sempre. De quando em quando, precisamos ser chocados com a verdade sobre as nossas vidas, que faz depor as máscaras, reconhecer o estado do coração e buscar misericórdia e transformação em Cristo. Estes choques de realidade geralmente acontecem no encontro com a Palavra de Deus.
O elemento principal com o qual Jesus nos avalia é bem menos visível, menos contábil e certamente menos observado por aqueles que nos cercam, pois Ele nos conhece no íntimo, sem máscaras, manipulações ou enganos. A Palavra usa expressões como “coração puro” (Sl 51:10), “de todo o teu coração” (Mt 22:37), “integridade do coração” (Sl 78:72), e “santidade ao Senhor” (Ex 29:6) para nos fazer entender que Deus nos avalia mais pelas coisas do coração do que pela nossa roupagem.
Sim, Jesus conhece o secreto da sua vida. Ele certamente não se impressiona pelas grandes construções que levantou, realizações aplaudidas por multidões ou teses defendidas debaixo dos holofotes. O Carpinteiro de Nazaré olha direto para o seu coração e vasculha a sua alma. E é justamente neste campo que seremos encontrados, fieis ou não.
Há vários elementos humanos que nos preterem de buscar um coração puro. São os inimigos da santidade, contra os quais devemos lutar. Três deles são a racionalização, a fuga e a hipocrisia.
O problema central da racionalização é que ela nos distancia da verdade. Leva-nos, tão somente, a construirmos as razões que justificam o nosso pecado, não nos confronta e jamais nos ajuda a termos corações transformados. Se você convive com alguém que sempre racionaliza seus problemas pessoais, há uma alta chance de que ele venha a repeti-los muitas e muitas vezes. A soberba e orgulho são aliados da racionalização, pois ajudam a pensar que o outro é sempre inferior e, consequentemente, participante maior em nosso próprio erro. Tolstoi, no livro Celebração da Disciplina, argumenta que todos pensam em mudar a humanidade, mas poucos pensam em mudar a própria vida. E a racionalização é um sério elemento que nos impede de buscarmos uma vida confrontada e transformada pela verdade.
A fuga, assim chamemos, trata o pecado como um objeto distante e jamais o observa de perto. Tal mecanismo provoca constantes evasivas no pensamento e discurso quando se trata de avaliar o próprio coração. Corações em fuga jamais lidam com seus erros de forma objetiva, pois há sempre outra pessoa, circunstância ou motivo que deve ser o foco de atenção e para onde se transfere a responsabilidade primária do pecado. O problema da fuga, bem como da racionalização, é que nos distanciamos da verdade, andando sempre nas adjacências dos nossos erros, sem jamais vê-los confrontados.
O caminho para um coração santo inicia na Palavra que nos encoraja, ensina, confronta, conduz à retidão e alinha nossos pensamentos, impedindo a racionalização improdutiva ou a fuga irresponsável. Sendo assim, a busca por uma vida cristã autêntica faz-nos olhar para Deus e torna-nos sensíveis ao pecado, “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp. 2:15).
A hipocrisia, por sua vez, é quase sempre resultado de um coração soberbo e olhar altivo, que impede de perceber que o pecado apontado e combatido no outro corresponde, muitas vezes, à tendência do nosso próprio coração. Um coração hipócrita é aquele que é duro, rápido e assertivo para apontar o pecado alheio, com expressão de surpresa e repúdio, mas se mantem em silêncio com os próprios pecados, tratados com extrema tolerância. Salomão enfatiza que Deus se entristece profundamente com tal conduta, pois o Senhor aborrece olhos altivos (Pv 6:17). Gálatas 5 nos revela que as obras da carne estão todas no mesmo pé de igualdade. Os pecados contra a pessoa de Deus (idolatria, feitiçaria), contra o próprio corpo (prostituição, impureza, lascívia, bebedeiras e glutonarias) e contra o outro (inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas) igualmente nos distanciam do Senhor.
Devemos lutar não apenas contra a prostituição e a idolatria, como claramente se faz na Igreja de Cristo, mas também contra a arrogância, a murmuração, o orgulho, a malícia, a avareza, a inveja, a altivez, a jactância, o desrespeito e o atrevimento.
É certo, porém, que não podemos purificar nosso próprio coração. Dentre tantas verdades marcantes do Cristianismo, uma das principais é que dependemos de Deus. Que o Senhor nos leve a orar com sinceridade e humildade, a cada dia, como o salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl 51:10).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/ha-solucao-para-o-pecado-que-as-mascaras-escondem
PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=MB8Af0j3iEM
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- Ronaldo Lidório
Frequentemente julgamos a vida a partir de valores mais externos, contábeis e visíveis do que pelas coisas do coração. Corremos, assim, o risco de nos encantarmos com histórias, livros e pessoas que não encantam a Deus, aprovando aquilo que Ele desaprova e desaprovando o que Ele aprova.
A sociedade nos leva a crer que somos aquilo que aparentamos e, não raras vezes, somos julgados pelos nossos títulos, realizações, influência, aparência e tantas outras credenciais que tentam definir nossa identidade.
A razão para tal postura sociocultural é a natureza pecaminosa humana e sua tendência a esconder-se de Deus e da verdade. Desde Adão, que fugiu ao ser convocado por Deus em Gênesis 3, nos tornamos seres construtores de máscaras, agindo com ar de espiritualidade enquanto os interesses do coração e a satisfação do ego tornam-se o centro da vida.
Qual a sua máscara?
O uso de máscaras é prática comum em diversas culturas, festas e apresentações teatrais ao longo da história. Dentre a diversidade de significado e função, máscaras são frequentemente usadas para esconder a verdadeira face ou projetar uma aparência diferente. De igual modo, somos uma sociedade inclinada ao uso de máscaras, tanto para esconder a verdade como para projetar uma imagem idealizada.
Máscaras de pureza em vidas sem compromisso com a santidade; máscaras de amor em relacionamentos marcados pelos interesses pessoais; máscaras de compromisso em casamentos internamente destruídos; máscaras de tolerância, que escondem planos vingativos; máscaras de espiritualidade em decisões puramente políticas e interesseiras; máscaras de exortação em sermões que não correspondem com a própria vida; máscaras de misericórdia, sem coração compassivo ou qualquer interesse em aliviar a dor do aflito.
Na busca por um coração íntegro talvez a oração mais marcante na Palavra tenha sido proferida pelo salmista: “Sonda-me ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Sl 139:23, 24).
No Reino de Deus a verdade é o fundamento de toda avaliação. Não por acaso a Palavra nos diz que ela nos libertará. A ausência da verdade, por outro lado, nos mantem cativos às mesmas masmorras psíquicas e comportamentais de sempre. De quando em quando, precisamos ser chocados com a verdade sobre as nossas vidas, que faz depor as máscaras, reconhecer o estado do coração e buscar misericórdia e transformação em Cristo. Estes choques de realidade geralmente acontecem no encontro com a Palavra de Deus.
Deus não se impressiona com seus feitos
O elemento principal com o qual Jesus nos avalia é bem menos visível, menos contábil e certamente menos observado por aqueles que nos cercam, pois Ele nos conhece no íntimo, sem máscaras, manipulações ou enganos. A Palavra usa expressões como “coração puro” (Sl 51:10), “de todo o teu coração” (Mt 22:37), “integridade do coração” (Sl 78:72), e “santidade ao Senhor” (Ex 29:6) para nos fazer entender que Deus nos avalia mais pelas coisas do coração do que pela nossa roupagem.
Sim, Jesus conhece o secreto da sua vida. Ele certamente não se impressiona pelas grandes construções que levantou, realizações aplaudidas por multidões ou teses defendidas debaixo dos holofotes. O Carpinteiro de Nazaré olha direto para o seu coração e vasculha a sua alma. E é justamente neste campo que seremos encontrados, fieis ou não.
A racionalização, a fuga e a hipocrisia: inimigas da santidade
Há vários elementos humanos que nos preterem de buscar um coração puro. São os inimigos da santidade, contra os quais devemos lutar. Três deles são a racionalização, a fuga e a hipocrisia.
O problema central da racionalização é que ela nos distancia da verdade. Leva-nos, tão somente, a construirmos as razões que justificam o nosso pecado, não nos confronta e jamais nos ajuda a termos corações transformados. Se você convive com alguém que sempre racionaliza seus problemas pessoais, há uma alta chance de que ele venha a repeti-los muitas e muitas vezes. A soberba e orgulho são aliados da racionalização, pois ajudam a pensar que o outro é sempre inferior e, consequentemente, participante maior em nosso próprio erro. Tolstoi, no livro Celebração da Disciplina, argumenta que todos pensam em mudar a humanidade, mas poucos pensam em mudar a própria vida. E a racionalização é um sério elemento que nos impede de buscarmos uma vida confrontada e transformada pela verdade.
A fuga, assim chamemos, trata o pecado como um objeto distante e jamais o observa de perto. Tal mecanismo provoca constantes evasivas no pensamento e discurso quando se trata de avaliar o próprio coração. Corações em fuga jamais lidam com seus erros de forma objetiva, pois há sempre outra pessoa, circunstância ou motivo que deve ser o foco de atenção e para onde se transfere a responsabilidade primária do pecado. O problema da fuga, bem como da racionalização, é que nos distanciamos da verdade, andando sempre nas adjacências dos nossos erros, sem jamais vê-los confrontados.
O caminho para um coração santo inicia na Palavra que nos encoraja, ensina, confronta, conduz à retidão e alinha nossos pensamentos, impedindo a racionalização improdutiva ou a fuga irresponsável. Sendo assim, a busca por uma vida cristã autêntica faz-nos olhar para Deus e torna-nos sensíveis ao pecado, “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp. 2:15).
A hipocrisia, por sua vez, é quase sempre resultado de um coração soberbo e olhar altivo, que impede de perceber que o pecado apontado e combatido no outro corresponde, muitas vezes, à tendência do nosso próprio coração. Um coração hipócrita é aquele que é duro, rápido e assertivo para apontar o pecado alheio, com expressão de surpresa e repúdio, mas se mantem em silêncio com os próprios pecados, tratados com extrema tolerância. Salomão enfatiza que Deus se entristece profundamente com tal conduta, pois o Senhor aborrece olhos altivos (Pv 6:17). Gálatas 5 nos revela que as obras da carne estão todas no mesmo pé de igualdade. Os pecados contra a pessoa de Deus (idolatria, feitiçaria), contra o próprio corpo (prostituição, impureza, lascívia, bebedeiras e glutonarias) e contra o outro (inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas) igualmente nos distanciam do Senhor.
Devemos lutar não apenas contra a prostituição e a idolatria, como claramente se faz na Igreja de Cristo, mas também contra a arrogância, a murmuração, o orgulho, a malícia, a avareza, a inveja, a altivez, a jactância, o desrespeito e o atrevimento.
É certo, porém, que não podemos purificar nosso próprio coração. Dentre tantas verdades marcantes do Cristianismo, uma das principais é que dependemos de Deus. Que o Senhor nos leve a orar com sinceridade e humildade, a cada dia, como o salmista: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl 51:10).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/ha-solucao-para-o-pecado-que-as-mascaras-escondem
PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=MB8Af0j3iEM
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