November 02, 2017

O equilíbrio entre o amor e a verdade

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- Vinicius Vargas
Ao apóstolo João são atribuídas três cartas. Uma bem grande e duas bem pequenas. Comparadas com a primeira carta, as duas seguintes mais parecem bilhetes. E elas nascem em um contexto parecido: ambas falam de pregadores que iam de cidade em cidade pregando o evangelho. Numa época em que as hospedagens eram poucas, ruins e perigosas, era um costume dos crentes das igrejas receberem esses pregadores nas casas deles.
A questão é que estavam tendo um problema sério: nem todas as pessoas que apareciam nas igrejas se apresentando como pregadores estavam pregando o Evangelho de verdade. Tinha muito pregador enganado e enganando os outros. Mesmo que nem sempre os que eram recebidos fizessem jus à acolhida, os crentes agiam com amor e recebiam esses pregadores.
Então João escreve uma carta, que a gente conhece como 2 João, pra dizer que não dava pra ficar recebendo qualquer um, afinal em nome do amor não dava pra sacrificar a verdade. Aí a solução encontrada por algumas pessoas foi radical: já que não dava pra ficar recebendo qualquer um, e como não dava pra saber quem era quem, a saída mais fácil era não receber ninguém! Aí João escreve outra carta, que conhecemos como 3 João, pra dizer que o intuito não era proibir a acolhida, mas que era pra ter critérios. 

Em nome da verdade, não podiam sacrificar o amor.
O equilíbrio entre amor e verdade me parece um assunto importante nessas duas cartas. Na segunda carta, João alerta para o perigo dos falsos mestres que apelam para o amor, mas negam a verdade; e mostra um aspecto negativo da hospitalidade: o risco de hospedar falsos mestres. Já na terceira carta, João fala do perigo dos falsos líderes, aqueles que apelam para a verdade, mas negam o amor; e ressalta o lado positivo da hospitalidade: a necessidade de receber pregadores fiéis. Um dilema se apresentava. 

O que era mais importante: o amor ou a verdade? 
Na terceira carta, João diz que ambos são importantes. Mas tinha gente que queria ser mais justo do que devia. Queria fazer com que a vida tivesse um rigor que ia além do necessário. E tinha gente do bem. Os dois são colocados como exemplos opostos. Na igreja na qual a carta devia ser lida, João identifica dois grupos: o grupo dos que recebiam os pregadores, e dos que negavam hospedagem. Ambos os grupos eram formados por membros da mesma igreja, mas tinham posturas bem diferentes. 

Eram duas formas antagônicas de viver o cristianismo.
Em vez de sacrificar o amor em nome da verdade ou sacrificar a verdade em nome do amor, era importante que houvesse equilíbrio. Era necessário receber os pregadores itinerantes, mas certificando-se de sua procedência.
Ainda hoje muita coisa chega até nós e até nossas igrejas. Muitas novidades e ideias, que devem ser recebidas ou rejeitadas. Não podemos perder de vista o conselho do apóstolo. Nem o amor pode matar o que é a verdade, nem o zelo pela verdade nos impedir de agir com amor. 

É preciso equilibrar as coisas, comprovar a procedência e acolher com alegria. Ou recusar prudentemente aquilo que se apresenta a nós.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2017/10/27/o-equilibrio-entre-o-amor-e-a-verdade/

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