Restrição e Liberdade
.
Ascese é a prática voluntária de determinados tipos de restrição em relação a necessidades ou abstinência de prazeres, tanto físicos como imateriais. É disciplina espiritual praticada desde o Século III, quando a vida monástica se tornou uma opção à aliança entre o estado imperial e a igreja.
Em resposta, muitos piedosos seguidores de Jesus optaram por um retorno às origens mais humildes da sua fé, ao isolamento nos desertos e a uma vida que priorizasse a simplicidade.
A sabedoria clássica nos ensina que há três ordens de necessidades humanas que influenciam no equilíbrio necessário à vida devota:
A ascese se apresenta, no discernimento dos pais do deserto, como o método que busca o enfrentamento pessoal, com o auxílio do Espírito Santo, desses vícios e tentações.
Por práticas restritivas ou pela abstinência, propõe: os jejuns, que refreiam as bocas ávidas; o silêncio, o calar e o não julgar, que educam as línguas e pacificam os corações; e, por fim, a meditação, as orações incessantes e a contemplação, que iluminam as cabeças e libertam as mentes.
Vivemos um tempo de volúpia existencial (desejos, necessidades e buscas exageradas). A resposta do cristianismo sempre foi a moderação. Afinal, toda a satisfação possível vem de Deus, no relacionamento com a santíssima Trindade, só viável por causa de Jesus Cristo.
De nada adianta a ânsia insana pela autopreservação ou a disposição desvairada de se prestar a qualquer papel apenas para ser aceito ou mesmo o uso de mecanismos de manipulação ou de relações utilitaristas que buscam, apenas, incrementar os lucros e o poder.
A serenidade verdadeira nasce da capacidade de abrir mão. De deixar ir. Na perspectiva daquele que, sendo tudo, a si mesmo se esvaziou por amor, menos é mais.
Menos exagero para a boca e o estômago famintos; menos vaidade ou bajulação para corações medíocres; menos mecanismos de poder e fuga das responsabilidades para as mentes débeis.
Aprender a abrir mão, restringir, diminuir e satisfazer-se com aquilo que é essencial é evidência de maturidade espiritual.
É satisfação que não nasce do excesso, mas da liberdade de dizer não.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/restricao-e-liberdade/
Ascese é a prática voluntária de determinados tipos de restrição em relação a necessidades ou abstinência de prazeres, tanto físicos como imateriais. É disciplina espiritual praticada desde o Século III, quando a vida monástica se tornou uma opção à aliança entre o estado imperial e a igreja.
Em resposta, muitos piedosos seguidores de Jesus optaram por um retorno às origens mais humildes da sua fé, ao isolamento nos desertos e a uma vida que priorizasse a simplicidade.
A sabedoria clássica nos ensina que há três ordens de necessidades humanas que influenciam no equilíbrio necessário à vida devota:
- necessidades de base, voltadas à sobrevivência, vinculadas aos instintos (comida, segurança, procriação). São necessidades viscerais, simbolizadas pelo estômago;
- necessidades emocionais, voltadas aos afetos, vinculadas aos sentimentos (aceitação, acolhimento, pertencimento). É a necessidade de sermos amados, vinculada ao coração;
- necessidades espirituais, voltadas à reflexão, vinculadas à razão e à transcendência (busca pelo sentido da existência, controle, culto, devoção). É a espiritualidade, designada, metaforicamente, pela cabeça.
A ascese se apresenta, no discernimento dos pais do deserto, como o método que busca o enfrentamento pessoal, com o auxílio do Espírito Santo, desses vícios e tentações.
Por práticas restritivas ou pela abstinência, propõe: os jejuns, que refreiam as bocas ávidas; o silêncio, o calar e o não julgar, que educam as línguas e pacificam os corações; e, por fim, a meditação, as orações incessantes e a contemplação, que iluminam as cabeças e libertam as mentes.
Vivemos um tempo de volúpia existencial (desejos, necessidades e buscas exageradas). A resposta do cristianismo sempre foi a moderação. Afinal, toda a satisfação possível vem de Deus, no relacionamento com a santíssima Trindade, só viável por causa de Jesus Cristo.
De nada adianta a ânsia insana pela autopreservação ou a disposição desvairada de se prestar a qualquer papel apenas para ser aceito ou mesmo o uso de mecanismos de manipulação ou de relações utilitaristas que buscam, apenas, incrementar os lucros e o poder.
A serenidade verdadeira nasce da capacidade de abrir mão. De deixar ir. Na perspectiva daquele que, sendo tudo, a si mesmo se esvaziou por amor, menos é mais.
Menos exagero para a boca e o estômago famintos; menos vaidade ou bajulação para corações medíocres; menos mecanismos de poder e fuga das responsabilidades para as mentes débeis.
Aprender a abrir mão, restringir, diminuir e satisfazer-se com aquilo que é essencial é evidência de maturidade espiritual.
É satisfação que não nasce do excesso, mas da liberdade de dizer não.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/restricao-e-liberdade/
0 Comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.
<< Home