Teu é o Reino
- Stanley Jones
Devemos pedir a Deus que nos perdoe desde que perdoemos os outros. Se não perdoarmos os outros, então jamais poderemos ser perdoados. Derrubamos a ponte sobre a qual deveríamos passar. Essa necessidade de perdoar, se você quiser o perdão, é a única parte da oração sobre a qual Jesus volta a comentar. Ele mostrou assim a importância que dava a esse assunto, ou seja, vital importância. Observe que o perdão que devemos dar aos outros é passado, não futuro – assim como “perdoamos”. A base da expectativa de perdão é o fato de já termos perdoado os outros.
Considere o próximo item da “Oração dos Discípulos”: “E guia-nos, não à tentação, mas livra-nos do mal” (tradução livre). Inseri a primeira vírgula à versão King James, o que é legítimo, uma vez que não havia pontuação no original grego. Isso muda o sentido. A oração é para que o Pai nos guie: “Guia-nos”. O restante aponta para onde a pessoa guiada deveria ir: “Não à tentação, mas livra-nos do mal”. Esta parte da oração seria moralmente inteligível sem a pontuação que fiz, pois Deus não pode levar à tentação. À primeira vista, a oração parece terminar com um tom sombrio. Esperávamos um tom mais alegre. No entanto, pergunto-me se a petição, em si, não é a mais elevada: “Guia-nos, para que o mal já não seja uma tentação para nós”. Temos de chegar ao lugar onde estaremos além da tentação. Isso é vitória.
A última parte é, na verdade, uma oração para que estejamos livres do mal. Não pedimos a libertação deste ou daquele mal, mas do próprio mal. Para Jesus, o mal era o mal sob qualquer forma – fosse o mal da carne ou o mal da disposição, fosse a vontade individual ou a vontade coletiva –; o mal nunca foi o bem, e o bem nunca foi o mal.
A oração termina com uma afirmação: “Pois teu é o Reino, o poder e a glória”. Observe: “Teu é o Reino” – agora. Deus nunca abdicou. Deus ainda governa. O “poder” e a “glória” são o poder do reino e a glória do reino – o tipo indigno de poder e de glória terrenos é o que Jesus rejeitou na tentação do deserto. O poder do reino e a glória do reino são o único “poder” e “glória”. Todo o resto é poder decadente e glória passageira.
Ó Cristo, tu estás não apenas nos purificando por meio da oração; tu estás também purificando nossas orações. Quando nossas orações se banham em tua mente, elas se tornam tão puras, tão simples e tão reais! Purifica nossas orações. Amém.
Afirmação do dia: “Refleti em meus caminhos e voltei os meus passos para os teus testemunhos” (Sl 119.59).
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