Dias dificeis
Davi, depois daquele ato corajoso quando enfrentou e matou o gigante Golias, ainda jovem virou herói nacional e amigo de Saul, rei de Israel. “Saul lhe deu uma posição de comando no exército, o que agradou tanto ao povo como aos oficiais de Saul”. Sempre vitorioso, Davi acabou sendo mais elogiado e exaltado do que Saul. Este, muito enciumado, tornou-se inimigo de Davi a ponto de tentar matá-lo, mais de uma vez. Davi fugiu para outras cidades e para o deserto, e fugitivo viveu por cerca de dez anos (I Samuel 17-23).
Um dia, Davi e um grupo de amigos estavam escondidos no fundo de uma caverna. Saul, sem saber que Davi estava ali, entrou na caverna para uma necessidade pessoal. Que perigo para ambos! Os amigos de Davi o encorajaram a aproximar-se, sorrateiro, e matar Saul. Mas Davi não quis fazê-lo, considerando que Saul, de qualquer modo, era “o ungido do Senhor” (I Samuel 24).
Para muitos, aquela caverna, assim como a presença de inimigo tão poderoso e mortal, teria sido o cenário perfeito para uma crise de pânico e desespero. Para Davi, entretanto, foi o lugar ideal para compor um hino de vitória, o Salmo 57.
Cônscio do perigo, Davi não confiou nos seus próprios recursos. Certamente, lembrou-se do dia em que, sozinho, matou um leão e um urso; mais ainda do dia em que enfrentou e matou o gigante Golias, o mais temido inimigo de Israel. Porém, ele tudo atribuía à bênção de Deus.
Por isso, em face desse novo desafio, não confiou em suas próprias forças e habilidades, mas orou: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia! Em ti me refugio. À sombra das tuas asas me esconderei, até que passe o perigo” (v.1). Poeta, ele referiu-se às paredes úmidas e escuras daquela caverna como sendo as asas protetoras de Deus! Aos homens ímpios que estavam com ele, testemunhou: “Clamo ao Deus Altíssimo, ao Deus que cumpre seus propósitos para mim. Dos céus ele enviará socorro para me salvar […]” (vs.2-3). Assim reage todo aquele que confia no Senhor, não em seus próprios recursos: ele ora e confia em Deus!
E tem mais. No fundo daquela caverna, com Saul ali à entrada, Davi orou outra vez, com ênfase: “Meu coração está firme em ti, ó Deus, meu coração está firme; por isso canto louvores a ti!” (v.7). Ao que parece, orou e cantarolou, bem baixinho para Saul não escutar. Na adversidade, podemos permanecer firmes, emocionalmente estáveis, confiantes em Deus.
Orar e confiar em Deus é o segredo da vitória, em todas as circunstâncias. Como disse a poetisa Michele Dumont: “Quando se confia em Deus, no final tudo dá certo.”