À beira de um esgotamento nervoso
Chérie,
é assim que eu me sinto! Prazos apertados, muita pressão (principalmente interna, pois o pior algoz sou eu mesma) e o mesmo filme se repetindo interminavelmente: impaciência e julgamento para com aquelas histórias onde os personagens só mudam de nome... Jean Paul Sartre dizia que "o inferno são os outros", mas será mesmo?
Domingo passado o pr. Vandeir compartilhou uma coisa pequena, porém muito interessante (tem tuuudo a ver com o momento que estou vivendo e que talvez este tb seja o seu caso) sobre a observância daquele mandamento onde Deus estipula o descanso. E que, quando ele não respeitava o limite, ele se tornava uma pessoa sem GRAÇA para com os outros (dava “sermões” na comunidade ao invés de ser instrumento do Pai para abençoar).
Então, pára tudo para eu descer deste ônibus! Que punk... parar tudo (estou no meio do olho do furacão) para descansar no colo do Pai, “Em Tua presença é o meu lugar, é onde eu sinto a Tua paz, me deixa ver Tua luz, me leva para onde a Tua mão me levar”...
Isto me faz lembrar a oração de Bernardo de Clairveaux: “Pai, faça-me represa do Teu amor. Não peço para ser canal, pois passa por períodos de seca, mas que eu seja represa do Teu amor que alaga e inunda a todos ao meu redor, a partir do meu coração”.
Chérie, que esta seja a minha, a tua, a nossa oração!
Bjs,
KT
ALMA CANSADA
"Porque satisfiz à alma cansada, e saciei a toda alma desfalecida"
(Jeremias, 31.25)
O chamado que recebemos de Deus vem sempre na hora certa. Na hora de Deus. O que muitos de nós custam a entender é que este chamado não encontra razão na razão humana, ou seja, geralmente não se explica: "por que eu, Senhor"?; "Logo eu, Senhor?". Custamos a entender, ou quase nunca entendemos que faz parte da mente e dos propósitos d'Aquele que muitas vezes, contrariando a própria lógica, arranca de pessoas como nós, bons resultados. Os planos e objetivos do Senhor são a raiz do Seu chamado. E chama pelo que pode fazer através de nós, não pelo que somos ou podemos a partir de nós mesmos, e nem pelo quanto fomos capazes de convencê-Lo a nos chamar...
Jeremias é uma das inúmeras provas disso. Uma daquelas pessoas que jamais alguém se arriscaria a investir ou dar um cargo. Por ter nascido num dos piores momentos da história de Israel, provou de todas as formas os efeitos daquela insustentável crise social e religiosa. Emocionalmente, era o próprio resultado do caos do seu tempo... sofria vendo seu povo sem saída, sem fé, sincretizado pela idolatria assíria, ferido pelas flechas e espadas babilônicas e egípcias. Apenas uma criança, Jeremias era tudo o que o povo não esperava de Deus para a indicação de uma saída e restauração da fé no Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Se fôssemos Deus, jamais chamaríamos alguém assim...
Chorão, complexado, negativista, depressivo, e ainda com forte atração ao suicídio, Jeremias foi chamado. Custa entender, mas Deus mais uma vez nos prova que é capaz de revirar pelo avesso a história a partir de pessoas simples como nós. Portanto, ninguém deve se opor ao chamado do Senhor, baseando-se em suas próprias limitações. Jeremias até que tentou, mas, por fim, preferiu entregar-se como barro nas mãos do Oleiro, permitindo assim ser moldado numa nova pessoa... foi aí que o Senhor o fez profeta.
"Porque satisfiz à alma cansada, e saciei a toda alma desfalecida". Essas palavras são o prêmio para os que ao Senhor dizem "sim", apesar da alma cansada; "sim", apesar da humana desaprovação e do despreparo. A obediência muitas vezes nos leva a contrariar nossa própria vontade, tudo e todos. O cansaço na alma não é álibi para o "não".
Escrevemos para quem há muito disse "não"; para aqueles que após terem caminhado um tempo com o Senhor, por qualquer motivo disseram, "não"; para quem, em sua vida, tem dado mais ouvido à cômoda voz da razão do que ao desafio e aos "riscos" da voz divina. Para aqueles a quem Deus viu e escolheu com base nas Suas insondáveis razões. Errado é não atender, imperdoável é desistir!
Jeremias foi uma bênção, um profeta inesquecível. Suplantou todas as expectativas, foi fundamental para Israel na restauração da esperança e do temor ao Senhor. O menino triste encontrou sentido para sua vida "perdida" enquanto servia fiel aos propósitos do Deus que o chamara.
Que Aquele que chama nos conduza sempre ao centro do Seu chamado.
Em Seu nome.
Rev. Ricardo César Vasconcelos
Igreja Presbiteriana da Penha - RJ - Brasil
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil - IPU