Quem é vc de verdade?
Quem é o maior
"O que reconhece os seus próprios pecados é maior do que aquele que ressuscita os mortos com a sua oração. O que chora durante uma hora por causa da sua alma é maior do que aquele que abraça todo o mundo com a sua contemplação. Aquele a quem é dado ver a verdade sobre si mesmo é maior do que aquele a quem é permitido ver os anjos."
Este comentário de Isaac, o Sírio, monge em Nínive, perto de Mossul, no atual Iraque, no Século VII, me fez lembrar Provérbios 16.32, onde Salomão nos ensina que “maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele conquista uma cidade”. O monge Isaac praticamente ofereceu os requisitos para a conquista do si mesmo: reconhecer os próprios pecados, chorar em razão do estado da alma e ver a verdade sobre si mesmo.
A peregrinação espiritual implica necessariamente o olhar para dentro do próprio ser, que Paulo, apóstolo, chamou de “examinar-se a si mesmo”, como condição para a participação na celebração da Ceia Memorial. O auto-exame, no caso da experiência cristã, deve ser feito sob a iluminação da cruz de Cristo, que ao mesmo tempo que traz à tona o estado da alma e denuncia os pecados de quem se enxerga como verdadeiramente é, oferece cura, consolo e, mais ainda, redenção e transformação.
Qualquer pessoa que recebe a graça de ver a verdade a respeito de si mesma não tem alternativa senão chorar pelo estado de sua alma, e não apenas reconhecer seus próprios pecados como também, e principalmente, cair de joelhos em contrição e confissão, na certeza de que a mesma cruz que é instrumento para a consciência da escuridão interior é também fonte de perdão e luz.
Estranhamente, a peregrinação espiritual proposta em nossos dias está mais preocupada em promover sinais miraculosos dos mais extraordinários, facilitar o caminho da conquista sem limites e penetrar na dimensão dos mistérios do universo espiritual. Os religiosos de hoje preferem ressuscitar mortos, abraçar o mundo e ter visão de anjos.
Não é sem razão que assistimos entristecidos extraordinárias performances sociais concomitantes a fracassos existenciais. É possível ser um sucesso sem ser fiel, bem sucedido sem ser feliz, ser feliz sem ser inteiro. Já ensinou Jesus que a riqueza de uma pessoa não pode ser medida pelo que os olhos podem ver, pois de nada adianta ganhar o mundo inteiro (inclusive o mundo dos anjos e dos mortos) e perder a alma.
© 2006 Ed René Kivitz
Fonte: http://www.ibab.com.br/ed060903.html
0 Comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.
<< Home