February 21, 2007

Descalço diante de mim mesmo

Descalço diante de mim mesmo:

Reputação é aquilo que os outros pensam que sou; caráter é o que sou quando estou sozinho

1) Precisamos nos desnudar de nós mesmos, de nossas motivações erradas. Henri Nouwen fala que no deserto (Mt 4: 11-11) Jesus nos ensina a ter relacionamento com o Pai ao invés de escolher a auto-suficiência; a nos submeter a Ele ao invés de tentar viver de maneira extraordinária e a trilhar o caminho de Amor ao invés do poder.

2) Outro empecilho é quando trocamos a eleição por ganho. Como Jacó, queremos ser abençoados (Gn 27: 19) e fixamos nossos olhos naquilo que é aparente. A benção de Deus sempre traz responsabilidades; a eleição tem propósito (Gn 35: 9-11), nunca é para uso egoísta.

3) É preciso romper com tradição, sair da zona de conforto. O desafio é ter a mesma atitude de Abraão (Gn 12:1-3), que alargou sua tenda ao sair do lugar estreito para um lugar espaçoso (Hb 6: 15; Hb 11: 8).

4) Reconhecer que nossas boas obras são como trapo imundo diante de Deus (Is 64: 6) e que, por mais que queiramos fazer o bem, só conseguimos fazer o que é mal (Jr 13: 23; Rm 7: 19). O fruto do Espírito (Gl 5: 22 e 23) - amor, paz, alegria, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio - é resultado da nova vida que temos por intermédio do sangue de Jesus.

5) A nossa ansiedade faz com que fiquemos como Esaú (Gn 25: 32-34), que não teve paciência de esperar. Os desejos compulsivos tomam conta de nossas vidas. Como disse C. S. Lewis, "nossos desejos não são demasiadamente grandes, mas demasiadamente pequenos. Somos criaturas divididas, correndo atrás de álcool, sexo e ambições, desprezando a alegria infinita que se nos oferece, como uma criança ignorante que prefere continuar fazendo bolinhos de areia numa favela, porque não consegue imaginar o que significa um convite para passar as férias na praia. Contentamo-nos com muito pouco". O desafio é lançarmos a ansiedade aos pés do Senhor (1 Pe 5: 7).

6) Muitas vezes, a ansiedade traz consigo o medo. Achamos que não vamos dar conta do recado (Mt 25: 25) e, completamente cegos, não percebemos que Deus nunca está no medo (1 Jo 4: 18).

7) As dores da pós-modernidade: o desdém, que é gerado pelo ativismo desenfreado, pela falta de tempo e pelos inúmeros estímulos que recebemos diariamente. É tanta informação, que perdemos a capacidade de separar o essencial do supérfluo. Vivemos de maneira superficial, não analisamos com profundidade. O remorso, que é a culpa e a vergonha que surgem quando passamos dos limites - os nossos e os dos outros. E as lágrimas, que brotam do nosso desconforto em meio à solidão e silêncio; não temos como acolher o outro, porque não encontramos paz dentro de nós mesmos.

Só quando estamos à vontade com nós mesmos é que nossa vida se torna local de encontro e acolhimento para o outro.

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