April 18, 2011

Conforto, sentido e vida

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Nossa tendência natural é a busca pelo conforto, que surge da adaptação. Adaptamo-nos às situações e criamos hábitos. Mas o conforto não é bom, como pensamos, porque nossa alma não discerne facilmente entre a boa situação e a má situação antes de permitir que elas se estabeleçam.

Assim, nos adaptamos a realidades más, que nos impõe dor, por vezes humilhantes e indignas. Isso se torna nosso conforto, pois aprendemos a viver uma vida ruim e nossa alma se vicia nisso ao ponto de não sabermos viver uma boa vida.

Passamos a crer na fatalidade e na fantasia. A fatalidade é afirmação de que nascemos para sofrer, de que a vida não pode ser melhor, de que não somos dignos de uma vida boa. A fantasia é o grito desesperado em meio a angústia de quem clama para que algo exterior mude tudo, nos tire da vida que vivemos, nem que seja a própria morte. É a esperança falsa de que pode ser hoje que alguma coisa aconteça para nos tirar da situação da qual não conseguimos sair sozinhos, à qual estamos adaptados, mas que no fundo sabemos que é ruim.

Quanto mais adaptados às situações, maior precisa ser o fator de mudança. Algumas vezes, uma tragédia. Somos então tirados de nosso conforto, por vezes com dor e perda significativa, e temos a impressão de que se trata de algo ruim. O que já era ruim, agora piorou.

Até que descobrimos de que a perda, a dor, a partida, o fracasso, o escândalo, o flagrante, enfim, o fator exterior que mudou a situação não foi o mal, mas o bem que nos libertou da vida que vivíamos e que não teríamos coragem de abandonar, por mais que nos fizesse mal.

A alma não foi feita para o conforto, mas para o que tem significado. A morte do conforto é o início da vida.

©2009 Alexandre Robles

Fonte: http://www.alexandrerobles.com.br/conforto-sentido-e-vida/

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