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- pr. Paulo Cardoso
Muitas vezes,
tentamos eliminar as consequências das nossas vidas e não tratamos as causas que nos levam a elas. É aí que perguntar "por que?" para a sua alma tem tanta importância. Porque há algo que ela está tentando nos dizer a respeito daquilo que estamos sentindo e como estamos nos comportando.
Algumas coisas que fazemos são apenas a consequência de nossas ansiedades, carências e desconfortos interiores. Daí que
se estas causas não forem tratadas, muitos de nós teremos dificuldade de livrar-nos daquilo que elas geram no nosso comportamento do dia a dia.
William Backus, autor do livro "Fale a verdade consigo mesmo" alerta que
aquilo que dizemos para nós mesmos, acaba se transformando em emoções e comportamentos que passamos a ter.
É aí que temos que aprender a questionar esta fala interior, quando percebemos que ela está gerando algo adoecido em nossa vida. Foi o que Davi fez, quando perguntou para si mesmo: "Por que você está assim tão triste, minha alma?".
Por exemplo, quando dizemos que não conseguimos fazer ou deixar de fazer alguma coisa, temos de parar e refletir sobre isto. Por que será que nós, realmente,
não podemos parar, ou será que isto é o que sempre repetimos para nós mesmos e assumimos como uma verdade absoluta que está aprisionando o nosso modo de pensar e sentir?
A pergunta é: Por que nós não podemos parar? Por que é impossível? Por que nós dependemos disto para viver? Por que isto é o único prazer que resolvemos ter na vida? Não existe nada além disto? Por que é preciso fugir para isto? E por que sempre nestes momentos?
Pare e pense sobre o que você está, continuamente, dizendo para si mesmo a respeito disto.
O que se tornou uma verdade para você e que, na verdade, não passa de um falso conceito, de algo que parece ser verdade, mas não é?
O fato é que se você só tiver um prazer em sua vida, é provável que em sua fala interior, você esteja, sempre, dizendo para si mesmo: "Eu tenho o direito de me dar este prazer, afinal, minha vida é tão sofrida...". Ou, então, "eu preciso disto para aliviar a minha tensão", ou "eu não posso viver sem isto, é a única coisa que me faz relaxar e me dá algum sabor na vida". Será que não é isto que você está dizendo no seu monólogo interior (naquilo que você conversa consigo mesmo o tempo todo)? Mas, será que isto é verdade? E será que isto não está envolvido pela culpa e por cobranças que você mesmo se faz?
Uma outra verdade, é que
quanto mais tornamos o libertar-nos de uma coisa uma questão de vida ou morte e de uma repressão moral, mais ela se torna numa prisão em nossas mente e emoções. E, ao contrário,
quanto mais nos amamos a nós mesmos, nos aceitamos em Deus e sabemos que Ele nos ama incondicionalmente, mais somos livres para poder fazer nossas escolhas como resultado da nossa consciência e liberdade interior e sairmos daquilo que nos faz mal.
Repressão vira pulsão que vira vulcão que acaba entrando em erupção. É simples assim. Por isso é que
ninguém é liberto de nada que faça mal para si mesmo através do moralismo, mas de uma fé que age através do amor, de uma escolha que é resultado de uma consciência boa e clara diante de Deus, de si mesmo e da vida. Jesus disse que
conhecer a verdade é que nos liberta.
Pense, num exemplo bem simples: há pessoas que sentem-se em profunda agonia emocional, porque estão há anos e anos seguindo a Jesus, mas nunca conseguiram se livrar do cigarro. Elas transformaram o livrar-se do cigarro numa questão de entrar ou não no céu, estar ou não entre os salvos, poder ou não ter acesso a Deus.
Só que elas estão
abordando o problema de uma forma completamente errada. Porque o problema delas não é Deus. Deus as ama. Deus sabe o que as leva àquela atitude. Jesus já rasgou o escrito de dívida que era contrário a elas e que constava de ordenanças, e o encravou na cruz. Deus estava em Cristo reconciliando consigo os homens (o que inclui a elas), não atribuindo a eles os seus pecados (o que inclui a elas) e nos confiou o ministério da reconciliação. O problema não está em Deus. Jesus já gritou do alto da cruz: Está feito! Está pago! Está consumado!
O problema é que o cigarro tem cerca de 4.000 substâncias venenosas e diversas outras substâncias tóxicas, provoca câncer e muitas outras doenças.
Não é uma questão moral, é uma questão de saúde e um problema social. É um problema para elas, porque está fazendo mal à saúde delas e das pessoas que com elas convivem, porque o cigarro prejudica, muito, os não fumantes que estão ao redor dos fumantes. Este é o problema. É assim que a questão tem que ser encarada: como uma questão de saúde e não como uma questão moral; como algo que está fazendo mal à pessoa e aos seus e não como uma questão religiosa.
O fato é que ninguém, absolutamente,
ninguém se liberta de uma dependência emocional, física e mental se culpando e condenando moralmente. Isto é fato.
Primeiro é preciso reconhecer que se tem um problema e questionar aquilo que nos acostumamos a acreditar como verdade a respeito daquilo, com tranquilidade e bom senso.
Quando podemos ver a coisa de uma forma mais sadia, já começamos a caminhar na direção da cura. Por que, de repente, descobrimos que outros, também, já passaram por isto, outros passam por isto e conseguiram sair disto. É uma questão humana. É coisa de gente.
Cada um tem uma questão com alguma coisa. Alguns nunca colocaram um cigarro na boca, mas tem uma dificuldade enorme de controlar a ira. Outros, a crítica. Outros, o medo.
Por exemplo, nós
dizemos que não temos auto-controle. Mas,
será mesmo? Se disso depender a nossa vida, literalmente, será que não vamos ter auto-controle? Se for algo que está ali, bem diante dos nossos olhos, será que não vamos nos controlar? Se disto depender o nosso emprego, o nosso sustento, o pão dos nossos filhos, a vida de quem amamos, de uma forma dramática e visível, será que não vamos ser as pessoas mais controladas do mundo? Então, já
não podemos mais afirmar que é impossível nos controlar, porque isto não é verdade. Parece verdade, nós sentimos como se fosse verdade - mas, é uma mentira.
Também se nós vivemos dizendo que nós somos assim e agimos desta ou daquela maneira, porque nossos pais são assim, nossos avós eram assim, e que todos em nosso meio são assim, estamos escolhendo falar uma mentira para nós mesmos. Nós vamos acreditar nela e até viver segundo ela, mas é uma mentira. Porque a Bíblia diz que nós podemos ser
transformados pela graça de Jesus.
É claro que há a genética. Há exemplos. Há influências. Há a educação. Há circunstâncias. Há facilidades e dificuldades. E é claro que há situações e situações na história da nossa vida. Mas, ainda assim, nós podemos
escolher pensar e ver as coisas de modo diferente.
A história está cheia de exemplos assim. Jacó teve muitos filhos e a maioria criou muitos problemas, mas José
escolheu ser uma pessoa diferente. E, pela graça de Deus, ele foi. Jefté nasceu do relacionamento de seu pai com uma "mulher de programa", mas se tornou em um libertador e líder de seu povo, num momento de extrema crise. Nós podemos
escolher agir diferente, se começarmos a pensar diferente e a crer diferente.
É um processo, mas tem um início.
Agora, nós
só podemos mudar algo em nós, quando podemos olhar aquele algo com um olhar diferente do que estávamos olhando anteriormente. Não com o olhar da culpa e da condenação, mas da consciência e da vida.
Se você pensar como sempre pensou, vai sentir como sempre sentiu e se comportar como sempre se comportou.
Não é uma questão de convencer a si mesmo. Não é lavagem cerebral. Não é auto-indução. Não é o poder da mente. É sermos
transformados por Deus através da renovação do nosso entendimento (Romanos 12:2). É muito diferente.
É o poder de Deus se aperfeiçoando em nossa fraqueza. Só que sem culpas e neuroses, mas sabendo que
Deus se importa conosco.
Deus sempre pode nos ajudar, não importa a situação. Mas, a primeira coisa é vê-lo conosco. É saber que
o Seu amor é o que vai nos ajudar a vencer. Não o medo, não o ódio de si mesmo, não a auto-punição, não a agressão a si mesma, não a repressão doentia - mas o amor de Deus e o passar a
ver as coisas com consciência e sensatez.
Espero que estas palavras ajudem alguém que escolheu acreditar que não consegue. Oro para que estas simples palavras a ajudem a ver que o principal é tratar o que nos leva a agir como agimos e que podemos mudar quando entendemos que é o melhor para nós.
A graça de Deus é suficiente para nos socorrer. Deus não está contra nós,
Ele está conosco querendo nos ajudar a vencer aquilo que está nos fazendo mal.
Nunca esqueça que não é um moralismo frio, é vida. E é isto porqueJesus nunca pregou moralismo - os fariseus já faziam isto - Ele pregou
o amor de um Deus que é capaz de nos alcançar onde nós estivermos e nos levar onde planejou que nós estejamos. Um Deus que desce do Seu trono de glória e poder, se faz homem, em Jesus, e se entrega, por amor a nós, ensanguentado, no alto de uma cruz. É muito diferente!
Não se agrida, não se ofenda, não se bata, não se torture - fale consigo mesmo. Pergunte-se: Por que? E trate sua alma como uma criança que precisa ser curada e restaurada, não espancada e machucada. Jesus pagou um alto preço por você.
Talvez os fiscais da religião não concordem com o que escrevi, mas não escrevi para eles. Eles coam um mosquito, enquanto engolem um camelo. Escrevi para
gente sincera que ama a Deus e quer aprender um caminho mais sincero, verdadeiro e sadio para viver. Estamos todos aprendendo com Ele.
Pense nisto!
Fonte: http://www.encontrocomavida.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=4&sg=0&form_search=&pg=1&id=425
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