November 01, 2012

Apenas hóspede

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Há um tempo certo para cada coisa da vida.
Eclesiastes 3

Um instinto natural é evitar a dor, negando ou sublimando o que sentimos. Outro é domesticá-la até transformá-la num mecanismo psicológico adoecido de compensação e vitimização.

A dor, porém, deve ser tratada como um corpo estranho que nos invade, incomoda, mas que geralmente tem um caminho próprio para sair.

Fazemos isso quando aceitamos sua presença manifesta em forma de medo, ansiedade, saudade ou tristeza. Assumimos que estamos sentindo e que é natural, pelo menos pra nós mesmos, bom quando temos testemunhas.

Depois deixamos ir embora, e ela sempre vai se permitirmos.

Ela precisa realizar seu ciclo em nós, mas ainda assim será um corpo estranho, como uma cicatriz, uma batida na unha que, com o passar do tempo muda de lugar por causa de nosso crescimento, até sumir ou ser apenas encontrado com o esforço de quem quer contar o trauma que um dia houve ali, não sei bem onde, mas houve.

A dor deve ser tratada como visitante, hóspede sim, não há como negar, mas que vai embora uma hora, pois não é da casa.

©2012 Alexandre Robles

Fonte: http://www.alexandrerobles.com.br/dor-e-hospede/

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=jhpt7hA7TjM
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