Estamos todos cegos?
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João 9 - A cura de um cego de nascença
2
Os seus discípulos perguntaram: - Mestre, por que este homem nasceu
cego? Foi por causa dos pecados dele ou por causa dos pecados dos pais
dele?
3
Jesus respondeu: - Ele é cego, sim, mas não por causa dos pecados dele
nem por causa dos pecados dos pais dele. É cego para que o poder de Deus
se mostre nele.
4
Precisamos trabalhar enquanto é dia, para fazer as obras daquele que me
enviou. Pois está chegando a noite, quando ninguém pode trabalhar.
5 Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo.
6 Depois de dizer isso, Jesus cuspiu no chão, fez um pouco de lama com a saliva, passou a lama nos olhos do cego
7
e disse: - Vá lavar o rosto no tanque de Siloé. (Este nome quer dizer
"Aquele que Foi Enviado".) O cego foi, lavou o rosto e voltou vendo.
8
Os seus vizinhos e as pessoas que costumavam vê-lo pedindo esmola
perguntavam: - Não é este o homem que ficava sentado pedindo esmola?
9 - É! - diziam alguns. - Não, não é. Mas é parecido com ele! - afirmavam outros. Porém ele dizia: - Sou eu mesmo.
10 - Como é que agora você pode ver? - perguntaram.
11
Ele respondeu: - O homem chamado Jesus fez um pouco de lama, passou a
lama nos meus olhos e disse: "Vá ao tanque de Siloé e lave o rosto."
Então eu fui, lavei o rosto e fiquei vendo.
12 - Onde está esse homem? - perguntaram. - Não sei! - respondeu ele.
13 Então levaram aos fariseus o homem que havia sido cego.
14 O dia em que Jesus havia feito lama e curado o homem da cegueira era um sábado.
15
Aí os fariseus também perguntaram como ele tinha sido curado. - Ele pôs
lama nos meus olhos, eu lavei o rosto e agora estou vendo - respondeu o
homem.
16
Alguns fariseus disseram: - O homem que fez isso não é de Deus porque
não respeita a lei do sábado. E outros perguntaram: - Como pode um
pecador fazer milagres tão grandes? E por causa disso houve divisão
entre eles.
17
Então os fariseus tornaram a perguntar ao homem: - Você diz que ele
curou você da cegueira. E o que é que você diz dele? - Ele é um profeta!
- respondeu o homem.
18 Os líderes judeus não acreditavam que ele tinha sido cego e que agora podia ver. Por isso chamaram os pais dele
19 e perguntaram: - Esse homem é filho de vocês? Vocês dizem que ele nasceu cego. E como é que agora ele está vendo?
20 Os pais responderam: - Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego.
21
Mas não sabemos como é que ele agora pode ver e não sabemos também quem
foi que o curou. Ele é maior de idade; perguntem, e ele mesmo poderá
explicar.
22
Os pais disseram isso porque estavam com medo, pois os líderes judeus
tinham combinado expulsar da sinagoga quem afirmasse que Jesus era o
Messias.
23 Foi por isso que os pais disseram: "Ele é maior de idade; perguntem a ele."
24
Então os líderes judeus chamaram pela segunda vez o homem que tinha
sido cego e disseram: - Jure por Deus que você vai dizer a verdade. Nós
sabemos que esse homem é pecador.
25 Ele respondeu: - Se ele é pecador, eu não sei. De uma coisa eu sei: eu era cego e agora vejo!
26 - O que foi que ele fez a você? Como curou você da cegueira? - tornaram a perguntar.
27
O homem respondeu: - Eu já disse, e vocês não acreditaram. Por que
querem ouvir isso outra vez? Por acaso vocês também querem ser
seguidores dele?
28 Então eles o xingaram e disseram: - Você é que é seguidor dele! Nós somos seguidores de Moisés.
29 Sabemos que Deus falou com Moisés; mas este homem, nós nem mesmo sabemos de onde ele é.
30 Ele respondeu: - Que coisa esquisita! Vocês não sabem de onde ele é, mas ele me curou.
31 Sabemos que Deus não atende pecadores, mas ele atende os que o respeitam e fazem a sua vontade.
32 Desde que o mundo existe, nunca se ouviu dizer que alguém tivesse curado um cego de nascença.
33 Se esse homem não fosse enviado por Deus, não teria podido fazer nada.
34 Eles disseram: - Você nasceu cheio de pecado e é você que quer nos ensinar? E o expulsaram da sinagoga.
35
Jesus ficou sabendo que tinham expulsado o homem da sinagoga. Foi
procurá-lo e, quando o encontrou, perguntou: - Você crê no Filho do
Homem?
36 Ele respondeu: - Senhor, quem é o Filho do Homem para que eu creia nele?
37 Jesus disse: - Você já o viu! É ele que está falando com você!
38 - Eu creio, Senhor! - disse o homem. E se ajoelhou diante dele.
39
Então Jesus afirmou: - Eu vim a este mundo para julgar as pessoas, a
fim de que os cegos vejam e que fiquem cegos os que vêem.
40 Alguns fariseus que estavam com ele ouviram isso e perguntaram: - Será que isso quer dizer que nós também somos cegos?
41 - Se vocês fossem cegos, não teriam culpa! - respondeu Jesus. - Mas, como dizem que podem ver, então continuam tendo culpa.
Novo Testamento Comentado
v.
3 – Jesus não negou que o homem era pecador mas nem por isto que
merecia sofrer. Algumas lições parecem ser melhor aprendidas por meio do
sofrimento do que pelo triunfo (um copo de água no palácio não tem a
mesma importância do que um copo de água no deserto). Teísmo (Deus se
importa) x Deísmo (Deus criou mas largou o mundo): Jesus quer que
saibamos que tudo em nossa vida tem um propósito (Rm 8: 28) e que mesmo
numa condição horrível (o cego não era um boneco) pode ser participante
da glória de Deus.
v. 4 – cegueira (a noite
impede de trabalhar, vc corre o risco de tropeçar e é nesta hora que
aparecem os predadores). Durante o dia vc pode servir.
v. 5 – Jesus aparece para fornecer luz espiritual. Sem luz (sol) não pode haver vida
.v.
6 – saliva (transferência de energia de uma pessoa) cf Tácito e
Suetônio (estudiosos romanos). Em Mc 8: 22-26 vemos outro caso de cura
com saliva. No caso do lodo (saliva + poeira) foram elementos para
exercer a fé do cego.
v. 7 – paralelo com Jesus (= Enviado). Cego de nascença voltou enxergando, porém não havia ainda conhecido o Messias.
v. 8 – olhar p/ o cego: Antes do milagre: “faça algo por mim”, vc tem alguma esmola?
Depois do milagre: é a evidência viva de que agora ele pode ver.
v.
9 – “um humilde que afirma em sua pp experiência, merece ser ouvido;
mas o mais esperto dos homens que nega em sua ignorância não é digno de
um minuto sequer de atenção”.
v. 10 – pergunta
vital que mostra que os “cegos espirituais” jamais perceberam que Jesus
era o Messias, que Deus podia se aproximar deles.
v.
11 – Jesus foi chamado de “homem” – sua missão não foi compreendida
ainda; na maioria dos casos, a compreensão da realidade espiritual vem
aos poucos, não é imediata. O mais bonitinho é saber que Deus tem
paciência para nos ensinar a verdade.
v. 14 – causou diferença de opinião entre os fariseus.
v. 15 – cegueira e dureza de coração (quando o legalismo toma o lugar do amor).
v.
16 – nem sempre as provas fazem vc se render ao amor de Deus (nem as 10
pragas do Egito, nem as fontes de água do deserto, nem o maná muito
menos as codornizes fizeram Israel se “converter”).
v.
17 – o cego teve mais visão: enxerga que Jesus é profeta em contraponto
aos fariseus (teve coragem para reconhecer ao invés de se calar).
v. 18 – ceticismo: vontade de não crer (cuidado para não ser empecilho no seu caminhar)!
v. 19 – os fariseu quiseram debilitar o testemunho do filho deles abafando a tempestade que girava em torno do milagre.
vv.
20 e 21 – os pais foram astutos, porém não foram honestos. Reconheceram
a identidade, mas não se envolveram. Faltou força para demonstrar
gratidão além de não ficarem ao lado do filho.
v.
22 – significa muito mais do que se abster das reuniões pq colocava o
indivíduo em péssima situação dentro de sua comunidade porque o centro
social, educacional e religioso era justamente na sinagoga.
v. 23 – egoísmo que é a base da maioria das mentiras e desonestidades.
v. 24 – as evidências eram fortes demais, queriam forçar o cego a se contradizer.
v.
25 – mostra a distinção absoluta entre as trevas e a luz. Quem vê, não
precisa de mais provas. Toda discussão e debate não convencem como a pp
experiência (Jó 42: 5). E afinal, só o cego sabe pelo que ele mesmo
passou...
v. 26 – parece interrogatório!
v. 27 – deve ter sido um tapa na cara para aqueles como Nicodemos que não assumiam publicamente sua fé como o cego.
v. 28 – tu x nós: antítese (eles preferiam ser discípulos de um servo – Moisés – do que do pp Deus encarnado)!
v.
30 – fariseus covardes, não abertos à verdade, acomodados: amar de
verdade significa sinceridade, não ter preconceitos, estar aberto a
mudanças, correr riscos (trocar a segurança pelo sofrimento). É difícil,
mas isto que é amor!
v. 31 – a falsa identidade
cai por terra, pois Deus não usa pecadores para fazer prodígios. Talvez o
cego tenha ouvido isto a vida inteira. Interessante notar que é a 1ª.
vez que há cura em cego de nascença.
v. 32 –
coloca Jesus em outro patamar, agora ele é mais que profeta (a
literatura e a tradição judaica dão crédito a 66 milagres realizados por
Moisés).
v. 33 – os olhos espirituais do cego também estavam sendo abertos (o Espírito capacitou-o para responder às autoridades).
v.
34 – os fariseus não admitiram que estavam errados, colocaram a verdade
numa esfera hermética, continuavam julgando-o (presumiam que o pecado
devia ser tão monstruoso pelo homem ser cego de nascença) ao invés de
tirarem a trave do pp olho (que de tão grande, dava para fazer gol) rs!
v.
35 – enquanto que os outros, por receio, não se aproximaram (para o
cego foi um golpe sério atrás de outro: primeiro nasceu cego e agora
está sozinho, não vai poder mais mendigar, foi cortado da sociedade,
talvez estivesse reduzido a um estado de desespero), Jesus vai ao
encontro dele porque Ele era verdadeiramente humano, se importava com as
pessoas.
v. 36 – apesar de vir ao mundo salvar
toda Humanidade (Jo 3: 16), Jesus se apresenta de forma particular,
individual. Ele dá valor extraordinário à alma. Deus pode tornar cada um
de nós participantes de sua gloriosa obra.
vv. 37 e 38 – Jesus convida a um relacionamento e exorta sempre em amor (nunca com julgamento ou acusação).
v.
39 – afirmação positiva e negativa – responsabilidades: nenhum de nós é
melhor do que os cegos de nascença. Reconhecer a nossa cegueira é o 1º.
passo para a cura (o pior cego é aquele que não quer enxergar), a qual a
graça de Jesus pode produzir uma completa recuperação da vida.
Tornar-se “cego” é o obscurecimento, o endurecimento provocado pela
incredulidade e a falta de humildade.
v. 40 – os
fariseus ainda estavam por perto (Mt 15: 14), hipócritas, ao invés de
demonstrarem alegria e amor, tornaram-se pedra de tropeço.
v.
41 – quem conhece sua necessidade espiritual pode ser curado (1 Jo 1:
9); quem nega seu pecado, permanece nele (Sl 32: 3 – 5). A cegueira
espiritual inconsciente só admite a necessidade de cura com extrema
dificuldade (Ap 3: 17-18). Não puderam indagar: “- quem és tu?“ para que
pudessem ver. Confessar nossa cegueira leva a uma iluminação espiritual
(existem pessoas tão mergulhadas no reino das trevas que não reconhecem
sua pp cegueira). Os fariseus conheciam as leis e aferrando-se à
intelectualidade conquistada, fecharam-se à fonte da verdadeira luz,
tornando-se cegos.
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