December 31, 2016

Dia de reaver as coisas perdidas

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- Elben M. Lenz Cesar

Todos nós perdemos alguma coisa no ano que está escoando. Algumas não tinham muito valor. Outras eram de algum valor ou de imenso valor. Não sabemos onde as deixamos nem onde procurá-las. E elas nos fazem muita falta e nós queremos reavê-las.

Para nos encorajar, vamos chamar o dia 31 de dezembro de o Dia de Reaver as Coisas Perdidas.

Todavia, tomemos cuidado para não nos tornarmos simplórios demais. Na verdade há coisas irrecuperáveis e outras que demandam algum tempo.

Pela graça de Deus e pela tenacidade da busca, não é de todo impossível reaver algumas delas no espaço de um dia ou no espaço de uma hora. Embora muito raramente, pode acontecer que, no estalar de dedos, de um momento para o outro, a coisa perdida apareça diante de nós.

Quem sabe vale a pena fazer uma relação de coisas perdidas em diferentes áreas da vida.

No sentido físico, alguns de nós perdemos a saúde, o vigor, a disposição, a resistência, a audição, a visão, o paladar, a memória, algum órgão do corpo (os ovários, a próstata, a vesícula, o rim, o baço) ou parte dele (o seio, a perna, o braço).

No sentido emocional, alguns de nós perdemos a vontade e a alegria de viver, o sentimento de valor próprio, a sensação de segurança, a paz interior, o entusiasmo pela vida.

No sentido comportamental, alguns de nós perdemos a inocência, o escrúpulo, o juízo, a vergonha, o caráter, a pureza, o respeito, a autoridade, o bom nome.

No sentido profissional, alguns de nós perdemos a posição, o emprego, a capacidade de trabalho, as oportunidades, os ganhos, a liberdade.

No sentido transcendental, alguns de nós perdemos a fé, as convicções, a esperança, o temor do Senhor, o discernimento espiritual, a comunhão com Deus, a sensibilidade, o caminho, os exercícios devocionais (leitura meditativa da Bíblia e oração).

Devemos nos lembrar de que José e Maria, na viagem de volta de Jerusalém a Nazaré, perderam Jesus, na época com 12 anos. Foi aquela correria, aquela busca que só terminaram três dias depois. O menino estava conversando com os mestres da lei num dos pátios do Templo (Lucas 2.41-48).

Jesus nos ensina a valorizar as coisas perdidas e a procurá-las até achar, por meio das parábolas da ovelha perdida, da moeda perdida e do filho perdido (Lucas 15). Na primeira, um pastor tinha 100 ovelhas e uma delas se perdeu (1%); na segunda, uma mulher tinha 10 moedas e uma delas se perdeu (10%); e na última, um pai tinha dois filhos e um deles se perdeu (50%). Em cada caso, houve uma festa de arromba porque todos os três perdidos foram achados.

Vale muito a pena gastarmos algum tempo hoje, para reconhecermos humildemente que alguma coisa muito cara, especialmente na área transcendental, foi perdida e está nos fazendo muita falta. Uma oração de confissão precisa e bem feita e um grito de socorro dirigido diretamente a Deus podem nos levar a reaver o componente perdido. Depois é só coloca-lo dentro da bagagem que estamos levando para 2017.

Salve o Dia de Reaver as Coisas Perdidas!

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/dia-de-reaver-as-coisas-perdidas

December 29, 2016

Louvarei ao Senhor em todo o tempo

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- Ronaldo Lidório

Enganoso é o nosso coração. Não é raro observar que, por vezes, mesmo tendo muito mais do que precisamos, permanecemos descontentes pelo que julgamos nos faltar. Outras vezes, mesmo tendo pouquíssimo, o pouco que temos se mostra suficiente para encher o coração de louvor e agradecimento a Deus.

Isto nos leva a uma percepção bíblica de que o louvor a Deus não é definido pelas circunstâncias da existência, mas pela atitude do coração; e que nosso coração, essencialmente enganoso, é também ensinável, e deve aprender a louvar a Deus dentro de uma proposta bíblica radical — “todo o tempo”.

O Salmo 34 é um convite ao louvor e à maturidade espiritual. Nele o salmista manifesta o compromisso de louvar ao Senhor em “todo o tempo”(v.1). Louvar ao Senhor ao receber o que tanto desejou, ou ao ser surpreendido por uma ótima notícia, é uma resposta natural dos sentidos, e não exige nada especial do nosso coração. A proposta bíblica, porém, é louvar a Deus em “todo o tempo”: no dia bom e também no dia mau; em plena saúde e nos dias de enfermidade; quando aplaudido ou criticado; ao receber uma resposta positiva do Senhor ou quando ele nos fecha um caminho que intensamente desejávamos seguir.

Louvar a Deus em “todo o tempo” implica reconhecer que todos os planos do Pai são planos de amor. Que todas as coisas, de fato, cooperam de alguma forma, que pouco compreendemos, para o bem dos que sinceramente amam a Deus, e isto nos basta.

Louvar a Deus em “todo o tempo” implica também reconhecer que as circunstâncias da vida, mesmo as mais complexas e difíceis, possuem algum motivo de gratidão. Neste salmo não encontramos um cenário de perfeição que nos leva naturalmente ao louvor, mas um louvor que é proferido na realidade por uma vida que possui desafios constantes. Os versos 4, 5 e 6 nos falam sobre temores, angústias e prisões. O verso 8 nos leva, entretanto, ao reconhecimento de que, além das cores que pintam o presente cenário da existência, Deus é bom. Somos conduzidos não apenas a compreender a sua bondade, mas a experimentá-la: “provai e vede que o Senhor é bom!”.

Deus não é apresentado como aquele que realiza atos de bondade, mas como aquele que é bom em sua essência. É da natureza de Deus ser bom. Alguns passam por angústias e tornam-se murmuradores. Outros passam por tragédias e reconhecem a bondade do Senhor. A diferença parece estar na atitude do coração.

Em seu edificante livro O Discípulo Radical, John Stott nos apresenta oito características de um discípulo: inconformismo, semelhança com Cristo, maturidade, cuidado com a criação, simplicidade, equilíbrio, dependência e morte. Em todas elas ele destaca a atitude do coração, e a diferença entre o que meramente conhecemos e aquilo que abraçamos como valor e prática de vida. O louvor a Deus não é simples assunto de exposição ou tão somente artigo de fé. Ele deve ser praticado, e praticado “todo o tempo”.

É certo também perceber que o louvor a Deus combate a ansiedade da alma. Depressões, ansiedades, fobias e temores são as enfermidades do século. Neste salmo vemos que, ao praticar o louvor, pacificamos nossos corações. No verso 1 ele nos fala sobre a alegria, no 2, sobre a libertação dos temores e, no 5, sobre a libertação das angústias. Louvar a Deus alegra o coração do Pai e também apazigua a nossa alma, uma vez que nos conduz a reconhecer que nossas vidas estão nas mãos daquele que, em todas as coisas, é bom.

A declaração de louvor, lançada intencionalmente no futuro (“louvarei” ao Senhor), é sem dúvida uma afirmação de fé para caminharmos com Deus, pois não conhecemos o amanhã. Não sabemos o que nos aguarda, se a alegria inesperada ou a tragédia mais temida. Diante deste cenário de fluida incerteza o salmista faz um compromisso e o declara: “amanhã... eu o louvarei”.

O que pode parecer uma incoerência perante a inconstância da vida é, na verdade, uma afirmação de conhecimento e confiança. Não conhecemos o amanhã, mas conhecemos o Deus que controla o amanhã. Não sabemos se alegrias ou tragédias virão, mas estamos certos que nenhuma tragédia é maior que a sua bondade. Não conseguimos desvendar os mistérios da vida, mas sabemos que os planos do Pai são planos de amor. Desta forma, louvar a Deus é certamente um exercício de fé que apazigua as ansiedades da alma e nos dá paz. No amanhã — que desconheço — eu o louvarei.

Em 1873 um navio francês, o Ville de Havre, seguia da costa leste americana para a Europa. Entre os passageiros encontravam-se a senhora Spafford — esposa de um cristão piedoso, jovem advogado de Chicago — e seus quatro filhos. Nesta viagem o navio sofre um acidente e vem a naufragar, morrendo quase todos os tripulantes. Dias de desespero se seguem com a ausência de notícias para as famílias dos desaparecidos em alto mar. Finalmente o senhor Spafford recebe um telegrama comunicando que sua esposa foi encontrada ainda com vida, mas estava só. A mensagem sobre a perda de seus quatro filhos lhe aflige a alma. Ele chora e lamenta. Depois senta-se e escreve a letra de um hino que se tornaria conhecido em todo o mundo: “It is well with my soul” (Está bem a minha alma), conhecido como “Sou feliz com Jesus”.

Assim, ele diz:

Se paz a mais doce me deres gozar
Se dor a mais forte sofrer
Oh, seja o que for, tu me fazes saber
Que feliz com Jesus sempre sou

O louvor a Deus não é definido pelos marcadores da nossa história, mas pela bondade do Senhor que vai além das linhas do horizonte do entendimento da vida.

Louvar a Deus é reconhecer que a sua bondade será sempre maior do que qualquer acontecimento que possa se abater sobre nossos dias. É cantar a sua bondade nos dias de luz e alegria, e não deixar de fazê-lo nos dias de forte neblina e cores escuras. Sua bondade é maior que a vida.

Um dia, em luz plena e eterna, cantaremos a sua bondade em “todo o tempo”. Não precisaremos de fatos da vida para fazê-lo. A sua presença nos bastará.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/332/louvarei-ao-senhor-em-todo-o-tempo

December 28, 2016

A infância de Jesus

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José e Maria o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor. (Lucas 2.22)
Lucas fala mais que os outros evangelistas sobre a infância de Jesus. Em particular, refere-se a três coisas que foram feitas a ele enquanto era ainda um bebê.
Primeira, circuncidaram Jesus quando ele tinha oito dias de nascido. A circuncisão havia sido dada a Abraão dois mil anos antes como sinal da aliança que Deus havia estabelecido com ele e com seus descendentes. Isso fez de Jesus um verdadeiro filho de Abraão (Gn 17.12; Lv 12.3).
Segunda, ele foi chamado de Jesus, que quer dizer “Deus é Salvador”. Tanto Mateus quanto Lucas registram que um anjo instruiu José e Maria antes que ele nascesse para darem a ele o nome de Jesus (Mt 1.21; Lc 1.31), indicando que ele tinha vindo em uma missão de resgate.
Terceira, apresentaram Jesus ao Senhor no templo de Jerusalém. Dois rituais distintos do Antigo Testamento ocorreram durante essa visita; um relacionado à mãe e outro à criança. De um lado, uma vez que os quarenta dias, prescritos como período de purificação, se passaram, José e Maria ofereceram os sacrifícios exigidos, que eram normalmente um cordeiro para o holocausto e uma rolinha para a oferta pelo pecado. José e Maria, no entanto, se beneficiaram da concessão aos pobres e levaram dois pombinhos.
Por outro lado, desde o êxodo, todos os primogênitos do sexo masculino pertenciam a Deus, mas poderiam ser redimidos (Êx 13.2). Uma vez redimidos, eles poderiam também ser voluntariamente apresentados a Deus para o seu serviço.
Assim, sucessivamente, Jesus foi circuncidado, recebeu seu nome e foi apresentado no templo; todos os três eventos relacionados à sua missão no mundo. Sua circuncisão retratou-o como filho de Abraão, um membro autêntico do povo da aliança de Deus. Seu nome, Jesus, proclamou-o Salvador dos pecadores enviado do céu. Sua apresentação ao Senhor indicou que ele foi consagrado ao serviço de Deus e preparado para fazer a vontade de seu Pai.
Para saber mais: Lucas 2.21-24
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2016/12/27/autor/john-stott/a-infancia-de-jesus-2/

December 27, 2016

Presépio, o que sobrou do Natal

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- Luis Nacif Rocha

Um dos poucos símbolos explicitamente cristãos que ainda sobraram na cultura popular quando se pensa em Natal é o presépio. A representação da cena natalina é encontrada em muitas casas e, mesmo com a tradicional rejeição protestante do uso de imagens (pelo menos na tradição brasileira), não são poucos os que decoram suas casas com a conhecida representação da cena: José e Maria olhando o recém-nascido Jesus na manjedoura, cercados de animais e dos magos do oriente e às vezes de pastores. Isto tudo dentro do estábulo, local de criação dos animais, já que “não havia lugar na hospedaria”.

Acontece que, com o melhor conhecimento que se adquiriu da vida e dos costumes na época de Jesus, tornou-se claro que a cena do Presépio é um tanto distorcida do que realmente deve ter acontecido, segundo, principalmente, estudos do conhecido autor Kenneth Bailey.

Vejamos o porquê:

A ideia que tradicionalmente se tem é que José e Maria, chegando a Belém, não encontraram hospedagem, pois todas as hospedarias estavam lotadas, afinal de contas, muitos foram para a cidade por causa do recenseamento. Por causa disto, eles acabaram indo parar num estábulo, onde Maria deu à luz Jesus, colocando-o na manjedoura, quase que pedindo licença aos animais ali presentes. Mas o único verso bíblico que menciona isto é Lucas 2:6-7: “Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz, e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.”

Entretanto, o termo original para “estalagem” (o grego kataluma) é muito mais usado para um quarto de hóspedes de uma casa do que algo parecido com um hotel. É o mesmo termo usado por Lucas e Marcos para descrever o aposento (kataluma) onde Jesus celebrou a última Páscoa com seus discípulos (Mc 14:14 e Lc 22:11). Avanços na arqueologia têm mostrado qual era a constituição básica das casas da época, indicando duas coisas comuns: a presença da “kataluma”, este aposento usado para receber visitas mais “ilustres”, e o fato de os animais terem um aposento próprio, na entrada da casa, onde eles passavam a noite protegidos de ladrões e predadores.

O que provavelmente aconteceu naquela noite, então? O relato de Lucas não é suficientemente detalhado, mas Kenneth Bailey, com suas pesquisas e conhecimento da cultura palestina, nos dá boas pistas.

- José, como descendente de Davi e filho da cidade, nunca seria desprezado como visitante. Numa cultura onde a hospedagem era algo de grande honra, deixar alguém da família, principalmente com uma mulher grávida, hospedando-se em um estábulo seria uma desonra para toda a cidade.

- Lc 2:6 sugere que eles já estavam em Belém há algum tempo quando Maria entrou em trabalho de parto, muito provavelmente na casa de algum familiar de José. Eles não haviam recém-chegado à cidade e nem estavam batendo de porta em porta nas estalagens, procurando vaga.

- A parte da entrada da casa (interna à mesma) era onde ficavam os animais, mas as manjedouras comumente ficavam na divisa com o aposento um pouco mais interno, o equivalente à sala de uma casa moderna. Assim, quando Maria teve seu filho, provavelmente nesta “sala”, logo limparam uma manjedoura para que o infante Jesus fosse nela colocado.

- A frase “porque não havia lugar para eles na estalagem” poderia ser mais bem traduzida como “porque não havia lugar para eles no quarto de hóspedes” (por isso ela ganhou o menino na sala).

Por fim, o fato de Jesus ter sido envolto em panos e colocado na manjedoura, próximo de onde ficava o animal que com um ano de vida seria levado ao sacrifício no Templo, é provavelmente o “sinal” que o anjo disse que os pastores veriam ao encontrar o menino (Lc 2:10). E este, sim, é o grande acontecimento. A cena de Natal não é importante nem bonita porque tem bichinhos circundando a família de Jesus num estábulo, todos com caras lânguidas. Ela é fantástica porque nela já vemos, muito antes das palavras de João Batista, o nascimento do “cordeiro que tira o pecado do mundo”, nascido para morrer para que tivéssemos vida. Isto, sim, é a grande mensagem do Natal.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/presepio-o-que-sobrou-do-natal

December 26, 2016

Natal de verdade

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- Elben Cesar

Jesus foi colocado no útero de Maria pelo Espírito Santo, na manjedoura de Belém por Maria, na cruz pelos soldados romanos e no sepulcro por José de Arimateia e Nicodemos. Entre o primeiro evento e o último transcorreram-se cerca de 34 anos. Sucessivamente, o útero ficou vazio, a manjedoura ficou vazia, a cruz ficou vazia e o sepulcro ficou vazio.

Nesse curto período de tempo, o Verbo se fez carne e viveu entre nós, cheio de graça e de verdade. Vimos a sua glória diversas vezes, nos céus de Belém, no rio Jordão, nas estradas e nos lugares desertos, no monte da transfiguração, no mar da Galiléia, no Jardim das Oliveiras, em casas particulares (de Maria, Marta e Lázaro, de Jairo, de Pedro, de Simão, o fariseu), na sinagoga de Nazaré, e no templo de Jerusalém. Ouvimos as suas parábolas, os seus discursos, e as suas respostas às perguntas e aos enigmas que lhe apresentavam. Vimos a sua humanidade por inteiro e a sua divindade por inteiro. Vimos como ele enxergava o sofrimento alheio, se compadecia do sofrimento alheio e gastava tempo com o sofrimento alheio. Vimos como ele perdoava o pecador coberto de pecado e de vergonha, e condenava o pecador coberto de pecado e de hipocrisia. Vimos as suas muitas curas e as ressurreições que ele operou, os seus muitos milagres e sinais. Vimos a sua agonia no Getsêmani, a sua morte na cruz, a sua ressurreição no primeiro dia da semana posterior ao seu sepultamento. Vimos as suas muitas e extravagantes aparições. Ouvimos as suas últimas palavras e vimos o seu último gesto ao ser elevado ao céu numa nuvem.

No primeiro Natal, diz C. S. Lewis, Deus desembarcou de forma mascarada neste mundo ocupado pelo inimigo, dando início a uma espécie de sociedade secreta para minar o Diabo. Nós fazemos parte dessa sociedade secreta, mas não fechada, que é a Igreja Invisível. Quando o tempo da graça se esgotar, Deus acabará invadindo a história e, quando isso acontecer, será o fim do mundo, acrescenta C. S. Lewis!

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/natal-de-verdade

December 25, 2016

O nascimento de Jesus, o Messias

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O nascimento de Jesus aconteceu assim. Sua mãe, Maria, estava prometida em casamento a José, mas antes que se casassem José descobriu que ela estava grávida. Isso aconteceu pelo poder do Espírito Santo. (Mateus 1.18)

Há uma combinação de velho e de novo nessa história de nascimento: anjos, visões, profecias tradicionais; há também o Espírito divino, que é, milagrosamente, inovador. Há dados históricos e também a concepção virginal.

Por que o nascimento virginal é importante?

Não me contento em ler sobre seu nascimento, Senhor, pois quero fazer parte dele. Toma a história antiga da minha infância e religião e usa-a. Torna vivo e real o nascimento de Cristo em mim como o foi em Maria. 

Amém.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2016/12/26/eugene-h-peterson/o-nascimento-de-jesus-o-messias/

December 24, 2016

Entrega

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Meu pequeno Miguel se encaixa em meus braços, enquanto a longa viagem de ônibus segue.

De fato, ele dorme tão tranquilamente que eu fico imaginando se há outra maneira de ser feliz.

Quero dizer com isso que neste exato momento me imagino no lugar dele, e descubro que é isso que a gente procura pela vida toda: a certeza de ser acolhido por quem você confia totalmente.

Uma sensação de entrega plena — não sacrificial, mas apenas natural, consequente.

Quando ficamos mais velhos, vamos descobrindo que aqueles que pensávamos perfeitos, não são, e então nos tornamos reticentes em confiar.

A experiência de entrega se torna mais rara, e decidimos buscá-la ainda em todas as outras fontes aparentemente legítimas.

E não achamos.

Hoje, véspera de Natal, revisito minha fé e enxergo Deus, tanto no menino que se entrega quanto no Pai que o acolhe.

Isso é fantástico.

É revelação.

O Deus que resolveu revelar-se menino, não deixou de ser Deus.

Vimos no Unigênito sua face como a glória do Pai.

Nele, encontramos a segurança divina, enquanto nos vemos em sua fragilidade humana.

E somos acolhidos de toda forma necessária.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra!

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos/2015/12/24/entrega/

December 23, 2016

Natal de mais e Natal de menos

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Para os cristãos, o Natal é uma celebração genuína do nascimento do Salvador e Senhor Jesus Cristo. É tempo não só de recordar as promessas do Messias como também o seu cumprimento na pessoa de Jesus em Belém de Judá. Na igreja e nos lares cristãos aproveitamos esse tempo para ler as profecias e o evangelho e para cantar os hinos natalinos.

Mas como qualquer prática e costume religioso, o Natal sofre as influências culturais da época. É verdade que o Natal deixou de ser uma festa exclusivamente cristã ou até mesmo estritamente religiosa. O Natal se secularizou pelo espírito materialista e consumista da sociedade moderna. Mas, curiosamente, não é isso que parece perturbar mais muitos cristãos a respeito do Natal. Muitos cristãos hoje se tornaram sensíveis às associações pagãs de símbolos, costumes e objetos e procuram se desvencilhar de qualquer ligação ou "pacto" com o que não é de Deus.

Vejo duas grandes ameaças que ofuscam a celebração do verdadeiro Natal, as quais sintetizo simplesmente como Natal de mais e Natal de menos.

A primeira é uma ênfase exagerada no Natal, especialmente, em seu modo secularizado de celebrá-lo. É certo que o Natal não é a celebração mais importante do calendário cristão. Pelo menos, não é uma festa bíblica – no sentido que não foi instituída ou praticada pela igreja primitiva. A Bíblia não nos ensina a observar uma festa pelo nascimento do Messias. O Natal de fato só começou a ser celebrado a partir do ano 336 d.C., época em que muitos rituais pagãos estavam sendo absorvidos pelo cristianismo. Exatamente por isso, há aqueles que defendem a rejeição completa do uso dos símbolos do Natal como a árvore, o Papai Noel, a guirlanda, as velas e etc.

A segunda ameaça é justamente por isso: desvencilhar o Natal de toda e qualquer associação não bíblica. Se de um lado, esses símbolos não são símbolos genuinamente bíblicos, por outro lado, seria o caso de abolirmos todos eles? Apesar de não serem bíblicos, muitos desses símbolos têm uma tradição por trás que nos inspira. Vejamos alguns desses:

O Dia do Nascimento

Por que foi escolhido o dia 25 para celebração do Natal? Jesus nasceu nesse dia? O dia é apenas simbólico. Nós não sabemos o dia exato do nascimento de Jesus, nem mesmo o ano exato. Por que então esse dia? Era a data que se celebrava o dia do Sol Invictus, o Sol Vencedor. Os cristãos escolheram justamente esse dia para simbolizar o nascimento daquele que é o Verdadeiro Vencedor e Soberano sobre todas as coisas.

Papai Noel
O Papai Noel não é um símbolo cristão do Natal. Hoje, pelo menos, ele é um símbolo dos shoppings ou do comércio em geral que capitaliza com seu imaginário. Existe com frequência um apelo moral à criança. Criança bem comportada recebe presente! Isto se assemelha à obediência a Deus. Ou seja, Papai Noel virou um Deus. Com isso a figura do Papai Noel é substituída pela essência da mensagem natalina que é o nascimento de Jesus, a "chegada" de Cristo ao mundo. Mas se a figura está distante do significado do Natal, está também distante da origem do Papai Noel.

A origem do Papai Noel está ligada à pessoa de São Nicolau de Mira que viveu na Ásia Menor entre 271 e 341 d.C. Ele foi canonizado pela igreja romana e hoje ocupa a função de protetor das crianças e também dos marinheiros.

A tradição diz que Nicolau quando ainda criança perdeu o pai e herdou grande fortuna. Nicolau, quando cresceu, repartia sua fortuna com quem tinha necessidade. Certa vez, a filha de seu vizinho ia casar-se, mas não poderia oferecer uma festa devido a situação econômica da família. No meio da noite Nicolau jogou pela janela do vizinho uma bolsa cheia de moedas de ouro. Ele fez a mesma coisa depois para as demais filhas, mas na terceira filha o pai descobriu que era Nicolau. A notícia se espalhou. Depois disso, Nicolau ficou conhecido por auxiliar crianças carentes e distribuir seu dinheiro aos pobres.

A partir da Idade Média é que se começa a comemorar o dia 6 de dezembro como dia de São Nicolau. Com o decorrer do tempo usava-se esse dia para distribuir presentes para crianças bem comportadas e castigo às malfeitoras.
Hoje essa figura está longe de representar aquele homem que generosamente ajudou os outros. O Papai Noel é a figura do comércio que ganha da exploração do Natal.

Não devemos nos entregar à crença e magia do Papai Noel de hoje, mas podemos aprender de sua origem a ter um espírito generoso. Acima de tudo, não devemos nos esquecer que Natal representa o nascimento de Jesus, que não deu seus bens aos pobres, mas se entregou a si mesmo por todos nós. Cristo, sim, é aquele que dá a vida por todos nós.

Como diz o cântico cristão, “Eu sei o sentido do natal, pois na história tem o seu lugar, ele veio para nos salvar, tudo ele é pra mim.”

Árvore de Natal
Desde o século XVI o pinheiro tem sido usado nas festas de Natal, mas sua origem é bem mais antiga e está associada à atividade de um cristão dos primeiros séculos, conhecido por São Vilfrido. Ele pregava o evangelho aos pagãos da Europa Central que acreditavam que um espírito residia nos velhos carvalhos da floresta. São Vilfrido não conseguia persuadir as pessoas a abandonarem aquela crença; até que um dia ele resolveu derrubar um velho carvalho. Enquanto ele derrubava, um forte raio veio a destruir o carvalho partindo em quatro partes. Um pinheirinho novo que estava ao lado do carvalho ficou, milagrosamente, intacto. São Vilfrido entendeu que isso foi a providência de Deus em preservar sua vida e mostrar que Deus era superior aos espíritos adorados através dos carvalhos.

Diante dessa experiência, São Vilfrido fez do pinheirinho o símbolo do menino Jesus. Pois, o pinheiro, mesmo no mais rigoroso inverno se mantém verde. Isso, entendia ele, simbolizava a imortalidade. O pinheiro, então, está associado à vida sem fim, vida esta que só Jesus pode oferecer àqueles que creem.

O primeiro Natal (o nascimento de Jesus), na verdade, também foi marcado por um sinal. Os magos do oriente viram a estrela brilhando e vieram a Jerusalém procurar saber onde estava o Messias. A estrela não era o Messias e, sim, apontava para o Messias. Não foram os escribas da lei, os religiosos, ou os profetas que anunciaram a chegada de Jesus. Foram magos, isto é, astrólogos pagãos do oriente que entendiam dos sinais das estrelas que anunciaram o nascimento de Jesus.

Natal consiste, de fato, em vermos um sinal e segui-lo em busca do Messias. Mas se as origens de alguns desses símbolos nos impedem de celebrar o Natal de forma genuína, o materialismo e consumismo modernos são igualmente destruidores do sentido do Natal. Ainda que na sociedade de consumo perde-se de vista o verdadeiro significado do Natal, é preciso que, justamente, a igreja de Cristo proclame ousadamente o significado dessa data e muitas vezes o fará através de símbolos e sinais.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/natal-de-mais-e-natal-de-menos

December 20, 2016

As diferenças se respeitam à mesa

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O coração palpita, a boca resseca, as mãos frias e suadas não encontram seu lugar. Irrompe o pavor diante da perspectiva de se encontrar com aquele parente (ou vários deles) no almoço de Natal ou naquela reunião de fim de ano. Como conseguir evitar aqueles assuntos de política que inevitavelmente levarão a exaltação, a palavras ríspidas, a julgamentos sobre o caráter e as motivações alheias?

Será que vale a pena entrar em árduas discussões com amigos próximos ou com a família nesses encontros de fim de ano? Parto da premissa, muitas vezes esquecida, outras tantas diminuída, de que as relações próximas, família e amigos de longa data, são mais importantes do que projetos ou líderes políticos que vêm e que passam. Talvez você diria que o mais importante são os valores, as ideias, a integridade que se expressa em uma causa que você abraça e defende. Ainda assim não deixo de me perguntar qual seria a melhor maneira de promover uma causa em determinados contextos e em espaços de intimidade.

Claro que se não há parentesco, nem amizade ou tampouco afeto, mas tão só a fria e distante relação das teclas e telas onde nos encastelamos detrás de nossos perfis nas redes sociais, então talvez as sugestões abaixo pouco nos sejam de proveito. Mas daí já não havia mesmo uma relação verdadeira com a qual se preocupar. Com essa ressalva, compartilho aqui breves sugestões.

Antes, porém, reconhecer uma importante premissa. Considerar que a mesa, com pessoas queridas, não é o lugar para se “ganhar uma discussão”. Você pode ter todas as suas razões, assim espero, porque você acredita nelas, vive por elas. Mas talvez sua perspectiva esteja a anos luz daquela de sua avó, ou da sua sobrinha, ou ainda do seu primo que há tempo não vê, mas por quem você talvez nutra um grande carinho. Algo que busco seguir nessas ocasiões inclui:

- Saber escolher as batalhas. Nem todos terão o bom senso e a serenidade que, espero, você buscará ter (se você está lendo esse texto, assumo que essa seja a sua intenção). Se a sua avó, cansada após preparar tanta comida, soou injusta ou desinformada naquele tema que lhe é tão caro, será mesmo que vale a pena esparramar o molho da macarronada para “vencer” um argumento? Há momentos e espaços onde vale a pena, de verdade, lutar por algo. Em outros não, e o mundo não acabará por causa disso.

- Faça perguntas, busque escutar os outros. Assumo que você queira de verdade sempre aprender dos outros e que não julgue já saber toda a verdade. Mesmo que não seja esse o caso, imagino que possa ser interessante buscar entender melhor como funcionam os argumentos e perspectivas, por vezes bem diferentes dos seus. Sugiro não ficar só querendo ver as falhas ou incoerências do “outro lado”. Boas perguntas, sinceras, respeitosas e inteligentes, são úteis, sempre que com a verdadeira intenção de ouvir o outro.

- Saiba retroceder. Não digo isso com relação aos seus ideais e valores. Fidelidade, integridade, coerência, são sempre bem-vindas. Aqui a sugestão é para quando uma situação de conflito (lembre-se, as recomendações são para situações com pessoas queridas) escala ao estresse das vozes exaltadas e dos comentários agressivos. Posso até achar que tenho a razão, mas a perco no momento em que entro em embates que insultam, diminuem e agridem o outro.

- Levante objeções, mas saiba resguardar sua privacidade. Imaginando o melhor dos mundos, onde as conversas são levadas com um mínimo de civilidade, recomendo que mesmo assim você não se exponha muito em um ambiente íntimo onde haja muitas diferenças. Você pode levantar outros aspectos, talvez na forma das perguntas que levem a considerar outros enfoques, mas possivelmente seja bom você evitar levar as diferenças para um campo estritamente pessoal, tomando-as como ofensas. Não preciso abrir todos os detalhes de minhas posições íntimas com todas as pessoas de meu convívio. Obviamente não devo ser falso (o que seria condenável), mas posso ser prudente e cuidadoso, o que é bem diferente.

- Evite a ironia e a acidez. Talvez a parte mais difícil para mim. No meu caso, sei que preciso sempre me cuidar com o que eu falo. Desde criança, a ironia e as palavras tão rápidas como ácidas foram as armas que um garoto franzino aprendeu a usar desde cedo. Palavras ferem muito, e lastimam ainda mais quando fingimos que nunca tivemos a intenção de usá-las como armas. Se eu desejo que me respeitem, devo sempre ser o primeiro a respeitar a pessoa por detrás daquelas ideias que me incomodam.

Nesse fim de ano, use de maneira diferente aquelas mãos assustadas que não sabem bem o que fazer. Levante-as para alcançar o outro com um toque de acolhida e de afeto, no abraço que estende uma ponte para esse que pensa tão diferente de você. Se isso não servir para mudar como o outro pensa, que ao menos sirva para semear o respeito que poderá fazer alguém repensar os seus conceitos, ou talvez levando a que o outro defenda o teu direito de ter uma voz e uma luta bem diversa daquela em que ele mesmo acredita.

Bom Natal e um ano novo com esperança! Todos precisamos disso.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/as-diferencas-se-respeitam-a-mesa

December 19, 2016

Um Deus que gosta de festas


Texto básico: Lucas 15. 1-3; 11-32

Textos de apoio

– Êxodo 34. 4-9
– Salmo 51
– Jeremias 31. 31-34
– Marcos 2. 1-12
– Romanos 4. 1-8
– 1 João 1.8 – 2.2

Introdução

Os primeiros versículos do capítulo 15, no evangelho de Lucas, nos fornecem o pano de fundo para as parábolas contadas por Jesus no mesmo capítulo. Um bom número de líderes religiosos estavam indignados porque Jesus cultivava uma amizade genuína com pessoas que, do ponto de vista deles, apresentavam uma reputação bastante duvidosa.
Os fariseus eram um grupo separatista e legalista que buscavam seguir à risca a Lei de Moisés (os cinco primeiros livros da Bíblia). E os escribas eram treinados profissionalmente para o ensino e a aplicação da Lei. Ambos os grupos acreditavam que a graça e o perdão de Deus eram estendidos apenas para aqueles que guardavam fielmente a Lei. Os publicanos e “pecadores” do v.1 definitivamente não faziam parte deste grupo.
O problema é que Jesus não apenas conversava com aqueles “excluídos pecadores”, mas chegava a comer com eles! Os líderes religiosos estavam frustrados com Jesus. Na cabeça deles, como era possível dizer que ele vinha da parte de Deus, fazendo tudo isso? Um homem que se dizia o Filho de Deus não deveria estar separado da multidão, e tomar cuidado para não ser contaminado pelo contato com “pecadores”?
Será que também possuímos uma compreensão legalista acerca do perdão de Deus? Achamos que o relacionamento com Deus está alicerçado no que fazemos, ou em nossos méritos pessoais? A parábola contada por Jesus em nosso texto básico nos ajuda a ter uma noção mais correta acerca do amor compassivo de Deus.

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Para entendermos o significado mais profundo de uma parábola, é importante prestarmos atenção na audiência de Jesus, buscando perceber a quem Jesus está se dirigindo. Os vv. 1-2 nos apresentam dois grupos de ouvintes que estão em polos opostos num “ranking religioso”. Descreva as características destes dois grupos.
  2. O que você acha que os judeus ali presentes (especialmente os líderes religiosos), ouvindo   a história, pensaram sobre a atitude do filho mais novo pedindo sua parte da herança (vv. 11-12)?
  3. A imagem do filho mais jovem, diante do público judeu, deve ter piorado bastante com os relatos subsequentes de Jesus (vv. 13-16). Você consegue perceber como Jesus deliberadamente vai rompendo cada “lacre sagrado” da legalista religiosidade farisaica? Pense no significado religioso de “partir para uma terra distante”, “levar uma vida cheia de pecado” (NTLH), e “ir trabalhar com porcos” (Lv 11. 7-8)?
  4. Depois da difícil experiência, o jovem “caiu em si” (v. 17), uma linguagem que expressa o seu arrependimento. Pensando no retrato que Jesus deliberadamente construiu acerca do filho mais novo, que reação a audiência de Jesus esperava que o pai tivesse quando este filho retornasse (v. 20)?
  5. Nos vv. 20-24 Jesus nos oferece um dos mais belos quadros de Deus Pai que podemos encontrar nas Escrituras. Faça uma lista com cada ação realizada pelo pai do rapaz, e procure compreender o sentido mais profundo de cada uma delas como imagem da graça de Deus. Observe como o pai reinsere seu filho novamente na comunidade e no lar.
  6. Pensando agora no filho mais velho, quais foram as razões que o levaram a irar-se contra seu pai (vv. 28-31)? Onde estava alicerçada a sua motivação para servir a seu pai (v. 29)?
  7. Relembre os grupos de pessoas que estavam ouvindo a parábola (vv. 1-2). Quem você acha que o filho mais velho representa? E o filho mais novo? O que a história nos ensina sobre a natureza de Deus?

Hora de Avançar

O perdão em sua plenitude é algo eticamente inadmissível. Só existe por causa da graça de Deus. A graça é maravilhosa demais, é alta demais, é larga demais, é comprida demais, é profunda demais. A graça não é prêmio, não é recompensa, não é brinde (…). Graça é graça e pronto. 

Para pensar

O nosso texto básico faz parte de um grupo de três parábolas, relatadas apenas por Lucas, que foram contadas por Jesus para mostrar a razão de sua amizade com pessoas discriminadas pelo religiosos. Ele veio justamente para isso, não para para “chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lc 5.32). E quando algo que estava perdido é encontrado, há muita festa!
Deus é um Pai que caminha pelo solo da graça, e que deseja promover uma reversão total de nossa situação, quando retornamos e nos arrependemos, como aconteceu com o filho mais novo de nossa história.
É possível notar uma similaridade entre o filho mais novo e o filho mais velho, embora as situações de cada um sejam diferentes. Ambos se rebelaram, cada um a seu modo, pois tinham muita dificuldade para entender o coração compassivo e gracioso do pai.

O que disseram

Quando ainda estava longe, seu pai o perdoa. O pequeno passo do filho encontra o poderoso amor do pai, que nunca deixou de amá-lo e que agora pode demonstrar esse amor. Que alegria imaginar Deus querendo mostrar-me seu amor, bastando que eu me volte para ele.
Abade Christopher Jamison (OSB), “Encontre Seu Santuário”, Larousse  

Para responder

  1. Por que um filho sairia de casa? Talvez entendiado da rotina, ela parta em busca de novidades e de um pouco de suposta diversão. Mas a expectativa de diversão logo se revela uma ilusão. Eu também tenho fugido de Deus? Por que? Tento me convencer de que é possível encontrar satisfação longe dele?
  2. Ao contar esta história, Jesus parece deixar claro que Deus espera por nós e anseia pela nossa volta “para casa”, mas sem violar a nossa vontade. É preciso haver uma escolha de nossa parte. À luz do que aprendemos na parábola sobre o amor de Deus, por que você acha que alguns de nós escolhemos resistir a um Deus tão amoroso?
  3. Segundo o Abade Christopher Jamison, o filho mais velho estava muito ocupado e fica furioso e triste porque é incapaz de sair de seu próprio mundo e arrogância. Este irmão mais velho também habita em mim? Também tenho sido ocupado e presunçoso demais?

Eu e Deus

Viajarei para Ti, Senhor, por milhares de becos sem saída. Tu desejas trazer-me para Ti através de paredes de pedra. Amém. (Thomas Merton)  
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/um-deus-que-gosta-de-festas/

December 18, 2016

Natal, o diálogo reinaugurado

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- Rubem Amorese

Começamos a viver em clima de festa. As festas natalinas. Como será a imagem da ceia deste ano? Já não nos choca mais a cena da família sentada à mesa, de cabeça baixa, em silêncio, com os rostos iluminados por smartphones. Alguns até brincam, sugerindo que aquelas pessoas estão conversando umas com as outras de um modo novo. E que, nesse novo cenário, as crianças e os idosos têm voz. Eles também “postam” ideias e opiniões.

Então, a imagem que me vem é a de uma grande mesa, cheia de guloseimas, aromas inconfundíveis, ambiente aconchegante; gente de todas as idades; embrulhos abertos, papéis de presente espalhados pelo chão e crianças felizes com seus brinquedos novos: smartphones ou tablets que lhes permitem participar, com os adultos, do recém-criado grupo familiar “Christmas Talk”. 

Essa cena não tem som. Como se o áudio estivesse desligado. Mas não; é que estão de fato em silêncio total. Todos sentados, “festejando” em seus aparelhos maravilhosos. Uns enviam “selfies”, outros compartilham imagens do presépio, da estrela, dos magos, do menino na manjedoura. E a dona da casa, a única que levanta os olhos, está aflita porque a comida está esfriando.

A criança que acaba de ganhar seu aparelho novo já usa linguagem avançada: “Crc, vei, s mnn jsus ta snistr! Kkkkkkk” (“‘Caraca’, ‘véi’, seu menino Jesus está sinistro! Risos”). Se ainda não entendeu, consulte seu filho ou neto.

Por mais desconcertante que possa parecer essa cena e por mais que seja inquietante a realidade que ela retrata, penso, entretanto, que alguns elementos originais podem ser resgatados, caso haja espaço para uma palavra “analógica”. Talvez seja possível um momento em que alguém se levante e diga alguma coisa, com o uso de seu aparelho fonador. Neste caso, o que se poderia dizer que conectasse aquele momento com o verdadeiro Natal? Há algumas ideias.

Estão reunidos em torno de uma mesa. Tem gente, inclusive, que veio de longe. Estão todos juntos, em torno de um aniversariante. Só Ele faz anos, neste dia. Deve, portanto, ser considerado. Quem é? Quantos anos faz? Por que nos reunimos e celebramos, dando tanta importância à data?

Considere-se a “mesa posta”, que aponta para um Pai que deseja reunir seus filhos para uma ceia em família. E convida os que estão perto e os que estão longe para o banquete e para o diálogo. Uma festa que tem como ponto alto proximidade e entendimento. E assim celebra-se a família. O mistério da família de Deus, em Cristo.

Se for oportuno, as ideias do afeto e da comunhão devem ser trazidas. Mencione-se que esse Pai já havia “tele-falado” de muitas maneiras, anteriormente, maneiras mais “sinistras” que um WhatsApp, mas que nestes últimos tempos optou por chegar perto, física e afetivamente (Hb 1.1-3). 

Porque o amor quer abraçar, beijar, presentear, comer e beber junto.

O amor quer saber como anda a vida – os estudos, o trabalho e o coração – e se pode fazer alguma coisa para ajudar a resolver os problemas; quer orientar, quer carregar a carga, quer aliviar o sofrimento.

À medida que isso acontecer, aquele momento se tornará significativo e inesquecível. 

Porque Deus estava, em Cristo, reunindo seus filhos para um delicioso banquete (Lc 13.29).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/357/natal-o-dialogo-reinaugurado

December 17, 2016

Aprendam a fazer o bem!

Texto básico: Isaías 1. 1-20

Textos de apoio
– Deuteronômio 30. 11-20
– Provérbios 31. 8-9
– Miqueias 6. 1-8
– Lucas 3. 7-18
– Mateus 25. 31-46
– Tiago 1. 22-27

Introdução

O ministério profético de Isaías foi longo – cerca de 40 anos, e difícil – em meio à grande agitação política e grande ruína moral. A ascensão do império assírio criava uma forte tensão política em toda a região, acarretando uma desconfiança teológica (“Deus pode nos salvar?”) e, como consequência, uma estratégia de independência (alianças militares). O povo, começando pelos seus governantes, era guiado por um misto de individualismo, hipocrisia, auto satisfação e cinismo.
As assembleias e festas, sempre cheias, e a engrenagem cúltica, girando a todo vapor, poderiam dar a impressão de fervor espiritual, mas a realidade era bem diferente, como mostra a denúncia do profeta.
A questão, que não é nova e nem fácil de resolver, está de novo sobre a mesa. É a velha queda de braço entre vitalidade espiritual e religiosidade. Idealmente, as duas deveriam andar lado a lado, mas isso nem sempre acontece. É possível perceber quando uma espiritualidade real sustenta a religiosidade? Existe algum sinal confiável sobre isso? Ou, olhando a partir de outro ângulo, uma vida justa e correta é garantia de uma espiritualidade autêntica? Existe um ponto de convergência para estas duas possibilidades?   

Para entender o que a Bíblia fala

  1. No verso 2 a totalidade da criação (céus e terra) é convocada como testemunha para o processo que Deus instaura contra todo o povo. Qual é a principal acusação? Como isso era “verificável” no dia a dia da nação? (vv. 2-4)
  2. A seguir, o profeta pinta um quadro de desolação, causado pela própria desobediência do povo (vv. 5-9). Aparentemente, nem há mais espaço para novas repreensões (v. 5). Nem tudo aqui é literal, mas as imagens mostram várias dimensões da vida nacional que estavam sendo impactadas pelo pecado. Quais são essas dimensões?
  3. Sacrifícios, holocaustos, ofertas, festas, orações… Eram prescrições centrais e visíveis da religião do Antigo Testamento. Embora o próprio Deus as tivesse instituído, essas práticas agora estavam sendo rejeitadas (vv. 10-15). Por que? Qual era o problema com a religiosidade do povo? Era a religiosidade em si, ou faltava algum coisa, algum complemento? (vv. 16-17)
  4. A última parte do verso 13, de acordo com a tradução da Bíblia de Jerusalém, diz o seguinte: “não posso suportar iniquidade e solenidade”. A declaração de Deus, através do profeta, nos ajuda a perceber que as práticas religiosas, por mais nobres que sejam os sentimentos e emoções que as acompanham, se não nos conduzirem à pratica efetiva do bem em prol do nosso próximo, especialmente daqueles que estão no lado mais fraco do elo econômico (“órfãos e viúvas”), não terão valor para Ele. Não passarão de “solenidade” misturada com “iniquidade”. Pensando em sua vida, e na sua comunidade de fé, faça uma avaliação honesta e corajosa de suas práticas religiosas. Como acha que Deus as vê?
  5. Nosso trecho termina com um convite à reflexão, feito pelo próprio Senhor (v. 18). Há esperança, porque “não existe falta que esgote o perdão divino” (Bíblia de Jerusalém). Qual é a única condição imposta por Deus, de acordo com o texto (vv. 19-20)?

Hora de Avançar

Parar de fazer o que é mal, arrepender-se do mal praticado e dispor-se a voltar para Deus quer dizer simplesmente mudar de vida, pôr-se no caminho outra vez… A verdade é que nós nos convertemos e somos convertidos. Só voltamos para Deus quando somos por ele voltados. Não podemos empurrar tudo para o Senhor nem empurrar tudo para nós.

Para pensar

O trecho que estamos estudando é um rico exemplo da combinação, presente em várias partes de Isaías, da justiça e da graça de Deus. As palavras de juízo são fortes, mas a força do perdão também é grande. Tanto o julgamento quanto o perdão dos pecados é obra divina. O que Deus espera é a confissão e o arrependimento do seu povo, uma disposição para mudar de rumo, para fazer diferente. A “espada” mencionada no final deste trecho representava a invasão estrangeira, com todos os seus males, mas era uma ameaça que poderia ser afastada pela submissão a Deus (v. 19).
A nossa religiosidade pode nos lançar numa falsa experiência de transcendência. Ela faz isso nos afastando do próximo, nos prendendo num comodismo auto centrado e nos cegando para a realidade à nossa volta. Uma piedade integral (holística), ao contrário, nos faz experimentar uma transcendência genuína, pois nos permite experimentar a realidade espiritual, o relacionamento com Deus, mas nos joga de volta para a realidade do nosso mundo carente, uma realidade de sofrimento e necessidade. É aí que a nossa piedade precisa fazer diferença.

O que disseram

Não apenas crentes individuais, mas a igreja como um todo em um determinado local pode cair em pecado. Portanto, o lembrete a resistir ao mal é dado ao crente individual e à igreja como um todo em toda parte… De fato, a conversão é o modo de Deus renovar e mudar a face da igreja, e também de levá-la a novos caminhos e capacitá-la a cruzar novas fronteiras… A conversão cristã tem como objetivo colocar mulheres e homens a serviço de Deus e do próximo… é a passagem de uma existência desumanizada e desumanizadora para uma vida humanizada e humanizadora.
Orlando Costas (1942-1987), missiólogo porto-riquenho

Para responder

  1. Nossas práticas exteriores devem ser um reflexo de nossa vida interior, e nossa vida interior deve se expressar em nossas práticas exteriores. Essa relação precisa ser orgânica, como uma coisa só. Seu amor a Deus o leva a amar seu próximo? E seu amor ao próximo tem sido maior devido ao seu amor a Deus?
  2. Uma parte do texto nos mostra um convite duplo da parte de Deus: “Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem!” (vv. 16b-17a). Ou seja, não podemos nos contentar em apenas nos “desviar” do mal, mas precisamos também ser proativos no “fazer o bem”. E, neste contexto, “fazer o bem” tem a ver com buscar o direito do próximo, corrigir o opressor, fazer justiça ao órfão e defender a causa da viúva (v. 17, Bíblia de Jerusalém). Como vimos antes, os órfãos e as viúvas representavam as pessoas economicamente mais vulneráveis. No seu contexto de vida, quem representaria melhor os “órfãos e viúvas”? O que você tem feito pelo direito deles?

Eu e Deus

Pai, fico pensando que tenho de correr e fazer algo; tu continuas a me chamar de volta para ser alguém. Usa esta vida que criaste e redimiste para preservar e beneficiar aqueles entre os quais vivo hoje. Amém. (Eugene Peterson)

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/aprendam-a-fazer-o-bem/

December 16, 2016

Os caminhos da compaixão

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A compaixão é uma expressão forte, pessoal, evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade. Jesus compadeceu-se da multidão faminta e providenciou-lhes alimento

Ricardo Barbosa

Compaixão é a virtude que nos permite entrar e participar da dor e da necessidade dos outros. É também a capacidade de preservar nossa humanidade – na medida em que entramos e participamos da vida do outro, com suas limitações, lutas, ambiguidades e sofrimentos, percebemos que não somos diferentes. Por outro lado, a sociedade em que vivemos estimula mais a competição do que a compaixão, intensificando o abismo entre os seres humanos. Na medida em que precisamos nos mostrar melhores, mais competentes, eficientes e fortes do que os outros, nos afastamos deles e, ao invés de olhar para o próximo como alguém semelhante a nós, vemo-lo com desconfiança, cinismo e medo.

A forma como Deus escolheu nos salvar e redimir não foi pela via do poder ou da eliminação do sofrimento, muito pelo contrário – ele escolheu enviar seu Filho para partilhar conosco nossa dor e sofrimento. Deus tornou-se humano em Cristo para viver entre nós e compartilhar conosco sua vida e amor. Encontramos em Jesus alguém que experimentou todas as nossas fraquezas, sofrimentos, dores e tentações e, mesmo sem nenhum pecado, participou da nossa condição humana pecadora tão completamente a ponto de assumir sobre si nossos pecados e enfermidades como se fossem seus. Esta capacidade de se envolver e absorver aquilo que é nosso como se fosse seu é o que a Bíblia chama de compaixão. Jesus não veio para se mostrar melhor do que nós, mas para ser como nós. Mesmo sendo Deus eterno, fez-se homem entre nós e sofreu a nossa dor.

Jesus, certa vez, disse: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30). Trata-se, sem dúvida, de um convite extravagante e generoso, cheio de amor e compaixão – logo, um convite raro nos dias de hoje. Certamente, Jesus se dirigia a um público semelhante àquele ao qual ele um dia olhou e se compadeceu porque eram como ovelhas que não tinham pastor. Gente sofrida, confusa, perdida, aprisionada. No entanto, ao invés de rejeitá-los, como a maioria de nós naturalmente faz, ele os convida para se juntarem a ele, e mais, para trazerem seus fardos e seu cansaço, oferecendo-lhes descanso e alívio para suas almas.

O descanso que Jesus oferece não é eliminando o cansaço ou exorcizando o sofrimento, mas oferecendo-se para caminhar conosco no caminho da dor. É isso o que significa tomar sobre nós o jugo dele. Neste caminhar, vamos aprendendo com ele no exercício da humildade e da mansidão, o jeito dele de lidar com as adversidades e o cansaço da alma. Jesus foi “homem de dores”; ele experimentou o sofrimento como ninguém jamais experimentou. Experimentou a traição, o abandono, a incompreensão, a rejeição, a dor física, moral e espiritual. No entanto, em seu caminho para o Calvário, ele enfrentou cada situação com humildade e mansidão.

Ele não se oferece para, num passe de mágica, eliminar nossa dor e cansaço, mas se oferece para caminhar ao nosso lado e nos ensinar a enfrentá-la, a lidar com ela, não a rejeitando, mas acolhendo-a com mansidão e humildade.

Nossa natureza é muito egoísta. Tentamos ser, quando muito, simpáticos com os outros, mas a simpatia é um sentimento que perdeu seu significado. Quando alguém tenta demonstrar simpatia, assume normalmente uma atitude de superioridade, como quem olha por cima e tenta compreender o que acontece, mas sem se envolver pessoalmente e emocionalmente. É muito comum ver esse tipo de simpatia em períodos eleitorais como o atual, onde políticos saem de seus gabinetes e tiram seus ternos para demonstrar “simpatia” para com o povo. Eles vão às favelas, passeiam pelas feiras populares, cumprimentam o povo, provam de sua comida, entram nos hospitais e posam para os fotógrafos ao lado dos enfermos. Fazem promessas e mostram sua indignidade com as condições precárias de moradia, educação, saúde e segurança; uma vez eleitos, procuram demonstrar sua simpatia com discursos e projetos populares, mas continuam apenas simpáticos – em seus mandatos, não se envolvem e nem partilham da dor e do sofrimento do pobre.

A compaixão é uma expressão forte, pessoal, evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade. Jesus compadeceu-se da multidão faminta e providenciou-lhes alimento. Ficou profundamente compadecido quando viu um homem doente de lepra, tocou nele e o curou. Da mesma forma, ao ver o sofrimento de um homem dominado por espíritos imundos, Jesus teve compaixão e o libertou, devolvendo sua sanidade e humanidade. Compaixão foi uma das marcas da vida e ministério de Jesus. Sua capacidade de ver, sentir, acolher e envolver-se com a dor e aflição do outro caracterizou sua passagem entre nós.

Como poderemos nos tornar mais compassivos diante da impessoalidade, competitividade e superficialidade da cultura moderna? Como romper com a ansiedade, insegurança e medo que nos envolve cada dia mais e nos transforma em seres obcecados pela luta da “sobrevivência”, tornando-nos competitivos, arrogantes e sempre preocupados em “vencer”? O caminho para a liberdade e justiça passa pela compaixão. Precisamos voltar nossos olhos para o Evangelho de Cristo e, mais uma vez, sermos transformados por ele. O apelo do apóstolo Paulo, quando pede para “não nos conformarmos com o mundo, mas para sermos transformados pela renovação da mente”, é profundamente atual. Não podemos deixar que a cultura moderna, com seu apelo ao egoísmo e à competitividade, modele nossa mente e nos faça olhar para o outro apenas com uma “simpatia” distante e impessoal.

Fomos criados e salvos para amar e nos doar, e o chamado para a compaixão é a forma como o amor e a doação são encarnados. Dar pão a quem tem fome e água a quem tem sede, envolver-se com o enfermo e acolher o estranho, visitar o preso e vestir o nu, são algumas formas que Jesus nos apresenta para o exercício da compaixão. Talvez, uma síntese de tudo isto é a necessidade de aprendermos a nos alegrar com os que estão alegres e chorar com os que choram, como nos recomendam as Escrituras.

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/caminhos_compaixao.htm

December 15, 2016

Sê tu uma benção

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- Ricardo Barbosa

Quando Deus chama Abraão para deixar sua terra, seus parentes, amigos e seguir para um lugar que ele ainda não sabia ao certo onde seria, para ali estabelecer sua descendência e formar um povo para Deus, ele deixa claro a missão de Abraão: “abençoar todas as famílias da terra”, e ouve do Senhor esta recomendação: “Sê tu uma benção”.
Este é o chamado do povo de Deus. Ser uma benção para os outros e abençoar as famílias da terra constitui não só na missão, mas também num meio de libertação e cura. Existe uma grande diferença entre viver buscando ser abençoado e viver sendo uma benção para outros. 

A felicidade que buscamos será encontrada na medida em que tornamos os outros felizes.
Não sei onde estaria hoje se missionários presbiterianos da Missão Oeste do Brasil não tivessem deixado sua terra e sua parentela para abençoar o interior do Brasil. Um destes missionários foi o rev. David Lee Willianson e sua esposa Virginia, que depois de vários anos servindo a Deus em Araguari (sede do trabalho missionário na década de 20) até chegar em Goiânia e depois Anápolis. Foi ele quem apresentou o evangelho a grande parte de minha família e me batizou. Poderia falar de outros como: rev. Ethelbert Gartrell e Sandy, Paul Overholt e Jane, apenas para lembrar daqueles que vieram de lugares distantes.
A vida destes pastores/missionários foi ricamente abençoada porque viveram dominados pelo desejo de abençoar outros. Isto fez deles pessoas gratas, simples (alguns renunciaram conforto e riqueza), generosas, entregues, corajosas. Não esperavam que os outros viessem consolá-los, eles consolavam; não viviam aguardando que alguém fosse procurá-los, eles procuravam; não buscavam seus interesses, mas os interesses do reino.
Ser benção para a vida dos outros é criar os meios para que a graça de Deus nos envolva trazendo salvação, reconciliação, cura e libertação. É criar os meios para que o cansado encontre alívio, o doente, consolo, o perdido seja achado. É usar os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas esperanças e alimentar a fé.
“Sê tu uma benção” é também o chamado de Deus para nós. 

Não busque uma igreja abençoada, seja você mesmo uma benção para ela. Não espere que seus irmãos te procurem, vá você visitá-los. Não fique em casa aguardando algo extraordinário, saia e torne, em nome de Jesus, sua vida e a vida dos outros extraordinária.
À medida em que caminhamos em obediência e submissão, mesmo sem saber para onde vamos, sem ter nenhuma garantia do que vamos encontrar, seremos uma benção. Assim foi com Abraão, foi com José e foi também com o apóstolo Paulo. 

Foram abençoados porque abençoaram.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/se-tu-uma-bencao/

December 14, 2016

Algo maior acontecendo, agora mesmo

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Chérie, 

como está? Sobrevivendo à correria de final de ano (como eu) rsr?

Nossa, ontem foi punk funk... parece que qto mais a gente reza, mais a assombração aparece hahaha.

Brincadeiras à parte, foi um dia bom, muito bom.

E a noite foi fantástica : ))).

Foi reunião de encerramento de ano de um grupo do qual faço parte e o pr. Jônatas falou umas coisas bem pertinentes (e importantes) - palavra do coração do Pai direto para o meu!

A passagem?

Gênesis 45: 5-8 (siiiiiim, sempre ele rsrsrs: José)!

Achei incrível a associação profética que o pr. Jônatas fez entre o tempo atual e a Escritura.

Porque os olhos e o coração de José não estavam no cenário, no comportamento das pessoas ou nas circunstâncias (as piores, aliás), mas em Deus: no relacionamento que tinha e no que o Pai estava fazendo na sua vida.

Isto é confiança, isto é fé ; )!

Por isto, chérie, quando as coisas saírem do script, quando tudo parecer conspirar contra e mesmo que você seja chacoalhado até fazendo o que é certo, lembre-se: Deus está no controle e segura a sua vida com mãos fortes ; ).

Bom, o dia promete ser corrido então fico por aqui (só um oi rapidinho para vc lembrar que não está só ; ).

Força na peruca (gambarê)!

Bjs, fui rsrsr.

KT

December 13, 2016

Bênção

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- Ricardo Barbosa

Quando era criança, tínhamos o hábito de pedir a benção para nossos pais, avós e tios. Tanto na chegada como na saída, nos dirigíamos a todos os adultos, tomávamos a mão, beijávamos, e pedíamos a benção. Muitos ainda fazem isto hoje. Acho bonito. É uma destas práticas que a vida moderna roubou.

Deus chamou Abraão para que fosse bênção para todas as famílias da terra. Não existe nada mais sublime do que ser um portador da bênção de Deus para uma outra pessoa. Mesmo que esta bênção seja apenas uma declaração: “Deus te abençoe”. Não podemos imaginar o poder e alcance destas palavras.

A bênção pode ser dada também em forma de pequenos gestos. 

Podemos abençoar um vizinho ou amigo portador de alguma deficiência física nos oferecendo para acompanhá-lo a uma compra. Podemos nos oferecer para cuidar de uma criança durante algumas horas para que seus pais possam ir a algum compromisso. Um gesto de boas vindas é uma forma simples de abençoar uma pessoa. 

Em nossa vida corrida e sem tempo, existem muitas coisas pequenas que podemos fazer para abençoar os outros.

Porém estamos mais preocupados em ser abençoados. Quando nos tornamos apenas receptores e não doadores, desenvolvemos um apetite insaciável. Nunca temos o suficiente. Nada é bom o suficiente. Tornamos pessoas murmuradoras, insatisfeitas, ingratas e doentes.

O bispo João Crisóstomo (345-407) de Antioquia disse: “Há algo mais ridículo do que um cristão que não se preocupa com os outros? Não tome como pretexto a sua pobreza: a viúva que pôs duas pequenas moedas na arca do tesouro (Mc 12.42) se levantaria contra você; Pedro também, ele que dizia ao coxo: ‘Não tenho ouro nem prata’ (At 3.6)… Se o fermento não levedasse a massa, não seria um verdadeiro fermento. Não diga portanto que é impossível ter uma boa influência sobre os outros, porque se é verdadeiramente cristão, é impossível que não se passe nada.”

Ser bênção é o caminho para a cura de nossa solidão e a forma de como nos libertamos da ingratidão. 

Somos abençoados por Deus para abençoar.
Fonte:http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/bencao/

December 12, 2016

O Espírito da Verdade

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- Ricardo Barbosa

No Evangelho de João, Jesus explora um binômio importante para a compreensão da pessoa e obra do Espírito Santo na vida cristã. De um lado, Ele afirma que o diabo é mentiroso e o pai da mentira, que tudo o que ele faz procede da mentira e do engano. De outro, Ele afirma que o Espírito Santo é o Espírito da verdade e que nos guiará a toda a verdade.

A intenção do diabo é manter o homem alienado, imerso num mundo falso, preso a toda sorte de enganos e sem contato com a realidade. Como ele não é capaz de criar nada, ele dissimula a verdade e seduz com a ilusão.
Talvez nada ilustre melhor essa incrível habilidade de dissimulação do que a cultura das drogas. O vício é uma dissimulação da realidade, cria artificialmente uma ilusão que seduz e aprisiona. Entramos sem muita consciência do que estamos buscando e, pouco a pouco, vamos perdendo o contato com a realidade e tornando-nos mais e mais dependentes da droga. 

Mas não são apenas os vícios que nos alienam da verdade. Hoje temos a grande indústria do entretenimento, que fabrica realidades. Quem já visitou a Disneyworld sabe do que estou falando. É um lugar mágico, onde as fantasias acontecem. Problemas parecem não existir. Temos a sensação de que seria maravilhoso morar ali e gozar para sempre daquele êxtase fugaz.
O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que nos guia a toda a verdade. Ele é o Espírito que vem para libertar nosso espírito aprisionado pela mentira e pela ilusão do pecado. Veio para quebrar a casca da semente e deixar crescer a planta, tirar as máscaras do rosto e revelar quem verdadeiramente somos.
Ele é o Espírito da transcendência. Ele nos liberta de nós mesmos e nos lança em direção a Deus e ao próximo, nos conduz até as esferas das realidades de Cristo. É ele que abre nossos olhos para buscarmos as coisas lá do alto, transforma nossas mentes para pensarmos no que é eterno e desejarmos aquilo que é verdadeiro, que encontra-se oculto em Cristo.
É neste processo que o Espírito glorifica o Filho. Glorifica na confissão do seu nome, na proclamação do evangelho, na adoração da igreja, na santidade dos santos, no sofrimento e morte dos mártires, na obediência à palavra e na comunhão dos filhos de Deus. Como diz Tom Smail, “por si mesma, a igreja jamais poderia pintar um retrato do Filho de Deus encarnado. O único artista habilitado para tal tarefa precisa ser da mesma estatura do modelo. Apenas o Espírito divino pode glorificar apropriadamente o Filho divino através da igreja.”
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/o-espirito-da-verdade-2/

December 11, 2016

Um coração, um caminho

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- Ricardo Barbosa

Somos o povo da aliança. Deus, desde o começo da história, quis separar um povo para si. Um povo que representasse a presença de Deus no mundo. Na antiguidade, uma divindade era representada por uma imagem, um ídolo. Deus escolheu se fazer representar através de um povo cuja vida, relacionamentos, ética, fossem expressivas da natureza do Deus Eterno. Para isso, Deus fez uma aliança com seu povo, nela Ele promete ser o seu Deus e eles prometem ser o seu povo. Muitas vezes, o povo de Deus rompia com a aliança afastando-se de Deus, seguindo outros deuses, corrompendo seus relacionamentos.

Na renovação da aliança de Deus com seu povo, por meio do profeta Jeremias, Deus promete lhes dar um só coração e um só caminho. Essa deveria ser a expressão mais visível da nova identidade do povo de Deus. Para que Deus seja o nosso Deus e nós o seu povo, ter um só coração – um mesmo sentimento, um só caminho, uma só missão – define os termos da identidade deste povo.
Foi exatamente isso que aconteceu em Pentecostes. “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum.” Ninguém disse a eles que deveriam viver assim. Não houve uma assembleia onde a maioria votou a favor de um modelo de vida comunitário. O Espírito Santo realizou esta vocação. Foram cheios do Espírito e passaram a viver como o povo da aliança – um coração e um caminho

Paulo reafirma este propósito de Deus escrevendo para os discípulos de Jesus da cidade de Éfeso: “há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, age por meio de todos e está em todos.” De forma simples: o Deus eterno é o Deus de vocês e vocês são o seu povo. Vocês não seguem diferentes deuses, não se submetem a diferentes senhores e não são membros de diferentes corpos.
Ser povo de Deus é ter um só coração e um só caminho.

“Ter o mesmo sentimento – atitude, pensamento – que houve em Cristo Jesus.” Jesus, na noite anterior à sua paixão, tomou um cálice e disse aos seus discípulos: “esse cálice é a nova aliança no meu sangue”. Jesus reafirma o propósito de Deus de ter um povo para si, um povo que seja exclusivamente seu. Um povo que tem o coração e o caminho de Jesus gravado no seu ser mais íntimo.
O autor da carta aos Hebreus descreve a natureza desta “nova aliança” onde Deus diz: “Desta vez vou escrever a aliança neles mesmos, vou gravá-la no coração deles, e eles serão o meu povo.” 

Ser o povo da aliança é ter Jesus, ele mesmo, gravado no coração de cada um de forma que todos os que têm essa marca do Cordeiro, andarão pelo mesmo caminho. O mais velho ajudará o mais novo. O mais forte sustentará o mais fraco. Todos caminharão juntos e testemunharão a salvação do grande Deus. 

Um só coração e um só caminho. Esta é a marca do povo de Deus.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/um-coracao-um-caminho/