Natal, o diálogo reinaugurado
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- Rubem Amorese
Começamos a viver em clima de festa. As festas natalinas. Como será a imagem da ceia deste ano? Já não nos choca mais a cena da família sentada à mesa, de cabeça baixa, em silêncio, com os rostos iluminados por smartphones. Alguns até brincam, sugerindo que aquelas pessoas estão conversando umas com as outras de um modo novo. E que, nesse novo cenário, as crianças e os idosos têm voz. Eles também “postam” ideias e opiniões.
- Rubem Amorese
Começamos a viver em clima de festa. As festas natalinas. Como será a imagem da ceia deste ano? Já não nos choca mais a cena da família sentada à mesa, de cabeça baixa, em silêncio, com os rostos iluminados por smartphones. Alguns até brincam, sugerindo que aquelas pessoas estão conversando umas com as outras de um modo novo. E que, nesse novo cenário, as crianças e os idosos têm voz. Eles também “postam” ideias e opiniões.
Então, a imagem
que me vem é a de uma grande mesa, cheia de
guloseimas, aromas inconfundíveis, ambiente aconchegante; gente de todas
as idades; embrulhos abertos, papéis de presente espalhados pelo chão e
crianças felizes com seus brinquedos novos: smartphones ou tablets que
lhes permitem participar, com os adultos, do recém-criado grupo familiar
“Christmas Talk”.
Essa
cena não tem som. Como se o áudio estivesse desligado. Mas não; é que
estão de fato em silêncio total. Todos sentados, “festejando” em seus
aparelhos maravilhosos. Uns enviam “selfies”, outros compartilham
imagens do presépio, da estrela, dos magos, do menino na manjedoura. E a
dona da casa, a única que levanta os olhos, está aflita porque a comida
está esfriando.
A
criança que acaba de ganhar seu aparelho novo já usa linguagem
avançada: “Crc, vei, s mnn jsus ta snistr! Kkkkkkk” (“‘Caraca’, ‘véi’,
seu menino Jesus está sinistro! Risos”). Se ainda não entendeu, consulte
seu filho ou neto.
Por
mais desconcertante que possa parecer essa cena e por mais que seja
inquietante a realidade que ela retrata, penso, entretanto, que alguns
elementos originais podem ser resgatados, caso haja espaço para uma
palavra “analógica”. Talvez seja possível um momento em que alguém se
levante e diga alguma coisa, com o uso de seu aparelho fonador. Neste
caso, o que se poderia dizer que conectasse aquele momento com o
verdadeiro Natal? Há algumas ideias.
Estão
reunidos em torno de uma mesa. Tem gente, inclusive, que veio de longe.
Estão todos juntos, em torno de um aniversariante. Só Ele faz anos,
neste dia. Deve, portanto, ser considerado. Quem é? Quantos anos faz?
Por que nos reunimos e celebramos, dando tanta importância à data?
Considere-se
a “mesa posta”, que aponta para um Pai que deseja reunir seus filhos
para uma ceia em família. E convida os que estão perto e os que estão
longe para o banquete e para o diálogo. Uma festa que tem como ponto
alto proximidade e entendimento. E assim celebra-se a família. O
mistério da família de Deus, em Cristo.
Se
for oportuno, as ideias do afeto e da comunhão devem ser trazidas.
Mencione-se que esse Pai já havia “tele-falado” de muitas maneiras,
anteriormente, maneiras mais “sinistras” que um WhatsApp, mas que nestes
últimos tempos optou por chegar perto, física e afetivamente (Hb
1.1-3).
Porque o amor quer abraçar, beijar, presentear, comer e beber junto.
Porque o amor quer abraçar, beijar, presentear, comer e beber junto.
O
amor quer saber como anda a vida – os estudos, o trabalho e o coração –
e se pode fazer alguma coisa para ajudar a resolver os problemas; quer
orientar, quer carregar a carga, quer aliviar o sofrimento.
À
medida que isso acontecer, aquele momento se tornará significativo e
inesquecível.
Porque Deus estava, em Cristo, reunindo seus filhos para um delicioso banquete (Lc 13.29).
Porque Deus estava, em Cristo, reunindo seus filhos para um delicioso banquete (Lc 13.29).
Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/357/natal-o-dialogo-reinaugurado
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