December 17, 2016

Aprendam a fazer o bem!

Texto básico: Isaías 1. 1-20

Textos de apoio
– Deuteronômio 30. 11-20
– Provérbios 31. 8-9
– Miqueias 6. 1-8
– Lucas 3. 7-18
– Mateus 25. 31-46
– Tiago 1. 22-27

Introdução

O ministério profético de Isaías foi longo – cerca de 40 anos, e difícil – em meio à grande agitação política e grande ruína moral. A ascensão do império assírio criava uma forte tensão política em toda a região, acarretando uma desconfiança teológica (“Deus pode nos salvar?”) e, como consequência, uma estratégia de independência (alianças militares). O povo, começando pelos seus governantes, era guiado por um misto de individualismo, hipocrisia, auto satisfação e cinismo.
As assembleias e festas, sempre cheias, e a engrenagem cúltica, girando a todo vapor, poderiam dar a impressão de fervor espiritual, mas a realidade era bem diferente, como mostra a denúncia do profeta.
A questão, que não é nova e nem fácil de resolver, está de novo sobre a mesa. É a velha queda de braço entre vitalidade espiritual e religiosidade. Idealmente, as duas deveriam andar lado a lado, mas isso nem sempre acontece. É possível perceber quando uma espiritualidade real sustenta a religiosidade? Existe algum sinal confiável sobre isso? Ou, olhando a partir de outro ângulo, uma vida justa e correta é garantia de uma espiritualidade autêntica? Existe um ponto de convergência para estas duas possibilidades?   

Para entender o que a Bíblia fala

  1. No verso 2 a totalidade da criação (céus e terra) é convocada como testemunha para o processo que Deus instaura contra todo o povo. Qual é a principal acusação? Como isso era “verificável” no dia a dia da nação? (vv. 2-4)
  2. A seguir, o profeta pinta um quadro de desolação, causado pela própria desobediência do povo (vv. 5-9). Aparentemente, nem há mais espaço para novas repreensões (v. 5). Nem tudo aqui é literal, mas as imagens mostram várias dimensões da vida nacional que estavam sendo impactadas pelo pecado. Quais são essas dimensões?
  3. Sacrifícios, holocaustos, ofertas, festas, orações… Eram prescrições centrais e visíveis da religião do Antigo Testamento. Embora o próprio Deus as tivesse instituído, essas práticas agora estavam sendo rejeitadas (vv. 10-15). Por que? Qual era o problema com a religiosidade do povo? Era a religiosidade em si, ou faltava algum coisa, algum complemento? (vv. 16-17)
  4. A última parte do verso 13, de acordo com a tradução da Bíblia de Jerusalém, diz o seguinte: “não posso suportar iniquidade e solenidade”. A declaração de Deus, através do profeta, nos ajuda a perceber que as práticas religiosas, por mais nobres que sejam os sentimentos e emoções que as acompanham, se não nos conduzirem à pratica efetiva do bem em prol do nosso próximo, especialmente daqueles que estão no lado mais fraco do elo econômico (“órfãos e viúvas”), não terão valor para Ele. Não passarão de “solenidade” misturada com “iniquidade”. Pensando em sua vida, e na sua comunidade de fé, faça uma avaliação honesta e corajosa de suas práticas religiosas. Como acha que Deus as vê?
  5. Nosso trecho termina com um convite à reflexão, feito pelo próprio Senhor (v. 18). Há esperança, porque “não existe falta que esgote o perdão divino” (Bíblia de Jerusalém). Qual é a única condição imposta por Deus, de acordo com o texto (vv. 19-20)?

Hora de Avançar

Parar de fazer o que é mal, arrepender-se do mal praticado e dispor-se a voltar para Deus quer dizer simplesmente mudar de vida, pôr-se no caminho outra vez… A verdade é que nós nos convertemos e somos convertidos. Só voltamos para Deus quando somos por ele voltados. Não podemos empurrar tudo para o Senhor nem empurrar tudo para nós.

Para pensar

O trecho que estamos estudando é um rico exemplo da combinação, presente em várias partes de Isaías, da justiça e da graça de Deus. As palavras de juízo são fortes, mas a força do perdão também é grande. Tanto o julgamento quanto o perdão dos pecados é obra divina. O que Deus espera é a confissão e o arrependimento do seu povo, uma disposição para mudar de rumo, para fazer diferente. A “espada” mencionada no final deste trecho representava a invasão estrangeira, com todos os seus males, mas era uma ameaça que poderia ser afastada pela submissão a Deus (v. 19).
A nossa religiosidade pode nos lançar numa falsa experiência de transcendência. Ela faz isso nos afastando do próximo, nos prendendo num comodismo auto centrado e nos cegando para a realidade à nossa volta. Uma piedade integral (holística), ao contrário, nos faz experimentar uma transcendência genuína, pois nos permite experimentar a realidade espiritual, o relacionamento com Deus, mas nos joga de volta para a realidade do nosso mundo carente, uma realidade de sofrimento e necessidade. É aí que a nossa piedade precisa fazer diferença.

O que disseram

Não apenas crentes individuais, mas a igreja como um todo em um determinado local pode cair em pecado. Portanto, o lembrete a resistir ao mal é dado ao crente individual e à igreja como um todo em toda parte… De fato, a conversão é o modo de Deus renovar e mudar a face da igreja, e também de levá-la a novos caminhos e capacitá-la a cruzar novas fronteiras… A conversão cristã tem como objetivo colocar mulheres e homens a serviço de Deus e do próximo… é a passagem de uma existência desumanizada e desumanizadora para uma vida humanizada e humanizadora.
Orlando Costas (1942-1987), missiólogo porto-riquenho

Para responder

  1. Nossas práticas exteriores devem ser um reflexo de nossa vida interior, e nossa vida interior deve se expressar em nossas práticas exteriores. Essa relação precisa ser orgânica, como uma coisa só. Seu amor a Deus o leva a amar seu próximo? E seu amor ao próximo tem sido maior devido ao seu amor a Deus?
  2. Uma parte do texto nos mostra um convite duplo da parte de Deus: “Parem de fazer o mal, aprendam a fazer o bem!” (vv. 16b-17a). Ou seja, não podemos nos contentar em apenas nos “desviar” do mal, mas precisamos também ser proativos no “fazer o bem”. E, neste contexto, “fazer o bem” tem a ver com buscar o direito do próximo, corrigir o opressor, fazer justiça ao órfão e defender a causa da viúva (v. 17, Bíblia de Jerusalém). Como vimos antes, os órfãos e as viúvas representavam as pessoas economicamente mais vulneráveis. No seu contexto de vida, quem representaria melhor os “órfãos e viúvas”? O que você tem feito pelo direito deles?

Eu e Deus

Pai, fico pensando que tenho de correr e fazer algo; tu continuas a me chamar de volta para ser alguém. Usa esta vida que criaste e redimiste para preservar e beneficiar aqueles entre os quais vivo hoje. Amém. (Eugene Peterson)

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/aprendam-a-fazer-o-bem/

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