January 31, 2019

A força do amor

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Uma paráfrase de 1 Coríntios 13
- Elben Cesar

O amor nunca perde a paciência. Ele é sempre bondoso, prestativo e admiravelmente benfazejo. Procura ser construtivo todo o tempo. 


O amor nunca é invejoso ou ciumento. Também não é arrogante, orgulhoso, presunçoso ou fanfarrão. Ele não se pavoneia, não se ostenta, não se vangloria de coisa alguma. Não procura impressionar, chamar atenção para si. Ele se porta com extraordinária modéstia. Não alimenta ideias enfatuadas acerca de sua própria importância. 

O amor tem boas maneiras. No trato com cada pessoa, nunca é grosseiro, rude ou inconveniente. O amor não maltrata ninguém. 

O amor é o pai do altruísmo, pois nunca procura seus próprios interesses e se mantém cuidadosamente afastado de qualquer conotação egoísta. 

O amor é maravilhoso. Nunca se encoleriza contra quem quer que seja, mesmo tendo motivos para tanto. Ele não é irritadiço, tampouco melindroso. Não leva em conta o mal que alguém, porventura, lhe causa. Dificilmente chega sequer a notar o mal a ele endereçado. O amor não guarda lembranças negativas, não guarda mágoas, não guarda rancor.

O amor não fica alegre quando alguém faz algo errado, mas fica alegre quando alguém faz o que é certo. Ele nunca está satisfeito com a injustiça, mas regozija-se quando a justiça triunfa.

Para dizer toda a verdade, o amor é incrível. Ele nunca desiste, nunca se recolhe, nunca entrega os pontos, nunca desaparece de cena. O amor tudo sofre, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera e tudo suporta! Ele sofre, crê, espera e suporta sem limite de espécie alguma. É o grande herói de todas as cenas.

Quando tudo acabar, a única coisa que vai perdurar é o amor. Quando os dons de curar doentes, de realizar milagres, de falar em línguas estranhas, de interpretar essas línguas, de prestar ajuda aos que sofrem, de ministrar a Palavra de Deus e tudo o mais passarem, o amor continuará. O amor jamais perecerá. Por uma simples razão: o amor é eterno.

Há três coisas que perduram: a fé, a esperança e o amor. Todas são muito importantes, mas não igualmente importantes. A maior dessas três virtudes, sem dúvida alguma, é o amor.

Por essa única razão, se eu não tiver amor, não é relevante eu falar as línguas dos homens e dos anjos, conhecer até mesmo todos os mistérios que envolvem Deus e o ser humano, ter fé capaz de mover o Pão de Açúcar para dentro da baía da Guanabara ou oferecer meu próprio corpo para ser queimado no lugar de alguém. Se eu não tiver amor, nada disso me valerá.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/365/a-forca-do-amor


PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=oZp5ORFq25I
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January 30, 2019

Quem sou eu em 2019?

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Esqueçam o que se foi, não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não percebem? (Isaías 43:18-19)

É Ano Novo. 

Entro numa pequena igreja que encontro aberta, para fugir da multidão de pessoas trombando umas nas outras que olham para os fogos coloridos no céu. 

Sou como Ana e trago o anseio de muitos anos anteriores. Será que o Senhor vai olhar para mim e me dar um filho neste ano? 

Sou como Abrão e trago as palavras da promessa de Deus, faladas há tantos anos atrás. Será que este ano elas se cumprirão? 

Sou como Rute e trago a vergonha de ser viúva e estrangeira. Será que o Deus de Noemi me dará um marido neste ano?

Sou como José e trago a dúvida do sonho, esquecido nesta prisão. Será que este ano o sonho fará sentido? 

Sou como Raabe e trago o pavor de ser destruída pelos invasores da cidade. Será este o meu fim e morrerei neste ano?

Sou como Jeremias e trago uma tristeza enorme em meu coração. Será que o Senhor irá mudar a sorte do meu povo neste ano?

Sou como Maria e trago a alegria de estar noiva de um homem bom. Será que ficarei grávida ainda este ano?

Sou como Saulo a caminho de Damasco e trago a ânsia por fazer justiça. Será que prenderei muitos seguidores do Caminho neste ano? 

Sou como Isabel e trago a alegria da promessa cumprida em minha velhice. Será mesmo que terei um bebê em meus braços neste ano?

                                          Começar de novo

Eu começo este novo ano assim: trago todos os anseios da minha história, vivida até este momento; as tristezas pelas circunstâncias devastadoras; as expectativas de cumprimento das tão maravilhosas promessas do Senhor; os planos do que irei fazer e do que desejo que aconteça; as alegrias pelas coisas boas que já vejo diante de mim. Trago tudo diante do Deus Eterno. 

E uma maneira de olhar para o futuro que se descortina gigante diante de mim é viver um dia de cada vez, acolhendo com humildade o que o Senhor do Tempo me traz hoje, vivendo momento a momento em dependência dEle e em confiança nEle. 

E um jeito possível de descansar na direção dada por Ele é caminhar esperando por um fim em aberto, trabalhar aguardando por algo que está muito além de minha imaginação e que acontecerá de acordo com a vontade dEle, no tempo dEle, da forma que Ele preparou. 

E um modo adequado de viver o novo ano em obediência é conhecer os meus medos e, ao invés de me deixar paralisar por eles, correr na direção deles, enfrentando-os com coragem e ousadia, reconhecendo que é em fraqueza que Ele me faz forte.

Para isso, é necessário que eu assuma meu lugar de criatura diante do Criador, inclinando meu coração obstinado e minha vontade teimosa. Recebendo com gratidão tudo o que vier de suas boas mãos, que independentemente das circunstâncias, provêm o suficiente para cada dia. 

Além disso, é preciso que eu acolha minha vulnerabilidade e aceite o Amor perfeito que me é oferecido por graça. O Amor que me traz a liberdade de viver novas oportunidades, que muda os planos e as expectativas, que me desafia e me tira da zona de conforto, porque Ele já está fazendo algo novo, você não está vendo ?

Assim, eu olho para 2019: com a certeza de que o Deus Eterno está agindo e continuará (mesmo que eu ainda não veja nada), com misericórdia e poder, até que todos os seus propósitos se cumpram. Eu somente confio, eu entrego o controle, eu espero, eu permaneço. Eu vivo o presente, vivo cada dia diante dEle, eu cresço e me transformo em uma mulher mais inteira, aprendo a ser povo e parte de um corpo sustentado por Ele. 

Por isso, entrego tudo o que trago comigo para receber a dádiva de mais um ano com ousadia e fé para acreditar no impossível, nos sonhos mais loucos, para desejar intensamente, para nadar contra a correnteza do que é vendido como felicidade. Porque o túmulo está vazio e já tenho a vida eterna. 

Porque nem em meus devaneios posso imaginar o que está sendo preparado para mim. E, exatamente por isso, deixo a pequena igreja com o coração cheio de fé, esperança e amor, porque isso é só o começo. 

Feliz Ano Novo ; )

Tu, ó Senhor Deus, és tudo o que tenho. O meu futuro está nas tuas mãos (...) Por isso, o meu coração está feliz e alegre; e eu, um ser mortal, me sinto bem seguro. (Salmo 16:5,9)

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/quem-sou-eu-em-2019

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=VU_rTX23V7Q

January 29, 2019

Orar com salmos

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- Ricardo Barbosa

Tenho procurado, nos últimos meses, memorizar alguns salmos e fazer deles a minha oração. O principal motivo para este exercício espiritual é aprender a orar com a linguagem dos salmos. O livro dos Salmos é reconhecido como o livro de oração do povo de Deus. Atanásio, bispo de Alexandria, disse que “a maior parte das Escrituras falam a nós, os salmos falam por nós”. A linguagem dos salmos é mais pessoal e expõe de forma natural emoções e sentimentos.

Os salmos nos ajudam a ser mais honestos com Deus e conosco. Nossas orações são construídas, muitas vezes, com uma linguagem para impressionar os outros ou a Deus. Escolhemos bem as palavras, a entonação, pouco expomos de nossas emoções e sentimentos. Nos salmos encontramos todos os tipos de sentimentos e emoções expostos com sinceridade. Sentimentos, como solidão, indignação ou raiva, tristeza ou depressão, alegria, gratidão e lamento, estão presentes nessas orações e nos ensinam a reconhecer nelas nossos próprios sentimentos e emoções.

A oração é a linguagem da alma. Por isso ela cria o ambiente onde podemos lidar com nossos sentimentos. É na experiência da oração que podemos melhor compreender a relação de Deus com os eventos e circunstâncias que provocam tais sentimentos. Sabemos que Deus é a razão primeira e última de tudo o que acontece conosco e com o mundo à nossa volta. Mais do que resolver os problemas que nos afligem, precisamos aprender a responder à forma como Deus se relaciona com eles. 

O Salmo 139 é um dos salmos que memorizei. É uma oração feita a partir da solidão, um sentimento que envolve todos nós. Podemos evitá-lo, fugir dele, mas jamais negá-lo. Não se trata apenas da solidão física, da ausência de amigos, da perda de pessoas queridas, mas da solidão de não se ser compreendido. Nossos pais não nos compreendem, os cônjuges também não; eles se esforçam, mas não irão nos entender plenamente. Sentimo-nos solitários na família, trabalho, igreja. Estamos cercados de pessoas queridas, muitas se esforçam para nos agradar, mas somente Deus pode preencher os desejos mais profundos de compreensão e aceitação.

Somente Deus nos conhece e nos entende completamente. Não existem segredos para ele. Nossos pensamentos, caminhos, sonhos, palavras ditas e mesmo as não ditas. Nossos anseios mais profundos, medos e todas as incertezas -- ele conhece tudo. Mais do que isso, ele nos ama, protege e guia. Meditar nessas coisas nos leva a reconhecer a profundidade dos pensamentos e propósitos divinos.

Diante de Deus não existe nada que ele não saiba antes. É por causa deste conhecimento de Deus que Agostinho ora:

Ó Deus, faze que eu te conheça, meu conhecedor, que eu te conheça como de ti sou conhecido. Virtude de minha alma, penetra-a, assemelha-a a ti, para que a tenhas e possuas sem mancha nem ruga. Esta é a esperança com que falo, e nesta esperança me alegro, quando gozo de sã alegria… E, para ti, Senhor, que conheces o abismo da consciência humana, que poderia haver de oculto em mim, ainda que não te quisesse confessar? Poderia apenas esconder-te de mim, mas nunca me esconder de ti.

O medo de não ser compreendido e aceito nos impede de nos abrir em relação ao outro. O conhecimento que Deus tem de cada um de nós quebra as algemas do medo e nos abre para amar e nos relacionar. 


Nunca seremos plenamente compreendidos, a não ser por Deus, e é por isso que esse tipo de oração é tão precioso.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/365/orando-com-os-salmos

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=CRAwbHffqgw
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January 27, 2019

Restaura-nos, Senhor!

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- Elben Cesar

A singela súplica “Restaura-nos!” aparece três vezes no Salmo 80. Essa é a tradução mais comum. Mas há outras: “Faça-nos voltar!”, “Converte-nos!”, “Faze que prosperemos de novo!”.


Algo curioso e significativo é que o autor do Salmo vai acrescentando palavras ao nome de Deus a cada súplica. Na primeira vez: “Restaura-nos,  ó Deus!” (verso 3). Na segunda vez: “Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos!” (verso 7). E na terceira vez: “Restaura-nos, ‘ó Senhor, Deus dos Exércitos’” (verso 19). Sua intenção seria reforçar a oração?

E afinal, quando oramos: “Restaura-nos, ó Deus!”, o que estamos pedindo? 


Nada mais, nada menos, estamos pedindo que o Senhor, em sua soberania e misericórdia, conceda-nos a graça de recolher os cacos do nosso vaso quebrado e o refaça, dando-lhe a forma e a beleza anteriores.


Isso nos faz lembrar uma confortadora passagem de Jeremias. Deus leva o profeta a uma olaria no exato momento em que o oleiro acha por bem refazer o vaso que estava em suas mãos. Então, o Senhor faz ao seu servo aquele tipo de pergunta cuja resposta é óbvia: “Será que eu não posso fazer com o povo de Israel [e com a Igreja] o mesmo que o oleiro fez com o barro?” Em seguida, Deus esclarece ainda mais a questão: “Vocês estão nas minhas mãos assim como o barro está nas mãos do oleiro” (Jr 18.1-6).


Muitas vezes a quebra não é total, não reduz o vaso a uma porção de cacos. Mas, assim como a mulher retoca o penteado ou a maquiagem ao encontrar neles algum defeito, o cristão precisa ver no espelho de Deus o seu comportamento e a sua fé para, em seguida, permitir que Ele mesmo restaure o que for necessário.


Oswald Chambers lembra: “Se o Espírito de Deus detecta em você algo errado, Ele não lhe pede para consertar. O que Ele pede é que você enxergue a pequena ou grande mancha e O deixe fazer o necessário reparo”.


Tomemos, como indivíduos e como igreja, a resolução de suplicar constantemente: “Restaura-nos, ó Deus!”.


Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/348/a-oracao-que-precisa-ser-feita-restaura-nos-o-senhor

January 14, 2019

Abre meus olhos e me ajude a viver um ano novo de verdade

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“Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isso? Aquele que põe em marcha cada estrela do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de comparecer!” (Is 40.25-26)

- Taís Machado

Deus nos convoca para algo que, com freqüência, cai no esquecimento: “Ergam os olhos e olhem”. O que temos visto? Dependendo de onde moramos, podemos dizer que só vemos poluição, trânsito congestionado, violência e injustiça.

Olhar como resposta a um convite divino pode nos dar perspectivas mais sensíveis e se desdobrar em relações e posturas diferenciadas. Mesmo quando ao redor há destruição, prova de nosso descuido, conseqüência de nosso egoísmo, podemos melhor nos conscientizar sobre as mortes que o pecado gera. Podemos nos voltar a Deus humildemente, saboreando sua graça, a redenção em Jesus, e nos inspirar a criar com espontaneidade, com formosura e com a alegria de quem tudo começou - o Criador.

Nem sempre separamos tempo para contemplar a criação, para nos tornar verdadeiros adoradores. E, quando não adoramos o Criador, acabamos por adorar falsos ídolos.

Eugene Peterson, em seu livro “A Maldição do Cristo Genérico”, nos alerta: “Nada nessa criação existe meramente para ser estudado, analisado, entendido; cada elemento, a ‘obra’ de cada dia, existe, antes de tudo, para ser recebida como uma ‘nota’ integrante e coerente dos ritmos totalmente abrangentes do oratório da criação, na qual respiramos o mesmo ar que Deus soprou sobre o abismo; e, do mais profundo de nossos pulmões - nossa vida -, cantamos e dançamos para a glória de Deus”.

Parece que nos tornamos mais técnicos que celebrantes. Acumulamos informações, discutimos acadêmica ou teologicamente, mas talvez o comentário de Jesus para nós não seria diferente daquele dirigido aos samaritanos: “Vocês adoram o que não conhecem” (Jo 4.22). Em nosso dia-a-dia, vivemos como seres fragmentados, continuamos a pregar Jesus na cruz (com os pregos da nossa ignorância), sem desfrutarmos do significado de sua morte e ressurreição - uma vida nova, livre e abundante, cuja inteireza cativa outros. Como diz Frank Schaeffer, em “Viciados em Mediocridade”: “Na maior parte do tempo os cristãos vivem na tensão entre suas atividades espirituais e o resto da sua vida. 


Entretanto, o cristianismo deveria ser uma experiência libertadora que abre nosso entendimento para apreciar mais do mundo de Deus. Somos aqueles que foram libertos para ver o mundo como realmente é, desfrutando e nos divertindo com a diversidade e a beleza da criação”.

A campanha do vencedor das eleições americanas, Barack Obama, teve como “slogan” principal: “Sim, nós podemos”. 
Será que podemos viver um ano novo no novo ano? Podemos, efetivamente, fazer diferente? Toda boa mudança, toda diferença geradora de vida só pode ser realizada a partir de Deus. Ele nos muda, para que possamos agir de maneira diferente. Tudo vem do Pai das luzes (Tg 1.17). Nele podemos viver um dia de cada vez, com reverência à vida.

Se Deus é pessoal até com as estrelas, que ele chama pelo nome, quanto mais conosco! 
Saibamos, pois, ouvir sua voz, que é cheia de majestade, faz dar cria às corças e desnuda os bosques (Sl 29.4, 9). Que o Espírito de Deus nos ajude a parar, contemplar, adorar e proclamar as maravilhas do Criador, cuidando da criação, cultivando espaços de silêncio e reflexão.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/316/lembretes-para-o-cotidiano

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=a6FTS7FUS1o
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January 08, 2019

Salmo 103

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- Dennis Allan

“Bendize, ó minha alma, ao SENHOR”. Essas palavras de glória para Deus iniciam e encerram o Salmo 103, identificado como um hino escrito por Davi. O título não posiciona esse salmo em um contexto histórico específico, mas sua ênfase na compaixão e misericórdia de Deus em perdoar os pecados sugere a probabilidade do salmo ter sido composto depois do pecado de Davi com Bate-Seba. Compare a mensagem desse hino com os Salmos 51 e 32.

Davi oferece louvor a Deus com todo o seu ser, considerando todos os atributos de Deus que ele conhece: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só dos seus benefícios” (versos 1 e 2). A totalidade do homem se dedica a adoração da totalidade de Deus!

Os cânticos relatados no hinário de Israel tratam de diversos motivos para adorar a Deus. Um tema frequente é o foco do Salmo 103: a misericórdia do Deus que perdoa os pecados dos homens. Davi descreve as obras de Deus com vários termos que refletem sua compaixão para com os pecadores. O Senhor perdoa as iniquidades e sara as enfermidades (verso 3). Ele redime a vida e estende graça e misericórdia (verso 4). Deus é misericordioso, compassivo, longânimo e benigno (verso 8).

A grandeza de Deus é evidente no que ele faz, e igualmente visível no que ele não faz: “Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades” (versos 9 e 10). As Escrituras ensinam que o salário do pecado é a morte, a separação de Deus (Romanos 6:23). Quando Deus perdoa o pecado e permite o retorno do culpado à sua comunhão, ele cancela essa sentença.

O perdão que Deus oferece ao pecador é completo. Diferente da nossa tendência em falar de perdão, mas sempre lembrar a ofensa cometida, a compaixão do Senhor resulta na remissão total: “Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões” (versos 11 e 12). Considerando nossa incapacidade de resolver, por força ou vontade própria, o problema dos nossos pecados, o conceito de um Deus misericordioso nos oferece esperança. Ele sabe muito bem das limitações das suas criaturas humanas, feitas do pó da terra (verso 14). Só Deus perdoa. Ele é o único capaz de nos salvar.

Davi frisa a diferença entre o homem e seu Criador com ênfase no contraste entre temporário e eterno. Os dias do homem se comparam às plantas que florescem e somem (versos 15 e 16), mas a misericórdia de Deus, como o próprio Senhor, “é de eternidade a eternidade” (verso 17).

Nos últimos versos, Davi chama todos que existem sob o domínio divino a participar na adoração ao Eterno Deus. Os anjos, que executam as ordens de Deus, devem bendizer seu nome. Os exércitos do Senhor, todos servos obedientes, devem adorá-lo (versos 20 e 21). Todas as obras do Criador existem para honrá-lo (verso 22). A universalidade desse apelo se torna evidente na comparação dos versos 19 e 22. Todas as obras de Deus em todo o seu domínio devem adorá-lo (verso 22). Seu domínio é universal, pois “o seu reino domina sobre tudo” (verso 19).

É importante para cada pessoa refletir sobre a grandeza de Deus, apreciando sua posição como Senhor sobre tudo e sobre todos. Devemos pensar sobre a submissão de multidões de anjos e de toda a natureza ao seu Criador. Paulo aplicou esse conceito a Jesus Cristo quando escreveu: “para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra” (Filipenses 2:10). 

Mas, a mensagem do Salmo 103 frisa, do começo ao fim, um outro fato de enorme importância. Deus merece a minha adoração, a minha obediência, o meu serviço, a minha submissão total: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome” (verso 1).   

Fonte: https://www.estudosdabiblia.net/jbd541.htm

January 02, 2019

Esta beleza frágil e imensa

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- Luiz Felipe Pondé

Você já se sentiu infinitamente pequeno diante de algo imenso e infinito? Já percebeu o quão frágil é tudo à sua volta, inclusive, e principalmente, você? Já pensou que um dia o sol se apagará e tudo que você conhece deixará de existir?

Já pensou que em meio a tantas pessoas que transaram desde a mais distante ancestralidade humana, a "cadeia de orgasmos" entre elas é a causa eficiente da sua existência hoje? Já imaginou quanta coisa podia ter dado errado e você não existir? Aqui não estamos muito distantes do silêncio que muitas vezes se impõe quando testemunhamos uma criança vir ao mundo. Esse silêncio é nossa consciência ancestral de que devemos nossas vidas a todos os que viveram, lutaram e morreram antes de nós. A primeira palavra que devíamos aprender a falar é "obrigado". Uma cultura que não cultiva o respeito pelos ancestrais é uma cultura de ingratos. Deveríamos assistir ao parto de joelhos.

Bastava uma dorzinha de cabeça numa das fêmeas ancestrais ou uma brochada num dos machos ancestrais ou um dos dois ser comido por algum predador, e você não estaria hoje aqui lendo este artigo.

Logo, é quase um milagre esse instante em que nos encontramos. Assim como toda a cadeia de eventos que envolve a sua vida e a de cada um de nós.

Diante de tantas variáveis infinitas, muita gente sente um certo agradecimento por ter nascido e pelas coisas que giram à nossa volta, tornando possíveis nossas vidas.

Nossa atitude deveria ser uma de completa reverência diante de tudo isso. Esse tipo de reverência desapareceu do nosso repertório porque somos uns mimados que acham que o universo é "um direito" cósmico. E que todos que transaram em nossa longa cadeia de ancestrais o fizeram "por nossa causa".

Essa humildade diante da simples existência não é muito distante da ideia de graça no cristianismo (e também no judaísmo e islamismo). Dai que qualquer teólogo competente sabe que toda boa teologia começa agradecendo.

Coisa pouco comum hoje em dia. Uma sociedade dominada pela ideia de "direitos" é necessariamente uma sociedade que cultiva a ingratidão. Nada mais distante da espiritualidade semita (das três religiões abraâmicas citadas acima) do que uma teologia que "pede". A teologia começa agradecendo o fato de respirarmos. Ou, como diria Santo Agostinho (354-430), devemos agradecer pela língua que temos para falar.

Toda espiritualidade séria começa com a consciência do quão improvável é a nossa existência e a de todas as demais coisas à nossa volta. A fina relação entre essa enorme improbabilidade e nossa ínfima existência é que produz o sentimento de milagre, agradecimento e graça.

Que nenhum ateu inteligentinho queira me dar uma lição de estatística ou de acaso cego. Guarde-as para ateus inseguros e de alma tosca. A cegueira do acaso apenas torna a beleza do mundo ainda maior.

O que vem a ser a religião? Essa pergunta não é fácil de responder. Muitos tentam buscar uma resposta que sirva pra todas as religiões, mas isso não é evidente.

Entretanto, existem algumas ideias interessantes sobre essa busca de um "denominador comum" para as religiões que funcionam razoavelmente bem. E algumas delas passam justamente por esse sentimento de agradecimento pelo simples fato de sermos capazes de testemunhar toda essa beleza, ao mesmo tempo frágil e imensa. E de nos sentirmos de alguma forma dependentes dela.

O teólogo alemão Friedrich Schleiermacher (1768-1834), fundador da hermenêutica, disciplina que estuda os modos de interpretação de culturas e textos, é considerado o pai fundador dos estudos não religiosos das religiões. A história desses estudos é longa e não vou me ater a todas as controvérsias que a matéria exige.

O que me interessa aqui é o "denominador comum" que Schleiermacher pensava estar presente em todas as religiões. Para ele, as religiões são o fruto dessa percepção profunda de nossa dependência para com esse infinito que nos sustenta e, ao mesmo tempo, nos lembra o quão efêmero isso tudo é. Como o pó que se vai com o vento, mas que é capaz de ver o rosto de Deus. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2016/02/1744411-essa-beleza-fragil-e-imensa.shtml

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=oZp5ORFq25I
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January 01, 2019

Epifania

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Qual é o quid proprium da igreja de Jesus Cristo no mundo? Que função tem a igreja na sociedade? Qual é a dimensão indelegável da igreja na teia de forças que tecem a vida humana? A igreja ainda é relevante nesta sociedade moderna ou pós-moderna? Vale a pena ser igreja e trabalhar pela manutenção e expansão da igreja ou vivemos dias onde a vida religiosa está ultrapassada e obsoleta? A espiritualidade é apenas uma outra forma de falarmos em auto-ajuda ou, de fato, há algo na experiência espiritual que a torna imprescindível à saúde pessoal e coletiva?

As respostas para estas perguntas podem ser resumidas na palavra "sagrado": a igreja é o ambiente facilitador, a comunidade guardiã e a protagonista na manifestação e experiência do sagrado na sociedade. 

Rudolf Otto diz que a experiência do sagrado é o sentimento de "mistério terrível e fascinante": misterium tremendum fascinans. Mistério porque trata daquilo que extrapola a razão humana e sua capacidade de apreensão por si mesma; mistério é aquilo a que se tem acesso mediante revelação; trata do sobrenatural, do metafísico. Tremendo, ou terrível, porque produz pavor, assombro, êxtase, arrebatamento e alumbramento. E fascinante porque cativa e seduz. 

A teologia diz que a experiência do sagrado acontece mediante a manifestação do divino, a aparição surpreendente de Deus, quando somos surpreendidos diante de algo, ou alguém, que nossa razão não dá conta

Esta manifestação, aparição, revelação do divino é chamada de epifania. 

Por exemplo, quando Jacó exclamou "Deus estava aqui e eu não sabia" ou o profeta Isaías disse "Ai de mim, pois meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos". Da mesma maneira, quando o apóstolo Pedro caiu aos pés de Jesus gritando "Afasta-te de mim, pois sou pecador" ou Saulo de Tarso tombou a caminho de Damasco, cegado pela luz e pela voz do Cristo ressurreto. 

Conta-se que, muitos anos antes de sua morte, o rabino Abraham Joshua Heschel sofreu um ataque do coração quase fatal. Seu melhor amigo estava ao lado de seu leito. Heschel estava tão fraco que só conseguiu sussurrar: "Sam, sou grato pela minha vida, por todos os momentos que vivi. Estou pronto pra partir". Fez uma longa pausa e concluiu "Nunca na minha vida pedi a Deus sucesso, sabedoria, poder ou fama. Pedi a Deus assombro. E Ele me concedeu". 

Vivemos em um mundo que perdeu não apenas o contato com o sagrado e a sensibilidade para percebê-lo, mas também, e tristemente, a capacidade de desejá-lo


A igreja é ainda a última fronteira. A igreja é o dedo que aponta a realidade do sagrado. A igreja é a síntese das epifanias. A igreja é a comunidade dos assombrados. A igreja é a reunião dos que caíram de joelhos diante de Jesus de Nazaré, o Cristo de Deus. Bendito seja, antes e agora e para todo o sempre. Amém.
© 2006 Ed René Kivitz
Fonte: http://www.ibab.com.br/ed060514.html