March 28, 2019

Seu amor não tarda < 3


Esperei com paciência
pela ajuda de Deus, o Senhor.
Ele me escutou e ouviu
o meu pedido de socorro.
Tirou-me de uma cova perigosa,
de um poço de lama.
Ele me pôs seguro
em cima de uma rocha
e firmou os meus passos.
Ele me ensinou a cantar
uma nova canção,
um hino de louvor ao nosso Deus.
Quando virem isso,
muitos temerão o Senhor
e nele porão a sua confiança.
Feliz aquele que confia
em Deus, o Senhor,
que não vai atrás dos ídolos,
nem se junta com os que adoram
falsos deuses!
Ó Senhor, nosso Deus,
tu tens feito grandes coisas
por nós.
Não há ninguém igual a ti.
Tu tens feito
muitos planos maravilhosos
para o nosso bem.
Ainda que eu quisesse,
não poderia falar de todos eles,
pois são tantos,
que não podem ser contados.
Tu não queres animais
oferecidos em sacrifício,
nem ofertas de cereais.
Não pediste que animais
fossem queimados inteiros
no altar,
nem exigiste sacrifícios oferecidos
para tirar pecados.
Pelo contrário, tu me deste ouvidos
para ouvir,
e por isso respondi: “Aqui estou;
as tuas instruções para mim
estão no Livro da Lei.
Eu tenho prazer em fazer
a tua vontade, ó meu Deus!
Guardo a tua lei no meu coração.”
Ó Senhor Deus,
na reunião de todo o teu povo,
eu contei a boa notícia
de que tu nos salvas.
Tu sabes que nunca vou parar
de anunciá-la.
10 Não tenho guardado para mim mesmo
a notícia da tua salvação.
Tenho sempre falado da tua fidelidade
e do teu poder salvador.
Nas reuniões de todo o teu povo,
não fiquei calado
a respeito do teu amor
e da tua fidelidade.
11 Ó Senhor Deus, eu sei que nunca
deixarás de ser bom para mim.
O teu amor e a tua fidelidade
sempre me guardarão seguro.

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=I0NPps2VpY0
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March 27, 2019

Voltar a sorrir ; )

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1 Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.
2 Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o SENHOR tem feito por eles.
3 Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres.
4 Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe.
5 Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.
6 Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.
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March 22, 2019

A cura do orgulho e o sossego no Senhor

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1 Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito em grandes matérias, nem em coisas muito elevadas para mim.
2 Certamente que me tenho portado e sossegado como uma criança desmamada de sua mãe; a minha alma está como uma criança desmamada.
3 Espere Israel no Senhor, desde agora e para sempre.
Salmo 131
- Jonathan Simões Freitas

O tema deste pequeno salmo é a postura da alma. Seu porte, sua atitude, seu sentimento, seu ânimo. Os dois primeiros versos contrastam duas posturas pessoais: uma negada, outra afirmada. Por fim, o último versículo exorta à postura correta.

A postura negada: procurar se elevar

Os termos utilizados no primeiro verso remetem à imagem de altura, grandeza: “elevar”, “levantar”, “grandes”. Essa imagem, por sua vez, está associada à maravilhamento –  Deus, por exemplo, é louvado como “Altíssimo” e “grandioso” em diversos textos. Portanto, a postura negada é a de querer ser maior e, assim, mais admirado – o que corresponderia a um “coração soberbo” e “olho altivo”.

A questão-chave, nesse contexto, é: “maior em relação a quem?”. Para o salmista, o parâmetro de referência é quem se é: “para mim”. Ou seja, não quem os outros são, pois este tipo de comparação produz orgulho ou inveja. A postura negada é procurar ser quem você não é. Como Paulo disse: “Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim [pense a meu respeito] mais do que em mim vê ou de mim ouve” (1Co 12.6). Em outras palavras: “não quero parecer quem eu não sou de fato”.


O sentimento do salmista não é de comodismo consigo mesmo; o título do salmo indica autoria do engajado rei Davi. Antes, a atitude que o inspira é de auto-rebaixamento, humilhação – ou, mais precisamente, “humildade”. Como ele próprio disse em outra passagem, “me rebaixarei ainda mais, e me humilharei aos meus próprios olhos” (2Sm 6.22a).

Isso não significa tentar ser menor do que quem você é; quem escreve o salmo é o glorioso rei de Israel. Pelo contrário, significa se fazer menor para com os outros – ou, para usar uma antítese, “o maior servo”.

Davi, sendo rei, demonstra, nesse salmo, “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo (…)” (Fp 2.5-8).

As dádivas de Deus

Um capítulo que lembra muito essa mensagem é Romanos 12. No versículo 16, Paulo diz: “sede unânimes entre vós [tenham uma mesma atitude uns para com os outros]; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos [aos seus próprios olhos]”. Sendo que, no verso 3, o apóstolo já tinha dito: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Em outra tradução: “Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado”.

O contexto aqui é o dos “dons”, que também podem ser vistos como o “lugar” , que nos são dados (!) por Deus   no corpo de Cristo. Esse cenário alinha-se perfeitamente com a aplicação desse princípio feita por Paulo a si mesmo em 1Co 4.6–7: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro. Pois, quem torna você diferente de qualquer outra pessoa? O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse?”. Portanto, para o apóstolo, o que cura o orgulho é um senso claro da dádiva.


Ainda para os coríntios, ele reafirma: “Porque não ousamos [temos a pretensão de] classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam [recomendam] a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos [para se louvarem/recomendarem], estão sem entendimento. Porém, não nos gloriamos fora da medida [limite], mas conforme a reta medida que Deus nos deu [a esfera de ação que Deus nos confiou], para chegarmos até vós; Porque não nos estendemos além do que convém (…). Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor. Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva [recomenda], mas, sim, aquele a quem o Senhor louva [recomenda]” (2Co 10.12–18).

Nesse sentido, o que conta não é a quantidade relativa de dons que você tem, mas ser um mordomo fiel no “lugar” que Deus confiou a você –  como na famosa parábola dos talentos.

A postura afirmada: sossegar no Senhor

Em contraposição à postura da alma, de procurar se elevar, o segundo verso aponta o sossego no Senhor como a atitude apropriada do coração. Mais que isso, esse versículo associa o sossegar a uma verdadeira humildade. Afinal, o modelo dado para essa postura é o da criança recém-nascida –  o ser humano mais baixinho, “pequenino”, não altivo nem grandioso (como Davi, autor do salmo e o caçulinha da sua família).

Essa forma de ver a questão faz lembrar algumas palavras do próprio Jesus, como quando respondeu aos discípulos: “Quem é o maior no reino dos céus? Aqueles que se tornam humildes como uma criança!” (cf. Mt 18.1-15). De fato, ele os encorajou nesse sentido: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas (...)” (Mt 11.28-30).

Encontre o que procura

Além de humildade, satisfação e contentamento também estão associados ao sossego no Senhor. O salmista especifica a criança-modelo como aquela “recém-amamentada”. Ou seja, aquela satisfeita com o leite materno que acabou de saciá-la.

Definitivamente, essa não é a postura de alma típica da nossa cultura. Como os Rolling Stones gritam por décadas (aludindo a Ec 12.1b?): I can’t get no satisfaction! Ou, como o U2 expressou tão claramente o sentimento de muitos: I still haven´t found what I´m looking for.

A criança do salmo 131, pelo contrário, ficou satisfeita; encontrou o que estava buscando. E o fez no peito de sua mãe — o que aponta para um descanso confiante: “minha mãe é bondosa; cuida de mim”.


Um exemplo que ecoa a convocação de outro salmo: “Retorne ao seu descanso, ó minha alma, porque o Senhor tem sido bom para você!” (Sl 116.7). De fato, esse é um chamado ressonante com o alvo cristão do contentamento no Senhor: “(…) já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.11b-13).

Alguém contente assim recebe as circunstâncias, pela fé, como perfeitas ordenanças de Deus para a vida (cf. Jó 1.21)  -  ainda que muitas vezes incompreensíveis. Se circunstâncias boas: como uma graça, uma dádiva, um presente. Se más: como um lembrete (gracioso!) de que não somos Deus.

                         Com expectativa, mas sem desespero

Assim, o último verso do salmo exorta os filhos de Deus ao cultivo do sossego no Senhor. “Espere no Senhor”; sossegue no Senhor. Com expectativa, mas sem desespero; com atividade, mas sem inquietude; com ânsia, mas sem ansiedade. Como a corça e a terra seca anseiam pela água ,  que sempre vem (Sl 42.1–2; 63.1). O Senhor é o seu bom pastor, que cuida de você (Sl 23)!


Por isso: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação; se é que já provastes que o Senhor é benigno” (1Pe 2.2–3).“Israel”, filhos, crianças do Senhor: “espere no Senhor”, cultivando o contentamento nele, “desde agora e para sempre”.

Amém.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/a-cura-do-orgulho-e-o-sossego-no-senhor

March 21, 2019

Todos estamos cheios de vicios que escondemos cuidadosamente

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Todo mundo precisa saber que é tão humano quanto todo mundo

O ponto de partida está na carta que Tiago, o servo do Senhor, dirige a todo o povo de Deus espalhado pelo mundo inteiro, nos primórdios da igreja cristã. Quase no final da epístola, Tiago lembra que “o profeta Elias era um ser humano como nós” (Tg 5.17, NTLH). Em outras versões, diz-se que Elias era “homem semelhante a nós” (RA), “uma pessoa frágil como nós” (KJ), “um homem fraco como nós” (EP), “um homem pobre como nós” (EPC), “um homem de natureza semelhante à nossa” (TR) ou “um homem da mesma condição que nós” (AS21).

Tiago quer que saibamos que Elias não era Deus, não era anjo, não era santo, não era perfeito, não era infalível, não era super-homem, não era imortal, não era especial, não era algo como “o homem do ano”. Ao contrário, era de carne e osso.

Essa conhecida e preciosa declaração do servo do Senhor coloca toda a humanidade de ontem e hoje no mesmo nível, no mesmo baú - somos todos humanos. A começar com o próprio Tiago, com os leitores imediatos e os leitores tardios de sua carta e com os não leitores. Ninguém está fora: todo mundo é tão humano quanto todo mundo. Todos, menos o homem Jesus Cristo.

Na madrugada da Sexta-Feira da Paixão e na casa do sumo sacerdote, Pedro negou o Senhor três vezes. Ele passou por essa vergonha simplesmente porque se esqueceu de que era tão humano quanto todos os outros apóstolos. Depois de Jesus declarar aos discípulos, algumas horas antes, ainda no cenáculo, que todos eles iriam fugir e abandoná-lo, Pedro respondeu imediatamente: “Eu nunca abandonarei o Senhor, mesmo que todos o abandonem” (Mt 26.31-33). O apóstolo pressupôs que os outros, e não ele, seriam tão humanos quanto todo mundo. Daí os três “não o conheço” do formidável Pedro.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/357/todo-mundo-precisa-saber-que-e-tao-humano-quanto-todo-mundo

March 20, 2019

Nada a oferecer

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17 E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
18 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.
19 Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe.
20 Então, ele respondeu: Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude.
21 E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me.
22 Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades.
23 Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
24 Os discípulos estranharam estas palavras; mas Jesus insistiu em dizer-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus.
26 Eles ficaram sobremodo maravilhados, dizendo entre si: Então, quem pode ser salvo?
27 Jesus, porém, fitando neles o olhar, disse: Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível.

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=a6FTS7FUS1o
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March 18, 2019

Mais do que você pode imaginar ou pensar - II

21 Tendo Jesus voltado no barco, para o outro lado, afluiu para ele grande multidão; e ele estava junto do mar.
22 Eis que se chegou a ele um dos principais da sinagoga, chamado Jairo, e, vendo-o, prostrou-se a seus pés
23 e insistentemente lhe suplicou: Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.
24 Jesus foi com ele. Grande multidão o seguia, comprimindo-o.
25 Aconteceu que certa mulher, que, havia doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia
26 e muito padecera à mão de vários médicos, tendo despendido tudo quanto possuía, sem, contudo, nada aproveitar, antes, pelo contrário, indo a pior,
27 tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste.
28 Porque, dizia: Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada.
29 E logo se lhe estancou a hemorragia, e sentiu no corpo estar curada do seu flagelo.
30 Jesus, reconhecendo imediatamente que dele saíra poder, virando-se no meio da multidão, perguntou: Quem me tocou nas vestes?
31 Responderam-lhe seus discípulos: Vês que a multidão te aperta e dizes: Quem me tocou?
32 Ele, porém, olhava ao redor para ver quem fizera isto.
33 Então, a mulher, atemorizada e tremendo, cônscia do que nela se operara, veio, prostrou-se diante dele e declarou-lhe toda a verdade.
34 E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.
35 Falava ele ainda, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: Tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
36 Mas Jesus, sem acudir a tais palavras, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
37 Contudo, não permitiu que alguém o acompanhasse, senão Pedro e os irmãos Tiago e João.
38 Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço, os que choravam e os que pranteavam muito.
39 Ao entrar, lhes disse: Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme.
40 E riam-se dele. Tendo ele, porém, mandado sair a todos, tomou o pai e a mãe da criança e os que vieram com ele e entrou onde ela estava.
41 Tomando-a pela mão, disse: Talitá cumi!, que quer dizer: Menina, eu te mando, levanta-te!
42 Imediatamente, a menina se levantou e pôs-se a andar; pois tinha doze anos. Então, ficaram todos sobremaneira admirados.
43 Mas Jesus ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que dessem de comer à menina.

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=RzpRIslg7LY
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March 16, 2019

Mais do que você pode imaginar ou pensar

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7 Peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. 
8Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate. 
9Por acaso algum de vocês, que é pai, será capaz de dar uma pedra ao seu filho, quando ele pede pão?
10Ou lhe dará uma cobra, quando ele pede um peixe? 
11Vocês, mesmo sendo maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos. Quanto mais o Pai de vocês, que está no céu, dará coisas boas aos que lhe pedirem!

PS- Precisa de encorajamento? Vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=Ed8lxIt_jOY
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March 15, 2019

O que faz você feliz?

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- Vilson Scholz
Vilson Scholz
Quando Paulo diz, em Filipenses 4.11, que aprendeu a “viver contente em toda e qualquer situação”, não está falando sobre alegria, mas sobre satisfação, sobre contentamento.

Será que podemos dizer, assim sem mais nem menos, que estamos contentes, no sentido de nos contentarmos com o que temos? Percebe-se contentamento no Brasil? E o povo cristão é um povo que é marcado pelo contentamento? 

Li um dado que parece bastante realista, embora seja fruto de uma pesquisa feita no hemisfério norte: a metade dos cristãos não se sente segura em termos financeiros e, de cada 100 crentes, 85 dizem que não têm recursos suficientes para ajudar outras pessoas, de forma generosa. Portanto, trata-se de um assunto que merece reflexão. 

Quero fazer uma rápida pesquisa bíblica, começando com o livro de Provérbios e concluindo com o Novo Testamento. Cabe o registro de que, embora não sejam muitos os textos que tratam do assunto de forma específica, será impossível esgotar o tema.

Começo com o sábio, no livro de Provérbios. Contrariando o que muitos consideram senso comum, especialmente em contextos onde reina o que se chama de corrupção sistêmica, ele afirma que “melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes rendimentos com injustiça” (Pv 16.8). No capítulo anterior (Pv 15.16), ele já havia se expressado em termos semelhantes, apenas mais teológicos: “Melhor é o pouco, havendo o temor do SENHOR, do que um grande tesouro onde há inquietação”. 

O contentamento brota do temor do Senhor.
 
Agora, o quanto é “o pouco”? O sábio não responde. Apenas contrasta isso com grandes rendimentos e com um grande tesouro. 

Um quadro mais completo talvez se possa obter em Provérbios 30.7-9. É um texto conhecido, mas que vale a pena conhecer cada vez mais. 

São palavras de Agur, que se constituem na única oração que aparece no livro de Provérbios. Diz assim: “Duas coisas te peço, ó Deus; não recuse o meu pedido, antes que eu morra: afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário, para não acontecer que, estando eu farto, te negue e diga: ‘Quem é o SENHOR?’ Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus”. 

Nem pobreza nem riqueza. Parece, assim, um padrão classe média, mas é, no fundo, um modelo ideal que aparece ao longo de toda a Bíblia. Afinal, a Bíblia jamais idealiza a pobreza e não se cansa de advertir contra os perigos da riqueza. 

Mas, no caso de Agur, não se trata de um contentamento acomodatício, pois ele não está dizendo: “Qualquer coisa serve, se esta é a vontade de Deus”. Ele tem uma ambição: nem isto nem aquilo, mas o que me for necessário. Contentamento não é sinônimo de acomodação; é o oposto da ganância. E Agur coloca tudo numa perspectiva teológica, na medida em que essa sua “ambição” é expressa em oração a Deus.

Passando ao Novo Testamento, bem no portal encontramos a figura de João Batista. Segundo o relato que é peculiar a Lucas, no capítulo 3 (versículos 10 a 14), as multidões e algumas classes específicas quiseram saber o que era, na prática, produzir “frutos dignos de arrependimento” (Lc 3.8). A pergunta que se repete é: O que é que devemos fazer? Aos soldados, que eram também polícia, João responde: “Contentem-se com o salário que vocês recebem” (Lc 3.14). Será que João era contra a ideia de pedir aumento salarial? Se é que era possível fazer algo assim naquele tempo, talvez seja uma conclusão rápida demais. À luz da primeira parte do versículo (“não sejam prepotentes, não façam denúncias falsas”), a ênfase reside nisto: contentem-se com o salário. Em outras palavras, não tirem proveito da farda, para, por meio de violência, conseguir uma renda extra.

Falar sobre o ensino de Jesus – “a vida de uma pessoa não consiste na abundância dos bens que ela tem” (Lc 12.15) e “a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as roupas” (Lc 12.23) – tornaria este estudo longo demais. Passo diretamente ao apóstolo Paulo, que é, com certeza, o teólogo do contentamento. (Além de textos em Paulo, o tema aparece também, com ênfase, em Hb 13.5.). 
Nos textos de Filipenses 4.11 e 1Timóteo 6.6, Paulo faz uso de palavras que, em nossas traduções, ficam como que ofuscadas, mas que, no contexto daquele tempo, devem ter causado maior impacto. 

Em Filipenses 4.11, Paulo afirma que aprendeu a ser “autárquico” (no grego, autárkes). Em 1Timóteo 6.6, ele faz uso do substantivo que vem da mesma raiz (no grego, autárkeia). Autárquico é aquilo que preserva a sua autonomia. Ser “autárquico” era a grande ambição do filósofo grego, em especial do impassível estoico. O grande ideal era ter tudo, sem precisar de nada nem depender de ninguém. Epicteto, da escola estoica, se expressou assim: “Se você está à procura de algum bem, trate de encontrá-lo em você mesmo”. Um cristão dificilmente diria algo assim.

Se Paulo faz uso de linguagem que era corrente entre os estoicos, será que ele aderiu à filosofia deles? Certamente que não. O que confirma essa negativa é o contexto em que aparecem os termos que Paulo emprega. 
 
Em 1 Timóteo 6, Paulo escreve um parágrafo (6.6-10) a propósito de falsos mestres que imaginavam que a religião (“piedade”) era fonte de lucro. Paulo ensina que a religião é, de fato, grande fonte de lucro “com o contentamento”. A continuação do texto explica o que é esse contentamento (autárkeia): “tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes”. Na verdade, ao inserir o contentamento, Paulo como que “coloca o pé na porta” dos que querem transformar a religião em fonte de lucro. O grande lucro é, a rigor, o contentamento que a religião cristã traz.

Em Filipenses 4, Paulo agradece aos irmãos de Filipos a ajuda recebida, chegando inclusive a “passar um recibo” (v. 18). O texto como um todo é um magnífico exemplo de como agradecer sem ser grosseiro, mas também sem passar a noção de ser “dinheirista”. Paulo diz: Na verdade, não era preciso; mas, por outro lado, vocês fizeram bem em me ajudar. E nesse contexto ele se declara “contente” (autárkes). Ele não depende de muito e não depende de pouco. No entanto, ele não se basta: pode enfrentar qualquer situação (“tudo posso”) naquele que o fortalece, Cristo. Ao mesmo tempo, reconhece a ajuda dos filipenses, que eram participantes na proclamação do evangelho desde o início (Fp 1.5). Paulo tem contentamento, mas fica alegre ao receber ajuda. E, acima de tudo, reconhece a presença dAquele que o fortalece. Um estoico jamais se expressaria assim.

Há mais um texto que merece um rápido registro: 2 Coríntios 9.8. Aqui, Paulo se dirige a cristãos temerosos, que pensavam que, caso fossem abrir o coração e a mão para os irmãos pobres da Judeia, entrariam também eles na lista dos necessitados. Paulo assegura a esses coríntios (criando inclusive uma bela aliteração, para facilitar a memorização) que Deus lhes daria “em tudo sempre toda suficiência (en pantí pántote pásan autárkeia)”. O uso do termo autárkeia deve ter chamado a atenção dos cristãos de Corinto. 

No entanto, Paulo deixa claro que suficiência não é ter todos os recursos em si e de si mesmo, mas resulta de um receber da parte de Deus e se completa num dar, ou seja, em abundância de boas obras.

Acho que isto ajuda a responder à pergunta: O quanto é “suficiente”? 

O bilionário John Rockefeller teria respondido que, em termos de dinheiro, suficiente é “sempre um pouquinho mais”. 

Paulo responderia: suficiente é quando você começa a compartilhar, pouco importando quanto você tem

O autor da pesquisa que citei no início deste texto chegou à conclusão de que acumular bens não traz a mesma paz e liberdade sentida por aqueles que decidiram que têm o suficiente para poderem compartilhar, mesmo que esse ter o suficiente não inclua tudo aquilo que se poderia imaginar como parte de uma “vida boa”

Muitos talvez não concordassem que aquilo que essas pessoas têm é suficiente, mas pessoas que puseram na cabeça que têm mais do que precisam, e passam a compartilhar, desfrutam de um impressionante contentamento

No fundo, contentamento tem aquele que compartilha, sabendo que tudo recebe – de Deus.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/pouco-ou-muito-o-que-te-faz-contente

March 14, 2019

Seja feita a Tua vontade


- Eugene Peterson

Então, eles foram para um jardim chamado Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: “Fiquem aqui enquanto vou orar mais adiante” […] Indo um pouco adiante, prostrou-se no chão, orando: “Meu Pai, se há algum meio, livra-me! Afasta este cálice de mim. Mas, por favor, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”. Quando voltou aos discípulos, encontrou os três dormindo e disse a Pedro: “Vocês não podem aguentar nem por uma hora? Fiquem atentos. Orem sempre para que não caiam em tentação antes mesmo de perceber o perigo. Uma parte de vocês está disposta a fazer qualquer coisa por Deus, mas a outra parte simplesmente não reage”. Deixou-os segunda vez e de novo orou: “Pai, se não há outro jeito a não ser beber este cálice até o fim, estou pronto. Seja feita a tua vontade”. Quando regressou, encontrou de novo os discípulos dormindo. Eles simplesmente não conseguiam manter os olhos abertos. Dessa vez, deixou-os dormindo e pela terceira vez foi orar, repetindo as mesmas palavras. Ao voltar para junto deles outra vez, disse: “Vocês vão dormir a noite toda? Minha hora chegou. O Filho do Homem está prestes a ser traído e entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se, vamos! O traidor chegou”. (Mateus 26.36-46)

Quando dormimos, entramos em um mundo particular, inconscientes da ação de Deus. 

A oração, o oposto do sono, explora cada detalhe no drama da existência, atrai-nos para que participemos da paixão de Cristo. Qual o preço a pagar entre o sono e a oração?
Vive em mim, Cristo santo; cria um novo Adão, uma nova Eva, para viver para tua glória nesse jardim. Ensina-me a liberdade que vive na Tua vontade ao invés de insistir na minha. Pelo amor de Jesus. Amém.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2017/07/19/autor/eugene-h-peterson/seja-feita-a-tua-vontade-5/

March 13, 2019

Contentamento

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- Karol Coelho

Dá um incômodo ver alguém confortável com algo que poderia ser melhor. Contentar-se, então, é interpretado como algo negativo. Só que não. Contentar-se é aproveitar o que se tem, mesmo quando se tem pouco. Não é deixar de olhar para o que poderia estar melhor, mas é enfrentar e resistir aos problemas e se importar com a vida. 

Distintamente do que acreditavam os filósofos estoicos, contentamento não é indiferença.“Não tenho namorado(a)”, “não tenho dinheiro”, “não tenho amigos”, “não tenho estudos”, “não tenho comida”, “não tenho uma casa”, “não tenho paz”. O “não ter” nos afeta, mas a resposta para as ausências é o relacionamento com Deus que nos impulsiona a encará-las. Estar satisfeito não significa deixar de lidar com as faltas e tragédias, mas é olhar no fundo de seus olhos.

Nossa ansiedade cotidiana nos impede de aproveitar a graça de Deus, que tudo já nos deu. Ficamos olhando o copo meio vazio, quando Ele já o preencheu por completo. Nossa angústia não nos deixa cuidar de nós mesmos, nem do outro, pois deixamos de confiar no nosso Criador.

Sabe aquela pessoa que julgamos que poderia estar melhor, mas que se contentou com o pouco que tem? Ela pode estar lidando bem melhor com a vida do que a gente.

Contentar-se em Deus é confiar que Ele nos sustenta e nos ajuda a superar o mal que há em nós. É saber que podemos suportar todas as coisas, pois Ele já o fez por nós. É saber que mesmo que todos achem que poderíamos ter mais, nós já temos O suficiente

É vivermos conscientes de que as coisas podem desandar, mas ainda permanecer com o coração cheio de esperança pela glória que nos há de ser revelada.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2019/03/01/voce-se-contenta-com-tao-pouco/

March 12, 2019

Gratidão

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- Jean Francesco
“Aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não dar tudo que lhe pedimos”, escreveu o célebre dramaturgo inglês William Shakespeare. Gratidão é uma virtude rara, mas o “reclamismo” é bastante popular. Somos seres altamente reclamantes, a começar por este que vos escreve.
Será que existe algum remédio para tratarmos essa doença terminal da humanidade? Ao final deste texto pretendo convencer você de que há sim tratamento. O antídoto para essa doença é a gratidão. Para aplicá-la ao seu dia a dia você precisará de colírio, exercício e memória.
O apóstolo Paulo diz: “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Colossenses 3.17). Para vencer o vício do reclamismo, em primeiro lugar, precisamos pingar colírio nos olhos para compreender a natureza da gratidão.
Mais do que alguns vestígios em uma pintura, gratidão é como uma verdadeira moldura para a vida. Mais do que aniversários, boas notícias, promoção no trabalho, passar no vestibular ou ter conseguido aquele emprego dos sonhos, gratidão é um verdadeiro estilo de vida. E somente aqueles que enxergam a vida como um teatro da gratidão podem se curar da tirania do reclamismo.
A murmuração é um sinal de que enxergamos um mosaico incompleto, a gratidão é uma prova de que confiamos pela fé que o mosaico já está pronto. Nas palavras do próprio Shakespeare, “sofremos muito pelo pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos”.
O segundo antídoto é o exercício. Você começa a vencer a ditadura da reclamação no momento em que acorda e continua o processo de vitória contra ela ao acordar no dia seguinte. Não há cura permanente, mas tratamento constante. É hábito, consistência, continuidade, repetição, resiliência, como preferir.
Ninguém aprende a agradecer automaticamente, pois desde o pecado original cometido pelos nossos primeiros pais acordamos diariamente programados para reclamar. Assim como os hábitos de escovar os dentes, tomar banho, cortar as unhas, cortar o cabelo, tomar café da manhã, almoçar e jantar, precisamos enxergar a gratidão como uma necessidade cotidiana sem a qual prosseguiremos por um rumo natural de tristeza e descontentamento.
Portanto, comece o dia agradecendo a Deus, a fonte de onde toda a vida flui e, a partir daí, prossiga agradecendo as pessoas ao seu redor: o porteiro, o motorista, o professor, o aluno, o vendedor, o frentista, os amigos, familiares por tudo aquilo que você sempre tem à mão, mas quase sempre se esquece de que vem das mãos de Deus. Enquanto a palavra “obrigado” de forma genuína não fizer parte do seu vocabulário diário, tenha certeza que a tristeza, o vazio e a amargura ocuparão esse espaço.
Por fim e mais importante, há o antídoto da memória. Este é o mais importante remédio porque é nossa verdadeira motivação para perseguirmos uma vida de gratidão. O raciocínio é simples. Eu agradeço porque algo recebi, se não tivesse nada recebido não teria motivos para agradecer. Em outras palavras, gratidão é resposta, é reação, é o ato de devolver o que primeiro nos foi dado.
Mas afinal, o que nos foi dado de tão sublime que nos relembra de viver o tempo todo como um gesto de devolução? Jesus. Quem lembra dele não esquece de agradecer. Na verdade, quem já o recebeu não consegue parar de agradecer. Mas por qual razão? Pense num presente de aniversário. Naturalmente ao receber tal presente o aniversariante será agradecido por ele, mas por quanto tempo? Provavelmente até o término da festa ou até um pouco mais até que tal gratidão caia definitivamente no esquecimento.
Presentes comuns tem prazo de gratidão. No entanto, a gratidão de termos recebido Jesus não tem prazo de validade, pois Cristo nos deu vida eterna. Por esta razão, presentes com validade eterna se agradecem eternamente. Nosso problema não é esquecer de agradecer, na verdade nos esquecemos de lembrar que já recebemos Jesus, pois uma vez que nos lembramos de Jesus jamais nos esqueceremos de agradecer.
Graças a Deus também temos o Espírito Santo habitando em nós. Ele tem um papel fundamental no tratamento deste reclamismo crônico que tomou conta de nós. Ele refresca nossa memória a respeito de Jesus Cristo e o que ele veio fazer por nós. Cristo veio receber nossa morte para oferecer-nos sua vida e, tendo essa vida abundante em nós, somos capazes de devolvermos ao mundo a vida que recebemos do Pai.
Ninguém pode dar ao mundo aquilo que não recebeu de Deus e, porque tudo já recebemos do Pai em Cristo, temos o dever moral de vivermos uma vida agradecida não apenas para a nossa alegria individual, mas a fim de curarmos este mundo infectado pelo câncer do reclamismo. Eu faço este apelo a você: se você sonha em mudar o mundo, comece primeiro buscando a cura para si mesmo.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2019/02/12/a-cura-para-o-reclamismo/

March 11, 2019

A vida eterna começa aqui, agora mesmo

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- Jeverton “Magrão” Ledo

Todas as vezes que vou colocar algo que diz respeito à minha saúde em meus artigos, tomo todo o cuidado para não despertar aquele sentimento de “coitado” naqueles que não me acompanharam de perto, um pensamento de “nossa, que difícil deve ser para ele” e por aí vai…

Ao longo de todos esses anos enfrentando o problema, vivenciei muitas e muitas diferentes fases. Confesso que sigo aprendendo como lidar com tudo, principalmente internamente, para que isso reflita de maneira saudável em minhas relações com as pessoas ao meu redor, velhos amigos, novos amigos, e com quem me conhece apenas pelos artigos.

Os desafios lançados como dados nesse tabuleiro vêm carregados de lições. Claro que se você me perguntar se sempre encarei tudo de maneira tranquila, como se nada tivesse acontecendo, ouvirá um enorme e sonoro “não, caro leitor”.

Já foram noites acordado com perguntas, tentando entender o porquê disso estar acontecendo comigo, por vezes sentindo indignação e frustração. Recebi muitas visitas nas fases em que as crises me deixavam paralisado, escutei muita coisa e, infelizmente, no meio delas havia muita bobagem.

Aos poucos, fui entendendo que em tudo sempre há um algo a mais. Eu precisava buscar o real entendimento, afinal a vida seguiria correndo.

Por vezes a tristeza e a vontade de me isolar tinham que dar lugar ao “estar contente em toda e qualquer situação”. Seria isso apenas uma rápida sensação de bem-estar, uma falsa ilusão, uma sabotagem com meus reais sentimentos? Não. Eu precisava me deixar ser envolvido pelo contentamento.

O contentamento não respondeu todas as minhas perguntas, não dissipou todas as nuvens, mas abriu meus olhos e me fez enxergar a beleza do viver. Mostrou o real valor de cada pequeno detalhe, gesto, palavra e sentimento expressos naquilo que é deixado de lado em nossas vidas.

Diante das crises, as visitas tomaram um novo rumo, eu então me vi confortando pessoas, animando, lançando a boa semente da esperança.

Há muitos anos eu me posiciono de maneira bastante diferente em relação à minha enfermidade, e isso tem sido muito positivo para que eu siga firme, sonhando.

Esse texto aparentemente não traz nada de novo, afinal não se inventa a roda pela segunda vez. Mas permita olhar para sua caminhada, seus desafios, decepções, rebaixamentos, esquecimentos como se você fosse um velho armário enferrujado, ao invés de ser tomado pelo não entendimento do por quê.

Não se deixe esmorecer, encontre a real fonte do viver e viva a vida com plenitude e gratidão. Já encontrou a fonte? Então comece o quanto antes a ser grato, e permita que a transformação diária e contínua te torne um espalhador da boa semente.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2019/03/06/espalhando-a-boa-semente-em-meio-a-dor/

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=ViRb_fyFZtY
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March 10, 2019

Made for loving

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- João Leonel

Adolescentes, em geral, são tomados por grandes e avassaladoras paixões. Sempre há casos de alunos e alunas que se apaixonam por suas professoras e professores pois é na adolescência que o fenômeno se manifesta mais ampla e arrebatadoramente. 

Romeu e Julieta, a peça de William Shakespeare, tem como protagonistas dois adolescentes. Há quem diga que ele tinha 17 anos e ela 13. Dois adolescentes apaixonados até a morte.

Como definir a paixão? O dicionário Aurélio tenta: “Sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão”. Pode ser. Apaixonados tendem a, tomados pela fixação no outro, colocarem a razão ou a lucidez de lado. E com isso, deixam pais e parentes preocupados, quando não desesperados.

Por outro lado, como é bom sentir-se apaixonado! 

Em qualquer idade. Adolescentes, jovens, pessoas maduras, Idosos. Sim, idosos sentem-se apaixonados. Paixão de décadas. Por que não? 

Aquele sentimento que faz com que a imagem, o sorriso, um movimento, o corte de cabelo, o modo de falar, o perfume, qualquer coisa na pessoa amada nos lance a sensações de profunda intensidade que tornam impossível viver sem o outro.

O livro de Atos dos Apóstolos fala de gente apaixonada. Por Jesus. 

Pessoas que, transformadas pelo amor que verte da cruz e emerge na ressurreição, sob a presença e poder do Espírito Santo, desejam viver ao lado do amado, sentem-se atraídas por ele, procuram agradá-lo em tudo. Submetem-se à morte por essa paixão avassaladora.

Não foram estratégias, não foram planos bem elaborados, não foram discursos bonitos e bem articulados que fizeram com que a Igreja Primitiva, conforme descrita em Atos, progredisse, crescesse e se tornasse bênção para o mundo. Não. 

Foi a paixão por Jesus sentida por homens, mulheres, crianças, judeus, gentios, ricos, pobres, sábios e ignorantes. Pessoas transformadas que se apaixonaram cegamente por Jesus.

Somente assim se consegue entender que Estevão, o sábio e poderoso pregador helenista morresse apedrejado, clamando ao seu querido Senhor que não imputasse sua morte aos seus assassinos.

Somente assim se consegue compreender que Pedro, legalista, cegado pelas tradições judaicas e preconceituoso se tornasse aquele que iria à casa do gentio Cornélio para pregar o evangelho, abrindo, assim, as portas da Igreja aos não judeus.

Somente assim se consegue entender que um Saulo, perseguidor da Igreja, se tornasse o Paulo perseguido por compatriotas, desprezado por romanos, mas que percorreu o mundo conhecido de seu tempo pregando o Amado de sua alma.

Somente assim se pode compreender que homens, mulheres e crianças, famílias inteiras, mesmo sob tortura, mesmo morrendo sob o fio da espada romana, mesmo sendo devorados por animais ferozes em espetáculos públicos, ou até crucificados como o Senhor, em seus últimos suspiros continuassem declarando em alto e bom som seu amor, sua paixão pelo Salvador.

Não nos enganemos. O livro de Atos dos Apóstolos não é um manual para aprendermos sobre o crescimento da igreja. Não é um amontoado de regras que farão com que sejamos bem-sucedidos.

O livro de Atos é um livro de gente, como nós, com fraquezas como as nossas, com dilemas e dúvidas como os nossos. Mas gente tomada pela paixão, a maior das paixões, a paixão mais abençoadora e transformadora que pode existir. A paixão por Jesus. 

Gente apaixonada faz coisas malucas.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/paixao-por-jesus-o-que-isso-significa-na-pratica

March 09, 2019

Tem algo importante acontecendo agora mesmo

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- Ricardo Barbosa
Quando era jovem, ficava fascinado com a afirmação de Paulo segundo a qual Deus nos fez “assentar em lugares celestiais”. Não sabia exatamente o que isso significava, que lugares eram estes, onde ficavam, mas me parecia algo muito espiritual. Tinha a impressão de que se tratava de um “estado espiritual”, um tipo de arrebatamento que iria me subtrair da realidade terrena e me lançar num espaço abstrato de gozo celestial. Para se alcançar tal estado, era necessário não se importar muito com a vida terrena, mas cultivar uma mística espiritual, algo como fechar os olhos e se deixar levar para os “lugares celestiais”.

Uma grande dificuldade que os cristãos sempre tiveram foi estabelecer uma relação adequada entre a terra e o céu, o temporal e o eterno, o humano e o divino. Levei algum tempo para entender essa linguagem. Ainda encontro dificuldades. Porém, arrisco dizer que esses “lugares celestiais” são o lugar onde o céu e a terra se encontram. O lugar onde a ressurreição de Cristo realiza em nós o milagre divino da verdadeira humanidade.


Na Carta aos Colossenses, Paulo afirma que, uma vez que fomos ressuscitados com Cristo, devemos pensar e buscar as coisas lá do alto, e não aquelas que são aqui da terra (Cl 3.1-3). É um convite para elevar nossos desejos e anseios. Um convite para viver a partir de uma nova realidade. “Deus nos ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus [...]. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef 2.6 e 10). Um convite para não mais vivermos conformados com este mundo (Rm 12.2). A ressurreição de Cristo realizou isto.


Uma onda de frustração, futilidade e falta de sentido vem tomando conta da humanidade. Perdeu-se a noção do que significa ser humano. Os valores e tradições que davam algum sentido ou ordem à vida e à sociedade não existem mais. A família, que sempre foi reconhecida como a “célula mãe” da sociedade, hoje representa a matriz de muitas patologias sociais. A igreja, que simbolizou o eixo moral, encontra-se mergulhada em muitos escândalos. Sem saber o que fazer, somos levados a viver da forma como os outros vivem, empurrados por uma cultura decadente e consumista. A humanidade encolheu.


A mediocridade é uma marca da nossa cultura. Vivemos cercados de celebridades fúteis, políticos inescrupulosos e estúpidos, negociantes ambiciosos e desumanos, religiosos vulgares e narcisistas. 


Por todo lado que olhamos, não encontramos alguém que nos inspire, que valha a pena imitar, que nos desperte para algo maior, mais sublime, mais real. É claro que eles existem, mas parece que ninguém se importa com eles.


O que move a nossa cultura é a vulgaridade.


É num contexto assim que Paulo fala sobre os “lugares celestiais”. É um convite para elevar nossas expectativas, linguagem, anseios e desejos. Elevar, enfim, nossa humanidade à semelhança da humanidade de Jesus Cristo. Os “lugares celestiais” não são esferas abstratas de uma espiritualidade subjetiva, mas a natureza gloriosa da vida que nasce da ressurreição, da vida liberta da presente ordem cultural e elevada a uma nova realidade da qual Jesus é o primogênito.


Somos a nova criação de Deus. Fomos libertos e redimidos da escravidão da futilidade imposta à humanidade pelos pensamentos e filosofias vazias da cultura que nos cerca. A nova criação de Deus, realizada em Cristo, abre as portas para uma realidade nobre e gloriosa, para uma humanidade moldada pela humanidade real de Cristo. Os “lugares celestiais” são a expressão que Paulo usa para descrever essa nova realidade. Fazemos parte dela. Fomos colocados neste lugar pela fé em Cristo e pela participação em sua ressurreição.


Somos tentados, ora por um escapismo subjetivo de uma espiritualidade abstrata que nos afasta da realidade, ora por uma forma de engajamento cultural que nos torna parte deste sistema.


A espiritualidade cristã é a expressão da vida de quem foi assentado em lugares celestiais pela fé em Jesus Cristo.


Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/325/assentados-em-lugares-celestiais