September 30, 2019

Sobreviver após um grande naufrágio

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- João Pereira Coutinho

Entro na livraria e pasmo: duas mesas, longas, cheias, com títulos que se repetem. A lista é exaustiva mas exaustão é preciso: "Como Viver sem Ansiedade"; "Livre de Ansiedade"; "As 10 Melhores Técnicas para Vencer a Ansiedade" etc., etc.

Depois, os dramas sobem de tom: "Cure os Seus Medos"; "As Regras Essenciais para Viver sem Medo"; "Como Parar o Envelhecimento"; "A Dieta Anti-idade" etc., etc.

Finalmente, e após todas as tormentas, o santo graal: "Pequenos Passos para a Imortalidade"; "Curar para a Imortalidade"; "A Promessa de Imortalidade" etc., etc.

A moda não começou hoje. Mas só hoje reparei na moda. Duas conclusões. A primeira é que a nossa sociedade já não admite certos traços da condição humana que os nossos antepassados compreendiam e com os quais conviviam do berço até a cova. Ansiedade. Medo. Velhice. Mortalidade.

Desde Homero a história da literatura é um catálogo desse rio permanente. Hoje é uma mancha que estraga a "euforia perpétua", como a chamou Pascal Bruckner, e que humilha os seus sofredores.

Amigos meus, ansiosos, não sofrem apenas de ansiedade. Eles sofrem com a ansiedade de terem ansiedade. Eles têm medo de terem medo. Eles olham para a velhice e para a morte como os homens primitivos olhavam para trovões e tempestades.

Mas os títulos mostram outra coisa: a pós-modernidade não passa de uma ilusão.


Vivemos ainda tempos racionalistas: se existe um problema, qualquer problema, então existe uma solução para ele. Nem a morte escapa a estes "engenheiros de almas humanas". A ideia de que alguns problemas não têm solução – uma solução clara e distinta, como diriam os cartesianos – é intolerável para a sociedade "prêt-à-porter". Que fazer?

Sugestão: assistir ao filme "Manchester à Beira-Mar", uma espécie de "missa solemnis" filmada por Kenneth Lonergan. Então encontramos Lee (Casey Affleck, em papel que só aparece uma vez na vida), um "handyman" que vive em Boston.

Ele cumpre o trabalho com o entusiasmo dos condenados. Bebe forte e bate forte, normalmente no mesmo bar. Não admite os floreados sociais que decoram as nossas existências – conversas, alegrias, intimidades. Para quem gosta de mortos-vivos, Lee é a prova de que é possível encontrar um fora da fantasia.

Mas eis que chega um telefonema com uma notícia funesta. É o primeiro momento em que Lee permite a sombra de uma emoção. De volta à cidade de Manchester, de onde saiu anos antes, Lee volta também ao passado – um passado brutal, infernal, inominável.

"Manchester à Beira-Mar", apesar de alguns excessos formais que se dispensam (quem ainda usa a música de Albinoni para momentos dramáticos?), cumpre duas ideias antiquadas.

A primeira, explorada em tempos por um certo escritor russo, é a certeza de que não existe nada de tão insuportável como um crime sem castigo – e, por essa via, sem expiação.

Nesse passado, que se vai revelando em sutis "flashbacks", Lee confessou à polícia a sua tragédia. A polícia escutou-o, compreendeu-o e liberou-o.

A reação de Lee é uma mistura de incredulidade e revolta – a revolta de quem não terá punição externa; apenas interna. Em dez minutos, Kenneth Lonergan joga no lixo a ideia simpática de que a "culpa" não passa de uma relíquia judaico-cristã.

Mas existe uma segunda ideia que nos permite medir a vida de Lee e a vida daqueles que "seguiram em frente", para usar a expressão das novelas. Acontece quando ele conversa com a ex-mulher, ou melhor, quando contemplamos a incapacidade de haver qualquer conversa porque até as palavras têm limites.

Só então perguntamos qual dos destinos será pior: o mundo petrificado de Lee ou a busca desesperada de fugir desse mundo rumo a um simulacro de normalidade?

"Manchester à Beira-Mar" não é o filme ideal para quem lê "Como Viver sem Ansiedade" ou "Cure os Seus Medos". Mas é o filme ideal para uma classe de adultos que sabe, ou pelo menos suspeita, que sobreviver a grandes naufrágios é uma via estreita, longa e de final incerto.

No primeiro diálogo do filme, quando a vida ainda era uma vida, Lee conversa com o sobrinho pequeno para lhe perguntar quem ele levaria para uma lha deserta: o pai ou o tio?

Ironicamente, para essa ilha deserta só viajou Lee. E quando nos perguntamos se algum dia haverá um barco para o visitar ou até resgatar, o pano desce com pudor. 


O futuro é um porto distante para quem navega 1 dia de cada vez.

Fonte: https://m.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2017/01/1850384-sobreviver-a-grandes-naufragios-e-uma-via-estreita-e-de-final-incerto.shtml
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September 27, 2019

Babette

Fazendo do coração um local de encontro

- pr. Ricardo Barbosa

Uma das reclamações mais freqüentes em nossas igrejas é a falta de amizades sinceras, amor verdadeiro, relacionamentos profundos. Podemos ter uma boa estrutura eclesiástica, boa doutrina, boa música, bons programas, mas nada disto é suficiente para atender a necessidade humana de ser amado, aceito, acolhido, reconhecido e valorizado. Por um tempo, os programas ajudam a preencher este vazio, a música parece criar um clima saudável, o trabalho e a participação nos programas dão a sensação de que é disto que precisamos, porém mais cedo do que imaginamos, nos vemos de novo frustrados com a superficialidade afetiva, a hipocrisia dos que nos cercam, a ausência de amizades sinceras e profundas.

A conversão é a transformação do “eu” solitário num “nós” comunitário. É o chamado para sermos amigos de Deus e dos nossos irmãos. As parábolas e imagens do reino glorioso de Cristo sempre envolvem mesas fartas, festas, multidão de todas as línguas, tribos, raças e nações; Paulo nos fala de uma nova família, um corpo; João nos fala de um rebanho e de uma cidade — essas imagens revelam que o reino de Deus é o lugar onde as pessoas se encontram na comunhão festiva com Cristo.

Porém, para muitos, a igreja não tem sido este lugar; pelo contrário, tem sido um lugar de desilusão, frustração e solidão. Um lugar de mágoas, ressentimentos e traições. Sei que existem aqueles que se sentem acolhidos e amados em suas comunidades, mas esta não é a regra geral. No entanto, mesmo os que se sentem bem nem sempre experimentam uma verdadeira comunhão de amizade e amor.

Grande parte do fracasso na comunhão deve-se aos falsos ideais e às fantasias que projetamos. Para Bonhoeffer, a comunhão falha porque o cristão traz em sua bagagem “uma idéia bem definida de como deve ser a vida cristã em comum, e se empenhará por realizar esta idéia... Qualquer ideal humano introduzido na comunhão cristã perturba a comunhão autêntica e há que ser eliminada, para que a comunhão autêntica possa sobreviver”. Para ele, o ideal que cada um traz para a igreja acaba sendo maior que a própria comunhão e termina destruindo-a.

As imagens bíblicas de banquete, mesa farta cheia de amigos, nos ajudam a refletir melhor sobre o significado da comunhão e da amizade. Quem viu o filme ou leu o livro A Festa de Babette percebe isto. Babette chega a um vilarejo na Dinamarca fugida da guerra civil em Paris e emprega-se na casa de duas filhas de um rígido pastor luterano. As irmãs seguem à risca os rigores da sua fé pietista, que as proíbe de qualquer prazer na vida, sobretudo o material. Um dia, Babette descobre que ganhou um prêmio na loteria e, em vez de voltar para a França, onde havia sido uma exímia cozinheira em Paris, pede permissão para preparar um jantar em comemoração do centésimo aniversário do pastor.

Sob o olhar suspeito das irmãs, Babette prepara o banquete. Durante o jantar, o sabor de cada prato, o aroma do vinho, o prazer de cada mordida, foi lentamente quebrando a frieza, demolindo as antigas mágoas e transformando aquela mesa num encontro de corações libertos. Quando terminou, uma das filhas, Philippa, assustada pelo fato de que Babette teria usado toda a fortuna da loteria naquele jantar, disse: “Não deveria ter gasto tudo o que tinha por nossa causa”. Depois de pensar um pouco, Babette respondeu: “Por sua causa?”, retrucou. “Não, foi por minha causa”. Depois disse: “Sou uma grande artista”. Após algum silêncio, Martine, a outra irmã, perguntou: “Então vai ser pobre o resto da vida, Babette”? Babette sorriu e disse: “Não, nunca vou ser pobre. Já lhes disse que sou uma grande artista. Uma grande artista nunca é pobre”.

Comunhão e amizade é o trabalho de artistasA riqueza de um artista nasce de sua capacidade de oferecer o melhor. Ao oferecer o melhor que podia, Babette abençoou a si e aqueles que provaram do seu dom. Na arte da construção da comunhão e da amizade, precisamos oferecer o que temos de melhor, seja uma boa refeição ou uma boa música, uma boa conversa ou um lindo sorriso.

Não foi isto que Cristo fez?


Fonte: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&secMestre=1253&sec=1274&num_edicao=301


PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=GrV_ZvwZRvw
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September 26, 2019

Onde quero estar

O melhor lugar do mundo
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Eu quero estar neste lugar
Onde o pecado é perdoado e as culpas são levadas
Eu quero estar neste lugar
Onde o amor não se esfrie e o fogo não se apague

Em Tua presença, Senhor Jesus

Santo Espírito, eu me rendo ao Teu agir
Meu anseio é permanecer em Teu amor

Em Tua presença, Senhor

Eu quero estar neste lugar
Onde o poder não me corrompa, riquezas não me ceguem
Eu quero estar neste lugar
Onde o mundo não me atraia, paixões não me seduzam

Em Tua presença, Senhor Jesus

Santo Espírito, eu me rendo ao Teu agir
Meu anseio é permanecer em Teu amor

https://www.youtube.com/watch?v=g144XwPrQZc
https://www.youtube.com/watch?v=DCqP-tgnE9E

September 25, 2019

Um grande milagre começa com um pequeno ato de fé



1Depois disso, Jesus atravessou o lago da Galileia, que também é chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia porque eles tinham visto os milagres que Jesus tinha feito, curando os doentes. 3Ele subiu um monte e sentou-se ali com os seus discípulos. 4Páscoa, a festa principal dos judeus, estava perto. 5Jesus olhou em volta de si e viu que uma grande multidão estava chegando perto dele. Então disse a Filipe:
— Onde vamos comprar comida para toda esta gente?
6Ele sabia muito bem o que ia fazer, mas disse isso para ver qual seria a resposta de Filipe.
7Filipe respondeu assim:
— Para cada pessoa poder receber um pouco de pão, nós precisaríamos gastar mais de duzentas moedas de prata.
8Então um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse:
9— Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos. Mas o que é isso para tanta gente?
10Jesus disse:
— Digam a todos que se sentem no chão.
Então todos se sentaram. (Havia muita grama naquele lugar.) Estavam ali quase cinco mil homens. 11Em seguida Jesus pegou os pães, deu graças a Deus e os repartiu com todos; e fez o mesmo com os peixes. E todos comeram à vontade. 12Quando já estavam satisfeitos, ele disse aos discípulos:
— Recolham os pedaços que sobraram a fim de que não se perca nada.
13Eles ajuntaram os pedaços e encheram doze cestos com o que sobrou dos cinco pães.

* ÚNICO MILAGRE REGISTRADO POR TODOS OS EVANGELISTAS: Mt 14: 13-21; Mc 6: 30-44: Lc 9: 10-17 e Jo 6: 1-15


Cronologia:
O grande milagre da multiplicação aconteceu logo após a morte de João Batista e antes de Jesus andar sobre as águas.

Contexto:
- local: mar da Galiléia (a multidão caminhou por 8 km numa área deserta para chegar até Jesus)!
- personagens: Jesus, os discípulos, a multidão...

Detalhes sobre os personagens:

Jesus
- tinha acabado de perder seu primo, João Batista (às vezes precisamos ficar a sós para lidar com o sofrimento)
- ensinou e curou as pessoas porque sentiu compaixão
- preocupou-se em alimentar a multidão antes de alguém pedir
- Jesus é amoroso e cuidadoso: Ele sente compaixão por você!

Discípulos
- como você reage quando recebe uma tarefa impossível de ser realizada? - quando pergunta a Filipe, Jesus mostra que a solução de Deus vai além da solução humana (para Deus não existe impossível)

Multidão
- 5 mil homens além de mulheres e crianças (naquela época os homens não comiam em público perto de mulheres e de crianças).

Menino
- Um grande milagre aconteceu com um pequeno começo
- Poderia ter guardado o lanche só para ele, mas compartilhou o que tinha (aos olhos humanos era pouco). Muitas vezes pensamos que nossa contribuição não tem valor: dinheiro, tempo, talentos - mas quando entregamos o que temos a Jesus, os recursos se multiplicam em Suas mãos.

Alguns números:
- 5 mil homens além de mulheres e crianças
- 200 denários (1 denário = 1 dia de trabalho / R$ 998 por mês;  R$ 33,27 por dia;  R$ 6.654 = 6 ½ meses de trabalho)
- 5 pães e 2 peixes
- 12 cestos


REFLEXÃO PRÁTICA 
- queria que você pensasse na sua própria história: o mesmo Jesus que alimentou a multidão e morreu na cruz, é o mesmo que cuida de você hoje!
- não sei quais lutas você enfrenta, se está como: Jesus (que havia acabado de passar por uma perda, mas nem por isto Ele ficou paralisado pela dor); a multidão (com alguma necessidade física, emocional ou espiritual); os discípulos (com uma tarefa impossível de ser realizada); o menino (com tão poucos recursos, mas com disposição de oferecer o que tem a Deus) ou com medo do futuro por isto não consegue compartilhar o que tem. 

A sua vida é preciosa para Deus, Ele se importa, conhece seu coração e sabe de tudo o que você precisa!

Lembre-se: não existe impossível para Ele, e Jesus pode fazer infinitamente mais do que podemos imaginar ou pensar!

LIÇÃO: O QUE APRENDEMOS
- Jesus se preocupa com nossas necessidades sejam físicas, emocionais ou espirituais. 
- Quando estiver diante de um obstáculo intransponível, dê o 1º passo - faça o que estiver ao seu alcance e peça para Deus fazer o restante.
- Jesus pode usar o pouco que oferecemos para transformar em muito e nossa idade não é barreira para Cristo

Que o Espírito Santo complete esta verdade na sua vida!
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September 21, 2019

Por que sofre o justo?

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- Ricardo Gondim

No crepúsculo de um dia qualquer, meditei com o pôr-do-sol, desde minha janela; e, em um surto de coragem, chamei Deus de pai
Meus olhos se fixaram no céu, mas não esqueci da injustiça, da perversidade e de toda a dor que atravessa a humanidade.
Em um lance imediato, vi homens empurrando os filhos através do arame farpado de uma fronteira que separava a paz da guerra, ouvi o pranto de mulheres que não achavam comida para dar aos filhos e ainda sentei no banco de uma praça onde pessoas viciadas em diferentes substâncias químicas perambulavam.
Naquele êxtase entre a presença divina e tantos lamentos, não perguntei nada. A paternidade, imensa, segura e cuidadosa, pairando como se fosse a sombra de meu próprio pai sobre o vale de lágrima me acalmou. Também não tive nenhuma explicação filosófica ou teológica sobre as razões do sofrimento humano. Não houve argumento para desapertar os nós da teodiceia. 
Tive a sensação de que Deus apontava para Jesus, ao mesmo tempo em que  recitava o sermão do monte. Ele me falou de um amor que se preocupa com a sorte de gente com mais zelo que o passarinheiro quando alimenta pardais em seu quintal; lembrou a mim da metáfora da galinha tentando juntar os pintinhos sob as asas. Senti no tom de sua voz o peso eterno da empatia. 
Sua locução chegou calma e cheia de emoção. Confesso, fiquei aturdido, sem reação, ao ouvir o Eterno insistir que seu amor tudo sofria, tudo cria, tudo esperava e tudo aguentava.
O dia esvaneceu. Dei-me conta que Deus não é realidade sinistra, distante e apática. A dor do mundo dói em Deus. O pecado, um acinte, não faz parte de qualquer planejamento antigo seu. Os desdobramentos malévolos da soberba de reis, presidentes e ditadores o agridem; e sua indignação é grave e eternamente angustiada.
Nesse dia parei de ver Deus como manipulador de bonecos, microgerenciador dos eventos históricos, ou tapeceiro misterioso e arbitrário. Sirvo a um Deus nunca invejoso da liberdade, e jamais ameaçado pela felicidade das pessoas. Passei a notá-lo como amigo de quem sofre, parceiro do oprimido e companheiro de todos os que procuram minorar a aflição que sufoca o planeta. 
As trevas substituíram o crepúsculo, mas naquele dia dormi sereno. Eu estive nos braços da paz. 
Soli Deo Gloria 
Fonte: https://www.ricardogondim.com.br/sem-categoria/por-que-sofre-o-justo/

September 15, 2019

Isto é vida ; )


"A verdadeira espiritualidade não se contenta em equacionar dúvidas transformando-as em certezas, mas em permitir que as dúvidas se integrem como parte essencial da vida."

Ricardo Gondim

September 14, 2019

Consolação

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Consolação é uma bela palavra.

Ela significa "estar" (con), "com o solitário" (solus).
Oferecer consolação é uma das formas mais importantes de cuidado.

A vida é tão cheia de dor, tristeza e solidão que muitas vezes pensamos no que podemos fazer para aliviar o imenso sofrimento que testemunhamos.

Podemos e devemos oferecer consolação.

Podemos e devemos consolar a mãe que perdeu seu filho, o jovem com aids, a família cuja casa foi destruída pelo incêndio, o soldado ferido, o adolescente que pretende se suicidar, o idoso que se pergunta por que ainda vive.

Consolar não significa eliminar a dor, mas estar lá e dizer: "Você não está sozinho, estou com você. Juntos podemos carregar o fardo. Não tenha medo. Estou aqui".

Isso é consolação. T
odos nós podemos dá-la e recebê-la.

- Henri Nouwen

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September 11, 2019

Coração humilde e contrito

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Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, não desprezarás.
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Sl 51.17
- Martinho Lutero

Davi fala sobre “um coração quebrantado e contrito”. Em outras palavras, esse é um coração sinceramente humilde que está quase morrendo de desespero. Davi está dizendo que Deus não odeia um coração humilde e contrito, mas o aceita com alegria. A mensagem que proclamamos traz vida e a aprovação de Deus para nós, porque nos fortalece e combate o pecado e a morte. Na verdade, o evangelho mostra seu poder naqueles que são pecadores e fracos. É uma mensagem de alegria, que só pode ser experimentada quando a tristeza e a angústia estiverem presentes.
No entanto, queremos ter a mensagem de vida e alegria sem que haja qualquer tristeza ou morte. Que ótimos teólogos pensamos que somos! Devemos aprender que, como cristãos, temos de viver com a morte ao nosso redor, com pesar e com uma consciência trêmula – entre o dente do Diabo e o inferno. Apesar de tudo isso, devemos nos apegar à mensagem da graça de Deus. Então, em todas as circunstâncias, podemos dizer: “Senhor, tu desejas somente o melhor para mim”.
Nesse salmo, lemos que, para Deus, nenhum outro sacrifício é mais agradável do que um coração contrito. O coletor de impostos mostrou esse coração quando disse: “Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador” (Lc 18.13). O coletor de impostos ofereceu ao Senhor o sacrifício mais desejável que há, isto é, um coração contrito, que confia na misericórdia de Deus. 

É reconfortante pensar em Deus dessa forma. 

A verdadeira natureza de Deus é amar as pessoas que estão perturbadas, ter misericórdia daqueles que têm o coração partido, perdoar aqueles que caíram e revigorar aqueles que estão exaustos. Esse salmo nos convida a confiar somente na misericórdia e na bondade de Deus. Ele nos encoraja a crer que Deus está do nosso lado mesmo quando nos sentimos abandonados e angustiados.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2019/09/06/autor/martinho-lutero/um-coracao-humilde-e-contrito/
PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=yAzbphnOZ2Y

September 08, 2019

Em que momento a dor de uma morte passa?

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Aprendi a nunca dizer “seja forte” para alguém que perdeu alguém que ama imensamente. A nunca dizer “siga em frente” para quem viu boa parte da vida perder o sentido. Aprendi a simplesmente abraçá-los

- Ruth Manus

Na segunda-feira que vem 12 anos terão se passado. Doze anos desde que me despedi pela última vez da Má. Eu tinha 18, ela 19. Depois de meses e meses em que passamos manhãs, tardes, noites e finais de semanas naquele hospital tão cheio de angústia e tão carente de sentido, minha amiga se foi, numa noite de domingo, dia oficial das despedidas difíceis.

Em algum momento alguém me disse “uma hora isso vai parar de doer”. Não sei dizer se isso era verdade. Mas, de fato, posso dizer, 12 anos depois, que há mais saudade do que dor. Sim, algo mudou. Mas ainda questiono a vida, me perguntando o porquê dessa decisão estapafúrdia de levar minha amiga para um outro lado, se ela ficava tão bem por aqui, com seu sorriso largo e seus cabelos longos.

Acho que uma das coisas mais difíceis que a morte trouxe foi o tal “e se?”. E se ela ainda estivesse aqui, o que diria? E se ela também tivesse completado 30 anos, como estaria? E se ela tivesse tido tempo de terminar a faculdade, o que estaria fazendo? E se tivesse se casado, com quem seria? E se ela pudesse me aconselhar, o que diria? E se, e se, e se. Cansa.

Há alguns meses passei uma tarde com os pais da Má. Tantos anos depois, muita coisa mudou. Vieram netos, vieram desafios, vieram motivos para seguir em frente, vieram dias de sol e noites chuvosas. Quase tudo mudou. Mas os olhos deles… Os olhos deles, olhando para os meus, me pareciam exatamente os mesmos olhos daquele domingo de 2007.

Me lembro tão bem de, naquele dia, ao ir embora do hospital - porque já não havia mais razão para ficar — sentar-me no banco de trás dos carros dos meus pais e, ao olhar pela janela, sentir um vazio como nunca tinha sentido. Um verdadeiro rombo no peito, que já anunciava que nunca iria cicatrizar completamente. Eu não fazia a menor ideia do que fazer a seguir, já que nada - faculdade, amigos, festas, futuro — parecia fazer sentido.

Me lembro, nos meses que se seguiram, de tudo o que me cortou como navalha e de tudo o que aprendi sobre lidar com morte. Aprendi a nunca dizer “seja forte” para alguém que perdeu alguém que ama imensamente. A nunca dizer “siga em frente” para quem viu boa parte da vida perder o sentido. Aprendi a simplesmente abraçá-los. Acolhê-los. A não dizer muito, não tentar propor soluções para o que não se soluciona de forma alguma. A não argumentar sobre supostos descansos merecidos, nem sobre razões para agradecer. Aprendi a entender: é uma dor. E ponto. Dores não melhoram com nada disso.

Não sei dizer se o tempo é um remédio. Mas o tempo certamente é um belo anestésico. A sensação é a de que a dor ainda existe, mas já não nos pega da mesma forma. Talvez isso aconteça porque nós já não somos mais os mesmos de 2007, nem de 1998, nem 2016, nem de 1989. Às vezes somos mais fortes, às vezes não. Mas certamente somos outros, com outros argumentos para viver, com outras páginas para virar.

Chego à conclusão de que a dor, efetivamente, nunca passa. Mas ela diminui de tamanho e se acomoda. Acha um cantinho no peito, entre a memória e a saudade, se ajeita confortavelmente e passa a fazer parte de nós, como um órgão, uma tatuagem, uma mancha de nascença. E talvez essa dor até mereça ser acolhida, em vez de persistirmos em tentar expulsá-la de dentro. Entre a lembrança e a nostalgia, há de se encontrar o afeto. E envolta em afeto, nossa dor até consegue não doer tanto assim.

Fonte: https://observador.pt/opiniao/em-que-momento-a-dor-de-uma-morte-passa/

September 07, 2019

Praise You in this storm

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I was sure by now
God, you would have reached down
And wiped our tears away
Stepped in and saved the day
But once again, I say: Amen
And it's still raining

As the thunder rolls
I barely hear your whisper through the rain
I'm with you
And as you mercy falls
I raise my hands and praise the God who gives
And takes away

And I'll praise you in this storm
And I will lift my hands
For you are who you are
No matter where I am
And every tear I've cried
You hold in your hand
You never left my side
And though my heart is torn
I will praise you in this storm

I remember when
I stumbled in the wind
You heard my cry
You raised me up again
My strength is almost gone
How can I carry on
If I can't find you

As the thunder rolls
I barely hear you whisper through the rain
I'm with you
And as your mercy falls
I raise my hands and praise the God who gives
And takes away

I lift my eyes unto the hills
Where does my help come from?
My help comes from the lord
The maker of heaven and Earth

https://www.youtube.com/watch?v=laKR-SoqtTw
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September 06, 2019

Foi exatamente assim

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1Aí Pilatos mandou chicotear Jesus. 2Depois os soldados fizeram uma coroa de ramos cheios de espinhos, e a puseram na cabeça dele, e o vestiram com uma capa vermelha. 3Chegavam perto dele e diziam:
— Viva o rei dos judeus!
E davam bofetadas nele. 4Aí Pilatos saiu outra vez e disse para a multidão:
— Escutem! Vou trazer o homem aqui para que vocês saibam que não encontro nenhum motivo para condená-lo!
5Então Jesus saiu com a coroa de espinhos na cabeça e vestido com a capa vermelha.
— Vejam! Aqui está o homem! — disse Pilatos.
6Quando os chefes dos sacerdotes e os guardas do Templo viram Jesus, começaram a gritar:
— Crucifica! Crucifica!
— Vocês que o levem e o crucifiquem! Eu não encontro nenhum motivo para condenar este homem! — repetiu Pilatos.
7A multidão respondeu:
— Nós temos uma Lei, e ela diz que este homem deve morrer porque afirma que é o Filho de Deus.
8Quando Pilatos ouviu isso, ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:
— De onde você é?
Mas Jesus não respondeu nada. 10Então Pilatos disse:
— Você não quer falar comigo? Lembre que eu tenho autoridade tanto para soltá-lo como para mandar crucificá-lo.
11Jesus respondeu:
— O senhor só tem autoridade sobre mim porque ela lhe foi dada por Deus. Por isso aquele que me entregou ao senhor é culpado de um pecado maior.
12Depois disso Pilatos quis soltar Jesus. Mas a multidão gritou:
— Se o senhor soltar esse homem, não é amigo do Imperador! Pois quem diz que é rei é inimigo do Imperador!
13Quando Pilatos ouviu isso, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Calçada de Pedra”. (Em hebraico o nome desse lugar é “Gabatá”.) 14Era quase meio-dia da véspera da Páscoa. Pilatos disse para a multidão:
— Aqui está o rei de vocês!
15Mas eles gritaram:
— Mata! Mata! Crucifica!
Então Pilatos perguntou:
— Querem que eu crucifique o rei de vocês?
Mas os chefes dos sacerdotes responderam:
— O nosso único rei é o Imperador!
16Então Pilatos entregou Jesus aos soldados para ser crucificado, e eles o levaram.
A crucificação de Jesus
17Jesus saiu carregando ele mesmo a cruz para o lugar chamado Calvário. (Em hebraico o nome desse lugar é “Gólgota”.)
18Ali os soldados pregaram Jesus na cruz. E crucificaram também outros dois homens, um de cada lado dele. 19-20Pilatos mandou escrever um letreiro e colocá-lo na parte de cima da cruz. Nesse letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego: “Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”. Muitas pessoas leram o letreiro porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. 21Então os chefes dos sacerdotes disseram a Pilatos:
— Não escreva: “Rei dos Judeus”; escreva: “Este homem disse: Eu sou o Rei dos Judeus”.
22— O que escrevi escrevi! — respondeu Pilatos.
23Depois que os soldados crucificaram Jesus, pegaram as roupas dele e dividiram em quatro partes, uma para cada um. Mas a túnica era sem costura, toda tecida numa só peça de alto a baixo. 24Por isso os soldados disseram uns aos outros:
— Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar a sorte para ver quem fica com ela.
Isso aconteceu para que se cumprisse o que as Escrituras Sagradas dizem:
“Repartiram entre si as minhas roupas
e fizeram sorteio da minha túnica.”
E foi isso o que os soldados fizeram.
25Perto da cruz de Jesus estavam a sua mãe, e a irmã dela, e Maria, a esposa de Clopas, e também Maria Madalena. 26Quando Jesus viu a sua mãe e perto dela o discípulo que ele amava, disse a ela:
— Este é o seu filho.
27Em seguida disse a ele:
— Esta é a sua mãe.
E esse discípulo levou a mãe de Jesus para morar dali em diante na casa dele.
A morte de Jesus
28Agora Jesus sabia que tudo estava completado. Então, para que se cumprisse o que dizem as Escrituras Sagradas, disse:
— Estou com sede!
29Havia ali uma vasilha cheia de vinho comum. Molharam no vinho uma esponja, puseram a esponja num bastão de hissopo e a encostaram na boca de Jesus. 30Quando ele tomou o vinho, disse:
— Tudo está completado!
Então baixou a cabeça e morreu.
Um soldado fura o lado de Jesus
31Então os líderes judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos que tinham sido crucificados e mandasse tirá-los das cruzes. Pediram isso porque era sexta-feira e não queriam que, no sábado, os corpos ainda estivessem nas cruzes. E aquele sábado era especialmente santo. 32Os soldados foram e quebraram as pernas do primeiro homem que tinha sido crucificado com Jesus e depois quebraram as pernas do outro. 33Mas, quando chegaram perto de Jesus, viram que ele já estava morto e não quebraram as suas pernas. 34Porém um dos soldados furou o lado de Jesus com uma lança. No mesmo instante saiu sangue e água.
35Quem viu isso contou o que aconteceu para que vocês também creiam. O que ele disse é verdade, e ele sabe que fala a verdade. 36Isso aconteceu para que se cumprisse o que as Escrituras Sagradas dizem: “Nenhum dos seus ossos será quebrado.” 37E em outro lugar as Escrituras Sagradas dizem: “Eles olharão para aquele a quem atravessaram com a lança.”
O sepultamento de Jesus
38Depois disso, José, da cidade de Arimateia, pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus. (José era seguidor de Jesus, mas em segredo porque tinha medo dos líderes judeus.) Pilatos deu licença, e José foi e retirou o corpo de Jesus. 39Nicodemos, aquele que tinha ido falar com Jesus à noite, foi com José, levando uns trinta e cinco quilos de uma mistura de aloés e mirra40Os dois homens pegaram o corpo de Jesus e o enrolaram em lençóis nos quais haviam espalhado essa mistura. Era assim que os judeus preparavam os corpos dos mortos para serem sepultados.
41No lugar onde Jesus tinha sido crucificado havia um jardim com um túmulo novo onde ninguém ainda tinha sido colocado. 42Puseram ali o corpo de Jesus porque o túmulo ficava perto e também porque o sábado dos judeus ia começar logo .

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=3AjooDQoGwQ
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September 05, 2019

Você confia em mim?

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- Joyce Meyer

Deus tem bênçãos guardadas para cada um de nós. Antes de você e eu podermos recebê-las, Ele precisa desenvolver em nós um certo nível de maturidade e faz isto através de várias provações que somos conduzidos a passar. Assim como o Espírito Santo conduziu Jesus para o deserto para ser provado antes de promovê-Lo ao ministério, o Espírito de Deus nos conduz a épocas de provações antes de nos promover. Deus usa as provações para tirar de nós atitudes, mentalidades e comportamentos errados.

Uma provação que Deus nos concede repetidamente é a provação da confiança. Quando nossa fé é provada, estamos sendo preparados para a promoção. Quando Deus pediu para eu deixar a igreja em que servia, foi muito difícil CONFIAR que o lugar onde Ele estava me levando seria melhor de onde eu estava porque todas as pessoas me conheciam e eu era importante (ou pensava que era). Porém, quando deixei de fato, Deus tirou a minha confiança dessas coisas e estabeleceu uma confiança profunda nEle e somente nEle.

DEUS QUER QUE CONFIEMOS NELE até mesmo quando não entendemos o que está acontecendo.


Talvez vc esteja em uma situação difícil agora e é difícil para vc confiar em Deus para suprir suas necessidades. Talvez Deus falou algo com vc em seu coração e vc não entende como Ele vai fazer com que isto aconteça. 

Não entre em pânico, é apenas uma prova. Vá a Deus e diga a Ele "Pai, preciso da sua ajuda. Quero confiar em Ti, mas estou tendo dificuldades. A Tua Palavra diz que posso ir a Ti e pedir por graça para ajudar-me quando eu precisasse (Hb 4: 16). Por isto estou aqui agora. Como um ato da minha vontade, eu escolho lançar todas as minhas preocupações e ansiedades em Ti e peço que cuide delas (1 Pe 5: 7). Recebo Tua graça para confiar em Ti e para entrar no Teu descanso".

Uma vez que vc lançou seus cuidados nEle, comece a pensar em todas as vezes na quais Deus proveu no seu passado e cumpriu o que Ele disse em seu coração. Pode ser que vc queira escrever uma lista.

A sua confiança em Deus vai crescer e a paz dEle vai inundar a sua alma. Antes de vc perceber, a provação vai ter passado e vc estará desfrutando de um novo nível de vitória em sua vida.


PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=ViRb_fyFZtY
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