De hoje em diante
Esta imagem provoca duas reflexões sobre uma suspensão no tempo: a primeira, a cegueira do escultor italiano; depois, o que a cegueira o leva a fazer como ato de redescoberta ou tentativa de sobrepor significados ao que lhe era tão familiar: a beleza vista a olhos nus.
Esta quebra, quase abrupta, pode ser tomada como uma geradora de ausências no sentido aparente e linear das coisas. Mas também como geradora de um outro movimento, um redirecionamento no que está posto como comum, como hábito. Um indicativo que podemos estar cegos, de fato e de todo.
São as pequenas migalhas de vida, o que quase não é notado, é que interessam. Estas coisas que aparentemente são nossas brincadeiras de armar, mas que armam ao contrário o nosso percurso neste mundo. É a partir desta infalibilidade da passagem do tempo que nos propõe parar um pouco e olhar o que não conseguimos identificar como beleza vista a olhos nus.
Viver é olhar para estas coisas quase invisíveis, tateá-las e enfim, construir alguma outra possibilidade.
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