December 17, 2020

A verdadeira sabedoria: nem diplomas, nem palavras

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Texto básico: Tiago 3.13-18

Textos de apoio

– Deuteronômio 4.6-8
– Provérbios 8.1-21
– Salmos 19.7
– João 18.33-38a
– Efésios 4.17-32
– Tiago 1.2-8

Introdução

Como identificamos uma pessoa sábia? Pelo nível de conhecimento sobre determinado assunto? Pelas suas “posses culturais”? Pelo número de anos de estudo “formal”? Pelo número de diplomas e títulos acadêmicos? Pelas decisões ponderadas e bem-sucedidas? Bem, todas essas coisas são importantes e podem enriquecer a nossa “sabedoria”.

Mas o Novo Testamento e, no nosso caso, a carta do apóstolo Tiago, apresentam um critério especial para “classificar” alguém como sábio ou sábia: o comportamento. Ou, se preferirmos, os “frutos” gerados pela pessoa no seu proceder cotidiano.

Uma vez mais temos diante de nós o convite desafiador para cultivarmos um viver integrado, que diminua o hiato (a distância) entre o que professamos e o que praticamos. Coerência é a palavra de ordem.

De acordo com Tiago, o “certificado” dos sábios não será encontrado pendurado na parede, mas no coração das pessoas que convivem com eles, pois elas vão perceber e testemunhar que a vida daqueles “sábios” (ainda que nem utilizem esta terminologia) apontam para um “lugar mais alto”; ou melhor ainda, para uma “sabedoria do alto”!

Para entender o que a Bíblia fala

1. Quais são os “critérios” estabelecidos por Tiago para determinar se alguém é “sábio e entendido” (v. 18)? O que significa agir (mostrar “obras” e “ações”) com “humildade e sabedoria” (NTLH)*?

2. De acordo com Tiago, que “sentimentos” e “atitudes” acabam minando a verdade entre nós (v. 14)? De que forma a inveja (“ciúmes”) e o egoísmo (“sentimento faccioso”) podem corromper a verdade e a “sabedoria”?

3. Nos vv. 15-17, o apóstolo faz uma diferenciação entre a “sabedoria do alto” e a “sabedoria terrena”. Quais são as características de cada uma delas? E quanto aos “resultados” de cada uma, o que elas produzem?

4. “Pois a bondade é a colheita produzida pelas sementes que foram plantadas pelos que trabalham em favor da paz” (v. 18, NTLH*). Como a genuína sabedoria (“do alto”) pode transformar aquele que a possuí em um autêntico “pacificador” para a igreja e a sociedade?

*Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Para pensar

Em tempos de pós-verdade, as informações sobre o nosso cotidiano são instintivamente postas sob suspeita: “Será?”. (…) Um jeito que muitos encontraram para escapar das dúvidas foi a escolha de um lado no espectro político: se você é de direita e conservador, você ouvirá e crerá nas verdades que emanam dessas fontes. Mas se você for de esquerda, tenderá a dar mais crédito às verdades que essa linha ideológica dissemina. E passará a rejeitar (até por necessidade de sanidade) o que venha de “fontes suspeitas”. Quase sempre estas serão as fontes “do outro lado”. Entretanto, há aqueles que não se contentam com tais reducionismos. Sabem que a verdade não tem partido, não é propriedade de nenhuma ideologia. E imaginam que ela aparecerá, cedo ou tarde, no todo ou em parte; e não querem se deixar dominar por simpatias ou antipatias, de modo que sua mente se conforme ao ponto de não lhe permitir mais enxergar a verdade verdadeira. (…) Vejo-os como aqueles bem-aventurados que têm fome e sede de justiça. Gente humilde, que discerne também as dificuldades e as limitações daqueles que têm mais certezas; que “sabem” o caminho para a fonte da certeza; que se colocam “do lado certo” e não sofrem tanto o “processo da verdade”. São, paradoxalmente, bem-aventurados, porque sofrem; mas são aqueles a quem recorrerão os necessitados de conselho, de discernimento, de ajuda.” (Rubem Amorese, em Bem-aventurados os que têm fome e sede da verdade)

“A sabedoria… não é um conjunto de ideias abstratas, mas algo que é melhor compreendido através de exemplares – seres humanos vivos que são vistos como personificação dessas ideias, e são capazes de expressá-las na prática. Aprendemos o que significa ser bom, fiel e carinhoso através de encontros com pessoas que exemplificam essas qualidades e evocam tanto admiração de nossa parte quanto um desejo de emulá-las. (…) O cristianismo não oferece apenas uma nova maneira de contemplar nosso mundo, mas uma capacidade aprimorada de viver dentro dele e de lidar com suas incertezas e complexidades, bem como nossa própria fragilidade e falhas. (…) A realidade é complexa e ambivalente; a sabedoria exige que reconheçamos isso em vez de forçá-la a ser uniformemente simples e positiva. (…) Ela exige uma profunda imersão nos paradoxos e problemas de viver em um mundo resistente a interpretações rápidas e fáceis. Os “sábios” são aqueles que estão dispostos a adaptar seus padrões de pensamento e vida a este mundo complexo em vez de tentar forçar o mundo a se conformar com suas ideias preconcebidas. A sabedoria exige que respeitemos e abracemos ativamente um profundo mistério, algo que transcende os limites da compreensão humana.” (Alister McGrath em Como lidar com a incerteza – de “saber tudo” para “entender um pouco”).

“E agora, José?”

1. Este trecho da carta de Tiago nos lembra uma vez mais sobre a necessidade de coerência na nossa vida. Aquilo que professamos deve estar em sintonia com aquilo que praticamos em nosso viver. À luz do nosso texto bíblico, e em oração, faça uma avaliação sincera sobre a “sabedoria” que tem prevalecido em sua caminhada cristã – a “sabedoria do alto” ou a “sabedoria terrena”?

2. A partir da avaliação que realizou logo acima, você consegue identificar e se comprometer com pelo menos uma ação prática que poderia ajudá-lo a ser mais “sábio”, de acordo com os critérios apresentados pelo apóstolo Tiago (v. 17)?

Eu e Deus

“Não há santidade, Senhor, se retiras tua mão; nenhuma sabedoria será proveitosa, se desistires de orientar; força nenhuma conta, sem a tua conservação.

Pois abandonados, afundamos e perecemos; mas visitados, nos erguemos e vivemos.

Somos instáveis; por ti nos firmamos. Tíbios, por ti nos afervoramos. Foi absorvida toda vanglória na profundeza de teus juízos sobre mim.

Que é a carne diante de ti? ‘Acaso se gloriará o barro contra quem o plasma’ (Is 29.16)?

Como poderá erguer-se com jactância o coração daquele que de verdade é submisso a Deus?

O mundo inteiro não consegue ensoberbecer aquele que se submete à verdade; nem os lábios elogiosos poderão abalar quem firmou toda a esperança em Deus. Pois aqueles que falam, nada dizem; passarão com o som das palavras; porém ‘a verdade do Senhor permanece para sempre’.”

(Tomás de Kempis, A Imitação de Cristo, 3. 14)

“Um dia, profecia, línguas e conhecimento desaparecerão e cessarão, mas o amor durará para sempre.” (1 Coríntios 13.8, Nova Versão Transformadora)

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/espiritualidade/bem-aventurados-os-que-tem-fome-e-sede-da-verdade/

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