União com Cristo
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- Ricardo Barbosa
O reformador João Calvino, nas suas “Institutas da Religião Cristã”, apresenta, entre outros, um tema caro e central para a espiritualidade cristã: a união com Cristo. Ele afirma: “Portanto, para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai, é necessário que ele se faça nosso e habite em nós”. Temos nesta afirmação de Calvino duas grandes verdades espirituais: a primeira diz respeito a receber todos os benefícios que Cristo recebeu do Pai; a segunda envolve a habitação de Cristo em nós.
Deixe-me começar pela segunda afirmação. Os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João são conhecidos como “a conversa no Cenáculo”. Nesta conversa, Filipe pergunta: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (14.8). A resposta de Jesus é a chave para entender o princípio da união com ele: “Quem me vê a mim vê o Pai” (14.9). Jesus segue explicando a Filipe que ele está no Pai e o Pai está nele, porque as palavras do Pai são as palavras do Filho e as obras que este faz são as mesmas obras do Pai. Por isso, quem vê o Filho, vê o Pai. A mesma palavra é o princípio que revela a união eterna do Pai com o Filho.
Este mesmo relacionamento que o Filho tem com o Pai e o Pai, com o Filho é estendido aos discípulos: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (14.20). De que forma isso é possível? Jesus responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (14.23). O princípio é o mesmo: a palavra. O Filho eterno vive e age pela palavra do Pai. Os discípulos guardam a palavra do Filho e por ela vivem, e, por meio da palavra, o Pai e o Filho fazem sua habitação em nós; dessa forma, participamos da comunhão divina. Permanecemos em Cristo somente quando permanecemos na palavra. Quando nossa mente, nossos desejos e vontades forem moldados pela palavra de Cristo, viveremos como Cristo e a vontade de Deus será a nossa vontade, os desejos de Deus, os nossos desejos, e, assim, teremos o que Paulo chama de “a mente de Cristo”.
Deixe-me considerar agora a primeira parte da afirmação de Calvino: “Para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai”. O reformador reconhece que a vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus nos concederam os mesmos benefícios que o Filho Eterno recebeu do Pai. Veja o que Jesus afirma aos seus discípulos: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E mais: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (15.5). Como é possível para nós, discípulos de Cristo, fazer o que ele fez e, até mesmo, coisas maiores? O que significam estes frutos que só podem ser produzidos por meio de Cristo? São estes os benefícios que Cristo recebeu do Pai e que são transferidos a nós em nossa união com ele.
Jesus promete o Consolador, o Espírito Santo. Se, por um lado, nossa união com Cristo existe por causa da palavra, por outro, a presença e o poder da palavra só são reais pela ação do Espírito. O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que irá nos conduzir “a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido […] Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (16.13-14). O Espírito Santo vem da parte de Deus para tornar essa união possível e real. Da mesma forma que o Filho não tem uma palavra que seja sua -- ele fala daquilo que ouve do Pai --, o Espírito, também, transmite o que o Filho nos ensinou e nos ajuda a guardar a palavra do Filho, assim como o Filho guarda a palavra do Pai.
Para participar da união com Cristo precisamos da Palavra e do Espírito. Não se trata apenas do conhecimento intelectual da Palavra de Deus, mas da habitação real dela em nós, e isso é realizado pelo Espírito Santo. Dessa forma, como afirma Calvino, os benefícios que o Filho recebeu do Pai tornam-se nossos. Calvino expressa da seguinte maneira essa realidade: “Portanto, a íntima ligação da Cabeça e membros, a habitação de Cristo em nosso coração - a união mística - estão em harmonia conosco em elevado grau de importância; assim, pois, Cristo, tendo sido feito nosso, torna-nos participantes com ele nos dons, nos quais ele está dotado” (“Institutas”).
Deixe-me começar pela segunda afirmação. Os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João são conhecidos como “a conversa no Cenáculo”. Nesta conversa, Filipe pergunta: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (14.8). A resposta de Jesus é a chave para entender o princípio da união com ele: “Quem me vê a mim vê o Pai” (14.9). Jesus segue explicando a Filipe que ele está no Pai e o Pai está nele, porque as palavras do Pai são as palavras do Filho e as obras que este faz são as mesmas obras do Pai. Por isso, quem vê o Filho, vê o Pai. A mesma palavra é o princípio que revela a união eterna do Pai com o Filho.
Este mesmo relacionamento que o Filho tem com o Pai e o Pai, com o Filho é estendido aos discípulos: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (14.20). De que forma isso é possível? Jesus responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (14.23). O princípio é o mesmo: a palavra. O Filho eterno vive e age pela palavra do Pai. Os discípulos guardam a palavra do Filho e por ela vivem, e, por meio da palavra, o Pai e o Filho fazem sua habitação em nós; dessa forma, participamos da comunhão divina. Permanecemos em Cristo somente quando permanecemos na palavra. Quando nossa mente, nossos desejos e vontades forem moldados pela palavra de Cristo, viveremos como Cristo e a vontade de Deus será a nossa vontade, os desejos de Deus, os nossos desejos, e, assim, teremos o que Paulo chama de “a mente de Cristo”.
Deixe-me considerar agora a primeira parte da afirmação de Calvino: “Para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai”. O reformador reconhece que a vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus nos concederam os mesmos benefícios que o Filho Eterno recebeu do Pai. Veja o que Jesus afirma aos seus discípulos: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E mais: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (15.5). Como é possível para nós, discípulos de Cristo, fazer o que ele fez e, até mesmo, coisas maiores? O que significam estes frutos que só podem ser produzidos por meio de Cristo? São estes os benefícios que Cristo recebeu do Pai e que são transferidos a nós em nossa união com ele.
Jesus promete o Consolador, o Espírito Santo. Se, por um lado, nossa união com Cristo existe por causa da palavra, por outro, a presença e o poder da palavra só são reais pela ação do Espírito. O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que irá nos conduzir “a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido […] Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (16.13-14). O Espírito Santo vem da parte de Deus para tornar essa união possível e real. Da mesma forma que o Filho não tem uma palavra que seja sua -- ele fala daquilo que ouve do Pai --, o Espírito, também, transmite o que o Filho nos ensinou e nos ajuda a guardar a palavra do Filho, assim como o Filho guarda a palavra do Pai.
Para participar da união com Cristo precisamos da Palavra e do Espírito. Não se trata apenas do conhecimento intelectual da Palavra de Deus, mas da habitação real dela em nós, e isso é realizado pelo Espírito Santo. Dessa forma, como afirma Calvino, os benefícios que o Filho recebeu do Pai tornam-se nossos. Calvino expressa da seguinte maneira essa realidade: “Portanto, a íntima ligação da Cabeça e membros, a habitação de Cristo em nosso coração - a união mística - estão em harmonia conosco em elevado grau de importância; assim, pois, Cristo, tendo sido feito nosso, torna-nos participantes com ele nos dons, nos quais ele está dotado” (“Institutas”).
Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/366/uniao-com-cristo
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