April 24, 2021

Não procure por algo que só pode ser construído

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Chérie,

se você acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Fada do Dente, precisa ler correndo este artigo do psiquiatra Daniel Martins de Barros.

É um tremendo tapa na cara com luva de boxe para acordar - e sair - de vez do País das maravilhas. 

Dica duca: vale para qualquer tipo de relacionamento seja de amor, trabalho ou amizade, viu?

Bjs,

KT
AMOR NÃO SE ENCONTRA

Quando eu comecei ainda jovem a dizer para as pessoas próximas a mim que não existia alma gêmea, muitos ficaram decepcionados. Passamos tantos anos ouvindo contos de fadas na infância e assistindo comédias românticas na juventude que essa narrativa do par perfeito nos parece uma descrição do mundo e não um recurso da ficção.

Nada como o tempo para nos mostrar a realidade. Pouca gente adulta ainda acredita no príncipe encantado depois de experimentar um pouco da vida como ela é. Mas esses dias, assistindo à série The One, disponível na Netflix, percebi que esse não é um tema totalmente superado.

Na trama uma dupla de cientistas consegue decifrar o código genético dos seres humanos para encontrar sua combinação exata. Uma vez combinadas as pessoas experimentam um amor à primeira vista, a sensação única e transcendental que condena aquele relacionamento ao sucesso inevitável. Para aumentar o interesse na história ela envolve alguns crimes, investigações policiais, traições, nada muito fora dos clichês de séries para consumo imediato e digestão fácil.

Mas o fato de surgir mais uma obra com essa premissa, já explorada recentemente por tantas outras, mostra que no fundo nós mantemos a crença de que existe, em algum lugar, uma metade que nos complemente perfeitamente. Quem sabe nós só não tínhamos descoberto a forma de encontrá-la? Agora, com big data, crowdsourcing, engenharia genética, hiper-conectividade, será que não conseguiríamos?

Não, não conseguiríamos. Simplesmente porque não há tecnologia avançada o suficiente para encontrar algo que não existe. Relacionamentos passam por muito, muito mais do que uma conexão estabelecida por feromônios envolvendo desde a história de vida das pessoas, seu entorno, visão de mundo, laços familiares, experiências afetivas anteriores e, talvez mais importante, a predisposição para o trabalho duro que é construir uma relação de longo prazo.

Relacionamentos de sucesso não são estabelecidos por almas gêmeas, mas por pessoas dispostas a arregaçar as mangas e suar a camisa – para ficar em mais dois clichês. Sem tal disposição não há tecnologia que faça de alguém sequer um bom partido, muito menos uma combinação infalível.

Fonte: https://emais.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/amor-nao-se-encontra/

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