Daqui para frente
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A expressão “daqui para frente”, ou “de agora em diante”, ou simplesmente “doravante” tem um poder tremendo. Ela é um divisor de águas. Abre um pequeno espaço entre o passado e o futuro. Marca o fim de um tempo e o início de outro tempo. Cava um profundo fosso entre a velha e a nova vida.
Na perspectiva humana, o que provoca o “daqui para frente” é o vazio insuportável de uma vida sem Deus, a sede da alma, a desilusão com os prazeres transitórios do pecado, o cansaço do correr eternamente atrás do vento, o medo da doença sem cura, a estreita vizinhança da morte, o tamanho da eternidade.
Esse soleníssimo “de agora em diante” pode emergir de uma hora para outra por força de alguma coisa que se lê ou que se ouve. É o caso daquele africano chamado Agostinho que deixou para trás uma vida de pecado para se tornar o maior teólogo da antiguidade. Aos 33 anos, Agostinho ouviu por acaso alguém ler num jardim a exortação paulina: “Vivamos honestamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes” (Rm 13.13). Essa mesma ruptura com a vida pregressa pode acontecer também por causa do testemunho vibrante de alguém que mudou da água para o vinho ou por causa de um profundo sentimento de incontido galardão.
Sob a perspectiva teológica, o que faz nascer o “daqui para frente” no mais interior da alma humana é a chamada graça irresistível ou aquele misterioso toque do Espírito, que sopra onde quer, quando quer e como quer (Jo 3.8).
Esse “de agora em diante” não está sujeito ao planejamento nem a esquemas humanos. Pode vir de súbito como pode vir progressivamente. Pode suportar avanços e retrocessos. Todos os grandes servos de Deus na história bíblica e na história do cristianismo passaram por esse bem-aventurado “doravante”.
Você também pode ter o seu “daqui para frente” a qualquer momento.
À semelhança do filho pródigo, que se levantou e foi a seu pai (Lc 15.20), à semelhança de Mateus, que também se levantou e ouviu o chamado de Jesus, e à semelhança do ladrão que se derreteu frente ao amor de Jesus nas duas ou três derradeiras horas de vida!
Fonte: https://ultimato.com.br/sites/elbencesar/2019/11/29/daqui-para-frente/
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