Quero ver-te na imensidão e na ordem do universo, na mais distante galáxia e na mais próxima estrela. Quero ver-te na cachoeira, na gruta, na floresta, no deserto, na praia, nas alturas dos montes e nas profundezas dos mares, na desembocadura dos rios, nas campinas e nos vales.
Quero ver-te no amanhecer e no entardecer, ao meio-dia e à meia-noite, no vento, na chuva, nos relâmpagos, no trovão.
Quero ver-te no botão de rosa, no ipê-amarelo, no girassol, no jardim, no pomar, na horta, nos bosques, na grama, nos pastos e no matagal.
Quero ver-te no meu corpo, na parte de fora e na parte de dentro, no mais visível e no mais escondido, no mais simples e no mais complexo. Quero ver-te na biologia, no DNA, nas células-tronco, na substância ainda informe, no crescimento, na reprodução e no envelhecimento.
Quero ver-te nos mistérios da vida, nos mistérios da mente, nos mistérios do amor, nos mistérios da alma, nos mistérios da criação.
Quero ver-te na vaga lembrança, na saudade, na sede, na fome e no temor que eu tenho de ti, no desassossego de minha alma enquanto ela não repousa em ti.
Senhor, abre os meus olhos, pois quero ver a lama, os montões de lixo, a fome, as guerras, o sofrimento, a doença e a morte sob outra perspectiva, sob a perspectiva cristã.
Abre os meus olhos para eu ver o que está acima das nuvens mais baixas.
Abre os meus olhos para eu ver o Senhor assentado num trono alto e exaltado.
Abre os meus olhos para eu ver os céus abertos e o Filho do homem em pé, à direita de Deus.
Abre os meus olhos para eu ver o Cordeiro — que parecia ter estado morto — em pé, no centro do trono, pronto para abrir o livro fechado por dentro e por fora e dar prosseguimento à história.
Abre os meus olhos para eu ver a destruição, a morte e o enterro da morte.
Abre os meus olhos para eu ver a transformação dos vivos e a ressurreição dos mortos.
Abre os meus olhos para eu ver novos céus e nova terra, onde habita a tão procurada justiça.
Abre os meus olhos para eu ver a plenitude da salvação!
Amém.