March 31, 2013

Liberdade

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'Eu vim para quem tenham vida, e a tenham em abundância' .
Jo 10: 10b

Chérie,

é tempo de Páscoa, tempo de liberdade ; )!

A minha oração é para que você faça bom uso dela (alguém morreu para que você tivesse acesso).

Bjs,

KT

PS- Precisa de um chacoalhão? Vai lá: http://www.aish.com/h/pes/mm/50573032.html
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March 30, 2013

Entre a crucificação e a ressurreição

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O que os discípulos sentiram quando Jesus foi crucificado? Tristeza pela perda do Mestre? Desolação pelos sonhos despedaçados?

A gente sabe o final da história, mas para eles o intervalo entre a morte a ressurreição deve ter durado uma eternidade, não?

E com a gente, será que não acontece a mesma coisa?
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March 29, 2013

Amor é coisa séria...

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Você já amou alguém a ponto de doer?

O que faria por este amor?

Iria até as últimas consequências?

Daria a sua vida por ele?

Ou continuaria tocando sua vida covardemente?

Conheço alguém que deu a vida por amar.

Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

Você consegue imaginar o tamanho deste amor?

Seria capaz de amar assim?

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: \http://www.youtube.com/watch?v=9YU6dtuUxt4
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March 28, 2013

Humildade

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Humildade à moda de Jesus

Tente imaginar essa cena: você é um dos discípulos. Jesus chega até você, olha para você com ternura. Ele começa a tirar uma de suas sandálias, você estremece. Jesus começa a tirar a outra sandália e a lavar os seus pés.

O que você sente quando Jesus começa a fazer isso?

Paul Freston, sociólogo cristão, mais uma vez nos exorta à humildade e ao amor. Ele faz uso da “parábola dramatizada” de Jesus no lava-pés para resgatar a identidade de Cristo, o nosso modelo de ser Igreja.

Para o preletor, o fato de Jesus saber quem ele é, os recursos que tem disponíveis, de onde veio e para quem vai, dá a ele segurança para ser humilde e perseverança para amar até o fim, amar tanto no sentido de perseverar no amor, como amar até ao extremo.

Sua grandeza, poder e posição exaltada não são ocultados pela humildade ao lavar os pés dos discípulos. O Jesus que conhecemos no lava-pés, não é arrogante, prepotente ou inseguro. Para Paul Freston, é mais fácil aceitarmos o fato de sermos humildes do que concebermos um Deus humilde, vestido de escravo diante dos nossos olhos.

A imagem que temos de Cristo em nossas mentes pode nos ajudar ou atrapalhar, a questão é “será que a imagem que tenho de Cristo me ajuda a amá-lo e a me comprometer com o trabalho dele para a minha vida?”, pergunta o preletor.

Se a resposta for não, devemos tomar cuidado com o Jesus que temos crido. Segundo o sociólogo, o mal pode vir disfarçado de argumentos morais que sabemos contornar ou não. Jesus se baseia em verdades a respeito de si mesmo e nós temos uma ideia mundana de vitória, nos deixa menos críticos ao fato de que a vitória cristã é, realmente, muitas vezes uma derrota na ótica do mundo, diz o preletor e continua "esse fato é uma deixa para questionar as teologias em nossos meios".

O modelo de humildade e amor extremos deve nos levar a lavar os pés, não dos amigos, mas, assim como Jesus, sermos capazes de fazer-se escravo para lavar os pés de um traidor, de uma pessoa que vai nos negar e de outros dez que vão nos abandonar. Os discípulos não eram “um grupo de santos, mas um grupo de fracassados morais”, conclui o sociólogo.

Nós, em nosso orgulho, não queremos um Deus humilde, pois ele se gloriando, poderíamos também darmos a nós glória pelo que temos feito. O preletor nos lança outra pergunta: “Será que temos vontade de desprezá-lo?”. Se sim, então ainda não penetrou em nós a mente de Jesus. Se acreditamos que essa ação não pertence a uma pessoa digna, então nunca vamos entender a mensagem da cruz. A mensagem que nos faz nos tornarmos vulneráveis diante dos homens.

Seguindo na leitura do texto de João 13, Paul Freston lembra que Jesus é o modelo, e os discípulos devem imitá-lo, eles são os “enviados”, não mais do que isso. O preletor resgata a frase de Hilton (1) citada na última noite para nos lembrar que a humildade é o alicerce sobre o qual se consegue elevar um edifício alto de virtudes.

Que uma igreja formada por lavadores de pés possa ser formada e dessa forma ser transformadora.

Notas:
(1) Walter Hilton, A Escala da Perfeição, século XIX

Fonte: http://diaconia-integral.blogspot.com.br/2011/09/humildade-moda-de-jesus-paul-freston.html
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March 27, 2013

Entrega

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Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=IKZSWIeu10U
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March 26, 2013

Regeneração

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Para entender o que acontece com a gente, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=KGlx11BxF24
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March 25, 2013

Com os olhos na Eternidade ; )!

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Chérie,

tudo bem com você? Espero que sim.

Nossa, estou de volta ao 1o. Amor (rsrs).

Depois de Habacuque, o chacoalhão 'da vez' é 1 Pedro.

E olha como a Palavra é viva e eficaz - você já tinha percebido como esses livros são incrivelmente complementares?

Enquanto Habacuque argue com Deus sobre o problema do mal em sua época, Pedro desafia a olhar a vida sob a perspectiva divina, ou seja, passando pelas lutas com os olhos na Eternidade.

Chérie, o plano de Deus está escrito desde a fundação do mundo e os perrengues que a gente passa não são nada perto da glória que ainda está por vir.

Isto é tão importante e verdadeiro que o Filho até pagou com vida, para nos regenerar e para uma esperança viva.

Sim, o que Ele começou - em você, em mim, em nós - está em andamento e Ele irá terminar.

A minha oração é para que a cada dia a gente possa compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo ; )!

Bjs,

KT

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=SHcvfTWpAuA
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March 24, 2013

Presença

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Deus está sempre esperando pela gente.

Seus olhos de amor estão atentos em nossas vidas.

A gente é que não dá conta da Sua presença.

Estamos entretidos com a correria, nos afazeres, nas demandas...

É preciso aquietar o coração, sossegar a alma e esvaziar-se das distrações que nos impedem de enxergá-Lo.

Tudo o que Ele quer é nos pegar no colo.

Deus sempre está com os braços estendidos para nos acolher, basta correr e se jogar.

Quando você finalmente sentir Sua presença, lembre-se que Ele não apareceu num passe de mágica, mas porque você passou a vê-Lo.

PS- Para conferir a letra da trilha do dia, vai lá: http://multishow.globo.com/musica/igreja-batista-de-agua-branca/tua-presenca/
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March 22, 2013

Foco no que importa

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Chérie,

a vida é um novelo de lã com coisas boas e nem tão boas todas enroladas junto.

Não dá para escolher só as partes boas; cabe a nós aceitar o pacote completo e lidar com as alegrias e as tristezas da melhor maneira possível.

Chorar resolve? Relaxa.

Então, levante, sacuda a poeira e bola prá frente.

Precisa de um incentivo?

Hmmm, eu sei... se conselho fosse bom, as pessoas vendiam e não davam (rsrsrs); mas deixe o ceticismo de lado e vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=xfq_A8nXMsQ

Qualquer coisa, estou aqui.

Bjs,

KT
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March 20, 2013

Você tem valor ; )

O ANEL

Há muito tempo, numa cidade qualquer do interior, um jovem que vivia desanimado dirigiu-se ao seu professor:

- Venho aqui, professor, porque me sinto tão pouca coisa que não tenho forças para fazer nada. Dizem que não sirvo para nada, que não faço nada bem, que sou lerdo e muito idiota. Como posso melhorar? O que posso fazer para que me valorizem mais?

O professor, sem olhá-lo, disse:

- Sinto muito, meu jovem, mas não posso ajudar. Devo primeiro resolver meu próprio problema. Talvez depois. E fazendo uma pausa, falou:

- Se você me ajudar, talvez eu resolva este problema com mais rapidez e depois possa lhe ajudar.

- Claro, professor - gaguejou o jovem, logo se sentindo outra vez desvalorizado, hesitando em ajudar o professor. O professor tirou um anel que usava no dedo mínimo e deu ao garoto, dizendo:

- Pegue o cavalo e vá até o mercado. Devo vender este anel porque tenho de pagar uma dívida. É preciso que você obtenha pelo anel o máximo possível, mas não aceite menos que uma moeda de ouro. Vai e volte com a moeda o mais rápido possível.

O jovem pegou o anel e partiu. Mal chegou ao mercado, começou a oferecer o anel aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, até quando o jovem dizia o quanto pretendia pelo anel. Quando o jovem mencionava a moeda de ouro, alguns riam e outros saíam sem ao menos olhar para ele. Só um velhinho foi amável, a ponto de explicar que uma moeda de ouro era muito valiosa para comprar um anel. Tentando ajudar o jovem, chegaram a oferecer uma moeda de prata e uma xícara de cobre, mas o jovem seguia as instruções de não aceitar menos que uma moeda de ouro e recusava as ofertas.

Depois de oferecer a joia a todos que passaram pelo mercado, abatido pelo fracasso, montou no cavalo e voltou. O jovem desejou ter uma moeda de ouro para que ele mesmo pudesse comprar o anel, livrando assim a preocupação de seu professor e depois receber ajuda e conselhos.

Já na escola, diante de seu mestre, disse:

- Professor, sinto muito, mas é impossível conseguir o que me pediu. Talvez pudesse conseguir duas ou três moedas de prata, mas não acho que se possa enganar ninguém sobre o valor do anel.

- Importante o que você disse, meu jovem... - o professor falou, sorridente.

- Devemos saber primeiro o valor do anel. Pegue novamente o cavalo e vá até o joalheiro. Quem poderia ser melhor para saber o valor exato do anel? Diga-lhe que quer vender o anel e pergunte quanto ele lhe dá. Mas não importa o quanto ele lhe ofereça, não o venda... Volte aqui com meu anel.

O jovem foi até o joalheiro e deu o anel para examinar. O joalheiro examinou o anel com uma lupa, pesou o anel e disse:

- Diga ao seu professor, se ele quer vender agora, não posso dar mais que 58 moedas de ouro pelo anel.

- 58 MOEDAS DE OURO!!! - exclamou o jovem.

- Sim, replicou o joalheiro, eu sei que, com tempo, eu poderia oferecer cerca de 70 moedas, mas se a venda é urgente...

O jovem correu emocionado à escola para contar o que ocorreu. Depois de ouvir tudo que o jovem lhe contou, o professor disse:

- Você é como esse anel, uma joia valiosa e única. E que só pode ser avaliada por um especialista. Pensava que qualquer um podia descobrir seu verdadeiro valor?

E, dizendo isso, voltou a colocar o anel no dedo.

Todos somos como esta joia. Valiosos e únicos, andamos por todos os mercados da vida, pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem. Porém, ninguém, além do Grande Joalheiro, sabe o nosso valor!

PS- Precisa de um chacoalhão de amor? Vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=RxPZh4AnWyk
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March 19, 2013

Correr com cavalos

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O filósofo e mártir tcheco, Vitezlav Gardavsky, morto em 1978, elegeu Jeremias como seu “modelo de homem” em sua campanha contra uma sociedade que, cuidadosamente, planejava cada detalhe da existência material, porém eliminava o mistério e o milagre, extirpando toda a liberdade da vida.

Ele escreveu em seu livro “God Is Not Yet Dead” ["Deus Ainda Não Está Morto"], que a terrível ameaça contra a vida não é a morte, ou a dor, nem qualquer variedade de desastre contra os quais nós, tão obsessivamente, procuramos nos proteger com nossos sistemas sociais e estratagemas pessoais.

A grande ameaça é “morrermos antes de realmente morrer, antes que a morte se torne uma necessidade natural. O verdadeiro horror repousa exatamente sobre essa morte prematura, após a qual continuamos a viver por muitos anos”.

Há uma passagem memorável com respeito à vida de Jeremias quando, esmagado pela oposição e mergulhado na autopiedade, ele esteve a ponto de capitular entregando-se à morte prematura. Jeremias estava pronto a abandonar seu chamado divino único e resignado a ser apenas uma estatística de Jerusalém.

Naquele momento crítico, o profeta ouviu esta admoestação: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?” (Jeremias 12:5).

O bioquímico Erwin Chargaff atualizou as questões: “O que você deseja alcançar? Grandes fortunas? Comida mais barata? Uma vida mais feliz, mais duradoura? É poder sobre os vizinhos o que persegue? Estará você apenas procurando escapar à morte? Ou será que você busca maior sabedoria e devoção mais profunda?”

A vida é difícil, Jeremias. Você irá desistir diante da 1a. onda de oposição? Irá bater em retirada quando descobrir que há muito mais por que se viver do que três refeições diárias e um lugar seco para descansar, à noite? Procurará refugiar-se em casa no instante em que descobrir que multidões de pessoas estão mais interessadas em manter seus pés aquecidos do que viver sob risco para a glória de Deus? Você irá manter uma vida cautelosa ou corajosa?

Eu o chamei para viver o seu melhor, para perseguir a justiça, manter a direção rumo à excelência. É muito mais fácil, como bem sabe, ser neurótico. É muito mais simples viver como um parasita. É menos complexo relaxar e deixar-se levar pelos braços da maioria. Mais fácil, porém não melhor, não mais significante, não mais recompensador.

Eu o chamei para uma vida de propósito, muito além do que você pensa ser capaz de viver e prometi dar-lhe forças suficientes para você cumprir o seu destino. Agora, ao primeiro sinal de dificuldades, você está disposto a desistir. Se você se sente fatigado por essa multidão comum de patéticas mediocridades, o que fará quando a verdadeira corrida começar, contra os velozes e determinados cavalos da excelência?

O que você realmente deseja, Jeremias? Quer arrastar-se, acompanhando a multidão ou almeja correr com os cavalos?

É compreensível que existam desistências rumo à excelência, mudanças frente ao risco, quedas da fé. É mais fácil definir-se no mínimo (“um bípede sem penas”) e viver com segurança dentro desta definição do que ser definido no máximo (“pouco menor que Deus” – Salmo 8:5), vivendo aventuras nesta realidade.

É improvável, creio eu, que Jeremias tenha sido rápido ou espontâneo em sua resposta à pergunta de Deus. Os inebriantes ideais por uma nova vida haviam sido sobrepujados pelo cinismo mundial. A impetuosidade, euforia e entusiasmo juvenis não mais o estimulavam.

Ele pesou as opções, contabilizou os custos. Agitou-se intimamente em hesitação. Sua resposta não foi expressa verbalmente, mas com sua biografia.

A vida de Jeremias foi sua resposta: “Eu correrei com os cavalos”.

Fonte: http://ocontornodasombra.blogspot.com.br/2008/07/competindo-com-cavalos.html
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March 16, 2013

A guerra espiritual, a Palavra de Deus e o dilema de Jó

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- pr. Ricardo Barbosa de Souza

Quando me convidaram para falar sobre o tema da Palavra de Deus e a guerra espiritual, minha primeira reação foi a de não aceitar. Não é um tema que tenho me dedicado ao estudo com o mesmo interesse que outros irmãos vem fazendo, pelo menos, não na mesma direção com que muitos tem trabalhado.

Minha primeira tentativa foi a de apresentar uma nova proposta de leitura bíblica, uma vez que considero que a grande guerra espiritual que enfrentamos hoje se dá dentro da própria igreja, e tem a ver com o analfabetismo bíblico e teológico que tem levado muitos a naufragar nas trevas da ignorância, da superstição e do chamado neo-paganismo.

Os reformadores acreditavam que a grande contribuição da igreja no final da idade média era o de libertar os homens da cegueira da ignorância, e conduzi-los, pela Palavra de Deus, à luz libertadora do evangelho de Jesus Cristo. Enviei meu texto para o Tito Paredes que teve o trabalho de traduzi-lo e enviá-lo aos redatores. No entanto, depois de conversar com alguns amigos, reconheci que o que havia enviado não correspondia ao tema que me foi proposto. Retornei à mesa para pensar numa nova tentativa. Considerando o tempo e a abrangência do tema que hoje extrapola até mesmo os limites da Bíblia, concluí que deveria abordá-lo dentro de um campo mais específico.

Foi aí que me lembrei de Jó.

A história de Jó é uma história de guerra espiritual que se dá, não apenas no íntimo, mas que também tem seus reflexos na teologia, nas estruturas e nas relações. É uma guerra onde o objetivo principal não é o de medir forças e ver quem tem mais poder, mas de nos transformar a fim de compreendermos com maior clareza os propósitos eternos de Deus. Não será uma abordagem voltada para a dimensão missionária da igreja, mas sim para o processo transformador que a luta espiritual desencadeia. É neste contexto que pretendo refletir sobre guerra espiritual vivenciada por Jó.

A forma como ele a enfrentou e as mudanças que ela trouxe sobre sua vida, teologia e relação com Deus e o próximo, serão o objetivo desta pequena reflexão.

O cenário da guerra

Os primeiros dois capítulos do livro de Jó definem o campo e os personagens deste conflito. Temos de um lado Deus que nos é apresentado como o Senhor soberano sobre tudo o que acontece na terra e no céu. As ações dos anjos e dos homens não lhe escapam aos olhos. Walter Wink afirma que "a fé no Israel primitivo, na verdade não tinha lugar para Satanás. Somente Deus era o Senhor e tudo o que acontecia, para o bem ou para o mal, era atribuído a Deus. "Eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro; diz o Senhor" .

Para o Velho Testamento, Deus sempre era a causa primeira e última de tudo o que acontecia no céu e na terra; ele assume total responsabilidade sobre o bem e o mal. Este é um conceito importante que veremos na forma como Jó enfrenta seu conflito espiritual.

De outro lado, temos o próprio Satanás, que se apresenta diante de Deus junto com os "filhos de Deus". Ele nos é apresentado como um acusador, expressão usada no Novo Testamento para definir seu papel. Ele levanta suspeitas quanto às motivações de Jó em ser tão íntegro e reto diante de Deus. Suas dúvidas colocam sob suspeita o testemunho de Deus e, consequentemente, as relações entre Deus e o homem. Ele não tem um poder próprio e não age independentemente de Deus. Suas ações, Deus assume como sendo suas próprias ações quando afirma que Satanás o havia "incitado contra ele (Jó), para o consumir sem causa" (Jó 2:3b). Satanás também reconhece isto ao dizer a Deus "estende, porém, a tua mão, toca-lhe nos ossos e na carne, e verás se não blasfema contra ti na tua face!" (Jó 2:5). Embora a maldade tenha sido proposta e executada por Satanás, ele próprio reconhece que é a mão de Deus, em última análise, a responsável pelas aflições de Jó. Satanás não é um ser autônomo, independente, com liberdade plena para agir e fazer o que lhe interessa.

Por fim temos Jó, aquele sobre quem Satanás levanta suas suspeitas e que, aos olhos de Deus, é um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desvia do mal. O alvo das acusações de Satanás é o homem em sua relação com Deus. Ele não duvida do que Deus afirma sobre seu servo Jó. Sua dúvida repousa sobre as motivações, as intenções secretas da devoção de Jó.

Estas suspeitas não comprometem apenas as intenções de Jó mas, sobretudo, a aliança que Deus estabelece com seu povo. A tese levantada é a de que ninguém adora e serve a Deus por nada. Por detrás de toda a retidão e integridade, o homem esconde sua verdadeira motivação que é a recompensa que espera receber de Deus. Satanás duvida que alguém possa amar a Deus sem esperar alguma retribuição. Se as suspeitas de Satanás forem confirmadas, ele encontra a justificação para sua própria queda.

O centro da guerra espiritual se dá na arena do conflito relacional e afetivo e não no do poder.

A estratégia de Satanás

Deus aposta no poder do amor, do relacionamento que existe por causa do afeto. Este é o poder que ele dispõe para enfrentar a aposta que Satanás propõe. Por natureza, é um poder frágil, cuja força está em cativar o coração e obter deste uma resposta igualmente afetiva e amorosa.

A guerra espiritual, na perspectiva de Jó, não é uma disputa de poder entre duas forças que se digladiam buscando provar quem é maior e o mais forte. Antes, é um conflito entre Deus, que ama gratuitamente e incondicionalmente e o acusador que usa todos os recursos possíveis para provar a impossibilidade deste amor. O que está em jogo na aposta entre Deus e Satanás é a relação de Jó com seu Senhor. Numa outra cena semelhante, a da tentação no deserto, o que está em jogo ali é também a mesma coisa. Quando Satanás se aproxima de Jesus para tentá-lo, a primeira pergunta foi: "se és Filho de Deus, manda…" A dúvida lançada não era em relação ao poder de Jesus de transformar pedras em pães ou saltar do alto do templo e ordenar aos anjos que lhe socorressem. A dúvida era em relação à voz que ele acabara de ouvir no Jordão dizendo: "este é o meu Filho amado em quem tenho o meu prazer". A preocupação de Satanás não está no poder de Jesus para transformar pedras ou dar qualquer show que demonstre sua habilidade em manipular as forças cósmicas; sua preocupação está em levantar suspeitas, colocar sob dúvidas e, por fim, arruinar a relação única que o Filho tem com o Pai.

Durante toda a vida e missão de Jesus, sua luta espiritual foi preservar o vínculo amoroso, afetivo e obediente que ele tinha em relação ao Pai. Seu último suspiro, depois de toda a vergonha e humilhação do Calvário, foi mais uma vez afirmar seu amor ao Pai dizendo: "Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito". Foi esta relação de amor e afeto que venceu o pecado, que trouxe o triunfo da cruz. A cruz é o triunfo do amor sobre o poder. A opção pelo poder é uma opção maligna. É por isto que Jó recusa o caminho tão comum e popular da guerra espiritual moderna, o do dualismo, que vê o mundo dividido entre dois grandes poderes, duas grandes forças que disputam o domínio e o controle dos homens e da história.

Recentemente, foi publicado no Brasil um livro sobre a batalha espiritual que define a batalha espiritual com os seguintes dizeres: "Há no mundo dois reinos em conflito, duas forças que se chocam em combate pelo destino eterno dos seres humanos, dois poderes em confronto: O poder das trevas contra o poder da luz". Para o editor, o mundo está literalmente dividido entre duas grandes forças, uma do bem e outra do mal, e que precisamos urgentemente optar por um lado, sacar as armas espirituais e partir para defender o ameaçado reino do Senhor Jesus.

Jó não vê o mundo assim. Para ele, o Senhor reina. Logo após ter sido violentamente afligido pelas catástrofes provocadas por Satanás, ele não diz: "O Senhor deu e Satanás tomou, agora devo amarrar e reivindicar o que me foi tirado"; pelo contrário, sua afirmação revela que, mesmo tendo sido Satanás o autor de toda a desgraça que sobreveio a ele e sua família, ele continua colocando Deus no centro de todos os acontecimentos ao declarar: "o Senhor deu, o Senhor tomou, bendito seja o nome do Senhor". Quando abraçamos o dualismo, a guerra espiritual transforma-se numa disputa de poder; temos que provar quem é mais forte, mais competente. Entramos na arena criada pelo próprio Satanás e passamos a lutar com suas armas. Optamos pelo poder, pelo domínio, e caímos na grande armadilha que ele nos preparou. Jesus, quando provocado, nunca se valeu do seu poder para se auto afirmar perante Satanás ou mesmo o mundo. Um dos ladrões que fora crucificado com ele disse-lhe: "Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também", no entanto, Jesus não precisou dar nenhuma prova do seu poder para mostrar que era de fato o Cristo de Deus, porque o seu poder fora definido na voz do Jordão.

Um dos perigos que a guerra espiritual trás é o de induzir-nos a usar as mesmas armas de Satanás, as armas do poder. O mundo não está dividido entre duas grandes forças. Por isto, como afirma C. S. Lewis, não há uma guerra espiritual mas sim, uma rebelião interna e o rebelde encontra-se sob controle. O poder que venceu o pecado foi o poder do amor, da encarnação, da entrega, da doação. Esta é a arma da nossa guerra. O que Satanás queria era mostrar que ninguém ama a Deus por nada, que ninguém busca e serve a Deus simplesmente por que Deus é Deus; que a integridade e retidão de Jó nada mais eram do que artifícios para conquistar os favores de Deus.

É importante notar que as armas de Deus não são as mesmas de Satanás. Enquanto Satanás se vale da violência, destruição, sofrimento e dor, mostrando seu arsenal poderoso, Deus se vale da aliança feita pelo seu nome. Esta compreensão dualista da guerra espiritual que tomou conta da igreja evangélica no Brasil e na América Latina tem causado outras conseqüências previsíveis como o surgimento da teologia da prosperidade e a ambição pelo poder político. Ambos são reflexos de uma mesma visão espiritual que coloca os crentes dentro da arena criada Satanás onde ele mesmo é quem distribui as armas. Na luta pelo poder, seja ela qual for, Satanás será sempre o vencedor.

As armas de Deus são outras, seu poder transforma a vida e a alma humana, nos livra das ambições do poder, nos tornam mais submissos e obedientes a ele e sua Palavra, mais comprometidos com o seu reino e sua justiça.
As transformações em Jó

Como já vimos, o drama de Jó reflete uma aposta que Deus e Satanás fizeram em relação às motivações secretas que levam-no a ser íntegro e reto. Deus aposta na resposta do amor, e Satanás na da retribuição como expressão do egoísmo. O sofrimento imposto a Jó é para provar de que lado ele vai ficar. Os amigos entram em cena e logo mostram que sua teologia reforça o argumento de Satanás. Para eles a lógica é simples: Deus abençoa o justo e pune o pecador, portanto, se Jó esta sofrendo, é porque pecou. Sendo assim, ele deveria reconhecer seu pecado, confessá-lo, a fim de receber de volta o que lhe havia sido tirado.

Noutras palavras, Jó deveria buscar a Deus, não por causa de Deus, mas por causa dele mesmo. Ele era a razão da sua fé e o objeto do seu amor. Jó, no princípio embora adepto desta teologia da retribuição, rejeita este argumento e reafirma sua inocência. Na sua luta espiritual, ele tem uma opção em três: reconhecer que seus amigos têm razão e que Deus é justo, o que o levaria a negar sua inocência e a buscar a Deus por causa de si mesmo; reconhecer que seus amigos têm razão e que ele é inocente, o que o levaria a negar a Deus, e reconhecer que Deus é justo e que ele é inocente, o que o levaria a negar a teologia dos amigos.

Jó opta pela última. Esta opção o leva a experimentar uma profunda transformação na sua linguagem que Gustavo Gutiérrez chama de "Linguagem Profética e a Linguagem da contemplação". A linguagem profética nasce da constatação que Jó teve de que há outros inocentes como ele no mundo, que sofrem a opressão daqueles que ambicionam o poder. Ele começa a falar para os pobres e sofredores com a linguagem de quem conhece a dor do inocente. A linguagem da contemplação nasce da revelação de Deus como Senhor livre e soberano, cujos atos e justiça não são determinados pelo homem, mas pela gratuidade do seu amor. Ao reconhecer a grandeza e majestade de Deus, Jó se curva e declara que agora seus olhos o vêem. O propósito da guerra espiritual na experiência de Jó não foi determinada pela sua capacidade de vencer as catástrofes, nem mostrar que o poder de Deus é maior que o de Satanás. O propósito foi o de render seu coração, transformar sua teologia (uma vez que ele pensava como seus amigos) e viver um encontro com Deus que transformou sua linguagem sobre Deus.

A derrota de Satanás não foi medida pelo poder, mas pela rendição ao amor gratuito e incondicional de Deus. Penso que esta foi também a guerra espiritual vivida por Pedro quando o próprio Senhor o chamou e disse: "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo. Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos" (Lc. 22:31, 32). A resposta de Jesus a Satanás que reclamou o desejo de peneirar a Pedro não foi aquela clássica de nossas batalhas espirituais: "tá amarrado". Pelo contrário, Jesus disse apenas que iria orar por ele para que sua fé não desfalecesse. Era necessário que Pedro passasse pela peneira. Sua índole era por demais impulsiva. Suas armas de guerra precisavam ser neutralizadas para que pudesse humildemente confessar seu amor ao Senhor. Tudo o que Jesus queria era uma declaração de amor, e não a arrogância do poder. Pedro foi também transformado pelo poder do amor de Deus e experimentou uma nova linguagem para falar de Deus.

A guerra espiritual e o silêncio de Deus

A luta espiritual vivida por Jó, Jesus e Pedro, tem um elemento comum que é o silêncio de Deus. Parece-me que em todas elas Deus permite aquilo que Jesus afirma acerca de Pedro: deixar que Satanás o peneire. O Silêncio de Deus não é o silêncio da indiferença, mas o da oração e da intercessão. A resposta final deste silêncio é a afirmação de que, apesar do sofrimento imposto por Satanás, nosso coração continua sendo eternamente de Deus. A afirmação do amor que temos pelo Senhor é a resposta final de toda a luta espiritual. Não se trata de uma disputa de poder, de demonstrar quem é mais poderoso e domina o universo; esta tentação Jesus venceu no deserto. Deus não está preocupado em demonstrar seu domínio e soberania porque ele é de fato o Senhor absoluto e soberano e isto nunca foi colocado em disputa; sua glória ele não divide com ninguém, nem mesmo com Satanás.

A razão da guerra espiritual é demonstrar a quem nosso coração pertence. Diante desta finalidade, Deus se faz silencioso na espera de nossa resposta. Em algumas situações bíblicas onde Satanás impõe o sofrimento como instrumento de desmascaramento de nossas motivações mais secretas, vemos que Deus guarda o silêncio esperando nossa resposta. Foi assim com Jó, com Pedro e com o próprio Senhor. Também foi assim com Abraão quando leva seu filho Isaque para o altar do sacrifício. O papel de "acusador dos irmãos" mostra que Satanás desempenha um lugar importante no plano eterno de Deus: o de denunciar nossas máscaras e hipocrisias. É por isto que Jó, em momento algum de sua guerra espiritual, trata com Satanás, mas com Deus. Deus é seu advogado e justificador, é ele quem defende sua causa e é dele que Jó espera receber a absolvição.

Conclusão

A percepção da guerra espiritual como uma disputa pelo poder de domínio e controle do homem, do mundo e da história acabou levando a igreja evangélica a optar pelas mesmas armas de Satanás, e perder o sentido mais profundo e verdadeiro da luta espiritual que é o de nos transformar, transformar nossos conceitos, valores e teologias que tentam enquadrar Deus nos esquemas malignos do poder.

Nosso chamado é para subir ao Calvário, para sofrer todas as implicações do amor e do serviço, e resistir todas as investidas malignas que tentam nos afastar do caminho para Jerusalém. A vitória espiritual é a resposta do amor incondicional e desinteressado a Deus e ao seu reino.

Enquanto permanecermos íntegros nas nossas motivações e desejos; enquanto permanecermos no caminho do discipulado e da cruz; enquanto permanecermos obedientes e submissos ao Senhor e sua Palavra, permaneceremos do lado de quem é e sempre será o vencedor.

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/guerra.htm
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March 15, 2013

É o julgar que nos derrota

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Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês.

"Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando há uma viga no seu?

Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.

Mateus 7:1-5
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March 14, 2013

O amor que constrange

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Fui ver Os Miseráveis e chorei cântaros.

Realmente a força mais revolucionária da vida é o Amor ; )!

Quem é impactado pelo amor, nunca mais será o mesmo.

Porque o amor nos constrange a ser pessoas melhores.
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March 13, 2013

True love ; )!

  1. Se eu tivesse o dom de falar em outras línguas sem tê-las aprendido, se pudesse falar em qualquer idioma que há em toda a terra e no céu e no entanto, não amasse os outros, eu estaria só fazendo barulho.
  2. Se eu tivesse o dom de profetizar, e conhecesse tudo sobre o que vai acontecer no futuro, soubesse tudo sobre todas as coisas, e contudo não amasse os outros, que bem faria isso? Mesmo que eu tivesse o dom da fé, a ponto de poder falar a uma montanha e fazê-la sair do lugar, ainda assim eu não valeria absolutamente nada sem amor.
  3. Se eu desse aos pobres tudo quanto tenho e fosse queimado vivo por pregar o Evangelho, e contudo não amasse os outros, isso não teria valor algum.
  4. O amor é muito paciente e bondoso, nunca é invejoso ou ciumento, nunca é presunçoso nem orgulhoso,
  5. nunca é arrogante, nem egoísta, nem tampouco rude. O amor não exige que se faça o que ele quer. Não é irritadiço, nem melindroso. Não guarda o rancor e dificilmente notará o mal que outros lhe fazem.
  6. Nunca está satisfeito com a injustiça, mas se alegra, quando a verdade triunfa.
  7. Se você amar alguém, será leal para com ele, custe o que custar. Sempre acreditará nele, sempre esperará o melhor dele, e sempre se manterá em sua defesa.
  8. Todos os dons e poderes especiais que vêm de Deus terminarão um dia, porém o amor continuará para sempre. Algum dia a profecia, o falar em línguas desconhecidas e a sabedoria especial - os dons desaparecerão.
  9. Porquanto agora sabemos mito pouco, mesmo com nossos dons especiais; e a pregação dos mais dotados é ainda muito imperfeita.
  10. Entretanto, quando tivemos sido feitos completos e aperfeiçoados, então cessará a necessidade desses dons especiais e insuficientes, e eles desaparecerão.
  11. É como neste caso: quando eu era criança, falava, pensava e raciocinava como criança. Mas quando me tornei homem, meus pensamentos se desenvolveram muito além dos pensamentos da minha infância, e agora eu deixei as coisas de criança.
  12. De igual modo, agora só podemos ver e compreender um pouquinho a respeito de Deus, como se estivéssemos observando seu reflexo num espelho muito ruim; mas o dia chegará quando O veremos integralmente, face a face. Tudo quanto sei agora é obscuro e confuso, mas depois verei tudo com clareza, tão claramente como Deus está vendo agora mesmo o interior do meu coração.
  13. Há três coisas que perduram - a fé, a esperança e o amor - e a maior destas é o amor.

PS- Para ter um vislumbre do que é amor, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=fwp9jl3aRfo
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March 10, 2013

A fé na pós-modernidade

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Nos dias de hoje, a fé só terá sentido se for compreendida como o meio de nos tornar agradáveis a Deus

- pr. Ricardo Barbosa

Estava conversando com um amigo, com quem freqüentemente discuto sobre a vida, teologia, Igreja, e ele comentou sobre a necessidade que temos hoje de reconsiderar alguns princípios e valores bíblicos à luz da realidade pós-moderna em que vivemos.

As verdades continuam as mesmas, mas a realidade mudou e torna-se necessário perguntar mais uma vez sobre a forma como estas mesmas verdades e princípios serão relevantes para nossa cultura. Ele apresentou algumas de suas preocupações. O que significa, por exemplo, para um cristão inserido num mercado altamente competitivo, tecnológico e consumista, ser pobre de espírito ou manso? Ou, como é que um cristão, trabalhando como executivo ou empresário, pode incorporar em sua experiência espiritual o conceito bíblico da simplicidade e da confiança?

Alguns preceitos bíblicos precisam ser repensados à luz da nova realidade inclusive, aqueles que considero básicos para a experiência cristã. Qual o significado da fé para um cristão pós-moderno? O que ela significa para alguém que vive cercado de recursos tecnológicos e científicos, que tem uma boa renda e um padrão de vida saudável?

Num passado não muito distante, o exercício da fé acontecia em virtude das limitações que tornavam a vida insegura e frágil. Os pais, por não saberem onde os filhos se encontravam, aflitos, oravam para que Deus os guardasse do perigo e do mal. Hoje, ao invés de orar, tomam o celular, ligam e, imediatamente, são tranqüilizados. Diante de um problema de saúde, nossos avós oravam e exercitavam a fé na esperança da intervenção divina. Atualmente, antes da oração, os cristãos pós-modernos buscam o melhor especialista no seu plano de saúde e depositam na ciência e na competência do profissional o cuidado e a cura do enfermo.

As situações de risco e limite vão se tornando cada vez menores, requerendo de nós uma nova abordagem sobre a compreensão da fé. Para muitos cristãos, fé é aquilo que nos faz crer no impossível, que nos ajuda a enfrentar o improvável ou que nos faz acreditar no sobrenatural. Pensando assim, a fé é aquilo que acionamos em situações onde se requer uma ação divina sobrenatural; é aquilo a que recorremos quando se esgotam nossos recursos. Parcialmente, isso é verdade. O problema é que, para muitos cristãos pós-modernos, os recursos tecnológicos e científicos trazem possibilidades inimagináveis logo, muitos vivem toda sua existência sem a necessidade de acionar a fé para atender a uma situação que efetivamente foge ao controle.

No entanto, quando o autor de Hebreus nos fala que sem fé é impossível agradar a Deus, ele não se refere à fé como o recurso que usamos nas situações críticas da vida. Ele não diz que sem fé é impossível realizar milagres, mas que sem fé é impossível agradar a Deus. Para ele, é a fé que nos torna agradáveis ao Senhor. Neste sentido, a fé envolve a totalidade da vida, e não apenas aquelas situações limites onde nossos recursos não têm soluções.

Sabemos que a única pessoa que agradou plenamente a Deus foi seu Filho Jesus Cristo por causa de sua vida de absoluta entrega e obediência e da oferta perfeita que apresentou ao Pai, entregando-se para cumprir seu propósito redentor. Diante disso, não fica difícil entender que a fé, num sentido mais amplo e bíblico, tem a ver com a forma como vivemos e respondemos aos propósitos de Deus e nos tornamos agradáveis a ele.

Quando as Escrituras falam da fé, referem-se a um conjunto de realidades espirituais que se interagem na experiência cristã. O conceito bíblico de fé sempre envolve convicções, confiança, obediência, coragem e perseverança. É por meio da fé que verdades são compreendidas e cridas. Podemos então considerar que a fé em ação é a a obediência e a perseverança naquilo que cremos e que nos é revelado por Deus. É neste contexto que podemos compreender melhor o valor e significado da fé para o crente de hoje. Se, por um lado, vivemos numa sociedade que cada vez mais dispensa a fé, por outro, reconhecemos que nunca ela foi tão requerida para o viver perseverante e obediente como percebemos hoje.

Se reconhecemos o valor da fé em termos apenas funcionais, caminharemos rapidamente para a falência do cristianismo afinal, temos os recursos tecnológicos e científicos que atendem com eficiência grande parte das demandas e necessidades pessoais e comunitárias. Acabaremos nos tornando ateus funcionais. Contudo, se reconhecemos o valor da fé em termos relacionais, iremos considerá-la como uma virtude que, junto com o amor e a esperança, caminharão conosco até o fim numa longa jornada em direção a Cristo. A fé é o fundamento da perseverança e da confiança. É por meio dela que iremos prosseguir naquilo para o qual fomos chamados.

O testemunho bíblico da fé é a perseverança na nossa caminhada. Amar apenas as pessoas que nos amam é natural, mas amar aquelas que não merecem nosso amor requer fé e perseverança, confiança e obediência. Experimentar a alegria e a paz em situações de tranqüilidade e conforto também é natural contudo, permanecer alegres e cheios de paz por causa da salvação em Cristo e da certeza de sua presença redentora, mesmo quando caminhamos pelo vale de sombra e morte e quando tudo conspira contra a alegria e paz, é um ato de fé e perseverança. Prosseguir buscando o Reino de Deus em primeiro lugar e nos consagrando a Jesus e ao seu chamado, dedicando o melhor que somos e temos a ele na promoção da redenção, justiça e liberdade, é a fé em ação.

Num mundo globalizado e tecnológico, a fé só terá sentido se for compreendida como o meio de nos tornar agradáveis a Deus. Agradá-lo é trilhar o mesmo caminho de perseverança, auto-entrega, serviço, sofrimento e obediência que seu eterno Filho trilhou. É preciso reconhecer que fé e perseverança são faces diferentes de uma mesma moeda. Se por um lado é pela fé que conhecemos e experimentamos a graça de Deus, por outro, se não perseverarmos até o fim, não seremos salvos. Uma fé não perseverante é apenas uma ferramenta funcional de nenhum valor. Já a fé que persevera é um recurso relacional poderoso.

Viver pela fé ou andar pela fé é prosseguir no caminho da obediência e da coragem evangélica em direção à conformidade com a imagem de Jesus Cristo.

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/fe_posmodernidade_ricardo.htm

PS- Para ter um vislumbre do que é fé, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=WGyJ_SWp66k
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March 09, 2013

O desafio: crescer

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Amadurecer implica caminhar perseverantemente em direção a Cristo, de tal forma que sua vida gloriosa seja vivida por nós pelo poder do Espírito Santo

- pr. Ricardo Barbosa

O caminho e a forma da maturidade cristã nunca foi muito claro, pelo menos para mim. Durante muito tempo, ser um cristão maduro significava ser uma pessoa moralmente correta e de valores elevados e nobres. Esta forma estóica de compreender a vida cristã teve grande influência nos anos 60 e 70, quando a espiritualidade era associada a um modelo de moral cristã. Naquele tempo, ser um crente maduro significava ser uma pessoa casta, honesta, íntegra, comprometida, responsável com as próprias obrigações e com certo grau de heroísmo em suas ações e renúncias. Reconheço que são valores bons e altruístas e que representam, de alguma forma, o testemunho de um cristão; mas não me parece que ser um cristão maduro seja apenas isso.

Uma outra forma de identificar um crente maduro tem sido pela sua capacidade de articular bem a teologia e a doutrina cristã, principalmente se for de uma corrente mais conservadora. O zelo pela Palavra de Deus, a firmeza das convicções, a segurança na proclamação e defesa da fé evangélica e a lealdade para com confissões históricas sempre foi considerado um sinal de maturidade. E a maturidade cristã passa, de alguma forma, por este caminho; mas não acredito que ela se restrinja somente a isso, nem mesmo numa combinação com o anterior.

Alguns afirmam que a verdadeira maturidade cristã acontece quando tudo se transforma em experiências concretas e pessoais por meio do poder do Espírito Santo, a moral deixa de ser um simples moralismo para se transformar numa manifestação viva do poder de Deus. Assim, pecadores são transformados em santos e o conhecimento, zelo e defesa da verdade evangélica deixam de ser realidades intelectuais e se transformam em testemunho vivo e poderoso da graça de Deus. Concordo. Mas ainda penso que a questão vai um pouco além.

Uma outra forma de considerar a maturidade cristã é vinculando-a com um tipo de 'bem estar' emocional. A influência da psicologia moderna na experiência cristã é um fator importante nessa nova compreensão do processo de amadurecimento cristão. Ser uma pessoa emocionalmente bem resolvida, realizada, que não carrega sentimentos de culpa, que goza de relacionamentos mais profundos e superou as limitações dos modelos moralistas das estruturas religiosas opressoras, é sinônimo de maturidade. De certa forma há uma contribuição positiva nisso tudo, mas que apenas tange o propósito divino.

Em sua carta aos filipenses, Paulo nos apresenta um caminho para a maturidade espiritual e cristã. Do ponto de vista moral e legal, Paulo poderia ser considerado uma pessoa madura, pois cumpria os requisitos da lei e andava de acordo com os padrões morais da sua cultura e religião. Era também zeloso, responsável e coerente para com suas convicções e seus compromissos religiosos. Ele mesmo se afirmava "circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo, perseguidor da Igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível".

O que chama a atenção é que, para Paulo, tudo aquilo que temos considerado fundamental para o caminho da santidade e do amadurecimento era considerado como 'esterco' diante do que é superior e sublime. Para o apóstolo, o que poderia representar, mesmo que de longe, alguma forma de esforço pessoal que pudesse trazer um certo orgulho moral ou espiritual, era considerado como 'perda' por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus. Logo, o caminho da santidade e da maturidade não é o caminho do esforço moral, do legalismo ou mesmo de um zelo que nos proporciona status elevado, colocando-nos numa posição superior, inflando egos frustrados e promovendo uma forma espiritualidade auto-indulgente e auto-suficiente.

Neste caminho, Paulo reconhecia duas realidades. Primeiro, precisava deixar para trás tudo aquilo que o impedia de avançar. O autor de Hebreus também nos fala sobre isso quando diz: "Desembaraçando-nos de todo o peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta" (capítulo 12:1). O passado cria embaraços, laços e amarras que nos impedem de caminhar. Muitos cristãos vivem como se arrastassem bolas de chumbo amarradas aos pés. São memórias de abusos, rejeições, abandonos, decisões malfeitas, escolhas erradas, frustrações, desilusões, mágoas e tantos outros pesos e pecados que permanecem conosco como fantasmas. Paulo não propõe que estas memórias e experiências sejam negadas ou varridas para debaixo do tapete. Ele sugere que sejam deixadas para trás. Ou seja, elas não podem determinar o presente ou o futuro precisam ser enfrentadas e tratadas pela cruz de Cristo.

A segunda realidade que Paulo reconhece é a necessidade de prosseguir no caminho tendo diante dos olhos "o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" ou simplesmente "o autor e consumador da fé" Jesus. O crescimento e amadurecimento espiritual não é fruto de algum ajuste psicológico ou sociológico, de uma boa formação teológica ou domínio das doutrinas bíblicas; muito menos um volume de experiências místicas na bagagem espiritual. Amadurecer implica caminhar perseverantemente em direção a Cristo, de tal forma que sua vida gloriosa seja vivida por nós pelo poder do Espírito Santo.

Quando Paulo afirma "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim", ele não está afirmando uma espécie de fusão de vidas ou alguma forma de anulação de sua personalidade. O que ele declara aqui é que, pelo poder do Espírito Santo, a comunhão com o Senhor é possível no sentido de que ele torna nosso tudo aquilo que é dele em sua humanidade encarnada. É por isso que Paulo nos diz que, em seu caminho em direção a santidade e ao amadurecimento cristão, ele busca conformar-se com Cristo em sua vida, sofrimento, missão e ressurreição.

Não resta dúvida que os valores morais, o conhecimento teológico ou a estabilidade emocional sejam marcos importantes no testemunho cristão, mas não devemos confundir isto com a sublimidade do conhecimento de Cristo.

Fonte: http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/maturidade_cristo_ricardo.htm

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=hkCiqaHhgMg
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March 08, 2013

De volta para o futuro

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"Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraca, e um futuro cheio de esperança. Sou eu, o Senhor, quem está falando. Então vocês vão me chamar e orar a mim, e eu responderei. Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurar com todo o coração".
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Jeremias 29:11-13

Quando a gente passa por um perrengue, fica difícil olhar para o futuro.

Mas o convite que Deus faz - a você e a mim - é exatamente este: caminhar em direção a ele, com o coração cheio de expectativa.

A minha oração é para que Ele restaure a sua visão, fortaleça suas mãos e encha seu coração de convicção e alegria ; )!

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=1uEvXoG3zA8
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March 07, 2013

Impossible is nothing

  1. Depois disto me fez voltar à porta da casa, e eis que saíam águas por debaixo do umbral da casa para o oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas desciam de debaixo, desde o lado direito da casa, ao sul do altar.
  2. E ele me fez sair pelo caminho da porta do norte, e me fez dar uma volta pelo caminho de fora, até à porta exterior, pelo caminho que dá para o oriente e eis que corriam as águas do lado direito. 
  3. E saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; e mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.
  4. E mediu mais mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; e outra vez mediu mil, e me fez passar pelas águas que me davam pelos lombos.
  5. E mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.
  6. E disse-me: Viste isto, filho do homem? Então levou-me, e me fez voltar para a margem do rio.
  7. E, tendo eu voltado, eis que à margem do rio havia uma grande abundância de árvores, de um e de outro lado.
  8. Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis.
  9. E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=MMZIvEsfgcY
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March 06, 2013

Há esperança para você ; )!

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Ezequiel 37
  1. A mão do Senhor estava sobre mim, e por seu Espírito ele me levou a um vale cheio de ossos.
  2. Ele me levou de um lado para outro, e pude ver que era enorme o número de ossos no vale, e que os ossos estavam muito secos.
  3. Ele me perguntou: "Filho do homem, esses ossos poderão tornar a viver? " Eu respondi: "Ó Soberano Senhor, só tu o sabes".
  4. Então ele me disse: "Profetize a esses ossos e diga-lhes: ‘Ossos secos, ouçam a palavra do Senhor!
  5. Assim diz o Soberano Senhor a estes ossos: Farei um espírito entrar em vocês, e vocês terão vida.
  6. Porei tendões em vocês e farei aparecer carne sobre vocês e os cobrirei com pele; porei um espírito em vocês, e vocês terão vida. Então vocês saberão que eu sou o Senhor’ ".
  7. E eu profetizei conforme a ordem recebida. E, enquanto profetizava, houve um barulho, um som de chocalho, e os ossos se juntaram, osso com osso.
  8. Olhei, e os ossos foram cobertos de tendões e de carne, e depois de pele, mas não havia espírito neles.
  9. A seguir ele me disse: "Profetize ao espírito; profetize, filho do homem, e diga-lhe: ‘Assim diz o Soberano Senhor: Venha desde os quatro ventos, ó espírito, e sopre dentro desses mortos, para que vivam’".
  10. Profetizei conforme a ordem recebida, e o espírito entrou neles; eles receberam vida e se puseram de pé. Era um exército enorme!
  11. Então ele me disse: "Filho do homem, esses ossos são toda a nação de Israel. Eles dizem: ‘Nossos ossos se secaram e nossa esperança se foi; fomos exterminados’.
  12. Por isso profetize e diga-lhes: ‘Assim diz o Soberano Senhor: Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos e fazê-los sair; trarei vocês de volta à terra de Israel.
  13. E, quando eu abrir os seus túmulos e os fizer sair, vocês, meu povo, saberão que eu sou o Senhor.
  14. Porei o meu Espírito em vocês, e vocês viverão, e eu os estabelecerei em sua própria terra. Então vocês saberão que eu, o Senhor, falei, e o fiz seus companheiros, palavra do Senhor’ ".
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Chérie,

Se vc estiver como este vale de ossos secos, sem vida, lembre-se de que Cristo veio ao mundo para que você tivesse vida: emocional, afetiva, familiar e espiritual em abundância.

Agora se vc estiver como Ezequiel, recebendo uma ordem para agir numa situação sem solução, o desafio é obedecer e acreditar nAquele que é poderoso para fazer infinitamente mais daquilo que vc pede ou imagina, sabendo que coisas incríveis irão acontecer.

Bjs,

KT

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=lQfzZWHCPGc
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March 05, 2013

Nunca te deixarei, nem abandonarei


O amor de Deus nos alcança onde sequer poderíamos imaginar ; )!

Mesmo quando nossas mãos estão cansadas para segurar as dEle, é Sua fidelidade que nos sustenta.

Fidelidade não tem a ver com o que gente é, faz, combinou ou merece. Tem a ver com o caráter daquele que empenha a palavra.

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=LPXYaclICkY
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March 04, 2013

Você não está só

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Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.

Você não está só.

Eu estou aqui ; )!

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=XdzHUiDTocs
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March 03, 2013

O sorriso escondido de Deus

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Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro". Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Romanos 8:34-39

Nada pode separar você do amor de Deus.

Mesmo que você não enxergue, Ele está presente.

A minha oração é para que os olhos do seu coração sejam abertos para poder ver o sorriso escondido dEle ; )!

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=U0Zc_VWJJoI
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March 02, 2013

Como um bebê

Salmo 131
  1. Senhor, o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim.
  2. De fato, acalmei e tranqüilizei a minha alma. Sou como uma criança recém-amamentada por sua mãe; a minha alma é como essa criança.
  3. Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, desde agora e para sempre!
PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: http://www.youtube.com/watch?v=O6Fw8DgvTQA
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March 01, 2013

O que é mais importante?

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Brincar de decidir

A brincadeira já havia começado quando chegamos. Meu anjo condutor sugeriu que eu percebesse qual era a diferença entre os grupos. Havia dois, um que saía da casa formando pares, de mãos dadas e satisfação serena. O outro, apenas um grupo de pessoas sem conexão.

O primeiro detalhe me saltou aos olhos antes mesmo de entrarmos: o segundo grupo saía com mãos cheias de brinquedos, muitos, mal cabiam nas mãos e eram abraçados até com o pescoço. O primeiro grupo saía sem nada, apenas de mãos dadas.

Então entramos e era como se fosse por fora uma casa e por dentro um pátio arredondado, com cômodos de portas abertas viradas simetricamente para o centro. Era de cada uma dessas portas que as pessoas entravam e saíam, ou carregadas de brinquedos, ou brincando umas com as outras. E essa foi a segunda diferença que notei: uns carregavam brinquedos e os que brincavam um com o outro.

Intrigou-me o fato de parecer não poder haver conciliação. Por que não podiam sair de mãos dadas e com os brinquedos? Ele percebeu-me e disse:

- Não é possível. Não dá para ter os dois, ou leva os brinquedos ou leva alguém com quem brincar.
- Podemos entrar agora? – perguntei consciente de que era minha hora de escolher uma sala e entrar.
- Sim.

As salas eram todas iguais, não havia nenhuma diferença, isso dificultava minha escolha. Desejei que alguém escolhesse por mim, que houvesse algum sinal, passei por cada sala e descobri que não dava para ver nada, porque havia um clarão intenso que ofuscava a visão de fora. Notei que havia a mesma quantidade dos dois grupos de pessoas saindo de todas as salas, não havia uma sala que determinasse um padrão de resultados. Não havia quem pudesse me dar um sinal, não havia quem escolhesse por mim, eu precisaria tomar uma decisão.

Fui tomado da angústia da escolha, que é entrar por uma porta e fechar todas as outras, de uma vez. Apavorei-me. Decidir é viver uma só vez e morrer para todas as outras possibilidades, é tomar pra si o “então será” e abandonar o “se tivesse sido”. Notei que havia algumas pessoas confusas, como eu, que andavam e se cansavam até sentar, quase desanimadas, no centro do pátio, elas simplesmente não conseguiam vencer a síndrome da indecisão e por conta disso demoravam a experimentar. Sabe-se lá se iriam um dia conseguir. Enfim, depois de me distrair com o risco que corria, decidi decidir. E fui em frente.

Entrei numa sala, não tão aleatoriamente, fiz contas a partir da entrada principal buscando um número elegante que me fizesse acreditar em algo mágico, contei passos, me agarrei a toda forma de crendice que carregava comigo desde a infância, tentei me assegurar de que estava fazendo a escolha certa, mas não havia a certa, havia só a escolha.

Ao entrar percebi que a luz que ofuscava a entrada, iluminava o interior. Logo vi pessoas como eu, seduzidas pelos brinquedos, cada uma por um tipo. Os meus estavam lá, eram os mesmo da minha infância, alguns com os quais cansei de brincar e outros os quais cansei de desejar.

Quando peguei meus preferidos, vi que não conseguia brincar com eles, pois grudavam nas mãos. Depois da euforia do recolhimento, veio a frustração da ganância. Enchi minhas mãos com aquilo que não podia brincar. Era o fim. Deveria ter me contido, à luz do que já sabia que acontecia aos que saíam da sala com as mãos cheias. Não resisti à tentação de brincar até estafar, com toda sorte de brinquedos que sempre quis pra mim, sozinho, sem precisar devolver.

Então alguém surgiu no meio do cômodo e pediu a atenção de todos dizendo:

- Foi lhes dada a oportunidade de decidir entre o acúmulo dos brinquedos ou a arte de saber brincar. Diante de vocês, uma mesma porta de saída e duas opções.

Recebi alívio por perceber que não era o fim, que poderia escolher ainda, que haveria mais uma chance.

- A questão é se vão conseguir abrir mão dos brinquedos que individualmente acumularam nessa experiência, para poderem aprender a brincar de verdade. A brincadeira dispensa o brinquedo, ela é construída na mente de vocês, o que a brincadeira não dispensa é um companheiro. Brincar sozinho é divertido, mas brincar junto é melhor. Quem brinca sozinho precisa de cada vez mais brinquedos para se sentir realizado e isso os torna gananciosos, insatisfeitos e volúveis. Quem escolhe primeiro os brinquedos, restringe a variedade de amigos.

De modo mágico e por um instante, os brinquedos de todos caíram no chão e pela primeira vez eu notei que todos, sem exceção, tinham recolhido o quanto podiam.

Ficou claro que era mais um momento de decisão. Ainda assim, a certeza imediata de poder sair com brinquedos mexeu comigo. Pensei que se saísse sem eles e ainda que saísse de mãos dadas, nada me garantia que continuaríamos de mãos dadas por bastante tempo. Aliás, lembrei-me que minha visão havia começado na entrada da casa, de onde só conseguia observar as pessoas saindo felizes, mas não sabia por quanto tempo isso duraria. Lembrei-me de que a vida é dura e que eu mesmo já havia perdido companheiros de brincadeira pelo caminho. Temi que acontecesse novamente e fiz o movimento para pegar meus próprios brinquedos e me garantir. É melhor um brinquedo na mão do que um amigo que sabe voar e pode me deixar sozinho, de novo. A certeza é confortante, prefiro brinquedos que não me deixem que brincadeiras que durem pouco.

Quando estava quase convencido, baseado em meus medos e traumas, levantei meus olhos e vi uma amiga. Olhamo-nos e parece que era o que faltava. A decisão mudou. Num instante eu senti novamente a alegria de imaginar muitas brincadeiras com uma pessoa sem precisar sequer dos brinquedos. Nós seríamos a brincadeira.

E assim, a vida oferecia oportunidade a todos. Entravam pela casa e podiam escolher depois, entrar ou não no cômodo da experiência de aprender a brincar. Entravam no cômodo e podiam sair cheios de brinquedos-de-si-mesmos ou livres para brincar-de-ser-o-outro, que é a melhor brincadeira da vida, pois faz a gente ver o mundo como se fosse a outra pessoa, é brincar de ser o outro, sendo a gente mesmo.

É saber que quem tem com quem brincar, faz de tudo o que é saudável, brinquedo e brincadeira.

©2013 Alexandre Robles

Fonte: http://www.alexandrerobles.com.br/brincar-de-decidir/
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