February 28, 2015

A sua vida tem feito diferença?

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- Jeverton Magrão Ledo

O mundo já não é mais o mesmo. São várias as transformações pelas quais temos passado: o avanço das ciências, o desenvolvimento tecnológico, as mudanças de âmbito econômico e também cultural.

Precisamos enxergar como essas mudanças influenciam nosso modo de pensar e nosso relacionamento com os outros.

Somos mais de 6 bilhões de pessoas no planeta e, no meio desse mar de gente, muitos acreditam estar fazendo diferença nesse mundo caótico.

Em nossa caminhada precisamos, a todo tempo, fazer exercícios de análise pessoal para que possamos perceber se as outras pessoas enxergam em nossas vidas algo que desperte nelas o desejo de vivenciar o nosso viver como homens e mulheres comprometidos com Deus.

Ao fazer essa reflexão sempre me vem à memória a vida de um homem de nome simples e comum, mas que causou uma revolução, deixando lições que o tempo foi incapaz de apagar.

Ele não foi apenas mais um. Pelo contrário, João Batista, para muitos esquisito ou louco, em sua caminhada nos mostra o que ele tinha que fazia tanta diferença.

A vida desse homem se resume a uma palavra que em nossos dias está um pouco fora de moda: santidade. Tudo em João girava em torno de seu propósito, e ele nos lembra essa verdade: “Há encanto na santidade”.

Nós não precisamos ser como o mundo para causar impacto a ele. Não precisamos ser como a multidão para mudá-la.

Também não precisamos ser excêntricos, nem usar pelos de camelo ou comer insetos.

Santidade não é ser estranho, mas procurar ser igual a Deus. No livro Simplesmente como Jesus, o escritor americano Max Lucado deixa claro que esse é o desejo de Deus — que sejamos simplesmente como Jesus.

Não deixe que o mundo o paralise; envolva-se e pergunte-se “Eu quero fazer diferença no mundo?”.

Prepare-se para a resposta.

Viva uma vida que agrade a Deus.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/312/minha-vida-tem-feito-diferenca

February 27, 2015

Chamados à sensibilidade


- Jeverton Magrão Ledo

Diante de um mundo onde a maior parte do tempo estamos em total e completo desinteresse pelo próximo e mergulhados em nós mesmos, muitos são levados a pensar em por que se preocupar com as pessoas, com suas necessidades e mazelas. A sociedade nos impulsiona cada vez mais a corrermos atrás de nossos interesses sem dar a mínima para o fato de milhares de pessoas não terem nenhum tipo de condição para uma vida digna.

Hoje temos um olhar míope quanto ao que realmente tem valor. O foco de Cristo sempre esteve nas pessoas. Creio que precisamos ajustar nossa visão. Confesso que sou meio avesso a política partidária, mas não indiferente às necessidades humanas.

À medida que a sociedade se moderniza, cada um de nós precisa de um esforço ainda maior para permanecer fiel as nossas convicções. Cabe aqui uma pergunta: como cristão, quais são suas convicções?

A sensibilidade, a compaixão, o mover-se em direção ao outro é um exercício diário.

Tenho certeza que muitos correm o risco de não desenvolverem a sensibilidade pelo simples fato de acharem que isso pode ser uma fraqueza. O ato de se compadecer do outro, de estender a mão, abrir mão de si mesmo e de seus interesses é nada mais nada menos do que colocar em prática o maior de todos os mandamentos - amar o próximo como a si mesmo. Ficar alheio ou viver como se nossas cidades fossem apenas cartões postais não mostra um cristianismo que deve ter como principal bandeira o ser humano.

Milhares de pessoas estão por aí precisando que suas vidas sejam transformadas. Essas, em sua maioria, vivem à margem de uma sociedade separatista. Um dos caminhos que leva a mudança, somente alcançada quando assumimos nosso papel como agentes de transformação, é o engajamento em organizações e movimentos que buscam a inclusão. Então, mobilize-se, seja um integrante nessa luta.

As pessoas devem estar acima de qualquer outro interesse. Devem sempre ser o alvo de nosso amor. Ao caminhar, preste um pouco mais de atenção ao seu redor. Ao fazer isso, verá que sempre existirá alguém precisando de você.

O reino é vida; evangelho é relacionamento. Eu, você, o mundo, somos o foco do amor de Deus.

Se sua vida faz sentido, dê também sentido a vida daqueles que estão sem rumo.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/321/chamados-a-sensibilidade

February 26, 2015

Somos todos inconstantes, mas Deus nunca desiste de nós

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O vento é um mistério. 
 
Jesus disse a Nicodemos que “o vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai” (Jo 3.8). 
 
Pode ser o vento que quase fez naufragar o navio que pretendia levar Jonas para Társis (Jn 1.4); ou o que passa e limpa o céu, deixando o sol brilhar de novo (Jó 37.21). 
 
Precisamos aprender a lidar com o vento - o vento contrário e o vento favorável. A ventania testa a profundidade de nossa salvação e de nossa fé. 
 
Quando o vento sopra com força, a casa construída sobre a areia desaba e a casa construída sobre a rocha permanece (Mt 7.24-27).
 
Meias-voltas para trás e para frente
 
Na experiência de cada cristão há situações confortáveis (quando o vento contrário não sopra) e situações desconfortáveis (quando o vento contrário sopra). Tem sido assim no tempo (em qualquer época) e no espaço (em qualquer lugar). Longos ou breves períodos de plenitude espiritual são intercalados por longos ou breves períodos de esvaziamento espiritual; longos ou breves períodos de euforia são intercalados por longos ou breves períodos de desalento. 
 
O Eclesiastes trata deste fenômeno: há tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de ficar triste e tempo de se alegrar, tempo de chorar e tempo de dançar, tempo de rasgar e tempo de remendar, tempo de guerra e tempo de paz (Ec 3.1-8). 
 
Não há uma linha reta e contínua entre o nascimento e a morte. Antes, nessa caminhada há curvas para a direita e para a esquerda, depois das quais volta-se à linha reta e contínua. Além das curvas, há meias-voltas escandalosas para trás e meias-voltas gloriosas para frente. Porém, o verdadeiro cristão não é encostado, mas alcança o alvo, chega ao final da reta. Nunca sem problemas.
 
Da situação desconfortável para a situação confortável ou o contrário
 
Nem sempre há explicações para a mudança progressiva ou abrupta da situação confortável para a desconfortável e vice-versa. Pode ser uma simples provação. Pode ser a consequência natural de um lapso, de uma imprudência, de uma leviandade, de um descuido moral. Pode ser uma saída da presença de Deus e um período de relaxamento devocional (não ouvimos a voz de Deus porque não estamos lendo as Escrituras, nem Deus ouve a nossa voz porque não estamos orando). Pode ser uma briga com Deus, uma crise de fé, uma investida de soberba. Pode ser por causa de um escândalo provocado pelo guia espiritual ou por qualquer um de nós. Pode ser por outras razões conhecidas de imediato ou só mais tarde identificadas.
 
Entretanto, é muito menos complexo explicar a mudança progressiva ou súbita da situação desconfortável para a confortável. É assim por causa de muitos exemplos que a Bíblia cita: a experiência de Davi depois da visita de Natã, a experiência de Asafe depois de ter entrado no templo, a experiência do “filho pródigo” depois de ter caído em si, a experiência da mulher pecadora depois de ter sido perdoada, a experiência de Pedro depois de ter chorado amargamente, a experiência do irmão de Corinto acusado de abuso sexual, depois de ter sido disciplinado, a experiência de qualquer cristão depois de buscar o Senhor até achar. 
 
Todavia, em última análise, é a graça soberana de Deus que muda surpreendentemente o rumo da vida daquele que está em crise, arrancando-o dela.
 
Às vezes pulamos de alegria, outras vezes encostamos o rosto no chão
 
Formamos uma irmandade de peregrinos subindo as montanhas que levam à Jerusalém celestial. Às vezes cantamos, às vezes choramos; às vezes pulamos de alegria, às vezes encostamos o rosto no chão.
 
Por sermos tão humanos quanto Elias, temos momentos de estranha confusão, momentos dolorosos de depressão, momentos perigosos de dúvida, momentos terríveis de desânimo, momentos desagradáveis de incerteza e até momentos assustadores de revolta (contra todos e contra tudo).
 
Somos inteiramente humanos não somente como os personagens bíblicos, como Elias, Jeremias, Baruque e Asafe, mas também como os personagens da história do cristianismo e como os cristãos de hoje. 
 
Na caminhada deles havia tantos obstáculos como na nossa. Agostinho, por exemplo, dizia que o homem perverso do qual queremos ficar livres somos nós mesmos. Lutero confessa que é fácil dizer “seja casto”, mas que a castidade não é tão fácil quanto colocar e descalçar os sapatos. Pascal exclamava: “Como o coração do homem é cheio de baixeza!”.
 
Além destes, é interessante o exemplo do conhecido administrador de empresas e consultor Stephen Kanitz. Este anglicano de 66 anos, casado em 1975, costuma dizer que se casou três vezes com a mesma mulher, pois em três diferentes ocasiões, como muitos brasileiros, também pensou em “pegar as malas”.
 
Talvez nunca tenhamos percebido, mas os autores de livros devocionais tomam o cuidado de usar a primeira pessoa do plural em seus escritos. Eugene Peterson, por exemplo, não afirma: ““Você” precisa de um longo aprendizado em oração”, mas: “Precisamos de um longo aprendizado de oração”. H. E. Alexander não alerta: “Se você não cuidar, a fé pode simplesmente virar uma rotina que adormece a consciência e fecha o coração”, mas: “Se não “cuidarmos”, a fé pode facilmente virar uma rotina”. Assim, estes autores demonstram que são tão vulneráveis como todas as demais pessoas.
 
O vento que vai descobrir o sol
 
Talvez a última informação de que “nós” precisamos é que até o momento da parusia (a plenitude da salvação) não há divórcio entre o vento desfavorável e o favorável, entre o humano e o divino, entre as obras da carne e as do Espírito, entre a “velha criatura” e a “nova criatura”, entre o mal-estar e o bem-estar, entre o medo e a coragem, entre a empolgação e o retraimento, entre a injustiça e a justiça, entre o desespero e a paz de espírito.
 
Não temos prestado muita atenção no verso que afirma que “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1Co 2.9). A plenitude da salvação coincide com a plenitude da glória, do reino, da justiça e da história. 
 
O poeta e clérigo inglês John Donne (1573–1631) faz um instrutivo jogo com os advérbios “aqui” e “ali”: ““Aqui” [neste mundo e neste tempo] tenho algumas faculdades aguçadas e outras deixadas nas trevas; minha compreensão às vezes é clareada, ao mesmo tempo em que minha vontade é pervertida. “Ali” serei apenas luz, sem sombras sobre mim: minha alma envolta na luz da alegria e meu corpo, na luz da glória”.
 
Eliú, amigo mais novo de Jó e o que falou por último, declara, para “nossa” alegria, algo fantástico: “Não é possível ver o sol quando está escondido pela nuvem; mas ele brilha de novo, depois que o vento [escatológico] passa e limpa o céu!” (Jó 37.21).
 
Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/339/somos-todos-inconstantes-mas-deus-nao-desiste-de-nos

February 25, 2015

A proximidade entre a compulsão e a pecaminosidade latente

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São duas forças que agem de dentro para fora: a compulsão e a pecaminosidade latente. Às vezes, elas andam de mãos dadas. A diferença entre uma e outra é muito pequena. Os psicólogos tratam mais do primeiro problema, e os pastores, do segundo.

Para a psicóloga clínica Esly Carvalho, de Brasília, compulsão “é uma situação traumática que se manifesta por meio de um comportamento prejudicial à saúde”.

E a pecaminosidade latente? O que é?

É um problema interno, constante, confuso e prejudicial tanto quanto a compulsão. O ser humano se queixa mais dela do que da compulsão.

O lamento mais conhecido é o de Paulo. Em sua carta aos Romanos (capítulo 8), o apóstolo “rasga o verbo”:

Sou um ser “humano e fraco”, pois “fui vendido como escravo ao pecado” (v. 14).

Sou uma pessoa “contraditória”, pois “não faço o de que desejo, mas o que odeio” (v. 15).

Sou um “inveterado pecador”, pois “o pecado habita em mim” (v. 7).

Sou uma “pessoa difícil”, pois “o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer” (v. 19).

Sou uma “pessoa dividida”, pois “no íntimo de meu ser tenho prazer na lei de Deus, mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua nos meus membros” (v. 22-23).

Entre os outros muitos queixosos citados no livro Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero? (Editora Ultimato, 2011), destacamos estes três:

Sêneca: “Somos todos perversos. O que um reprova no outro, ele acha em seu próprio peito. Vivemos entre perversos, sendo nós mesmos perversos”.

Lutero: “O pecado é um hóspede indesejado, e não obstante, habita em nós, em nossa terra, em nosso território”.

Dostoiévski:
“Em todo homem, naturalmente, há um demônio escondido”.

A presença universal da pecaminosidade latente é sentida não apenas por esses vultos do passado nem apenas por religiosos. A questão preocupa todo mundo, inclusive os profissionais da saúde mental, como se pode ver a seguir.

Nas palavras de Freud, “o homem é um barco a deriva num mar de pulsões autodestrutivas”. O criador da psicanálise “nos mostra que o ser humano é inclinado ao mal e que atos perversos são próprios da nossa organização” – explica a psicanalista Maria Rita Kehl. Ela mesmo aconselha: “É melhor admitirmos, humildemente, o mal que nos habita. É a chance de aprendermos a lidar com ele. Pois parece que, quanto mais ignoramos a violência do desejo, mais somos vítimas de suas manifestações”.

Outro psicanalista, Contardo Calligaris, escreve: “Há, às vezes (mais vezes do que parece), escondidas no nosso âmago, ambições envergonhadas ou vergonhosas, que não confessamos nem a nós mesmos”.

Prem Baba, o psicólogo brasileiro que virou guru e que há doze anos vive na Índia, mas viaja pelo mundo inteiro, afirmou numa entrevista: “Todos temos o que chamo de matrizes do eu inferior: gula, preguiça, avareza, inveja, ira, orgulho, luxúria, medo e mentira. São pontos escuros que fazem parte da estrutura psíquica. São como entidades que agem à revelia da vontade consciente. Quanto maior a inconsciência a respeito dos pontos escuros dessa estrutura, menos domínio temos sobre a atuação deles”.

A afirmação de outro psicanalista brasileiro, Francisco Daudt, é chocante: “Há milênios que nossa espécie se acha grande coisa, mas é duro admitir que não estamos com essa bola toda. O último milênio foi cruel com nossa vaidade. Copérnico mostrou que não éramos o centro do universo. Freud mostrou que não mandávamos nem em nosso próprio quintal, que forças ocultas nos manipulam”.

As vozes que denunciam a força da pecaminosidade latente partem de todo canto. Desde o erudito Luis Felipe Pondé até Francisco de Assis Pereira, conhecido como o “Maníaco do Parque”, por ter estuprado e matado, em 1998, seis mulheres no Parque do Estado, na zona sul da capital paulista. O primeiro explica: “Somos seres do desejo e não da razão. Com isso não quero dizer que não sejamos racionais, mas sim que o desejo se impõe à razão. Freud e Lacan bem sabem disso. Schopenhauer e Nietzsche também. Devoramos tudo à nossa volta por conta dessa força irracional chamada desejo”. O segundo confessa: “Eu tenho um lado bom e um ruim, que se sobrepõe ao bom”.

O ex-padre e hoje psicanalista João Batista Ferreira, em entrevista à revista “Época”, pôs o dedo na ferida ao dizer que “o desejo é uma cárie que não pode ser obturada, um buraco que não se preenche”. Há poucos dias o pastor batista Júlio Oliveira Sanches nos humilhou mais uma vez: “Nascemos ruins, crescemos ruins e, com o passar do tempo, aprimoramos a maldade inoculada pelo pecado no coração humano”.

Em 2013, um ano antes de morrer, Dom Aloísio Roque Opperman, arcebispo emérito de Uberaba, deu uma injeção de ânimo: “Cremos que a graça divina pode sublimar nossas tendênciasesta é a verdadeira transformação, porque muda o ser humano por dentro”.

Que o leitor avalie qual das duas forças internas – a compulsão ou a pecaminosidade latente – faz mais estragos e é mais difícil de dominar. É bom lembrar que as súplicas ardentes de um compulsivo humilde podem e devem ser também súplicas ardentes de uma pessoa habitada pelo pecado. 

Que todos alimentem a esperança da ressurreição, quando teremos corpos novos despidos completamente de qualquer compulsão ou desejo ruim! É a plenitude da salvação, que todos os cristãos aguardam.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-proximidade-entre-a-compulsao-e-a-pecaminosidade-latente

February 24, 2015

Viver de acordo com a vontade de Deus

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Por não ser uma pessoa inanimada e por ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, sou alguém dotado de vontade própria. Não tenho apenas instinto (aquela força de origem biológica que me leva a fazer alguma coisa). Tenho também vontade (aquele sentimento que me leva a desejar alguma coisa). Vivo porque tenho vontades. Sou eu mesmo e não outro porque tenho vontades que são minhas, que podem ou não coincidir com as vontades alheias.
 
Devo render graças à vontade. Mas nem sempre a vontade é um valor respeitável e uma realização pessoal. Posso ter muitas vontades ao mesmo tempo -- vontades fortes e dominadoras, vontades conflitantes, vontades geradas por circunstâncias passageiras, vontades nocivas, vontades impostas pela mídia, vontades impingidas por pessoas que querem tirar alguma vantagem sobre mim, vontades arriscadas, vontades que vêm daquele subterrâneo sórdido onde habitam desejos vis e equivocados. Há muito tempo descobri, então, que tenho vontades positivas e vontades negativas.
 
O que fazer para me proteger das vontades perniciosas e ficar sob o abrigo apenas das vontades sadias? Cheguei à conclusão de que a melhor proteção é a proteção religiosa: o temor do Senhor e a linha de conduta por ele imposta são capazes de filtrar as minhas vontades, eliminando aquelas que vão me fazer sofrer ou correr atrás do vento. Em outras palavras, devo abraçar a vontade de Deus e abrir mão das minhas vontades quando elas contrariam a vontade dele. Preciso chegar ao nível do salmista: “Eu tenho prazer em fazer a tua vontade, ó meu Deus!” (Sl 40.8).
 
A primeira vez que ouvi falar na vontade de Deus foi quando na infância comecei a orar o Pai-Nosso. Aquele pedido - “que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu” (Mt 6.10) - me impressiona. Depois, quase por acaso, encontrei a exortação de Pedro: “De agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas” (1Pe 4.2).
 
Hoje, estou plenamente convencido de que, se eu levar a vontade de Deus a sério, direi não às vontades malévolas. Estou ciente de que essa crucificação das vontades perniciosas é muito melhor do que a licenciosidade.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/351/vou-viver-aqui-na-terra-de-acordo-com-a-vontade-de-deus

February 23, 2015

O casamento como apoio emocional

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"Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea." (Gênesis 2:18)

- Luis Antonio Luize

Mesmo estando no Jardim do Éden, Adão tinha um problema. Um lugar perfeito em que ele tinha tudo de que necessitava, dirigia todas as coisas, nomeava todos os animais, falava com Deus a todo momento, mas ele estava se sentindo só.

Deus observou isto e disse “não é bom que o homem esteja só”. Então, partiu do coração de Deus dar ao homem uma companheira. É interessante notar que os seres celestiais não vivem em par, não há isto nos céus. Enquanto isto, no reino animal estes se relacionam, mas não possuem a vida espiritual que possa dar um novo sentido a esta união.

O homem, portanto, é um ser singular, feito de carne e osso mas possuindo vida espiritual. A única criatura de Deus que é assim.

Um homem somente estará completo quando estiver ao lado de sua companheira, e ele buscará esta companheira quando se sentir só. Tomo como exemplo a minha vida.

Guardei-me para minha esposa, pois não queria que minha alma fosse machucada até que encontrasse quem seria minha esposa. Sendo assim, namorei apenas a ela, e foi uma decisão acertada esta.

Mas um dia, acordei e me senti só. Entendi que precisava de alguém ao meu lado e, ao acender esta chama dentro de mim, comecei a buscar a minha companheira.

Interessante que, ao mesmo tempo que o Espírito Santo falava comigo, também falava com a Telma, que estava buscando uma resposta de Deus para sua vida amorosa. Ela estava insatisfeita com o rumo do seu namoro e desejava conhecer aquele que seria seu esposo.

Já conhecia a Telma há quase um ano, mas estávamos sem contato fazia um bom tempo. Não muito tempo depois tivemos a oportunidade de conversar e aquele rapaz meio tímido estava cheio de disposição e coragem para pedi-la em namoro. No meu coração eu tinha convicção de que nos daríamos bem e nos casaríamos. E tem sido exatamente assim, mas tudo começou quando me senti só.

As pessoas hoje tem tantas ocupações que não conseguem se sentir só quase nunca, ou então, sentem-se assim apenas quando estão em seus quartos, sozinhas, mas quando saem dali se envolvem com tudo que há na vida, o que dissipa o desejo do seu coração.

Além disto, há hoje em dia um movimento de aproveitar o máximo que se pode, sem se responsabilizar pelo outro. A isto chamamos egoísmo.

O versículo acima também nos diz que será uma auxiliadora idônea. O Salmo 46:1 usa o mesmo termo hebraico para auxílio, com as características de socorro, refúgio e suporte. Socorro nos momentos de angústia e dificuldades; refúgio emocional mútuo; e suporte quando estamos fracos.

Este auxílio ocorre sem estar condicionado ao momento, seja de alegria ou tristeza. Isto pressupõe lealdade, companheirismo, fidelidade e aliança de compromissos.

A solidão tem causado feridas tão graves nas pessoas porque lhes falta este tipo de apoio em suas vidas, que Deus planejou recebermos dentro de um casamento em aliança.

As pessoas ressaltam a fragilidade feminina nestas áreas, sendo isto real, mas Deus deixa bem claro quanto o homem necessita que a mulher supra esta carência para ele e vice-versa. O homem carece de apoio e Deus planejou supri-lo através do casamento.

O homem deixa de ser um ente solitário para ser um ente social a partir do momento em que se une à sua mulher.

PARA EXERCITAR COM SEU CÔNJUGE
  • Você já sentiu a necessidade de ter alguém ao seu lado?
  • Como você pode auxiliar mais o seu cônjuge nas questões emocionais?

“Pai celestial, que eu possa suprir as necessidades emocionais de meu cônjuge conforme o Senhor planejou para o casamento. Que eu possa suprir todo o socorro, refúgio e suporte que meu cônjuge precisa. Para isto, que eu receba de Ti tudo que minha alma necessita. Disponho-me ao Teu agir em mim. Amém!"
 
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2015/02/23/a-fe-comeca-em-casa-o-casamento-como-apoio-emocional/

February 22, 2015

Os limites da nossa atenção

February 21, 2015

Meia idade

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Chico Buarque, numa dessas entrevistas rapidinhas de jornal, chamou-me a atenção ao nosso apego à redundância. Dizemos “água mineral”: haveria alguma que não o seja? “Planos para o futuro”. Conhece alguma previdência para o pretérito, algum plano de poupança para a adolescência que já se foi? “Jardim botânico”. Que outro tipo de jardim existiria? Só o da infância, mas aí é poesia.

Penso nisso ao considerar a expressão “crise de meia-idade”. Não é redundante? Desnecessário incluir “crise” antes de meia-idade.

Quem está entre 40-60 anos sabe disso.

Meia-idade é essa fase da vida em que olhamos para trás e para frente com um doloroso foco.

Pelo retrovisor, vemos o que se perdeu, o que não se viveu, o mal-vivido, o não-vivido.

Drummond conhecia Dante Alighieri, “il summo poeta” (o sumo poeta). A sua magistral obra “A Divina Comédia” começa pungente e cortante:

“No meio da jornada da nossa vida
Achei-me numa selva tenebrosa
Tendo perdido a verdadeira estrada”.

No meio do caminho tinha uma pedra”, reintera Drummond, “tinha uma pedra no meio do caminho”.

Acordei madrugadinha-manhãzinha serena, antecipadora da primavera, com meu amigo Sabiá a plenos pulmões na janela. Esse sabiá deve ser um anjo dissimulado. Já não penso que perco o sono - Deus deve estar me acordando - sabiamente. Estou parando para ouvi-lo de agora em diante.

“Meia-idade”, expressão de Elliot Jacques (1965) é quando a alma da gente dá-se conta do quanto é pesado ser sozinha o arrimo do amor, o alicerce do sentido existencial, a estrutura afetiva-relacional do casamento, da estabilidade bio-psico-emocional da família. Segurar as pontas dá muito calo nas mãos da alma. Sangra. É como se alma quisesse voltar à posição fetal, carente, insegura, louca por um afeto que nunca veio, um abraço que nunca provou, algum algo - olha a redundância novamente - mas é isso mesmo: algum algo. Uma saudade de um lugar onde nunca esteve, pensando em C. S. Lewis descrevendo o céu, num dos livros da minha vida Surpreendido pela Alegria.

Meia-idade, diria Erickson, é generatividade ou estagnação.

Ou a gente fica feliz da (e com a) vida e bota pra quebrar - criando, inventando, fazendo uma colher e bordando o cabo, diria minha mãe, amando mesmo, servindo mesmo, fazendo arte (no bom sentido), coisas belas, verdadeiras e boas - ou a gente mergulha na “Noite Escura”, para lembrar João da Cruz.

Ou se encaverna, para lembrar Elias, depois da batalha/ vitória sensacional no Monte Carmelo.

Que coisa!

Da ovação para a depressão!

Meia-idade: o autor do Eclesiastes deveria estar nessa fase de sua vida: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade!” (Névoa-nada, literalmente; fumaça, neblina ilusória e miragem).

Davi acabou com a vida de Urias nessa fase?

Na canção de Sting (do magistral álbum “The Soul cages”) que meu filho Bernardo (11 anos) mais gosta, o eu-lírico é o Salmista David, cego por Bateseba... teria que idade o Rei-Poeta-Guerreiro, o herói de Israel?

Não é difícil deduzir:

“A stone's throw from Jerusalem
I walked a lonely mile in the moonlight
And through a million stars were shining
My heart was lost on a distant planet
That whirls around the April moon
Whirling in an arc of sadness
I'm lost without you
I'm lost without you
And though you hold the keys to ruin
Of everything I see
With every prison blown to dust,
My enemies walk free
Though all my kingdoms turn to sand
And fall into the sea
I'm mad about you
I'm mad about you”.

O Pregador (Eclesiastes). O Salmista. E um profeta - Jonas!

Meia-idade é aquele momento em que Jonas nos bate à porta: “Társis! Társis! Társis! Não quero saber de Nínive e sua gente medíocre!”. Társis é a saída, o porto.

Ou chame de Shangri-lá, Passárgada, Xanadu, na longínqua Mongólia levada à poesia por Samuel Taylor Coleridge como uma terra idílica, onde, finalmente, se é feliz.

Não.

Não fugirei para uma ilha deserta nem serei raptado por serafins, emprestando a expressão de bronze de Drummond.

Enfrentarei a meia-idade (fiz 46 há um mês) como quem sabe que a vida é breve demais para ser pequena. Como quem sabe que “tudo vale a pena se a alma não é pequena” (Fernando Pessoa).

Como quem sabe que talvez a pessoa mais pobre seja aquela que só tem dinheiro.

Como quem sabe que viver é perigoso (Guimarães Rosa), mas quem disse que não seria?

Outro dia, doido para chegar em casa, saudoso da família, na ponte aérea me veio uma canção:

Fica
Eu vou passar um cafezinho
Conta
Mais um pouquinho de você
Veja
Como essa vida é engraçada
A gente pra ganhar tem de perder.

A meia-idade é isso: perder para ganhar. Medite.
...

O que orar na meia-idade?

“Ensina-me a contar o nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios” (Sl 90.12).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/meia-idade

February 20, 2015

O tempo de Deus

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Viver o tempo de Deus não é fácil, mas traz refrigério e paz ao coração.

O tempo de Deus é totalmente diferente do nosso, o tempo dEle é trabalhado e provado.

No tempo dEle somos moldados e aperfeiçoados para aquilo que Ele mesmo tem para nós.

Na vida ansiamos, temos planos e objetivos em todas as áreas de nossas vidas, porém é o Senhor quem decide e define o que é melhor para nós.

A Bíblia nos ensina a esperar e confiar em Deus, não devemos viver aflitos e ansiosos, mas sim sonhar e entregar nas mãos dAquele que torna tudo real conforme o Seu poder que opera em nós e Sua vontade que é soberana.

Por isto não se aborreça se algo não aconteceu conforme você queria ou esperava ou não era para ser, ou o tempo não chegou, ou os planos de Deus para sua vida são outros.

Descanse o coração e entregue tudo diante dEle em oração.

- Danielle Lara

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/o-tempo-de-deus

February 19, 2015

Por um 2015 mais imaginativo

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Muita coisa tem sido dita a cada início de ano sobre promessas, sonhos e projetos para o ano que se inicia, de modo que parece restar pouco a dizer sobre o tema. Eu fico me perguntando o que C. S. Lewis diria, se estivesse vivo, sem pretensão de me igualar a ele.

O ano de 2014 não foi fácil para ninguém: Perdemos a copa, o país foi assolado por escândalos na política, a Dilma foi reeleita, um avião simplesmente desapareceu, muitos cristãos perderam a vida em países dominados pelo islamismo radical. E a economia está à beira da recessão.

Como no artigo “Learning in wartimes” (Aprendendo em Tempos de Guerra) que Lewis escreveu em plena Segunda Guerra Mundial, certamente ele falaria das virtudes teologais: a fé, a esperança e o amor, por mais paradoxal que poderia parecer falar nisso naqueles tempos.

Não vivemos uma guerra mundial, mas uma situação de guerra psicológica e espiritual. Sim, porque estamos cada vez mais dependentes da tecnologia: ninguém larga o celular por mais de cinco minutos, pessoas deixam de conversar para se comunicar pelo Whatsapp e pelo Facebook, em que se postam fotos até mesmo das situações mais insignificantes. Essa coisa de postar fotos, que virou uma febre, faz com que as pessoas não olhem mais para as coisas e umas para as outras diretamente, mas só através das lentes.

Isso faz com que vivamos a meio palmo do chão e cada vez mais no mundo virtual e proporcionalmente menos na realidade. Nosso cotidiano é cada vez mais dominado pela tecnologia. Quem não vive “plugado” é considerado jurássico.

Ainda assim, insistia Lewis, temos razão para termos esperança pelo simples fato de pensarmos e por Deus não pedir licença para se revelar, até mesmo através da tecnologia.

Vamos tomar o exemplo do mundo virtual “Second Life”, que já fez sucesso, mas não vingou. Por quê? Porque esse mundo se aproximava demais da vida real. O próprio nome o diz: “vida paralela, virtual”. Com a diferença de que você pode fingir ser outra pessoa, escolhendo um avatar e as suas características e poderes. Você pode voar e tem outros poderes que não tem na vida real.

Mas onde fica a imaginação, a criatividade, o fantástico?

Uma realidade virtual que é cópia exata da realidade dos fatos se torna desinteressante como meio de entretenimento, pois para se entreter, você costuma buscar escapar da realidade dos fatos. O mesmo vale para os jogos muito realistas e também para os livros e filmes “realistas” demais, como as novelas, que na verdade distorcem a vida real (não estou me referindo aos livros e filmes baseados na vida real, pois a vida mesma é imaginativa).

Tolkien costumava dizer que existem três funções do uso da imaginação, principalmente na literatura e mais precisamente nos contos de fada:

1) Proporcionar escape do mundo ordinário. Quando se vai ler um livro ou assistir um filme ou mesmo jogar um jogo virtualmente, o que se está buscando é arejar a cabeça, não no sentido necessariamente de alienação, o que também pode vir a ser o caso, mas no de certo afastamento das coisas do cotidiano, adotando uma posição “de fora” da realidade, e olhando para ela com um óculos diferente. Bruno Bettelheim, em seu clássico Psicanálise dos Contos de Fada, foi o psicanalista que descobriu a importância do distanciamento de um problema para se conseguir trata-lo devidamente. É isso que provocam os contos de fada: uma viagem para um outro mundo, semelhante ao real, principalmente no aspecto ético e moral, mas outro. Assim, eles remetem à transcendência, regada a humor e bom-senso.

2) Proporcionar consolação através da alegria. Normalmente as histórias ou contos de fada possuem uma moral que apela para as virtudes da ética clássica (justiça, prudência, temperança e fortaleza) e mesmo para as virtudes teologais já mencionadas e essa moral tem a capacidade de nos consolar. É por isso que, quando acontece algo que entristece uma criança, um instinto nos diz para lhe contar uma história, para que ela fique mais alegre.

3) Recuperação ou cura. Foi Bettelheim também que descobriu o poder curador das histórias (e eu diria do lúdico em geral), ele que usava os contos de fada para curar crianças com deficiência mental.

É por todos esses motivos que o que eu recomendo para um 2015 mais significativo é que se contem mais histórias, não moralistas, mas efetivamente imaginativas, pois é assim que podemos encontrar esperança em meio às turbulências da sociedade da informação.

Para encerrar cito C.S. Lewis como mensagem de Ano Novo: “As coisas que estão porvir são melhores do que as que para trás ficaram”.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/por-um-2015-mais-imaginativo-o-que-c-s-lewis-diria

February 18, 2015

Aprender a amar

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Quero te amar,
quero amar sem distinção
e preconceitos,
Sem intrigas, em perfeita comunhão.

E viver o amor,
pois só ele é capaz de esperar
E compreender
e cobrir imperfeições.

Quero andar
lado a lado com você
E na angústia
verdadeiramente ser seu irmão.

E viver o perdão
que vem de Deus
Pra nos unir
em um só corpo, no Senhor.

Que me une a você
e nos faz perceber
Que esse amor vem de Deus
Que nos deu dom de amar.

Para compartilhar
e estar pronto a ajudar
Obedecendo a Deus
que nos ensinou o amor.

Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=tLjIvYXDJts
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February 17, 2015

Felicidade

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A felicidade nunca acontece numa sala fechada, em cuja porta, do lado de fora, uma tabuleta avisa: “Não entre sem ser chamado”. A felicidade não depende do isolamento, não depende do silêncio, não depende de calmarias, não depende de acessórios nem assessores, não depende da ginástica do chamado “pensamento positivo”, não depende da repetição mecânica de orações e de frases otimistas, não depende de mentiras inteligentes e bem elaboradas. Ao contrário, a felicidade tem de conviver com a maldade, com o sofrimento, com a inimizade alheia, com a morte, com a realidade presente e histórica.

Perderíamos a confiança no salmista se todos os salmos fossem salmos de felicidade. Ainda bem que há salmos sombrios, que descrevem situações bastante adversas, como culpa, doença, angústia, depressão, perseguição, perigo, abandono, traição, crise existencial etc.

O fato é que a expressão “como é feliz” (ou “bem-aventurado aquele que”) aparece mais vezes em Salmos do que em qualquer outro livro da Bíblia. São pelo menos 23 referências. A primeira está no primeiro verso do Salmo primeiro: “Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios”. E a última está quase no final do livro: “Como é feliz aquele cujo auxílio é o Deus de Jacó, cuja esperança está no Senhor, no seu Deus, que fez os céus e a terra” (Sl 146.5). Dos 150 poemas, seis começam com a afirmação “Como é feliz” (1.1; 32.1; 41.1; 112.1; 128.1) ou “Como são felizes” (Sl 119.1).

Para o salmista felizes são os que se portam com retidão (1.1; 89.15; 94.12; 106.3; 119.1,2), os que confiam no Senhor (84.12), os que temem o Senhor (112.1; 128.1), os que se refugiam no Senhor (2.12; 34.8; 146.5), os que recebem o perdão do Senhor (32.1) e os que se interessam pelo pobre (41.1).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/286/felicidade

February 16, 2015

Do que você precisa para viver?

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- Taís Machado

Por esses dias, quando noticiou-se a morte do rei Abdullah, da Arábia Saudita, chamou-me a atenção seu enterro. Ele, sendo um dos homens mais ricos do mundo, foi envolto em uma mortalha branca simples e enterrado num túmulo anônimo de um cemitério de Riad, junto a muitos de seus plebeus. Dentre as tradições islâmicas, segundo a escola wahabista do sunismo, que é a que predomina na Arábia Saudita, a ostentação pode ser considerada um pecado semelhante à idolatria.

Por aqui, onde a ostentação é cada vez mais falada, valorizada, invejada e muito mais, não encaramos tanto como problema, no geral, é mais uma amostra de sua suposta vitória, de suas conquistas, do “sucesso” alcançado. 

No meio cristão, há também uma versão disso, ora mais discreta, ora escancarada. Tem louvor ostentação, pastor ostentação, igreja ostentação, confissão ostentação e por aí vai. Alimenta orgulhos particulares, até coletivos, mas nem sempre vemos a sério a questão da idolatria, do quanto nosso coração se ilude com tais façanhas.

O ensino sobre os desafios de uma vida simples em pleno século XXI, por exemplo, é cada mais raro, inadequado, evitado. O glamour é disfarçado em nome de um discurso de que é para Deus, é reverência, e o luxo é a prática. 

Esbanjar é visto, entre muitos cristãos, como um sinal de prosperidade, algo positivo. Ignora-se as necessidades da maioria da população brasileira, ou seja, da realidade ao nosso redor num mundo tão desigual.

Disputa-se glórias humanas racionalizando como honra ao servo do Senhor. Acreditamos que merecemos, gostamos de gente nos idolatrando de alguma maneira.

Queremos mais, e não menos. O desapego é difícil de exercitar, acabamos confiando em nossos recursos próprios e tentando nos proteger através deles.

Volto-me para Jesus, lembrando-me de quando ele enviou os doze apóstolos a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. Ele disse: “Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra” (Lc 9.3). 

Por que tamanha rigidez? Não seria falta de prudência? Excesso de singeleza?

Acho interessante tais instruções. Eles não precisavam acumular nada, necessitavam andar leve, sem maiores preocupações e empecilhos

Livres

Como ouvimos isso hoje? Que espaço há para tais reflexões em nosso coração? Nosso contexto favorece um viver impulsionado a consumir sempre e mais, buscamos provar nossa capacidade e valor através do que conquistamos, portanto, atrai-nos uma vida abastada.

Não levar nada pelo caminho? Como poderia viver sem meu smartphone, bem como todos meus aparatos eletrônicos e tecnológicos? Ficar desconectado para muitos é não viver. Nosso caminho é repleto de estímulos “irresistíveis”. 

Andamos carregados, afinal, tudo passou a ser “necessidade”. 

Num mundo de tantas inseguranças somos tentados a justificar ganâncias, articulamos como se fosse sabedoria. As coisas, o dinheiro, tomaram proporções enormes em nossa agenda interior, e aí parece que não podemos viver sem isso, ou aquilo.

Parece que os curados no Reino de Deus são pessoas simples, livres, que celebram a partilha das boas novas e do bem viver. O pouco não só é suficiente, como se torna muito, pode até ser repartido. 

Nesse início de ano considerarmos mais profundamente possíveis idolatrias, nossas ostentações particulares e ver o que seria dispensável, pode abrir novos caminhos, novas escutas, novos espaços, nova disposição, e até mesmo, novas conversas

Que a novidade de vida nos alcance.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/taismachado/2015/01/26/do-que-eu-preciso-para-viver/

February 15, 2015

Recomeço

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Por não saber o que queria, deixou de procurar
E não sabendo para onde ia, ficou no mesmo lugar

Pelo medo, não quis arriscar
E pela dor guardada, não voltou a amar

Por causa das desilusões, aprendeu a duvidar
E por causa das feridas, não conseguia mais perdoar

Querido, mas não sabe que assim sua vida desfalece?
Que o amanhecer perde a força de ser um novo dia?

Querido, não percebe que há flores na estrada?
Que há esperança e sorriso se seguir em frente?

Querido, ainda há muito para ver e sentir!
Veja os tesouros prontos para serem achados,
Veja as muitas paisagens em que você pode encontrar o seu lugar.

Querido, enxugue as lágrimas e deixe as feridas sararem!

Permita-se ao risco, ao amor, ao perdão e a fé.
Permita-se ao recomeço quantas vezes for preciso.

Permita-se a vida.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/recomeco

February 14, 2015

Mudança de perspectiva: por causa do amor de Deus

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A salvação da culpa (justificação), do poder (santificação) e da presença do pecado (glorificação) não é resultado de nossos esforços, mas somente da graça de Deus (Ef 2.9).

A salvação de alguma coisa incômoda e aflitiva também não é resultado de nosso esforço, de nossa iniciativa, de nosso suor, mas também somente da graça de Deus.

Muito antes de Paulo, os poetas, cantores e músicos da 'minibíblia' (salmos) tinham plena consciência da maravilhosa graça.

Diversas vezes, eles se autoproclamavam: “Eu sou pobre e necessitado” (Sl 40.17; 70.5; 86.1; 109.22).

Outra evidência é a vida normal de oração que eles levavam, pois a oração não é possível enquanto não confessarmos 2 coisas ao mesmo tempo: a estreiteza de nossos recursos e a extrema largueza dos recursos do poder e do amor de Deus.

Os diferentes escritores dos salmos atribuem as respostas às suas orações e as bênçãos que vinham junto com elas não ao merecimento próprio, mas ao grande amor de Deus.

Vejam-se os seguintes textos:

Por causa do teu grande amor, eu posso entrar nos pátios da tua casa e ajoelhar com todo o respeito, voltado para o teu santo Templo” (5.7).

Por causa do teu amor, livra-me da morte” (6.4).

Por causa de ti eu me alegrarei e ficarei feliz” (9.2).

“Eu me alegrarei por causa do que o Senhor Deus tem feito; ficarei feliz porque ele me salvou da morte” (35.9).

“Tu és a fonte da vida, e, por causa da tua luz, nós vemos a luz” (36.9).

“Não foi com espadas que os nossos antepassados conquistaram aquela terra [a terra de Canaã]; não foi com o seu próprio poder que eles venceram. Eles venceram com o teu poder, com a tua força e com a luz da tua presença. Assim tu mostraste o teu amor por eles” (44.3).

“Salva-nos por causa do teu amor” (44.26).

Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim. Por causa da tua grande compaixão apaga os meus pecados” (51.1).

Por causa do seu grande amor, ele [Deus] mudou de ideia [e nos livrou mais uma vez]” (106.45).

Por causa do teu amor e da tua fidelidade, eu me ajoelho virado para o teu santo Templo e dou graças a ti” (138.2).

Há uma contrapartida da parte de Davi, o possível autor do Salmo 69: “É por causa do meu amor por ti que tenho suportado insultos e tenho passado vergonha” (69.7).

Coisas fantásticas acontecem quando há uma conjunção do amor de Deus por nós com o nosso amor por ele!

João diz que “nós podemos desfrutar o amor - amar e ser amados, pois primeiro fomos amados; por isso, agora podemos amar.

A verdade é que ele [Deus] nos amou primeiro” (1 Jo 4.19, AM).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/351/somente-por-causa-do-amor-de-deus

February 13, 2015

A verdade, a crença e a fé

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Jacques Ellul fez a distinção entre fé e crença. Crença é a afirmação racional que descreve a realidade, o mundo que nos cerca descrito em palavras, o conjunto de doutrinas que adotamos para organizar a realidade e nos situarmos nela, isto é, a maneira como enxergamos o mundo, a vida, e como devemos nos comportar de modo a que nossa existência tenha sentido: significado e direção.

Existem crenças filosóficas, ideológicas, científicas e, principalmente, religiosas.

A crença diz respeito ao que acreditamos: que o homem é a medida de todas as coisas, que o capitalismo é o melhor modelo econômico, que a terra gira ao redor do sol, que Jesus Cristo é Deus, por exemplo.

As religiões estão baseadas em crenças: os muçulmanos acreditam que a revelação definitiva de Deus foi dada a Maomé; os judeus acreditam na Lei de Moisés; os budistas acreditam que todo ser humano pode atingir a iluminação e se tornar um Buda. Dentro de cada sistema religioso existem também divisões em razões de crenças diferentes. Por exemplo: os cristãos chamados arminianos (de Jacobus Arminius), em geral, acreditam que é possível perder a salvação, e os cristãos de tradição calvinista (de João Calvino) acreditam que uma vez salvo, pra sempre salvo, e que se alguém não foi para o céu é porque nunca foi salvo.

As crenças têm uma característica paradoxal: ao mesmo tempo em que aproxima as pessoas, afastam as gentes. As pessoas se ajuntam ao redor de suas crenças, gostam de ficar na companhia de quem tem as mesmas idéias, pratica os mesmos rituais e se comporta de acordo com as mesmas regras morais. O problema é que, geralmente, estas pessoas unidas pelas crenças comuns declaram guerra a todo mundo que não concorda com elas.

Quando Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, estabelece uma nova dimensão de relação com a verdade. A partir dessa declaração de Jesus, a verdade não é mais uma questão de crença, pois já não se trata de explicar e descrever a realidade de maneira racional, mas de se relacionar com uma pessoa: o próprio Jesus. O Novo Testamento Judaico traduz corretamente João 3.16: “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo que nele confia possa ter vida eterna, em vez de ser completamente destruído”. A relação com  Jesus transcende a questão da crença – acredito ou não acredito. É uma questão de fé – confio ou não confio, entrego a ele minha vida ou não entrego.

As crenças pretendem traduzir a verdade em palavras. Mas o relacionamento com uma pessoa será sempre maior do que sua descrição, até porque toda pessoa é sempre maior do que as palavras conseguem descrever.

Esta é a razão porque o relacionamento com Jesus está na dimensão da fé, e não da crença. Meu amigo Paulo Brabo, que me ajudou a entender essas coisas, disse algo interessante: “Não tenho como recomendar a crença; sua única façanha é nos reunir em agremiações, cada uma crendo-se mais notável do que a outra e chamando o seu próprio ambiente corporativo de espiritualidade. Não tenho como endossar a crença; não devo dar a entender que a espiritualidade pode ser adequadamente transmitida através de argumentos e explicações. Não devo buscar o conforto da crença; o Mestre tremeu de pavor e não tinha onde reclinar a cabeça. Não devo ouvir quem pede a tabulação da minha crença; minha fé não é aquilo em que acredito. Nunca deixa de me surpreender que para o cristianismo Deus não enviou para nos salvar um apanhado de recomendações ou uma lista suficiente de crenças, mas uma pessoa. Minha espiritualidade não deve ser vivida ou expressa de forma menos revolucionária. Não pergunte em que acredito”.

Ao que eu acrescentaria: a pessoa em quem confio – Jesus Cristo, é mais importante do que as coisas em que acredito.

Fonte: http://edrenekivitz.com/blog/2012/09/verdade-crenca-fe/

February 12, 2015

O que fazer com os antigos pecados?

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- José Miranda Filho

Os nossos pecados causam danos que não podem ser dimensionados. É impossível calcular os seus desdobramentos na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam.

Todos os erros têm um preço, consequências que se encadeiam e ampliam a grandeza dos danos causados.

Assim como folhas secas espalhadas por grande ventania e quase impossível de serem juntadas novamente, assim são os efeitos dos nossos atos.

Quando dizemos que corrigimos os nossos erros, na verdade, apenas paramos de cometê-los ou conseguimos minorar seus efeitos mais imediatos. Por exemplo: se um criminoso mata um homem e se converte posteriormente, uma fonte de males foi bloqueada. No entanto, os efeitos do crime nos filhos, na esposa e nos seus amigos do falecido, serão incalculáveis.

Vemos que é impossível para o homem pagar pelos seus erros.

A cura de um mal espargido na história pelos atos de um homem só seria possível se a história fosse refeita sem a participação desse homem. Ou seja, o homem seria tirado da história como se nunca houvera existido.

Isso não seria possível.

Apenas o Senhor do tempo e da história tem a solução. Apenas Ele detém o poder de curar pecados em toda a sua extensão.

Mas, mesmo assim, essa cura se condiciona a princípios estabelecidos de antemão por Ele mesmo.

O pagamento do crime teria de ser feito por alguém sem qualquer culpa.

Jesus resgatou nossa dívida pela sua morte.

Mas não parou aí.

Ele mandou o Consolador.

A ação do seu Espírito transcende as limitações temporais fazendo com que coisas terríveis (pecados do passado) ocupem outro papel na história (experiência para o futuro).

Se, antes do perdão, o meu passado me atormentava e me depreciava ante os meus próprios olhos, agora ele deixa de ser meu dominador para ser apenas um exemplo da misericórdia de Deus.

Os nossos antigos pecados perdem seu poder escravizador e passam a adubar a nova vida como uma semente que, plantada na escuridão da lama lança galhos para a luz. Como a lama deixa de ser fonte de contaminação e passa a ser fonte de nutrientes, assim nossos pecados passados deixam de nos escravizar para nos servir de subsídios, adubando a nova vida que nasce.

Quando aceitamos o resgate, todo um processo de reconstrução entra em andamento. Nossos olhos passam a enxergar coisas que alteram completamente a visão que temos de nós mesmos, daquilo que nos cerca e do nosso Deus. Algo inverso ao que aconteceu com a mente de Adão começa a acontecer com a nossa.

Essa volta à imagem de Deus estará enriquecida com as experiências da queda.

Com essa mente resgatada temos paz com Deus através de Jesus Cristo.

Adquirimos novamente o posto de mordomos e, mais do que isso, de sacerdotes.

Recebemos também o acompanhamento do Espírito que nos capacita a exercer tal função.

Não aceitemos, portanto, que nosso passado nos escravize. Com arrependimento e o perdão de Deus, podemos encarar a vida com alegria e esperança.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-que-fazer-com-os-antigos-pecados

February 11, 2015

Resgatando o que estava perdido


Dracma é uma moeda de prata com valor equivalente a diária de um trabalhador. Em Lucas 15; Jesus conta três parábolas que expressavam uma só Verdade.

O cenário era uma aula ao ar livre: todos os publicanos e "pecadores" estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: "Este homem recebe pecadores e come com eles". Lucas 15:1-2

Publicanos eram corruptos coletores de impostos, e pecadores eram pessoas imorais, podiam ser prostitutas, leprosos, mancos, cegos, miseráveis, dentre outros. Os fariseus criticaram Jesus e se achavam acima daquelas pessoas.

Então Jesus usa estas parábolas para mostrar o que estava acontecendo ali.

A parábola da dracma perdida era parecida com a da ovelha perdida; donos de rebanhos de ovelhas e mulheres trabalhadoras eram situações do cotidiano, algo que obviamente qualquer um deles faria pois uma ovelha rende lã e uma dracma é um dia de trabalho.

Ninguém quer perder algo precioso.

Da mesma forma Jesus estava procurando pecadores perdidos.

Quem não se reconhece como pecador não vai se reconhecer perdido, e como será achado?

Essa era a lição para os fariseus; voltem como o filho pródigo que Deus já está esperando e correrá ao nosso encontro primeiro.

O interessante é das 2 primeiras parábolas é que a fala da graça, semelhantemente Deus enviou a luz que é Jesus para achar dracmas perdidas, pois Ele vê como algo especial, Ele nos ama, e se alegram os céus quando um pecador é salvo.

É como se Jesus tivesse mostrando que os fariseus tinham seu negócios; ovelhas, lã, dracmas, salários e trabalho. E naquele momento o fato de ter publicanos e pecadores ouvindo Jesus, eram os negócios de Deus.

"Ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la?

E quando a encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida’.

Eu lhes digo que, da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende". Lucas 15:8-10

Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se". Lucas 15:7

Jesus comendo com pecadores é Deus salvando, trabalhando, pois Ele sempre trabalha, e até hoje. Mas quando Jesus foi enviado à terra era Deus arregaçando as mangas, como se fosse ("agora vou cumprir a jornada de trabalho que vocês não podem aguentar; a Justiça para salvar").

Cantem juntamente de alegria, vocês, ruínas de Jerusalém, pois o Senhor consolou o seu povo, ele resgatou Jerusalém.

O Senhor desnudará seu santo braço à vista de todas as nações, e todos os confins da terra verão a salvação de nosso Deus. Isaías 52:9-10

Estamos no mundo mas não somos dele, ainda precisamos de arrependimento; mas depois que conhecemos Cristo, somos dracmas achadas por Ele.

Glória a Deus pela Graça e Paz de Cristo na comunhão do Espírito Santo.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/a-parabola-da-dracma-perdida

February 10, 2015

Existe em você algo de bom

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É de suma importância enxergar algo de bom na pessoa que consideramos má e algo de ruim na pessoa que consideramos boa. O pecador sempre tem algo de bom em seu comportamento ruim e o santo sempre tem algo de mau em seu comportamento bom.

Ninguém é cem por cento mau nem cem por cento bom.

Não é para deixar de lado os poucos defeitos que a pessoa de bem tem. Semelhantemente, não é para deixar de lado as poucas virtudes que a pessoa de conduta repreensível tem.

Senão, criaremos santos de um lado e demônios do outro.

Pobre daquele que, depois de uma vida exemplar, comete um descuido, pecado ou escândalo, de pequeno ou grande porte! Tudo o que ele fez de bom até então cai no esquecimento e o que ele acaba de fazer de mau é a única coisa que se comenta. Às vezes até com certa dose de prazer sinistro. A conduta cristã e restauradora exige equilíbrio entre a censura do ato reprovável do presente e a lembrança dos atos não-reprováveis do passado.

Esse equilíbrio extremamente necessário pode ser visto no pequeno discurso do profeta Jeú ao rei Josafá (de 872 a 848 a.C.): “Será que você devia ajudar os ímpios e amar aqueles que odeiam o Senhor? Por causa disso, a ira do Senhor está sobre você. Contudo, existe em você algo de bom, pois você livrou a terra dos postes sagrados e buscou a Deus de todo o seu coração” (2 Cr 19.2-3).

Josafá era o quarto rei de Judá depois da divisão da nação e governou as tribos do Sul por 24 anos (de 872 a 848 a.C.) Continuou e ampliou a reforma religiosa iniciada por Asa, seu pai. Ele buscou o Deus de seu pai, não imitou as práticas de Israel (o reino do Norte) e seguiu corajosamente os caminhos do Senhor. Para tanto, retirou de Judá os altares idólatras e os postes sagrados e nomeou uma equipe de dezesseis pessoas para percorrer todas as cidades de Judá e Benjamim com o objetivo de ensinar o povo na Lei do Senhor (2 Cr 17.1-9).

Depois, cometeu o erro de se aliar a Acabe, rei de Israel, por “laços de casamento”. Apesar da profecia de Micaías, contrária à guerra de reconquista de Ramote-Gileade, Josafá acompanhou Acabe nessa excursão bélica e só não perdeu a vida quando foi cercado pelo exército inimigo porque recorreu à oração (2 Cr 18.1-34).

Quando Josafá voltou em segurança ao seu palácio em Jerusalém, recebeu a visita de Micaías, que chamou sua atenção tanto para o estranho fato de ele ser “amigo dos inimigos do Senhor” (2 Cr 19.2, NTLH) como para o agradável fato de que havia nele algo de bom.

Além de justa e correta, essa mistura tem alto valor pedagógico: não apóia a culpa de alguém nem arrasa o seu ânimo.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/304/existe-em-voce-algo-de-bom

February 09, 2015

Perdão

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Perdão por não conseguir em muitos casos, neutralizar meus impulsos agindo e falando em nome de minhas vãs filosofias e idealizações.

Perdão por ser insubmisso, quando deveria colocar em prática tudo aquilo que aprendo com as instruções e manifestações divinas direcionadas a mim.

Perdão por não querer morrer e insistir em viver para tentar inutilmente mudar pessoas e situações com a força do meu medíocre intelecto e códigos de conduta exterior, esquecendo que o homem só é transformado quando nasce de novo e isso vem de dentro para fora.

Perdão por ser mesquinho e achar que posso reter em minhas mãos reservas de garantia para eventualidades, perdendo-me na dúvida de que tenho um Deus que sabe de tudo que necessito e provê minhas necessidades enquanto durmo.

Perdão por estar em constante ansiedade sobre o amanhã que nem foi desembrulhado, mas me tira o sono tentando descobrir o que está reservado para um tempo que nem sei se existirá.

Perdão por ser incrédulo e tentar colocar escoras em construções divinas e neutralizar os desafios que apontam para conquistas que não possuem nenhuma chance de dar certo, perdendo-me no fato de que Aquele que começou a boa obra em minha vida, não precisa me provar nada, pois Ele é DEUS.
 
Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/perdao-2

February 08, 2015

É chegada a hora de confessar o seu erro

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Há uma grande riqueza nas palavras proferidas pelo chefe dos copeiros de Faraó, dois anos depois de voltar ao seu emprego no palácio: “Chegou a hora de confessar um erro que cometi” (Gn 41.9, NTLH). O erro ao qual ele se refere é muito mais do que um mero erro. É uma ingratidão sem medida, um pecado grave, cometido contra o já sofrido José, quando estava preso com ele na fortaleza onde eram colocados os presos do rei.

Certa manhã, ao observar que os semblantes do copeiro-mor e do padeiro-mor apresentavam sinais de tristeza, José os interpelou: “Por que vocês estão com essa cara tão triste hoje?” (Gn 40.7, NTLH). A prostração era devido aos estranhos pesadelos que eles haviam tido durante a noite. José mostrou ao copeiro-mor que, no caso dele, o sonho não era nenhum pesadelo, mas a revelação de que ele seria solto e reconduzido à posição anterior, o que aconteceu três dias depois (Gn 40.12-13).

José, que estava preso por causa da calúnia da mulher de Potifar, solicitou ao funcionário do palácio anistiado o mesmo que o ladrão da cruz pediu a Jesus: “Quando você estiver muito bem lá, lembre de mim e, por favor, tenha a bondade de falar a meu respeito com o rei ajudando-me assim a sair desta cadeia” (Gn 40.14, NTLH). Porém, o chefe dos copeiros se esqueceu de José completamente, demonstrando o alto grau de seu egocentrismo. O filho de Jacó, um rapaz de 28 anos, teve de suportar mais dois anos de cadeia por culpa desse infeliz pecado de omissão. Quando surgiu a necessidade de alguém interpretar os sonhos das vacas gordas e magras de Faraó, o então copeiro-mor se lembrou de José e disse as tais palavras: “Chegou a hora de confessar um erro que cometi”.

No caso do copeiro-mor, foram dois anos de pecado não reconhecido, não confessado e não reparado. No caso dos irmãos de José, o período foi no mínimo dez vezes mais longo. Quando José tinha pouco mais de 17 anos, seus irmãos o venderam a uma caravana de ismaelitas, que por sua vez o vendeu a Potifar, no Egito, e ainda contaram ao pai a falsa informação de que o filho de sua velhice tinha sido dilacerado por um animal selvagem (Gn 37.12-36). Vinte e poucos anos depois, quando José já era governador do Egito (desde os 30) e quando já haviam se passado os sete anos de vacas gordas, os irmãos de José disseram uns aos outros: “Estamos sofrendo por causa daquilo que fizemos com o nosso irmão. Nós vimos a sua aflição quando pedia que tivéssemos pena dele, porém não nos importamos. Por isso agora é a nossa vez de ficarmos aflitos” (Gn 42.21, NTLH).

A confissão pública mesmo só ocorreu por ocasião da segunda ida ao Egito para comprar cereais. Em nome dos irmãos, Judá declarou ao governador ainda sem saber que ele era José: “Deus descobriu o nosso pecado” (Gn 44.16, NTLH). O que o confessando queria dizer não era que, naquele episódio, Deus havia tomado conhecimento dos pecados deles, mas que, no meio daquelas circunstâncias, Deus estava descobrindo diante de todos o pecado até então cuidadosamente escondido.

Mais cedo ou mais tarde, todo mundo, um por um, será obrigado, se não pela consciência, por ser atropelado pela história, a repetir a confissão do copeiro-mor: “Chegou a hora de confessar o meu erro!”.

A necessidade de admitir e confessar o pecado é tão grande que um dos ministérios do Espírito é convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/323/e-chegada-a-hora-de-confessar-o-seu-erro

February 07, 2015

Introspecção humilde e corajosa

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Jó e Davi não viveram na mesma época, na mesma região nem nas mesmas circunstâncias. Mas escreveram confissões estruturalmente tão parecidas que uma parece plágio da outra.

Os dois se investigam, examinam algumas possibilidades de contravenção e se declaram abertos à merecida punição.

A confissão de Jó é bem mais extensa. Ele pensou em tudo (Jó 31.5-40):

Se eu me conduzi com falsidade, ou se meus pés se apressaram a enganar...

Se meus passos desviaram-se do caminho...

Se o meu coração foi seduzido por mulher, ou se fiquei à espreita junto à porta de meu próximo...

Se neguei justiça aos meus servos e servas quando reclamaram justiça contra mim...

Se não atendi os desejos do pobre ou se fatiguei os olhos da viúva...

Se comi meu pão sozinho sem compartilhar com o órfão...

Se vi alguém morrendo por falta de roupa ou um necessitado sem cobertor...

Se pus no ouro a minha confiança e disse ao ouro puro: ‘Você é minha garantia...’

Se a desgraça do meu inimigo me alegrou, ou se os problemas que teve me deram prazer...

Se escondi o meu pecado como os outros fazem, acobertando no coração minha culpa...

Se consumi os produtos da terra sem nada pagar [aos lavradores]...

A confissão de Davi é bem mais resumida (Sl 7.3-5):

Se nas minhas mãos há injustiça...

Se fiz algum mal a um amigo...

Se despojei meu inimigo sem razão...

Em caso de pecado consumado, tanto Jó como Davi não se desculpam nem se protegem.

Se o pecado cometido foi o adultério, Jó menciona a sua sentença: “Que a minha esposa moa cereais de outro homem, e que outros durmam com ela” (Jó 31.10).

Se o pecado cometido foi a prática da injustiça, Davi adianta: “Persiga-me o meu inimigo até me alcançar, no chão pisoteie e aniquile a minha vida, lançando a minha honra no pó” (Sl 7.5).

Esse tipo de introspecção, ao mesmo tempo humilde e corajosa, funciona como um saudável preventivo contra qualquer desvio de caráter.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/281/introspeccao-humilde-e-corajosa

PS- Para saber um pouco mais sobre humildade, vai lá: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2015/02/1583810-humildade.shtml
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February 06, 2015

Cuidado com os intervalos


No momento em que Samuel derramou sobre o filho caçula de Jessé o azeite que estava no chifre, “daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apossou de Davi” (1 Sm 16.13). O efeito daquela unção se fez sentir no resto daquele dia, no dia seguinte e nos dias subseqüentes.

Isso significa auxílio, capacitação, comprometimento, direção e bênçãos sobre bênçãos.

Essa experiência nova teve começo, mas não tinha data de encerramento.

Era daquele dia em diante, em meio à alegria e à tristeza, em dias de sol e em dias de chuva, em dias de largura e em dias de aperto. A não ser que o Espírito desistisse de Davi — o que era muito improvável — ou que Davi desistisse do Espírito — o que poderia acontecer.

E de fato aconteceu.

Em meio a uma crise de comunhão provocada por um possível relaxamento ou por um período de autoconfiança demasiada, Davi pecou gravissimamente contra Deus e perdeu a plenitude daquela unção.

Daí a oração do salmista, depois de ter caído em si: “Não me expulses da tua presença nem tires de mim o teu Santo Espírito” (Sl 51.11). Depois de algum tempo de muito sofrimento, as coisas voltaram ao normal.

Para quem está acostumado a ter o Espírito do Senhor, intervalos como esse de Davi são muito desagradáveis.

Cuidado com os intervalos.

Eles podem se prolongar tanto, a ponto de se tornarem o período de enlevo espiritual, e não o período de fracasso.

Se, no presente momento, você está dentro de um desses intervalos, feche-o depressa.

Acertadamente Paulo nos aconselha: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (Ef 4.30).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/254/10-cuidado-com-os-intervalos

February 05, 2015

O preço de uma vida bem sucedida

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- Jeverton Magrão Ledo

Disse Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito. (Gn 41.41)

Quando analisamos a trajetória de José, muitas vezes nos esquecemos de dar a devida atenção aos longos anos de espera, e às mais diferentes situações que ele enfrentou para alcançar a vitória em sua caminhada.

Ele foi maltratado por seus irmãos, arrancado de sua família, vendido como escravo, transportado para um país estrangeiro e transformado num servo doméstico.

Qual seria a sua reação se você tivesse que passar por todas essas situações?

Você se tornaria uma pessoa amargurada, revoltada com aqueles que tivessem responsabilidade direta pelos fatos e irada com Deus por deixar tudo isso acontecer com você?

A reação de José aos fatos difíceis de sua vida foi digna de alguém que deposita toda a confiança no Deus que está no controle absoluto da situação.

Temos de aprender que Deus tem uma forma especial de tratar cada um de seus filhos para conduzi-los à vitória.

Por mais doloroso que pareça o tratamento, Deus sabe exatamente o que está fazendo, por isso não precisamos nos preocupar.

Outro ponto importante é nunca se esquecer de que Deus é o dono do tempo e faz uso dele para o nosso próprio benefício.

Na história de José, ele teve de esperar longos anos, chegando até mesmo a ser esquecido pelos homens; no entanto, sempre esteve na lembrança de Deus.

Não se apresse em alcançar o sucesso oferecido pelo mundo, esquecendo-se dos verdadeiros valores, passando por cima dos outros e querendo dar o seu jeitinho.

Pague o preço, espere com paciência e deposite toda a sua confiança no único Deus capaz de levá-lo a alcançar uma vida verdadeiramente bem-sucedida.

Para refletir: poucas verdades podem mudar nossa vida como o conhecimento de que Deus está no controle.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/315/o-preco-de-uma-vida-bem-sucedida

February 04, 2015

Muitos começam bem, mas nem todos terminam bem

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- Jeverton Magrão Ledo

Você já parou para pensar em como um pequeno mal pode prejudicar uma vida de sucesso? Uma partida de futebol pode ser prejudicada quando uma das equipes joga usando o regulamento em seu favor. As férias podem ser arruinadas por causa de uma experiência negativa. Uma corrida de fórmula 1 pode ser perdida devido a um leve descuido perto do final. Uma trajetória de vida bem iniciada pode ser prejudicada por falhas ao longo do caminho e não terminar bem.

O rei Uzias é um exemplo disso (2Rs 15.2-7). No começo de seu reinado sempre buscou orientação no Senhor. Ele foi coroado com apenas dezesseis anos, desfrutou de sucessos militares e ganhou fama durante sua caminhada. Porém, num determinado momento, tornou-se orgulhoso.

Esqueceu-se de que Deus era a fonte de seu sucesso e começou a pensar que estava acima de tudo e de todos. Uzias passou a desobedecer a Deus e a cometer atos impensados. Por causa de sua desobediência, Deus o atingiu com lepra ele passou o resto de seus dias desfigurado e imundo, mostrando visivelmente seu fracasso em permanecer fiel a Deus.

Você pode estar se perguntando: “O que essa história tem a ver com o caminho que tenho trilhado e com o “sucesso” que Deus tem guardado para mim?”.

Nunca se esqueça de que Deus realmente tem vitórias para sua vida, mas ele quer acompanhar toda sua trajetória; o Seu desejo é que compartilhemos todos os nossos passos com Ele.

Deus quer fazer parte de todo o projeto e não apenas do início da obra.

Não seja como o jovem rei que, assim que se sentiu forte e aparentemente dono da situação, esqueceu-se de quem estava -- e ainda está -- por trás de todas as nossas conquistas.

Que nós, ao contrário de Uzias, não permitamos que um momento de tolice destrua uma vida de vitórias.

Você está caminhando com Deus?

 Peça graça para terminar a corrida com humildade e obediência.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/316/muitos-comecam-bem-mas-nem-todos-terminam-bem

February 03, 2015

Do exílio à libertação

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- Ricardo Barbosa de Sousa

O salmista, em seu período no exílio, fez a seguinte declaração: “Como poderíamos cantar as canções do Senhor numa terra estranha?” (Sl 137.4) Esta é a mesma pergunta que fazemos hoje diante do clima de confusão em que vivemos. A sensação é de exílio. As grandes mudanças que a civilização tem experimentado nas últimas décadas, a exclusão dos valores e convicções religiosos da vida pública e a crise ética e moral que vivemos em toda a nação, nos fazem sentir como se habitássemos numa terra estranha.

Como se isso não bastasse, muitos cristãos sentem-se exilados em suas próprias igrejas. Algumas músicas soam estranhas; suas letras não apontam para o espírito cristão da adoração e comunhão, mas para um espírito individualista, narcisista, com o qual não nos identificamos. Ouve-se muito pouco o “nós” ou o “nosso”, e demasiadamente o “eu”, “meu” e “para mim”. Os pacotes funcionais e os modelos de crescimento parecem não se importar muito com as pessoas, com a sua singularidade e seu amadurecimento espiritual e emocional, mas com a capacidade produtiva, com o engajamento no sistema, com o “vestir a camisa” ou “comprar a visão”. Sentimo-nos num exílio religioso.

Sentimo-nos também exilados dentro da própria cultura. O processo de secularização vem transformando rapidamente toda a atmosfera cultural. O espírito individualista tomou o lugar do espírito altruísta. Não existem mais grandes causas pelas quais vale a pena lutar, não há mais disposição para o sacrifício nem para a renúncia. A família vem sendo desconstruída e dando lugar a novos modelos de relacionamentos que pouco ou nada lembram o que significa um lar. O amor paciente, generoso, que tudo sofre e tudo perdoa, vem desaparecendo, e no seu lugar surge uma nova paixão, do tamanho do prazer de cada um.

Como então cantaremos as canções do Senhor numa terra assim? Um outro exilado nos ajuda a responder a esta pergunta. O apóstolo João, em sua visão no exílio na ilha de Patmos, vê duas cidades: Babilônia e a Nova Jerusalém. Babilônia representa uma cidade como aquela em que vivemos; poderia ser São Paulo, Belo Horizonte, Brasília ou qualquer outra cidade, com sua política, economia e estrutura social, o lugar onde constituímos nossas famílias, educamos nossos filhos e servimos a Deus. Contudo, Babilônia é também representada como uma grande prostituta, aquela que em troca de dinheiro, promete prazer e felicidade. Ela é atraente, sedutora; mas, uma vez que se é atraído para sua cama, tem-se de pagar pelo prazer.

Já a Nova Jerusalém é representada por uma comunidade de adoradores, de homens e mulheres que rejeitaram a oferta da prostituta e reconheceram que a fonte verdadeira e eterna de alegria e prazer está em Deus. Eugene Peterson, falando sobre a Nova Jerusalém, comenta o seguinte: “Nossa imagem do céu tem sido mais semelhante a um jardim, a um lugar bucólico, longe do barulho e agitação da cidade [...]. No entanto, a cidade é um lugar barulhento, onde o pecado e a arrogância crescem [...]. O céu deveria ser um lugar longe da cidade. No entanto, na visão de João, o céu é a invasão da cidade pela Cidade. Entramos para o céu não fugindo do que não gostamos, mas santificando o lugar onde Deus nos colocou para habitar.”

Esta Cidade que se encontra dentro da cidade é o lugar onde cantamos as canções do Senhor. A espiritualidade cristã traz sempre um desafio urbano. De certa forma, somos exilados, vivemos numa terra estranha que rejeita Deus, sua Palavra, seus caminhos, seu chamado, sua ética e sua moral. Orar e cantar numa terra assim nunca foi uma experiência fácil. Mas Deus, por meio do seu Filho, resolveu fazer sua casa entre nós, neste mundo em que vivemos, de forma que sua presença é a garantia da Cidade no meio da cidade, onde permaneceremos como uma comunidade de adoradores que rejeitam o convite da prostituta na esperança de que a justiça volte a reinar.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/298/do-exilio-a-libertacao

February 02, 2015

O sofrimento

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O sofrimento pode ser o caminho através do qual chegamos às nossas verdades. A estrada pela qual chegamos à maturidade atravessa, necessariamente, a escuridão e a solidão. A escuridão, porque sofrer implica perder as referências, desdenhar das explicações, questionar os clichês e aventurar perguntas. A escuridão é o momento quando não caminhamos porque vemos, mas porque intuímos, recordamos e temos fé. Intuímos o rumo certo pelo tanto que já caminhamos, recordamos as experiências aprendidas em momentos semelhantes no passado e andamos por fé, que supera as trevas, prescinde de explicações e transcende as certezas.

A solidão é imprescindível na trilha do sofrimento. A dor pode ser compartilhada, mas jamais transferida. Pode ser percebida, mas não capturada. Pode até ser escondida, mas nunca suprimida. Quem sofre, sofre sempre em solidão. Não necessariamente porque lhe falta boa e providencial companhia, mas porque todo sofrimento pessoal, em sua dimensão mais profunda e essencial, é intransferível. O sofrimento tem sua realidade particular, e não pode ser diferente: cada um sofre por uma razão, é vitimado em áreas distintas, por motivos diversos e com respostas as mais variadas, num dégradé de resiliência que vai da meninice do chororô ao heroísmo quase estóico, incluído entre os tons das cores a grandeza da fé, resignada e esperançosa, e por isso engajada e mobilizadora.

O sofrimento desperta para o ético e o estético. Convoca virtudes adormecidas a que subam ao palco: coragem, perseverança, paciência, honradez, respeito à vida. Possibilita o lapidar do caráter, apara arestas, harmoniza as formas, faz irromper a beleza escondida na frieza do coração. O sofrimento quebranta orgulhosos, vaidosos e prepotentes, faz desmoronar intransigentes, legalistas e moralistas. Como o martelo do escultor, retira os excessos da pedra e dá à luz o belo, o sublime, o deslumbrante.

Quem sofre descobre seus limites, identifica verdadeiras amizades, vislumbra novos horizontes, abre a mente para novas verdades e o coração para novos amores. O sofrimento produz compaixão, evoca misericórdia, gera solidariedade. O sofrimento cria caminhos para arrependimentos e confissões, subverte juízos e sentenças, possibilita aproximações e reconciliações.

O sofrimento coloca homens, mulheres, velhos e crianças, de joelhos. Faz com que os olhos procurem os céus. Dilata a alma para o mistério, conclama o espírito para o inefável, inspira poesias e canções, faz surgir nos lábios o perfeito louvor. Quem sofre aprende a perdoar e pedir perdão. Ganha a oportunidade de colocar o rosto no chão, em clamor e oração. O sofredor jamais chora em vão. Deus habita também a sombra e a escuridão.

O sofrimento é o ônus do viver, o custo do amor, a paga pelo crescimento, o preço da maturidade. Viver é muito perigoso, já dizia Guimarães. Amar é muito precioso. Crescer é muito doloroso. Amadurecer é muito custoso. Crer é coisa de teimoso. O sofrimento diminui o poder da morte, dissolve a crueldade da indiferença, envergonha a pequenez da alma, desmascara o mundo de mentirinha da ingênua infância, quebra a maldição da incredulidade. Aceitar a realidade e inevitabilidade do sofrimento é escolher a vida, decidir amar, optar pela plenitude, apostar na fé.

© 2007 Ed René Kivitz

Fonte: http://edrenekivitz.com/blog/2012/06/sofrimento/

February 01, 2015

Fé, lágrimas e utopia

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Eu também tenho mais perguntas do que respostas.

Mas das respostas já não faço questão. Madame Guyon disse que “se as respostas às perguntas da vida são absolutamente necessárias para você, então esqueça a viagem. Você nunca chegará lá, pois esta é uma viagem de incógnitas, de perguntas sem resposta, de enigmas, de coisas incompreensíveis e, principalmente, injustas”. Andamos por fé. A fé não tem a ver com certezas, mas com confiança. Confiança em Deus, seu caráter justo, amoroso e bom. Jesus também fez uma pergunta e não obteve resposta. O que lhe doía não era a a falta de explicações, mas o desamparo. No dia da tragédia não precisamos de respostas, precisamos de alguém. Deus é suficiente para compreender nossa perplexidade, assumir posição de réu sob nossas dúvidas, e sofrer o peso da nossa dor. Assim creram os antigos: Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação, pois nem a morte, pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Eu também choro.

Sei que a vida continua, que não posso ficar preso ao passado, que devo levantar a cabeça e seguir em frente, que tenho ainda minha própria vida para viver… Mas antes preciso chorar. Preciso acolher meu sofrimento, dar a ele boas vindas, permitir que a tragédia faça seu caminho até o mais profundo do meu coração, fazer com que a dor traga de volta lembranças abafadas pela correria da vida, promova arrependimentos, desperte sonhos adormecidos, traga para a luz memórias de afeto e alegria. Assim posso purgar tudo isso sem medo, vencer a escuridão com a coragem de chorar. Oferecer minhas lágrimas como a mais legítima das orações e o meu pranto como o mais sublime tributo de amor. Jesus também chorou diante da morte. Deus é suficiente para nos outorgar perdão, redimir palavras e gestos, recolher as palavras e gestos que jamais deveriam ter ganho concreção, e dar destino ao que ficou por dizer e fazer. Deus é bom e sabe amar, capaz de enxugar nossas lágrimas e dar sentido e significado ao nosso sofrimento. Assim creram os antigos: a tribulação produz.

Eu também fico indignado.

Também não me conformo com os desmandos de um país que agoniza sob incompetências, negligências, imperícias, imprudências, e, principalmente, a corrupção sistêmica e a injustificada impunidade. Mas não vou permitir que isso me torne cínico e cético. Vou dar mais ouvidos aos idealistas, me agarrar às forças das utopias, me deixar levar nas asas da esperança. Vou arregaçar as mangas, arar a terra e semear o solo regado com o sangue dos justos e inocentes. Vou repartir como meu próximo os frutos do meu sofrimento, compartilhar o labor com tantos irmãos que ainda não se curvaram diante da mediocridade, não se deixaram vencer pelas forças das trevas, e não se intimidaram face aos promotores e mantenedores da morte. Jesus também sofreu, e não desistiu. Jesus também morreu. E sua ressurreição é não apenas convocação para a luta, mas garantia de vitória. Assim creram os antigos: eu sei que meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra!

Fonte: http://edrenekivitz.com/blog/2012/10/fe-lagrimas-utopia/