May 16, 2016

Livrai-me de mim mesmo, Senhor!

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- Reinaldo Percinotto Júnior

Texto básico: Marcos 7. 1-23
Textos de apoio
– Gênesis 6. 1-8
– Isaías 5. 20
– Ezequiel 36. 25-27
– João 17. 14-16
– Gálatas 5. 13-26
– 1 Tessalonicenses 5. 15-24

Introdução

Como alguém pode evitar o mal? Ou, num sentido mais religioso, como alguém pode se tornar puro diante de Deus? Essas questões trazem consigo alguns desdobramentos: qual é a fonte do mal, da impureza? Esta fonte é interna ou externa? Para os fariseus e mestres da lei, na época de Jesus, a resposta era instantânea: a fonte do mal era externa e, portanto, a impureza “espiritual” decorria do contato com pessoas ou objetos “impuros”. Portanto, para se manter “puro”, bastava evitar esse contato por meio de rituais e procedimentos exteriores, os quais foram sendo construídos ao longo do tempo através de tradições religiosas. Vale notar que estas tradições incluíam muito mais coisas do que aquelas declaradas impuras no código Levítico (Lv 11).
Em nosso texto, fariseus e mestres da lei vindos de Jerusalém entram em choque com Jesus e seus discípulos, justamente por causa destas tradições religiosas. Surge então a oportunidade para que Jesus denuncie as distorções promovidas por estes líderes religiosos (vv. 1-13), e de quebra definir a verdadeira fonte da impureza e do mal (vv. 14-23) praticados pelos homens.
Será que nós também não temos criado nossas próprias “tradições”, deixando de perceber a verdadeira fonte do mal e da nossa impureza diante de Deus? Será que também tentamos nos justificar diante de Deus por meio de práticas ritualísticas que criam uma ilusão de pureza diante de Deus, enquanto a fonte do mal permanece jorrando escondida dentro de nós?

Para entender o que a Bíblia fala

  1. Os líderes religiosos do v. 1 tinham vindo de Jerusalém, o centro religioso do farisaísmo, e se reúnem “em volta de Jesus” (NTLH). Isso parece sugerir alguma “missão” da parte deles?
  2. Esse mesmos líderes observaram alguns discípulos de Jesus comendo com a mãos “impuras”, e questionaram Jesus por isso (vv. 2-5). Será que estavam preocupados com a saúde física dos discípulos (uma questão de higiene)? Ou a preocupação era ritualística? Nesse último caso, como eles entediam a pureza diante de Deus?
  3. O que a resposta de Jesus no v. 6 revela sobre a real situação daqueles líderes diante de Deus? Por que a situação deles era tão séria? Nos vv. 8, 9 e 13, Jesus descreve com três verbos bastante fortes a forma como eles tratavam a Palavra de Deus. Quais eram esses verbos?
  4. E para deixar bem claro como eles estavam corrompendo o mandamento divino, em prol de suas tradições orais, Jesus cita um exemplo do “jeitinho fariseu” (como eles distorciam o que Moisés havia dito). Que exemplo foi este (vv. 9-12)? Hoje em dia, é possível também desobedecermos algum mandamento de Deus em nome da uma pretensa “adoração” ao mesmo Senhor? Cite um exemplo.
  5. A partir do verso 14 Jesus retoma a questão da fonte da nossa pureza ou impureza. Falando primeiro à multidão e depois as discípulos, ele esclarece que o problema do mal é interno, e não externo. Segundo as explicações de Jesus, qual é a fonte da nossa maldade (vv. 19-23)? Por que esse problema não pode ser resolvido por meio de um ritual, uma dieta ou quaisquer outros métodos externos?
  6. Jesus não menciona explicitamente isto nesta passagem, mas, pensando no contexto mais amplo do Novo Testamento (os texto de apoio, por exemplo), de que maneira você acha que este problema da nossa maldade interna pode ser resolvido?

Hora de Avançar

Se não sabemos como se originou o mal, podemos, entretanto, apontar onde ele apareceu pela primeira vez. Apareceu em um coração. Daí em diante, de coração em coração, seduziu e contaminou todos os homens. Por esta razão, sabemos onde encontra-lo, identificá-lo e combatê-lo: nos corações dos homens. (…) Agora, com a ajuda do Espírito Santo que [Cristo] nos enviou, somos capacitados a vencê-lo. (Rubem Amorese)      

Para pensar

Marcos, diferentemente de Mateus, coloca algumas notas explicativas (vv. 3-4) para que os seus leitores, em sua maioria gentios, entendessem melhor as práticas dos líderes e do povo judeu.
Naquela época, um judeu zeloso, na tentativa de continuar puro, procurava maneiras de evitar contato com todos os que estivesse cerimonialmente impuros. E esse esforço incluía muito mais coisas do que aquelas declaradas impuras pela Lei. Por exemplo, a sombra de um gentio passando sobre a comida de um judeu piedoso a tonaria “impura”, já que os gentios eram a personificação da impureza (Dewey Mulholland, “Marcos: Introdução e Comentário”, Vida Nova).
As palavras de Jesus nos vv. 14-23 marcam uma diferença fundamental entre o Reino de Deus, pregado por ele, e o judaísmo farisaico. Jesus tinha destacado o principio de que o que é meramente externo não pode purificar. Agora ele enfatiza o oposto: aquilo que é meramente externo não torna impura a natureza espiritual do homem.

O que disseram

Seja um porteiro de seu coração e não deixe entrar nenhum pensamento sem interrogá-lo. Interrogue cada pensamento individualmente e diga-lhe: você é um dos nossos ou um de nossos adversários? Se for da casa, vai enchê-lo de paz. Mas se for do inimigo, vai perturbá-lo pela raiva ou provocá-lo pela cobiça. (Evágrio Pôntico, século IV)

Para responder

  1. O grande erro dos fariseus e mestres da lei era utilizar as suas tradições para buscar uma auto justificação diante de Deus. Eles achavam que a pureza era uma questão de ritual exterior. Ao mesmo tempo, é importante reconhecermos que as tradições podem ocupar um espaço positivo em nossa caminhada cristã, não como veículos da justiça própria mas como caminhos que nos aproximam de Deus para sermos transformados (santificados). Nesse sentido, que tradições religiosas tem influenciado sua vida? Você considera esta influência boa ou ruim? Explique.
  2. Jesus assevera que o que nos torna “impuros” diante de Deus são os males que saem do nosso coração. Assim, a “fonte” que brota de nosso coração precisa ser purificada pelo Espírito Santo. Essa transformação interior é obra exclusiva de Deus. Ao mesmo tempo, Richard Foster, no clássico “Celebração da Disciplina”, fala sobre o “caminho da graça disciplinada” atuando em nossa santificação. Segundo ele, “é ‘graça’ porque é grátis; é ‘disciplinada’ porque existe algo que nos cabe fazer.” E esse “o que nos cabe fazer” tem a ver com o cultivo das disciplinas espirituais, que nos permitem estar em uma “posição” onde podemos receber a graça transformadora de Deus. Como você avalia, honestamente, a importância que as disciplinas espirituais recebem em seu dia a dia? Você estaria disposto a realizar “reparos” e “aperfeiçoamentos” na sua vida interior? Que passos humildes, práticos e realistas você poderia tomar nesta direção?

Eu e Deus

Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!
Na imensidão de vosso amor, purificai-me!…
Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade
e pecador já minha mãe me concebeu…
Criai em mim um coração que seja puro,
dai-me de novo um espírito decidido.
Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,
nem retireis de mim o vosso Santo Espírito!
(Salmo 51. 1, 5, 10 e 11; CNBB)
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/livrai-me-de-mim-mesmo-senhor/

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