August 23, 2016

Meu reino não é deste mundo

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- Ricardo Barbosa

Uma das afirmações de Jesus para Pilatos durante seu julgamento, foi que o seu reino não era deste mundo. Confesso que, embora entenda o que Jesus disse, encontro grande dificuldade de compreender o que significa viver a partir desta afirmação. Significaria, por exemplo, ignorar as realidades deste mundo, seus conflitos e tensões, e desenvolver uma capacidade de se abstrair de tudo isso e viver numa atmosfera espiritual? Poderia significar viver de tal forma que os problemas deste mundo não nos atingissem? O que afinal, significa, viver como se o meu mundo não fosse este?

Gostaria de arriscar um palpite. As estruturas políticas, econômicas e sociais estão sempre sujeitas à corrupção e decadência. A forma como a sociedade responde a tudo isso é, de certo modo, se envolver em esperanças frágeis e susceptíveis à falência. Esperamos, confiantemente, que alguma nova política ou um novo jeito de conduzir a economia devolva a segurança e tranquilidade. Imaginamos que o surgimento de uma nova droga, um acordo de cessar fogo, uma nova fonte de energia limpa nos trará novos tempos de paz e prosperidade. Por outro lado, vivemos atormentados pelo risco de uma catástrofe nuclear, da superpopulação que acabará com os recursos naturais, a taxa de natalidade em declínio que coloca em risco o futuro da humanidade, o lixo tóxico que compromete a qualidade de vida.
Diante da declaração de Jesus a Pilatos, estas esperanças e temores estão fora de questão. Jesus sabia que os reinos deste mundo são frágeis e passageiros. Poderes se levantam e são abatidos. Momentos de tranquilidade e prosperidade são seguidos de tempos de tribulação e dificuldades. Jesus sabia disto. É por isso que Paulo exorta os cristãos do primeiro século a reconhecerem que não temos uma cidade permanente aqui, somos cidadãos de uma cidade divina que homem algum construiu e que homem algum jamais destruirá.
Malcolm Muggeridge (1903 – 1990), jornalista britânico e âncora da BBC, numa palestra em 1978, afirmou que as pessoas não podem ter sua esperança nas instituições terrenas. Ele disse: “É precisamente quando todas as esperanças terrenas foram exploradas e achadas insatisfatórias, quando todas as possibilidades de ajuda das fontes terrenas foram buscadas e provadas insuficientes, quando todos os recursos que este mundo oferece, tanto moral quanto material, foram explorados sem efeito, quando, no frio insuportável, o último feixe de gravetos foi jogado ao fogo e, na extrema escuridão, cada raio de luz foi finalmente afugentado, é então que a mão de Cristo se estende segura e firme.”
Precisamos entender que o reino de Jesus não é deste mundo. Vivemos neste mundo, trabalhamos nele, dele tiramos o sustento de cada dia e nele estabelecemos nossas famílias e servimos uns aos outros, mas não pertencemos a ele, pertencemos a Cristo e ao seu reino, um reino que não se abala com as crises e tensões deste mundo.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/meu-reino-nao-e-deste-mundo/

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