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- Everson Souza Pereira
Base Bíblica: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.” (Tg 1.13-15)
Alvo da lição:
Saber: identificar a tentação como algo vindo de dentro de si.
Sentir: estar atento às próprias tentações.
Agir: aplicar o domínio próprio e fugir dos desejos malignos.
Meditação diária:
Seg – Tg 1.13-15
Ter – 1Co 10.11-13
Qua – Mt 4.1-11
Qui – Hc 1.12-2.5
Sex – Mt 15.10-11
Sáb – Gl 5.22-23
Dom – Pv 5.22-23
Vamos estudar Tiago 1, do versículo 13 ao 15, que trata a respeito da
tentação. É importante observar, porém, o versículo 12, que enfatiza a
necessidade de perseverar na provação para ser aprovado.
Nesse
versículo, a palavra grega que é traduzida em algumas versões como
“provação” tem a mesma raiz da palavra “tentação” do versículo 13.
Aqui, podemos dizer que provação e tentação têm o mesmo significado.
A
diferença entre as duas está no fato de que a origem e o objetivo de
cada uma são diferentes. A provação vinda de Deus terá sempre o objetivo
de nos fortalecer e fazer crescer.
Já a tentação tem origem na cobiça e
pode ser induzida pelo diabo; o objetivo dela é o de nos fazer cair e
pecar.
Conforme João 10.10, o diabo vem somente para roubar, matar e
destruir. Por isso, é importante conhecer o que é tentação.
1. Verdades sobre a natureza da tentaçăo (Tg 1.13-14)
1.1 Inevitável
As principais versões da Bíblia em língua portuguesa indicam que
todos passarão por tentações (Tg 1.13).
A questão não é “se”, mas
“quando” vamos ser tentados. Nem uma tradução portuguesa cogita como
possibilidade, elas afirmam “quando for tentado”. O nosso primeiro
desafio em relação à tentação é entender que estamos sujeitos a ela a
todo momento. Precisamos prestar atenção continuamente.
Ninguém pode
dizer que não passa por tentação, pois é naturalmente humana. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana” (cf. 1Co 10.13). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (cf. 1Co 10.12).
1.2 Maligna
A afirmação de que Deus não pode ser tentado pelo mal salienta o
caráter bondoso de Deus.
A natureza santa de Deus é solidificada no bem,
e o mal é incapaz de seduzi-Lo. Habacuque 1.13 revela que a bondade de
Deus é inabalável, a ponto de Ele sequer poder olhar o mal. Tiago afirma
no versículo 13 que “Deus não pode ser tentado pelo mal”.
Entendamos que, ainda que o diabo tente uma pessoa, ela só cairá se
ceder. A tentação surge da cobiça, e isso é inviável para Deus. Ele é o
Dono de tudo (cf. Sl 24.1), de forma que não há o que cobiçar. Além
disso, o décimo mandamento de Deus diz: “Não cobiçarás” (Êx
20.17), e Deus não pode negar a Si mesmo (cf. 2Tm 2.13). A tentação,
sendo o caminho do mal, é totalmente contrária à natureza de Deus.
1.3 Humana
Deus não é o responsável pela tentação; Ele não tenta ninguém (Tg
1.13). A tentação tem por objetivo fazer pecar, induzir ao erro. Não
lemos na palavra que Deus é o tentador, mas o diabo é assim chamado (cf.
Mt 4.3 e 1Ts 3.5). Esse papel é do diabo, não de Deus.
Imaginar que
Deus nos induz ao mal é contrariar a natureza divina Dele. Deus é bom
(cf. Sl 136.1).
No nosso desejo de nos livrar da culpa do pecado, acabamos cometendo
outro erro: atribuir ao diabo todas as nossas culpas. Porém, embora o
diabo seja chamado de tentador, a Bíblia atribui o problema à cobiça
humana e não à tentação diabólica (Tg 1.14).
Nenhum efeito teria a
tentação diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois, como vimos
antes, não nos vem tentação que não seja humana e cada um é tentado pela
própria cobiça.
1.4 Identificável
Embora o nome de “tentador” seja atribuído ao diabo, vimos que o
maior problema da tentação não é o diabo, e sim os nossos desejos.
Conforme Douglas J. Moo, em seu comentário sobre o livro de Tiago, a
ideia de “atrair e seduzir” é “caçar e pescar”. É
preciso atrair o animal para a armadilha, seduzir o peixe com a isca.
Lembremo-nos de que o animal vai até a armadilha, e o peixe vai até o
anzol atraído por uma necessidade legítima de se alimentar. Assim
também, alguns desejos nossos têm fundamentos legítimos como o desejo de
comer, beber, descansar, mas que podem se tornar pecaminosos se nos
atraírem e nos seduzirem.
Moo ainda mostra que a palavra “cobiça”, traduzida algumas vezes como concupiscência, vem do grego epithymia e
pode algumas vezes significar um desejo legítimo como em Lucas 22.15 e
Filipenses 1.23. Por isso, é importante exercitar o fruto do Espírito
(Gl 5.23), que inclui o domínio próprio. Lembre-se de que as piores
tentações são aquelas que estão ligadas às necessidades legítimas.
Quais áreas da sua vida você acredita serem inofensivas? Até mesmo as
vontades do dia a dia podem ser ciladas para o pecado: namorar;
divertir-se; ter dinheiro, amigos; sair; passear; viajar; ser popular.
Na maioria das vezes, nós armamos essas ciladas para nós mesmos. Você
sabe qual é a natureza de seus desejos, portanto, esteja alerta! Não
subestime uma tentação!
2. Verdades sobre o caminho da tentaçăo (Tg 1.15)
2.1 Escala: pecado
A tentação se encarrega de anunciar, propagar, oferecer, estimular a
prática do pecado. A cobiça é a mãe do pecado, ela o concebe e o dá à
luz. Muitos alimentam a cobiça pensando que podem suportar a tentação.
Assim, acabam por cair na armadilha da cobiça.
Sinônimo de “conceber”, neste contexto, é “consentir”, “permitir”. A
partir do momento em que a pessoa consente ou permite a cobiça, estará
naturalmente permitindo a entrada do pecado. E o pecado pode ser muito
sutil. Se nos entregarmos aos prazeres da comida, poderemos nos tornar
glutões; se consentirmos com a bebida alcoólica, poderemos ser
dominados por ela; se nos deixarmos levar pelo descanso, poderemos nos
tornar preguiçosos.
2.2 Destino: morte
O objetivo e a consequência final do pecado é sempre a morte. Foi
assim desde o início com a serpente no jardim do Éden. Antes mesmo da
consumação do pecado, a morte havia sido dada como sentença condenatória
de Deus sobre o pecado (cf. Gn 2.17). No dia em que pecaram, Adão e Eva
morreram espiritualmente (cf. Rm 5.12), pois foram separados da
intimidade com Deus, que é a fonte da vida. A morte física veio depois
para confirmar o que já havia ocorrido espiritualmente no ser humano.
Pela falta de disciplina (obediência a Deus), ocorre a morte (Pv
5.22-23).
2.3 Alternativa: fuga
Precisamos resistir ao diabo, mas devemos fugir das nossas paixões
(cf. Tg 4.7; 1Co 6.18; 2Tm 2.22). É muito difícil vencermos sozinhos o
nosso próprio instinto. Paulo sentiu isso na pele. Por mais que ele
quisesse fazer o bem, realizá-lo estava além de sua capacidade como ser
humano (cf. Rm 7.15-25). A razão é que nossa natureza humana foi
corrompida pelo pecado, e somente por meio do sacrifício de Jesus
podemos ser purificados e deixar de ser escravos do pecado (cf. Rm
6.20,22).
Com Jesus, somos capazes de evitar o pecado, e a melhor forma de
fazer isso diante de nossa própria cobiça é fugirmos. A cobiça só tem
dois fins: ou é saciada, ou é abandonada. A melhor forma de abandonar a
cobiça é afastar-se daquilo que é cobiçado. Ninguém nunca disse que tal
atitude seria fácil. Jesus nos diz que existem dois caminhos a seguir:
um que leva à vida; outro que leva à morte. O caminho da vida é apertado
e difícil de entrar (cf. Mt 7.13-14); para o trilharmos, temos que
estar dispostos a negar a nós mesmos (cf. Mt 16.24). Essa é a única rota
de fuga da tentação.
O que você tem perdido por causa do pecado: sonhos, amigos,
oportunidades, família, ministério? Quantas dessas coisas poderiam ter
sido salvas se você abrisse mão de alguns desejos egoístas e buscado
seguir o que Jesus nos ensinou? O momento certo para se arrepender e
sair de um abismo é antes de cair nele. Antes que seja tarde demais.
Conclusăo
A tentação é um problema provocado por nós e não por Deus. O diabo é o
tentador, mas está em nós cair na tentação e pecar. O desafio é
reconhecer nossa vulnerabilidade, nossa fraqueza, e vencê-la. Não temos
condições de enfrentar a tentação, pois somos fracos diante de nossos
próprios desejos. Portanto, a única forma de vencer a tentação é fugir
dela.
Mas fugir do que nos atrai exige força espiritual. Por isso
precisamos buscar forças no único que foi tentado, mas nunca pecou:
Jesus Cristo (cf. Hb 4.15). Alimentemo-nos da palavra de Deus e
cuidemos (cf. 1Tm.4.16), pois o mal que o tentador sugerir só terá
efeito se nos deixarmos levar por ele!
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sete-verdades-sobre-a-tentacao/#comment-2476