May 30, 2018

Para entender o coração de Deus: estar em Cristo

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“Se continuarem unidos a mim e não esquecerem as minhas palavras, hão de receber tudo quanto pedirem.” (João 15:7)

- Vinicios Torres

As promessas de Deus são condicionais. Muitas pessoas vivem cobrando que Deus as abençoe e faça por elas o bem que desejam sem perceberem que para cada coisa que Deus promete, tem uma condição que devemos cumprir.

Craig Denison escreveu: “O modelo de Jesus para oração e permaneceer em sua presença, permanecer nas suas palavras, e pedir a Deus os desejos do nosso coração. Deus deseja que estejamos sintonizados com as batidas do coração dele e tão saturados da Sua Palavra, a ponto dos nossos desejos se transformarem nos desejos dele. O seu plano é nos encher com o conhecimento da sua perfeita vontade para as nossas vidas, lá no lugar secreto, de tal maneira que possamos orar e viver integralmente cheios da expectativa de que o nosso pai celestial nos levará a experimentar os desejos que ele colocará em nós”.

“Estar unido”, “permanecer”, “estar em”, são sinônimos de “continuar unido” na passagem acima. Pode também ser compreendido como “residir, morar, viver”.

Tiago 4:8 diz “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós.”

Deus deseja que nos cheguemos a Ele tão intimamente e tão amorosamente que percamos a capacidade de diferenciar quais são os nossos desejos e os dele. Estaremos tão apaixonados por ele que nos realizaremos em fazer a sua vontade. Neste momento, como disse Jesus, tudo o que pedirmos, receberemos, pois estaremos pedindo o que Ele mesmo quer.

“Senhor, até para me achegar a Ti eu preciso da ajuda do poder do teu Espírito Santo. Ajuda-me, pois eu quero ser um contigo.“

Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2018/05/23/estar-em-cristo-chave-para-compreender-o-coracao-de-deus/#.Ww3o47gprng

May 29, 2018

Put yourself in his shoes

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- Levi Agreste

Juntou todos os papéis intermináveis, contando os números incalculáveis. À medida que seus olhos deslizavam sobre as folhas, seus lábios se amargavam. Concluiu, revisou, releu: não havia saída. Não havia dinheiro.

Com o choro engasgado, comunicou à esposa e os filhos que todo o esforço financeiro que fizeram não foi suficiente. Os meses desempregado tiraram-lhes aos poucos as joias, o sofá, o carro, a TV e - por fim - a casa.

Foram sentenciados à rua.

Sem opções, buscaram abrigo em um prédio abandonado. Um grupo antes desconhecido geria o local ocupado com regras rígidas e horários implacáveis.

As primeiras semanas de adaptação foram difíceis: a companhia indesejável, a limitada privacidade, os serviços comunitários. Tudo começou a melhorar quando os contatos com o grupo renderam ao pai um emprego razoável como representante de vendas e à mãe a oportunidade de fazer uns trocados com produtos artesanais.

Gradativamente, as dívidas iam diminuindo. O pai, agarrado com unhas e dentes ao novo emprego, cresceu na carreira. A mãe, despertando seu potencial, organizou a fundação de uma cooperativa que multiplicou a renda das artesãs.

Com lágrimas dobradas fecharam o contrato de financiamento da nova casa - casa confortável, de paredes singelas e janelas alegres. Construíram ali novo lar.

Os anos se passaram. As paredes se esfriaram. As janelas endureceram. Os novos residentes - descendentes daqueles primeiros - tomavam café ao som de fundo da televisão.

“... prédio ocupado irregularmente desaba após incêndio durante a noite...”

O som da TV se misturava à letárgica mastigação.

“Não se sabe ao certo quantas pessoas ainda podem estar nos escombros...”

O homem da casa finalmente levantou os olhos, observando as cenas de destruição. Parou por alguns instantes, ouvindo atentamente a voz da jornalista. Quando a cena foi cortada, ele voltou os olhos para sua companheira.

“Baderneiros... tiveram o que mereciam...”

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/sentencas

May 28, 2018

Batalha interna

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Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito , o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam. (Gálatas 5.17)

- Martinho Lutero

Não se desespere quando sentir que a natureza pecaminosa luta continuamente contra o Espírito ou quando não puder forçar a natureza pecaminosa a se sujeitar imediatamente ao Espírito.

Não se surpreenda nem se assuste ao se tornar ciente deste conflito entre a natureza pecaminosa e o Espírito em seu corpo. Pelo contrário, anime-se quando Paulo diz que os desejos da natureza pecaminosa são contrários ao Espírito. “Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.”

Com essas palavras, ele conforta aqueles que estão sendo provados. É como se Paulo dissesse: “É impossível seguir o Espírito em todas as situações sem que a natureza pecaminosa interfira. Ela será um obstáculo para que você não faça o que realmente quer. Neste ponto, resistir à natureza pecaminosa é suficiente para que você não gratifique os seus desejos. Siga o Espírito, não a natureza pecaminosa, que rapidamente se torna impotente porque é muito impaciente. Ela duvida, reclama, procura vingança, odeia a Deus, luta contra ele e se desespera”.

Se você estiver ciente dessa batalha, não se desespere, mas resista no Espírito e diga: “Eu sou um pecador e me sinto pecador, pois ainda estou neste corpo. Enquanto eu viver o pecado se atracará a este corpo. Mas eu obedecerei ao Espírito, e não à natureza pecaminosa. Eu me agarrarei a Cristo por meio da fé e da esperança nele e encontrarei conforto em sua Palavra”.

Você não agradará aos seus maus desejos quando for fortalecido assim.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2018/05/29/autor/martinho-lutero/a-batalha-interna-2/

May 25, 2018

Para curar a sua dor

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Jean Francesco

O apóstolo Paulo, à semelhança de nosso Senhor Jesus, sabia o que era sofrer. Escrevendo aos Coríntios, ele menciona algumas de suas piores experiências humanas já vividas: prisões, açoites, perigos de morte, quarentenas, apedrejado, apedrejamento, naufrágio, ficar à deriva no mar, fome, sede, frio e nudez (2 Co 11.23-27). Será que esse homem, com este currículo, pode nos ensinar alguma coisa a respeito de como enfrentarmos o sofrimento? Acredito que sim.

Na mesma carta do apóstolo (2 Co  4.16-18), recebemos uma descrição valiosa a respeito de como enfrentar o sofrimento. Diante das piores dores da vida, podemos fazer pelo menos três coisas: 1. Não desanimar; 2. Redefinir o sofrimento; 3. Atentar para as realidades eternas. Vamos analisar essas três atitudes:

(1) Não desanime diante do sofrimento (v.16)

A primeira atitude diante do sofrimento deve ser individual/pessoal. Precisamos enfrentar a nós mesmos em meio às dores existenciais. Em muitos momentos da vida nós somos os próprios causadores das nossas dificuldades. Sem ânimo, o sofrimento é multiplicado, o peso é aumentado, e a nossa alma é achatada.

Por que não podemos desanimar jamais em face do sofrimento? Deus faz uma promessa maravilhosa para nós. Guarde-a no coração: “mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia”.

De acordo com essa palavra, o nosso interior se renova diariamente em meio ao sofrimento. Em suma, o sofrimento é um pedagogo da alma, ele nos ensina a experimentar mais de Deus nas horas mais difíceis.

Esse é o remédio do bom ânimo.

(2) Redefina o que é sofrimento (v. 17)

Se a primeira atitude diante da adversidade é pessoal, a segunda pode ser descrita como intelectual/mental/espiritual. Tem a ver com a nossa leitura, compreensão e percepção da realidade. Note como Paulo enxerga todos os seus sofrimentos como uma “leve e momentânea tribulação”. Pare tudo. Respire fundo. Uma grande verdade vem agora. O seu sofrimento é mais leve do que você imagina, e mais passageiro do que você pensa.

Na perspectiva cristã, o sofrimento tem três faces: 1. Ele é suportável, 2. Ele é transitório, 3. Ele produz peso de glória. Faltaria papel para escrever o que tudo isso significa. Vamos tentar resumir em três frases as verdades maravilhosas dessa passagem. Primeiro, apesar do que aparenta, sua dor é leve e, portanto, Deus te faz forte o suficiente para suportá-la. Segundo, apesar do que ela aparenta, suas dores são passageiras e, portanto, não devem roubar a sua paz e esperança. Terceiro, apesar do que aparenta, o sofrimento é uma árvore frutífera e, portanto, quem aprende a enfrentá-lo nesta vida terá muitas glórias a receber na vida eterna. Tome estes três comprimidos diariamente como tratamento das suas dores, é um remédio com princípios ativos poderosos.

Esse é o remédio da percepção.

(3) Mantenha seu olhar na eternidade (v.18)

Se a primeira e segunda atitudes diante do sofrimento são eminentemente pessoais, a terceira atitude é essencialmente teológica. Para enfrentarmos o sofrimento precisamos saber qual é a nossa escatologia, nossa visão a respeito do futuro e da eternidade. Quem não tem uma visão sólida e coerente a respeito da vida porvir está fadado à amargura sem esperança na vida presente. Precisamos ter uma esperança futura gloriosa e restauradora. Sem uma esperança concreta e certa do fim, o ser humano se perde em meio às dores do presente.

Existem dois tipos de gente no mundo, as espirituais e as carnais. As que nasceram apenas do ventre materno e as que nasceram de novo (do Espírito). Para os primeiros, a vida se reduz às coisas “que se veem”, e às coisas “temporais”. O hoje é tudo que possuem, o visível é tudo o que podem ver. Por outro lado, para os discípulos de Jesus, aqueles que foram regenerados, a vida é mais abrangente, a visão é larga, e nós podemos manter os olhos naquilo que “não se vê”, e nas coisas que “são eternas”. É assim que enfrentamos o sofrimento: comparando aquilo que vemos, o “caos”, com aquilo que ainda não vemos, a “glória”, na certeza de que Deus irá colocar em ordem todas as coisas e viveremos para sempre ao seu lado numa criação restaurada.

Esse é o remédio da esperança.

Enfrente o sofrimento com as armas adequadas. Tome os seus remédios espirituais regularmente. Não desanime jamais, porque Deus faz o seu interior ser renovado através das vias amargas da dor. Redefina sua percepção do que é a dor; ela é leve, momentânea e produz glórias incomparáveis para nós. Pare de olhar apenas para o que se vê e para aquilo que pode ser temporal, abra os olhos da fé e creia que Deus tem coisas a serem manifestas que nem olhos viram, ouvidos não ouviram, nem jamais passou no coração humano.

Deus tem preparado o melhor para aqueles que O amam.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2018/05/14/tres-remedios-para-curar-a-sua-dor/

May 24, 2018

7 verdades sobre a tentação

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- Everson Souza Pereira

Base Bíblica: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.” (Tg 1.13-15)

Alvo da lição:

Saber: identificar a tentação como algo vindo de dentro de si.
Sentir: estar atento às próprias tentações.
Agir: aplicar o domínio próprio e fugir dos desejos malignos.

Meditação diária:
Seg – Tg 1.13-15
Ter – 1Co 10.11-13
Qua – Mt 4.1-11
Qui – Hc 1.12-2.5
Sex – Mt 15.10-11
Sáb – Gl 5.22-23
Dom – Pv 5.22-23

Vamos estudar Tiago 1, do versículo 13 ao 15, que trata a respeito da tentação. É importante observar, porém, o versículo 12, que enfatiza a necessidade de perseverar na provação para ser aprovado. 

Nesse versículo, a palavra grega que é traduzida em algumas versões como “prova­ção” tem a mesma raiz da palavra “tentação” do versículo 13. Aqui, podemos dizer que provação e tentação têm o mesmo significado. 

A diferença entre as duas está no fato de que a origem e o objetivo de cada uma são diferentes. A provação vinda de Deus terá sempre o objetivo de nos fortalecer e fazer crescer. 

Já a tentação tem origem na cobiça e pode ser induzida pelo diabo; o objetivo dela é o de nos fazer cair e pecar. 

Conforme João 10.10, o diabo vem somente para roubar, matar e destruir. Por isso, é importante conhecer o que é tentação.

1. Verdades sobre a natureza da tentaçăo (Tg 1.13-14)

1.1 Inevitável

As principais versões da Bíblia em língua portuguesa indicam que to­dos passarão por tentações (Tg 1.13). 

A questão não é “se”, mas “quando” vamos ser tentados. Nem uma tradução portuguesa cogita como possibi­lidade, elas afirmam “quando for tentado”. O nosso primeiro desafio em relação à tentação é entender que estamos sujeitos a ela a todo momento. Precisamos prestar atenção continuamente.

Ninguém pode dizer que não passa por tentação, pois é naturalmente humana. “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana” (cf. 1Co 10.13). “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (cf. 1Co 10.12).

1.2 Maligna

A afirmação de que Deus não pode ser tentado pelo mal salienta o caráter bondoso de Deus. 

A natureza santa de Deus é solidificada no bem, e o mal é incapaz de seduzi-Lo. Habacuque 1.13 revela que a bondade de Deus é inabalável, a ponto de Ele sequer poder olhar o mal. Tiago afirma no versículo 13 que “Deus não pode ser tentado pelo mal”.

Entendamos que, ainda que o diabo tente uma pessoa, ela só cairá se ceder. A tentação surge da cobiça, e isso é inviável para Deus. Ele é o Dono de tudo (cf. Sl 24.1), de forma que não há o que cobiçar. Além disso, o décimo mandamento de Deus diz: “Não cobiçarás” (Êx 20.17), e Deus não pode negar a Si mesmo (cf. 2Tm 2.13). A tentação, sendo o caminho do mal, é totalmente contrária à natureza de Deus.

1.3 Humana

Deus não é o responsável pela tentação; Ele não tenta ninguém (Tg 1.13). A tentação tem por objetivo fazer pecar, induzir ao erro. Não lemos na palavra que Deus é o tentador, mas o diabo é assim chamado (cf. Mt 4.3 e 1Ts 3.5). Esse papel é do diabo, não de Deus. 

Imaginar que Deus nos induz ao mal é contrariar a natureza divina Dele. Deus é bom (cf. Sl 136.1).

No nosso desejo de nos livrar da culpa do pecado, acabamos cometendo outro erro: atribuir ao diabo todas as nossas culpas. Porém, embora o diabo seja chamado de tentador, a Bíblia atribui o problema à cobiça humana e não à tentação diabólica (Tg 1.14). 

Nenhum efeito teria a tentação diabólica se não houvesse a cobiça humana, pois, como vimos antes, não nos vem tentação que não seja humana e cada um é tentado pela própria cobiça.

1.4 Identificável

Embora o nome de “tentador” seja atribuído ao diabo, vimos que o maior problema da tentação não é o diabo, e sim os nossos desejos. Conforme Douglas J. Moo, em seu comentário sobre o livro de Tiago, a ideia de “atrair e seduzir” é “caçar e pescar”. É preciso atrair o animal para a armadilha, seduzir o peixe com a isca. Lembremo-nos de que o animal vai até a arma­dilha, e o peixe vai até o anzol atraído por uma necessidade legítima de se alimentar. Assim também, alguns desejos nossos têm fundamentos legítimos como o desejo de comer, beber, descansar, mas que podem se tornar pecaminosos se nos atraírem e nos seduzirem.

Moo ainda mostra que a palavra “cobiça”, traduzida algumas vezes como concupiscên­cia, vem do grego epithymia e pode algumas vezes significar um desejo legítimo como em Lucas 22.15 e Filipenses 1.23. Por isso, é importante exercitar o fruto do Espírito (Gl 5.23), que inclui o domínio próprio. Lembre-se de que as piores tentações são aquelas que estão ligadas às necessidades legítimas.

Quais áreas da sua vida você acredita serem inofensivas? Até mesmo as vontades do dia a dia podem ser ciladas para o pecado: namorar; divertir-se; ter dinheiro, amigos; sair; passear; viajar; ser popular. Na maioria das vezes, nós armamos essas ciladas para nós mesmos. Você sabe qual é a natureza de seus desejos, portanto, esteja alerta! Não subestime uma tentação!

2. Verdades sobre o caminho da tentaçăo (Tg 1.15)

2.1 Escala: pecado

A tentação se encarrega de anunciar, propagar, oferecer, estimular a prática do pecado. A cobiça é a mãe do pecado, ela o concebe e o dá à luz. Muitos alimentam a cobiça pensando que podem suportar a tentação. Assim, acabam por cair na armadilha da cobiça.

Sinônimo de “conceber”, neste contexto, é “consentir”, “permitir”. A partir do momento em que a pessoa consente ou permite a cobiça, estará naturalmente permitindo a entrada do pecado. E o pecado pode ser muito sutil. Se nos entregarmos aos prazeres da comida, poderemos nos tornar glutões; se consentirmos com a bebida alcoólica, poderemos ser domi­nados por ela; se nos deixarmos levar pelo descanso, poderemos nos tornar preguiçosos.

2.2 Destino: morte

O objetivo e a consequência final do pecado é sempre a morte. Foi assim desde o início com a serpente no jardim do Éden. Antes mesmo da consumação do pecado, a morte havia sido dada como sentença condenatória de Deus sobre o pecado (cf. Gn 2.17). No dia em que pecaram, Adão e Eva morreram espiritualmente (cf. Rm 5.12), pois foram separados da intimidade com Deus, que é a fonte da vida. A morte física veio depois para confirmar o que já havia ocorrido espiritualmente no ser humano. Pela falta de disciplina (obediência a Deus), ocorre a morte (Pv 5.22-23).

2.3 Alternativa: fuga

Precisamos resistir ao diabo, mas devemos fugir das nossas paixões (cf. Tg 4.7; 1Co 6.18; 2Tm 2.22). É muito difícil vencermos sozinhos o nosso próprio instinto. Paulo sentiu isso na pele. Por mais que ele quisesse fazer o bem, realizá-lo estava além de sua capacidade como ser humano (cf. Rm 7.15-25). A razão é que nossa natureza humana foi corrompida pelo pecado, e somente por meio do sacrifício de Jesus podemos ser purificados e deixar de ser escravos do pecado (cf. Rm 6.20,22).

Com Jesus, somos capazes de evitar o pecado, e a melhor forma de fazer isso diante de nossa própria cobiça é fugirmos. A cobiça só tem dois fins: ou é saciada, ou é abandonada. A melhor forma de abandonar a cobiça é afastar-se daquilo que é cobiçado. Ninguém nunca disse que tal atitude seria fácil. Jesus nos diz que existem dois caminhos a seguir: um que leva à vida; outro que leva à morte. O caminho da vida é apertado e difícil de entrar (cf. Mt 7.13-14); para o trilharmos, temos que estar dispostos a negar a nós mesmos (cf. Mt 16.24). Essa é a única rota de fuga da tentação.

O que você tem perdido por causa do pecado: sonhos, amigos, oportunidades, família, minis­tério? Quantas dessas coisas poderiam ter sido salvas se você abrisse mão de alguns desejos egoístas e buscado seguir o que Jesus nos ensinou? O momento certo para se arrepender e sair de um abismo é antes de cair nele. Antes que seja tarde demais.

Conclusăo

A tentação é um problema provocado por nós e não por Deus. O diabo é o tentador, mas está em nós cair na tentação e pecar. O desafio é reconhecer nossa vulnerabilidade, nossa fraqueza, e vencê-la. Não temos condições de enfrentar a tentação, pois somos fracos diante de nossos próprios desejos. Portanto, a única forma de vencer a tentação é fugir dela.

Mas fugir do que nos atrai exige força espiritual. Por isso precisamos buscar forças no único que foi tentado, mas nunca pecou: Jesus Cristo (cf. Hb 4.15). Alimentemo-nos da pa­lavra de Deus e cuidemos (cf. 1Tm.4.16), pois o mal que o tentador sugerir só terá efeito se nos deixarmos levar por ele!

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sete-verdades-sobre-a-tentacao/#comment-2476

May 22, 2018

Prática da Oração


A oração é a mais alta atividade da qual o espírito humano é capaz.
[E.A. Judce]

Texto Básico: Mateus 6.5-8

Textos de Apoio: 
Jr 33.3
Mt 6.9-13
Fp 4.6-7
1 Ts 5.17
1 Tm 2.1
Tg 5.16

Introdução

A oração parece uma decantada loucura. Como pode o homem comunicar-se com o próprio Deus em qualquer tempo, em qualquer lugar e em qualquer situação, se este é o Senhor de todo o Universo e aquele, um miserável habitante de um pequeno planeta? Como pode Deus ouvir as orações diárias que pelo menos os quase 2 bilhões de cristãos lhe dirigem?

Os críticos dizem que a oração é válida porque é emocionalmente saudável para quem ora. No entanto, aqueles que oram corretamente estão convencidos de que sua oração chega de fato até Deus e ainda perguntam com uma pequena dose de malícia: “O que fez o ouvido, acaso não ouvirá?” (Sl 94.9.)

Para entender o que a Bíblia fala

1. Descubra nos textos seguintes dois resultados distintos da oração em nossa vida. (Fp 4.6, 7; Mt 7.7, 8)
2. A maior parte de nossas orações são de súplica. Mas, no contexto bíblico, a oração tem pelo menos seis elementos, que, embora não precisem estar presentes numa única prece, devem ser lembrados sempre. Quais são esses elementos(2 Cr 7.3; Sl 103.2; Sl 51.4; 1 Sm 1.15; Tg 5.16; Jr 33.3)
3. Deus diz sim a muitas de nossas orações. Mas Ele diz não também a não poucas orações, mesmo que elas sejam proferidas por pessoas de caráter e de fé. Veja alguns exemplos de orações às quais Deus disse sim e escreva os nomes dos personagens e seus pedidos.(Gn 25.21; 2 Rs 20.5; Lc 1.13; At 10.30-33)
4. Agora veja exemplos de orações às quais Deus disse não e escreva os nomes dos personagens  seus pedidos. (Dt 3.23-27; 2 Sm 12.15-20; Mt 26.42; 2 Co 12.7-9)
5. Que períodos de oração as passagens abaixo sugerem?
  • Sl 55.17
  • Lc 6.12
  • Ne 2.4
  • Ef 6.18

Hora de Avançar

“A prática da oração é a arte de entrar no Santo dos Santos e de se colocar na presença do próprio Deus em espírito, por meio da fé, valendose do sacrifício de Cristo, e falar com Deus com toda liberdade por meio da palavra audível ou silenciosa”.

Para pensar

Pela oração, confessamos ao mesmo tempo a estreiteza de nossos recursos e a extrema largueza dos recursos do poder e do amor de Deus. Ela é um dos mais extraordinários meios de graça de que podemos dispor. A oração não substitui a leitura da Bíblia. As duas práticas são essenciais para o nosso crescimento na vida cristã. Sem a Bíblia, as orações podem tornar-se destituídas de conteúdo, egoístas e até mesmo erradas (Tg 4.3).

O que disseram

É preciso orar como se todo trabalho fosse inútil e trabalhar como se todo orar fosse em vão. [Lutero]

A oração produz resultados psicológicos (paz de espírito, tranqüilidade), espirituais (maior sentido de vida) e concretos (atendimento real do pedido feito).

Para responder

  • Com que freqüência você faz orações?
  • Que resolução prática você pode tomar com relação aos seus horários de oração nesta semana?

Você e Deus

  • Antes de orar, pare e pense um pouco em Deus e seus atributos. Com certeza, você iniciará sua oração da maneira correta: com uma palavra de adoração que partirá do fundo da alma.
  • Tente “balancear” suas orações com adoração, ações de graça, confissão, extravasamento, intercessão e súplica.
  • Peça sem constrangimento. Não é necessário substituir a súplica pelo louvor. É Deus quem abre a porta da oração e diz: “Peça-me”. Mas não peça apenas saúde, cura física, sucesso, prosperidade, felicidade. Ore por virtudes e valores espirituais. Insista até obter resposta.
  • Reserve horários especiais no dia para oração.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/pratica-da-oracao/

May 21, 2018

Prática da Ousadia

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A prática da ousadia é a arte de portar-se corajosamente diante das obrigações, oportunidades e desafios da vida cristã e do ministério decorrente da vocação celestial, em função do poder de Deus e dos recursos que ele coloca à disposição de todos que o cercam e de todos que o servem.

Texto Básico: Dt 31.6-23

Leitura Diária
D – Dt 31.6
S – Js 10.25
T – 2 Cr 32.7
Q – Js 1.6,7,9,18
Q – 1 Cr 22.13
S – 1 Cr 28.10
S – Jo 16.33

Não é pequeno o número de tímidos. Por causa da timidez, o homem não faz tudo que poderia fazer, não alcança todas as vitórias que poderia alcançar. Fica parado, sonhando sempre, desejando sempre, planejando sempre, tendo sempre as mesmas boas intenções. Com o preguiçoso acontece o mesmo. Mas o mal de muitos não é exatamente a preguiça, e sim o receio, o medo, o acanhamento, o acovardamento, a indecisão. Todavia, a timidez favorece a preguiça e a preguiça favorece a timidez.

A Bíblia trata a timidez com rigor. Entre os judeus, o soldado “medroso e de coração tímido” deveria voltar para casa: além de inapto, ele poderia contagiar os outros com a sua timidez (Dt 20.8). Jesus fez uma pergunta muito séria aos discípulos por ocasião da travessia do mar de Genezaré: “Por que sois assim tímidos?” (Mc 4.40). O medroso precisa descobrir as razões de sua timidez e livrar-se dela.

I. Ousadia não é escarcéu

Ousadia não é esbravejar, ameaçar, fazer barulho, bazofiar, prometer mundos e fundos, chamar a atenção, desafiar a adversidade e os adversários, subir acima das nuvens do céu. Ela não é outra coisa senão dar conta do recado com permanente disposição e com o prudente acompanhamento da modéstia cristã. 

O exercício da ousadia não prejudica o exercício da humildade, nem este prejudica aquele. Uma virtude não ofusca nem danifica a outra.

II. Coragem!

A ordem “Sê forte e corajoso” é muito insistente nas Escrituras. Foi dirigida ao povo de Israel em ocasiões de perigo e desafio, na época de Moisés (Dt 31.6), Josué (Js 10.25) e Ezequias (2Cr 32.7). Foi dirigida a Josué, o sucessor de Moisés, seguidas vezes (Dt 31.7, 23; Js 1.6, 7, 9, 18). Mais de quinhentos anos depois, Davi achou por bem repetir as mesmas palavras a Salomão, seu filho e herdeiro do trono (1Cr 22.13; 28.10). Jesus usava com frequência uma expressão semelhante (“Tem bom ânimo”), que a Bíblia na Linguagem de Hoje reduz em uma só palavra: “Coragem!” O Senhor deu esse conselho ao paralítico de Cafarnaum (Mt 9.2), à mulher hemorrágica (Mt 9.22), aos discípulos (Mt 14.27), ao cego de Jericó (Mc 10.49) e mais uma vez aos discípulos: “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). À tripulação e aos passageiros do navio seriamente ameaçado de naufrágio nas proximidades da ilha de Malta, no Mediterrâneo, Paulo aconselhou com insistência: “Senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus” (At 27.22, 25). O próprio Paulo, antes dessa viagem a Roma na qualidade de prisioneiro, ouviu a oportuna advertência de Jesus Cristo: “Coragem! pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma” (At 23.11).

III. Ousadia para quê?

Precisamos de ousadia para entrar com naturalidade na presença de Deus, no Santo dos Santos, como diz as Escrituras (Hb 10.19), certos de que o Senhor nos recebe e nos atende em Cristo. Precisamos de ousadia para sair da rotina e fazer proezas: “Em Deus faremos proezas” (Sl 60.12). A ousadia espiritual pode conduzir-nos à experiência de Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13).

Precisamos de ousadia para seguir os caminhos do Senhor, indo contra a opinião pública, contrariando o sistema, nadando contra “o curso deste mundo” (Ef 2.2), não nos conformando com este século (Rm 12.2). Esses alvos são profundamente difíceis e exigem séria e constante intrepidez. Vejamos a experiência de Josafá: “Tornou-se-lhe ousado o coração em seguir os caminhos do Senhor” (2Cr 17.6).

Precisamos de ousadia para confiar em Deus, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte (Sl 23.4), “ainda que a terra se transtorne e os montes se abalem no seio dos mares” (Sl 46.2), e ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na videira (Hc 3.17-19). Apesar de maltratados e ultrajados em Filipos, Paulo e Silas tiveram ousada confiança em Deus para anunciar o evangelho aos tessalonicenses, “em meio de muita luta” (1Ts 2.2).

Precisamos de ousadia para tornar conhecido o evangelho do reino, para anunciar a Palavra de Deus, para ensinar, para falar, para pregar a um mundo incrédulo, corrompido, desinteressado, cego e zombador, como aconteceu com os apóstolos: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a Palavra de Deus” (At 4.31; 9.27, 28; 13.46; 14.3; 18.26; 19.8; e 28.30, 31). Só com muita ousadia é possível alargar, alongar e firmar bem as estacas, transbordando para a direita e para a esquerda, não importa sejamos fracos e poucos (Is 54.1-3).

Precisamos de ousadia para enfrentar o sofrimento, para não deixar de “seguir para Jerusalém”, para beber o cálice do sacrifício, para passar pela prova de escárnios e açoites, de algemas e prisões, de tortura e morte, e para, se necessário for, ser “serrados pelo meio” (Hb 11.35-38). Está registrado na Bíblia que, quando estava para ser morto, Jesus “manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém” (Lc 9.51).

IV. As bases da ousadia

Jesus

Por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor, “temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” (Ef 3.12). Porque Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, porque ele é o supremo sacerdote, porque ele subiu aos céus e está à direita de Deus, porque ele é capaz de condoer-se das nossas fraquezas, porque ele é o Autor e Consumador da fé e porque ele, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz – somos tomados de grande ousadia para ir até o trono de Deus e lá permanecer “para recebermos a sua misericórdia e acharmos a sua graça para nos ajudar em nossos tempos de necessidade” (Hb 4.14-16; 12.1-3, BV).

2. A esperança

A esperança da glória vindoura nos faz andar altaneiramente (Hc 3.19), como filhos do Rei, como irmãos do próprio Jesus, como herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8.17). A esperança em si já é ousadia (Hb 3.6). Paulo explica: “Já que sabemos que esta nova glória nunca acabará, podemos pregar com grande ousadia” (2Co 3.12, BV).

3. A oração

Dificilmente alguém se levanta tímido depois de orar fervorosamente: “Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 4.31). O apóstolo solicitava as orações da igreja em seu favor, para ele fazer conhecido o mistério do evangelho com intrepidez (Ef 6.19).

4. A comunhão com Deus

O sinédrio reconheceu que a convivência de Pedro e João com Jesus lhes dera intrepidez (At 4.13). Os que se demoram na presença do Senhor e nele permanecem têm possibilidades imensas (Jo 15.5). Adquirem, entre outras virtudes, a necessária coragem para enfrentar a oposição com sabedoria e vitória.

5. Os sucessos acumulados, a experiência obtida

Foi isso que o imberbe Davi explicou ao rei Saul: “O Senhor me livrou das garras do leão, e das do urso; ele me livrará da mão deste filisteu” (1Sm 17.37). Paulo lembra que “os que desempenharem bem o diaconato alcançam para si mesmos justa preeminência e muita intrepidez na fé em Cristo Jesus” (1Tm 3.13).

6. O estímulo alheio

Veja-se a citação de Paulo: “A maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais assombro a palavra de Deus” (Fp 1.14). Assim como o soldado tímido gera timidez, o soldado corajoso gera bravura. A ousadia é tão contagiante quanto o medo.

V. Ousadia pecaminosa

Nem toda ousadia é virtude. Existe a ousadia pecaminosa. O ímpio também pode ser ousado. Paulo se queixa de alguns falsos irmãos “que fazem ousadas asseverações” (1Tm 1.7). O israelita que trouxe para dentro do arraial, “perante os olhos de Moisés e de toda a congregação”, a mulher midianita para se deitar com ela no interior da tenda (Nm 25.6-15) foi de uma ousadia enorme. Judas foi muito ousado ao censurar Maria por motivos interesseiros (Jo 12.4-6) e mais ainda ao procurar o sumo sacerdote para ver quanto receberia se lhe entregasse Jesus (Mt 26.14-16). 

Aquele que é naturalmente ousado precisa tomar cuidado com a sua ousadia. Ela pode ser uma bênção, se for usada corretamente, e uma tremenda desgraça, se for usada em função do pecado. Ao mandar buscar a mulher de Urias para se deitar com ela, Davi foi muito ousado (2Sm 11.3-4). Mas essa ousadia foi negativa e lhe trouxe seriíssimos problemas.

Exercícios de Reflexão

  1. Em tempo de guerra, o que era feito com o israelita medroso e de coração tímido?
  2. Jesus pergunta aos discípulos: “Por que sois assim tímidos?” Se a pergunta fosse dirigida a você, qual seria a sua resposta?
  3. Afinal, o que é mesmo ser forte e corajoso? O que é ter bom ânimo?
  4. Jesus recomendou coragem a uma porção de gente com sérias carências (como a mulher hemorrágica, o cego de Jericó etc.) Você gostaria que lhe dissesse hoje: “Coragem!”?
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/livros/pratica-da-ousadia/

May 20, 2018

Prática do Poder


Uma vez falou Deus, duas vezes ouvi isto: Que o poder pertence a Deus. [Salmo 62.11]

Texto Básico: 2 Co 12.7-10

Textos de Apoio:
1 Cr 29.10-12
At 1.8
1 Co 2.1-5
Ef 3.16
Fp 3.21
Ap 11.17

Introdução

Existe poder aquisitivo, poder político, poder jovem, poder mental, poder internacional. Existe também o poder espiritual, que difere substancialmente de qualquer outro tipo de poder. Reúne uma porção enorme de valores relacionados com a vida em estreita e permanente comunhão com Deus, como aptidão, autoridade, eficácia, entusiasmo, força, influência, meios, possibilidades, recursos e vigor. No sentido profano, o poder pode vir da posição social, das vantagens pessoais, da capacidade, do dinheiro, da propaganda, da política, do voto, da força, do suborno. No sentido cristão, a origem do poder é totalmente diversa e tem propósitos também diversos.

Veja a experiência do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 12.7-10 e responda: de que depende o poder espiritual e com que objetivo ele nos é dado?

Para entender o que a Bíblia fala

1. Em última análise, mesmo que às vezes pareça o contrário, a quem realmente pertence o poder? (Sl 62.11; 1 Cr 29.10-12)
2. Qual o “tamanho” do poder de Deus? (Mt 19.26; Fp 3.21; Ap 11.17)
3. Como Atos 1.8 e Efésios 3.16 evidenciam a relação entre Espírito Santo e poder?
4. Uma vida, pois, que não entristece (Ef 4.30) nem apaga (1 Ts 5.19) o Espírito, anda no Espírito (Gl 5.16), semeia para o Espírito, e não para a carne (Gl 6.8), e busca a plenitude do Espírito (Ef 5.18) será também cheia de poder.
5. O poder não é dado para o próprio prazer nem para promoção pessoal. Isso fica bem claro o exemplo de Simão, o mago de Samaria. Como ele tentou receber o poder de Deus e de que maneira foi tratado pelos apóstolos? (At 8.18-23)
6. Descubra, nas seguintes passagens, para que Deus nos reveste de seu poder:

  • Gl 5.16
  • Hb 11.11
  • Lc 1.35
  • Lc 9.1, 2
  • Rm 15.18-21 e 1 Co 2.1-5
  • At 1.8

7. Como podemos ser renovados com este poder? (Sl 105.4)

Hora de avançar

“A prática do poder é a arte de se apropriar continuamente, por meio da fé, do poder de Deus, colocado à disposição do crente que reconhece suas tremendas limitações e deseja permanecer fiel a Deus e servi-lo de maneira abundante na medida de seu chamamento e dons”.

Para Pensar

Desde o Velho Testamento, o Espírito Santo é o instrumento do poder que promana de Deus. Muitos heróis da fé foram especialmente capacitados pelo Espírito de Deus, conforme a lista de Hebreus 11. Por isso foi possível afirmar que “da fraqueza tiraram força” (v. 34). Essa concessão de poder torna-se mais notória e mais universal depois da ascensão de Jesus, quando Ele ordenou aos discípulos que aguardassem na cidade até que fossem revestidos de poder (Lc 24.49).  A manutenção do compromisso cristão e o exercício continuado de qualquer atividade em favor da expansão do reino de Deus provocam desgastes. Por isso, a renovação de poder é uma necessidade constante. Pela prática do poder, o crente se abastece outra vez de força no mesmo momento em que despende alguma energia para fazer frente à tentação, ao sofrimento, à renúncia e ao desempenho de suas obrigações de amar a Deus e ao próximo.

O que disseram

Enquanto na vida secular o poder em quase todos os casos é exercido em benefício próprio, o poder outorgado por Deus é exercido em benefício da expansão do seu reino. O poder de Deus nos é dado para fazer frente ao pecado, para exercer o ministério para o qual fomos chamados (poder para ser mãe, no caso de Sara e Maria, poder para expulsar demônios e realizar curas, no caso dos discípulos etc.) e para testemunhar a morte e a ressurreição de Jesus em todo o Mundo.

Para responder


  • Você tem experimentado o poder de Deus em sua vida?
  • Como?
  • Para que serviço específico você mais necessita de poder?

Você e Deus

Reconheça suas limitações e a grandeza do poder de Deus (2 Co 12.9).
Procure conhecer o ministério para o qual Deus o chamou e peça o seu poder para cumpri-lo.

Por meio das práticas da leitura da Bíblia e da oração, reabasteça-se do poder de Deus sempre que necessário.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/pratica-do-poder/

May 13, 2018

Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia

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- Ricardo Barbosa de Sousa

Talvez a maior crise do cristianismo ocidental contemporâneo seja a crise da integridade, a incapacidade de integrar aquilo que cremos com a realidade e a forma como vivemos. Parece que existe entre nós uma falsa premissa de que, se temos uma boa música, temos uma boa adoração; se temos uma boa doutrina, temos uma boa espiritualidade; se temos um bom programa eclesiástico, temos uma missão, e por aí vai. Porém uma coisa não implica necessariamente a outra.

Essa presunção tem nos levado a criar uma brutal distância entre o que afirmamos crer e a integração de nossas crenças à realidade; conscientemente ou não, temos dado à mera aparência uma forma de realidade.

Muitos pensam que ser cristão é ter a doutrina certa, cantar as boas e animadas músicas nos cultos, de preferência com os olhos fechados e as mãos levantadas, e ter algum grau de compromisso e envolvimento com as atividades da igreja. Embora nada disso seja necessariamente errado, o chamado de Cristo é para que sejamos seus discípulos, seus seguidores, ou, como o apóstolo Paulo prefere, seus imitadores.

E não é isso que acontece entre nós. Somos crentes, cremos nas doutrinas certas, cantamos nos cultos, participamos dos programas da igreja, mas não somos imitadores de Cristo. É raro encontrar entre nós verdadeiros discípulos de Cristo, que seguem seu caminho e são comprometidos em fazer outros seguidores de Cristo.

Se cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus, deveríamos deixar que ela, além de revelar as doutrinas certas, molde nossa cosmovisão, a forma como vemos e interpretamos a realidade. Mas não é isso que acontece. Não tem sido a Bíblia, mas a mídia e a cultura em geral que têm moldado nossa leitura da realidade. Se cremos que Jesus é o Filho de Deus encarnado, nossa humanidade deveria refletir a verdadeira humanidade de Cristo com sua compaixão, misericórdia, bondade e amor. Mas também não é isso que vemos entre nós. Se somos verdadeiros adoradores, deveríamos, além de cantar inspirados no domingo, também viver para agradar a Cristo e em obediência a ele durante toda a semana. Mas nem sempre é isso que acontece. Se cremos na ressurreição e na vida eterna, certamente seríamos menos materialistas e consumistas, menos apegados às coisas deste mundo, ansiando mais o reino de Deus do que o sucesso e a estabilidade neste mundo. Mas não é isso que vemos.

Existe uma forte discrepância entre o que afirmamos crer e a forma como vivemos; não há uma integridade entre o conteúdo e a forma, entre a fé e a realidade.

Precisamos voltar a considerar o chamado de Cristo para segui-lo. É claro que crer nas doutrinas certas é fundamental, mas é igualmente fundamental que elas sejam integradas à realidade de nossas vidas e igrejas. Certa vez Jesus advertiu seus discípulos dizendo: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”. Minha impressão é que alguns conhecem as Escrituras, mas não conhecem o poder de Deus; e outros conhecem o poder de Deus, mas não conhecem as Escrituras.

Conhecer as Escrituras e o poder de Deus é integrar as verdades bíblicas e a vida de forma que o testemunho de Cristo seja poderosamente afirmado nos atos de misericórdia, compaixão, serviço e proclamação.

Precisamos buscar uma espiritualidade que encontre nos evangelhos, na pessoa de Cristo e na presença do reino de Deus sua forma e seu conteúdo. O convite corajoso e sincero de Paulo — “Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” — é um testemunho poderoso de uma vida e ministério integrados com a vida e o ministério de Cristo. Para Paulo, precisamos da sã doutrina para nos tornar sábios para a salvação, e não para simplesmente ter o discurso correto. Nosso chamado é para sermos seguidores, imitadores de Cristo, e não apenas ter convicções corretas sobre ele. O descrédito que o cristianismo vem sofrendo nos últimos anos tem a ver com a falta de integridade no meio cristão, com a necessidade de uma espiritualidade evangélica, encarnada, vivida no poder do Espírito Santo, que revele nas palavras e nos atos o testemunho de Cristo. 

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/307/crer-e-tambem-viver

May 12, 2018

O Pão Nosso

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- Gladir Cabral

Gosto de orar o Pai Nosso todos os dias. Cada vez que oro, aprendo algo novo, descubro uma dimensão até então não percebida na minha relação com Deus e com as pessoas. Seguem adiante algumas lições que tenho aprendido com a oração que Jesus nos ensinou.

1. Essa é uma oração da graça e não do mérito. Quem ora com Jesus aprende logo que não é por méritos próprios que o milagre da vida acontece, mas por amor que vem dEle, por um gesto de ternura sua, imerecidamente, gratuitamente. O pão é algo que Deus dá, e não algo que arrancamos de Sua mão ou do ventre da Terra. “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem” (Salmo 127.2).

2. O pão nosso aponta para o essencial, para o básico em nossa vida, não para o supérfluo, o que granjeamos em excesso. É o pão de cada dia. Chico Buarque traduz muito bem a beleza poética do “debulhar o trigo, recolher cada bago de trigo, forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão”. Nessa perspectiva, arar a terra é “afagar a terra”, é amá-la por sua simplicidade dura e afável, úmida e humilde.

3. O pão é nosso, é comunitário, é experiência coletiva, portanto totalmente contrário à experiência do individualismo tão corrente em nossos dias. O “cada um por si e Deus por todos”. Se oro, aprendo que o pão é dádiva que se ganha junto com outras pessoas, para ser partilhado com outras pessoas, ao lado de outras pessoas.

4. O fato de Jesus colocar o pedido por pão em nossa oração indica que a dimensão material da vida é importante. A Igreja precisa lembrar que as condições objetivas, concretas da vida são importantes. Por muito tempo, a Igreja deu testemunho inverso perante a sociedade, valorizando o imaterial e desprezando o corporal. Jesus coloca o corpo em nossa oração. Violeta Parra, em sua obra prima, “Gracias a la Vida”, celebra a seu modo a manifestação da graça e a concretude da vida com todas as suas contradições.

5. Quando oro pelo pão de cada dia, oro pelos trabalhadores, por todos aqueles que participam do plantio, da semeadura, da colheita, do beneficiamento da farinha, do trigo, do pão. A oração do Pai Nosso é a oração pelos trabalhadores. Dá-nos o pão nosso quer dizer, que haja trabalho para todos, que haja a bênção do pão nas mesas, que haja emprego, que a vida econômica de nosso país seja abençoada, que haja justiça a ponto de todos (inclusive nós) termos o pão de cada dia.

6. Os antigos escravos norte-americanos e seus descendentes oravam e oram assim: “Senhor, obrigado porque hoje acordei deste lado da eternidade”. Ou então: “Obrigado porque acordei com a mente em perfeito estado”. Ou simplesmente: “Obrigado, Senhor, porque tem geleia no armário”. Orações simples que celebram a vida, o trabalho, a saúde no cotidiano.

7. A oração do Pai Nosso deixa manifestos os conflitos de nossa sociedade, que vão desembocar na produção e partilha do pão. Trabalho pode ser bênção e opressão, realização ou castigo, experiência de amor ou violência. O mesmo trabalho pode ter reconhecimento diverso, desigual, se o trabalhador for for uma mulher, ou um negro, ou um branco, ou um imigrante.

8. Finalmente, quem ora o Pai Nosso sabe que ser gente é viver em família, que Deus é pai, que as pessoas são irmãs, que não habitamos um universo hostil e que o isolamento não é uma necessidade, uma obrigação. Vivamos a experiência de ser família de Deus neste mundo pão, migalha, pó e poeira.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/gladircabral/2018/05/01/o-pao-nosso/

May 11, 2018

Tornamos parecidos com aquilo que adoramos

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Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória. (Sl 63.2.)

Não há aspiração mais nobre do que querer ver a Deus, não por mera curiosidade, mas por sede interior. O salmista expressa esse desejo fortíssimo: “Quero contemplar-te no santuário e avistar o teu poder e a tua glória” (Sl 63.2).

Foi exatamente tal privilégio que Filipe pediu a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (Jo 14.8). Dias antes, alguns prosélitos gregos haviam pedido ao próprio Filipe: “Senhor, queremos ver Jesus” (Jo 12.20).
Que bênção maravilhosa é avistar o poder e a glória de Deus! O poder de Deus é enorme, a glória de Deus é majestosa. É preciso ver o poder de Deus para eliminar o corre-corre demasiado, o nervosismo, o medo, a paralisação. É preciso ver a glória de Deus para superar a repulsa de si mesmo e a repulsa dos outros, para sobrepor-se ao desânimo e à depressão.
João afirma em seu nome e em nome dos outros apóstolos: “Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). Ele se refere à cena da transfiguração de Jesus (Mt 17.1-13). A glória e o poder de Jesus serão vistos por toda a humanidade por ocasião da parúsia: “Todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória” (Mt 24.30).
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2018/05/19/autor/elben-cesar/o-poder-e-a-gloria-de-deus-2/

May 10, 2018

Cozinhar, servir e amar

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- Jeverton “Magrão” Ledo

O exercício de recordar os diferentes momentos passados nos ajuda a manter vivas em nossos corações as pessoas queridas e as lições aprendidas. Tenho boas lembranças dos aromas e sabores que perfumavam nossa casa quando eu era criança. Mamãe é daquelas cozinheiras de “mão cheia”. Cozinha diferentes pratos, sobremesas que dão água na boca, e arranca elogios de paladares exigentes.

Mesmo sem ter a noção exata, ainda pequeno eu já era curioso, queria entender como é que de um par de pequenas mãos saiam pratos tão deliciosos. Tudo isso, claro, nos remete à mesa, reunião de família, visita de amigos. Hospitalidade na simplicidade do partir o pão, compartilhar momentos bons e outros não tanto. 

A alegria do anúncio de um casamento, da chegada do primeiro filho… Isso é vida, vivida no seu dia-a-dia.

O tempo passa, a gente cresce, sai de casa e vai se percebendo em nossos pais. A curiosidade de criança virou uma paixão, por pouco não me tornei um chefe. Mas assim como minha mãe, em muitos momentos escolho a cozinha, os temperos, o tempo que costumo chamar de terapêutico. Afinal sou daqueles que quando cozinha gosta de estar sozinho. Explorando e descobrindo novos sabores. Sabores que quero sentir espalhados pela casa. Na minha, na casa de amigos, na de futuros amigos. Cozinhar abre portas!

Ao longo dos anos tive boas experiências, vivi diferentes momentos. Fui apresentado a outras culinárias, sabores exóticos, me vi trocando receitas em certos encontros, guardando segredos ou despertando curiosidade. “Opa, aqui nessa receita tem noz-moscada?”. E tudo podia virar uma brincadeira de desvendar os mistérios da cozinha.

Viver o cristianismo é compartilhar, e não há melhor lugar do que à mesa. Mesa que traz a presença do Mestre, com palavras que inundam o lugar de graça, perdão e compaixão. Sigo cozinhando, exercendo o ofício de servir, mantendo a casa aberta e a mesa posta e colorida. E assim, ao me permitir conhecer o outro, que por vezes parece se encontrar tão distante, vou ganhando uma percepção mais clara de mim mesmo.


Nesse vivenciar de outras culturas, gostos e costumes, o ato de cozinhar tem servido como ferramenta para quebrar barreiras, vencer as diferenças e cultivar um jardim regado de amor.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2017/11/30/cozinhar-servir-e-amar/

May 08, 2018

Quem é livre de verdade percebe de longe as amarras da mentira

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- João Pereira Coutinho

Karl Marx nasceu 200 anos atrás e ainda não morreu. Eis, em resumo, a tese da efeméride. Lemos ensaios, de esquerda ou de direita, e todos parecem convergir nesse ponto: hoje, somos filhos de Marx e a sua análise do sistema capitalista não envelheceu uma ruga.

Respeito a sabedoria alheia. Mas desde já confesso a minha incapacidade para avaliar cientificamente Marx. Essa incapacidade não lida apenas com o fato óbvio de Marx ter servido de inspiração para regimes criminosos. Meu problema com Marx é outro: olho para ele como um profeta, não como um filósofo e muito menos como um cientista.

A culpa não é minha. É de Raymond Aron, que dinamitou a ponte marxista para sempre. Mas, antes de Aron, apareceu Adam Smith com uma observação que nunca entrou na cabeça estreita de Marx: a “sociedade comercial” (expressão de Smith), antes de ser o mais eficaz mecanismo de produção de riqueza que a humanidade já conheceu, começa por ser uma resposta à própria natureza humana.

Existe nos seres humanos uma propensão para “negociar, permutar ou trocar uma coisa por outra” de forma a “melhorarem a sua condição”.

Naturalmente que esse “sistema de liberdade natural” (outra expressão de Smith) pode ser subvertido e corrompido - basta olhar ao redor. Mas os abusos do sistema não provam a iniquidade desse sistema; provam, apenas, a iniquidade de vários agentes do sistema, para os quais devem existir leis gerais e punições exemplares.

Marx nunca entendeu essa necessidade básica da nossa natureza comum. Mas entendeu outra necessidade, provavelmente mais forte: somos seres religiosos por definição. O que significa que o declínio da fé tradicional deve ser compensado por outra fé - ou, como diria Raymond Aron, por uma “religião secular”.

Lemos os textos de Marx e é impossível não vislumbrar na prosa uma espécie de mimetismo teológico da mensagem judaico-cristã.

Primeiro, a condenação de um mundo corrupto, onde o pecado original é substituído pela exploração capitalista sob a forma da mais-valia. Depois, a certeza milenarista de que esse mundo alienante irá soçobrar sob o peso das suas próprias contradições. Finalmente, a adoração do proletariado como rosto do messianismo redentor.

O apelo de Marx é religioso, não racional. Com uma vantagem sobre as religiões tradicionais: o paraíso será na Terra, não no distante reino dos céus. Como resistir a essa profecia?

Muitos não resistiram - e Lênin, a partir dos textos sacros, ergueu a primeira igreja. Outras se sucederam - com as suas liturgias, heresias e fogueiras.

Mas a derrota do marxismo não se explica apenas pelos trágicos resultados. Nos países realmente capitalistas, onde Marx antecipava o início da revolução, o proletariado preferiu um papel mais modesto no grande drama da humanidade. Para que destruir o sistema quando era possível se beneficiar dele?

A social-democracia respondeu à pergunta, chamando os trabalhadores para o jogo democrático; ampliando o papel do Estado nas áreas sociais; e redistribuindo a riqueza disponível.

O proletariado de Marx só existiu na imaginação dele. Na realidade, o que existiu foi uma classe de escravos nas “democracias populares” - e uma nova classe burguesa nas democracias liberais.

Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria citar outra efeméride do ano corrente. Falo do Maio de 68. Ou, como defende Mitchell Abidor, dos vários maios de 68.

Em artigo para o jornal The New York Times, Abidor relata a sua experiência como autor de uma história oral sobre o período. Entrevistou todos os atores principais: trabalhadores, estudantes, agricultores. E concluiu que todos desejavam coisas diferentes.

Os estudantes, com o mesmo fervor religioso dos marxistas, desejavam a reinvenção do mundo em termos vagos, delirantes, violentos.

Os trabalhadores que Abidor escutou desejavam “o pão e a manteiga”: as coisas tangíveis que permitem a cada um “melhorar a sua condição”.

Como afirma uma das trabalhadoras fabris que o autor entrevistou, era doloroso ver os estudantes a incendiar carros quando o verdadeiro “proletariado” sabia que eram precisas muitas horas de sacrifícios para comprar um.

Nos 200 anos do nascimento de Marx e nos 50 anos do Maio de 68, talvez a conclusão seja a mesma: um homem livre não precisa de falsos profetas. Apenas de lucidez e coragem para enfrentar e reformar o mundo sem esperar o paraíso na Terra.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2018/05/profetas-da-desgraca.shtml

May 06, 2018

Entre os muros da prisão, o amor e a liberdade

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“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles…” (Hb.13.3)

- Bruno Brasil

Penso que a mais significativa expressão de amor seja fruto de uma experiência de identificação. A encarnação e os ensinamentos de Jesus traduzem isso. Não encontramos um mandamento cujo princípio ele mesmo não tenha assumido.

Sentir dor, como dizia John Stott, é exclusividade do Deus cristão. Portanto, estar em Cristo é desejar viver nessa esfera de amor, onde cada expressão de fé ganha real sentido. Parece que responsabilidades com a estrutura eclesiástica, certos compromissos e tradições tendem a ficar na antessala quando o Senhor deseja aprofundar nosso relacionamento com ele. Deus muitas vezes nos tira de cena para nos fazer experimentar a bênção da identificação; uma realidade nem sempre com “sabor de mel”, mas saborosamente libertadora.

Nossa igreja sentiu a bem-aventurada experiência de ter um dos nossos na prisão. O chão se abriu. Toda atividade religiosa desde então, por mais bem-intencionada que fosse, fazia pouco sentido não fosse carregada de lembranças e identificação com nosso irmão. Exemplo de pai, marido, filho, servo do Senhor.

É o modo estranho de Deus falar e tratar da gente.

Foram 38 dias de angústia, ansiedade, orações, nos quais os encontros eram sempre motivos para lembrar dele. Nunca duvidamos do seu caráter e sabíamos de sua inocência. Alguns irmãos mais exaltados buscavam meios de dar explicações a tudo que parecesse ameaçar a sua honestidade. Mas fomos percebendo Deus agindo em nós para nos aproximarmos dele e de sua missão. Estar junto já não era opção, mas necessidade. Ninguém sabia quanto tempo isso duraria, assim como passamos a não nos preocupar com o tempo dos nossos encontros.

O que Deus estava fazendo em nós? Essa era uma pergunta.

Sem dúvida, fez crescer cada uma das virtudes do seu Espírito. Passamos a olhar pra nós e tentar responder outra pergunta que surgia: O que o Senhor deseja fazer de nós?

Chegamos ao presídio; era domingo à tarde. Queríamos dizer ao nosso amigo e irmão que estávamos juntos, e que não eram aquelas grades que nos separavam. Na primeira vez recebemos insultos e desconfiança dos demais encarcerados, mas não demorou para que percebessem que aquilo tinha a ver com eles também.

Passamos a nos encontrar todos os domingos no presídio, cultuando ao Deus que conhecíamos e que nos dava a graça de conhecê-lo mais. Um muro nos separava, mas o amor nos aproximava! O coração da igreja foi se aquecendo a cada culto, e a identificação passou a ser não apenas ao nosso irmão, mas também aos demais, que agora ficavam na expectativa de nossa chegada. Não fosse um de nós, essa identificação dificilmente viria com naturalidade. Fomos tocados de dentro pra fora, cujo o “lavar as mãos” se tornou impossível devido ao tamanho de tudo que chegou.

No dia em que ele estava para sair, a igreja lá estava. Foi marcante. Lágrimas, emoções e a certeza dos abraços não falsificados. Sua mensagem era: “Passei a valorizar as pequenas coisas que Deus estava me dando”. Deus tratara de seu coração, lapidando para que celebrações normais hoje fossem expressas com lágrimas.

Sabemos que nenhuma circunstância é capaz de nos separar do amor de Deus, porém algumas nos fazem perceber onde está a nossa verdadeira liberdade.

Nosso irmão não é o mesmo. Nossa igreja também não. No entanto, não devemos desanimar, antes “consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras […] procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hb.10.24-25).

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/blogdaultimato/2017/04/12/entre-os-muros-da-prisao-o-amor-e-a-liberdade/

May 01, 2018

Télicas x atélicas

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Just do it

- João Pereira Coutinho

Jantar social. Os pais falam dos filhos. Da escola, claro. E de todas as atividades fora da escola, onde a descendência passeia seus talentos. Tênis, futebol, natação. Um deles, hipismo. E uma pessoa pergunta se eles falam de crianças ou de atletas de alta competição.

A pergunta é redundante: os filhos “competem” e eles seguem os “competidores”, de norte a sul do país, como “groupies” de banda rock.

Em rigor, eles não falam dos filhos. Falam deles próprios - das suas vaidades e, ponto importante, das suas frustrações. Onde está o mal?

Um filme a que só agora assisti ajuda na resposta. Falo de “Borg vs. McEnroe”, obra competente de Janus Metz sobre o famoso duelo em Wimbledon, corria 1980, que opôs Björn Borg e John McEnroe. Borg tinha vencido quatro vezes e tentava o feito de vencer uma quinta. McEnroe buscava sua primeira vitória.

Na “New Yorker”, o crítico Richard Brody tem razão quando afirma que o filme, só agora estreado nos Estados Unidos, desconstrói as ideias feitas que temos sobre os ídolos.

Borg, o atleta glacial com uma precisão de drone militar, afinal tinha uma vida de obsessão-compulsão devotada a rituais vários, insanos, esgotantes. McEnroe, a “prima donna” rebelde que passava metade do jogo a quebrar raquetes e a paciência do juiz, era um gênio matemático, bastante mais cerebral do que a figura pública deixava imaginar.

Mas aquilo que mais me interessou no filme foi ver como o talento de ambos respondia à ambição dos progenitores. No caso de McEnroe, a ambição do pai, que gostava de exibir as aptidões matemáticas da criança perante os amigos, como se ele fosse um animal de circo.

No caso de Borg, a ambição do pai “substituto” - o técnico Lennart Bergelin, que chegou três vezes às quartas de final de Wimbledon e que espera do discípulo a compensação pelas suas próprias derrotas passadas. Ao meio da narrativa, já não sabemos se a ambição de Borg é genuína ou apenas um simulacro da ambição de Lennart.

O que sabemos, e sentimos, é que Borg é uma tristeza em forma humana, incapaz de retirar do tênis o mesmo prazer e liberdade que experimentava no seu bairro sueco, quando batia bolas contra a porta da garagem.

Especialistas no assunto dirão que esse “spleen” é inevitável quando se atinge o cume de um desporto e a pressão aumenta na mesma medida. Será que a minha instintiva hostilidade ao desporto me impede de compreender isso?

Talvez. A esse respeito, lembro-me bem das aulas de ginástica, quando as minhas perguntas filosóficas ensandeciam o professor. Ele, como um sargento de filme, gritava para o regimento: “Vamos ver quem chega primeiro!” Os meus colegas iniciavam a corrida como galgos atrás da lebre. Eu, parado na linha da partida, olhava o sargento e questionava: “Mas o que ganho eu com isso?”

O sargento, próximo da apoplexia, falava em “respeito por nós próprios” ou qualquer outro clichê. Eu tentava dizer que tinha bastante respeito por mim próprio, sobretudo quando parado. O homem, para não desmaiar, ordenava: “Duche!” Era a única vez em que eu corria como um atleta.

Acontece que a minha desconfiança perante a “alta competição” não é questão pessoal. É, uma vez mais, filosófica. E não se aplica apenas ao desporto; também serve para qualquer atividade humana.

Para usar a linguagem aristotélica popularizada pelo filósofo Kieran Setiya, existem dois tipos de atividades: as “télicas” e as “atélicas”. As primeiras procuram um fim determinado e são avaliadas pela concretização desse fim. As segundas valem por si, não pelo sucesso ou insucesso do resultado.

Óbvio: muitas das coisas que fazemos são télicas por definição. Eu, por exemplo, tenho de concluir um livro e entregá-lo no prazo combinado. Mas a minha vida seria insuportável se o ato de escrever estivesse apenas dependente das boas críticas ou dos bons prêmios.

O que importa está no processo da composição, não nos estímulos externos que são sempre dúbios e conjunturais. Mais cedo ou mais tarde, tudo termina em fracasso. Exceto se a ideia de fracasso (e de triunfo) deixar de depender dos aplausos das bancadas.

No filme, e antes do jogo final, Borg e McEnroe estão sentados lado a lado, em silêncio, infelizes que Deus me livre. Por cima deles, uma inscrição de dois versos de Rudyard Kipling na parede: “Se conseguires enfrentar o Triunfo e o Desastre/ E tratares desses dois impostores da mesma forma”.

É o meu “match point”.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2018/05/dois-impostores.shtml