February 24, 2020

Tempo para o silêncio

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- Jeferson Cristianini
Nosso cotidiano é cheio de ruídos. O silêncio é raro, ou quase não existe nos centros urbanos. O silêncio é artigo de luxo nos nossos dias, pois nossa vida é agitada e cheia de barulho. Os fones de ouvido, que tentam silenciar o som do “mundo” a fim de que a pessoa ouça o som – ou a música – que ela quer, são uma forma de selecionar os ruídos que chegam até nós.
No comércio das cidades, os lojistas competem com os camelôs e os sons são os mais diversos e altos possíveis. Além disso há os megafones, os carros e motos com caixas de som, chamando a atenção dos clientes com promoções e jingles.
No escritório há o som da impressora, do telefone que não para de tocar, do celular que avisa que chegou mais uma mensagem. No banheiro, o som do exaustor é alto, o da descarga também, e só o som da água da torneira é bom aos ouvidos.
O trânsito é barulhento. As máquinas realizando as obras também. Os ruídos dos motores dos ônibus e caminhos são ensurdecedores, fora as sirenes, buzinas, e o volume dos carros daqueles rapazes que pensam que as mulheres gostam de som alto – se assim fosse, as mulheres gostariam do cara que vende ovo ou pamonha. No carro, o som do GPS concorre com o rádio, que compete com o choro da criança e com a voz do cara que tenta vender umas balinhas no semáforo.
Nas igrejas o barulho é intenso. E não com o som das pessoas conversando antes ou depois do culto. Hoje os vizinhos chamam a polícia por conta dos decibéis a mais dos louvores, que atrapalham suas vidas. Digo com tristeza. É muito som, muito barulho e pouca contrição.
Jesus tinha Seus momentos de quietude. Os evangelistas narram, por diversas vezes, que em Seu ministério Jesus deixava a multidão, procurando um tempo e espaço para ficar em silêncio. Jesus cuidava das multidões, mas depois se recolhia para o silêncio. A multidão é barulhenta e o silêncio é renovador. Só se consegue atender a multidão após um tempo a sós com Deus.
Jesus nos ensina esse princípio de se ter um tempo de quietude com Deus para enfrentar as demandas do dia a dia. Sigamos os passos do Mestre que nos ensina que nossa espiritualidade deve ter espaço e tempo para o silêncio, pois no Deus nos fala no silêncio, e no silêncio ouvimos a voz do Senhor com mais nitidez e clareza.
Jesus chamava as pessoas ao descanso como proposta de espiritualidade. Nosso Senhor lançou o convite à multidão, a “todos os cansados e oprimidos” oferecendo descanso, “descanso para as vossas almas” (cf. Mateus 11:29 a 30); mas também ofereceu e convidou os discípulos a descansarem, pois eles estavam trabalhando tanto que não tinham tempo para comer, e Jesus os chama “à parte, num local deserto” (cf. Marcos 6).
Em um tempo no qual as pessoas gostam de ostentação, ter um tempo de silêncio é um verdadeiro luxo. O luxo do silêncio é ter um tempo de quietude numa sociedade barulhenta. É separar de forma intencional um tempo de quietude para oração e devoção a Deus.
O tempo de silêncio é essencial para acalmar nossas emoções diante de tantas demandas contemporâneas. É essencial para a renovação dos pensamentos e a renovação da mente, como ensinou Paulo em Romanos 12:1 e 2. É imprescindível para aquietar a nossa alma em Deus e ouvir a voz de Deus que nos acalma, orienta e aponta caminhos a serem trilhados.
O silêncio é um tempo de recarregar as “baterias”, de renovar as forças, de buscar discernimento espiritual para enfrentar as situações embaraçosas do cotidiano. Ele é fundamental para fazer uma “faxina” na mente, retirando os conceitos e pensamentos mundanos e colocando em nossa mente os pensamentos “tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8).
Deus falou com Elias por meio de uma brisa “tranquila e suave” (cf. 1 Reis 19: 11 e 12). Os discípulos de Jesus sabem muito bem como o silêncio é frutífero, pois nele nos encontramos com nosso Pai, que fala conosco. É um luxo ter um tempo a sós com Deus e ficar em silêncio em Sua presença. Deus fala no silêncio. Busque o silêncio e regue sua fé. Invista em sua espiritualidade e separe tempo para o silêncio.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2020/01/20/um-tempo-para-o-silencio/

February 23, 2020

Vencendo os ladrões de alegria

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- Renato Prates

Celebra a alegria de fazer anos de esperança.
Conta teus anos não pelo tempo...
Mas pelo espaço que fazes em teu coração.
Não pela amargura de uma dor...
Mas pela ressurreição que ela traz.
Não só pelo número de troféus de tuas conquistas...
Mas também, pelo gosto de aventuras de tuas buscas.
Não só pelas vezes que chegaste...
Mas também, pelas vezes que tiveste a coragem de partir.
Não só pelos frutos que colheste...
Mas também, pelo terreno que preparaste e as sementes que lançaste.
Não só pela quantidade dos que te amam...
Mas também, pela medida do teu coração, capaz de amar a todos.
Não pelas desilusões que tiveste...
Mas pela esperança que infundiste.
Não só pelos anos que fazes...
Mas também, por aquilo que fazes em teus anos.
Pelas vezes que teu aniversário
se tornou uma celebração de Vida. 
Autor Desconhecido

"O coração alegre é bom remédio, mas o espírito abatido faz secar os ossos." (Pv 17.22)

A alegria é um sentimento espontâneo de satisfação, que nasce através de um estímulo casual ou premeditado. Contudo, este mesmo sentimento pode ser muitas vezes roubado de quem o sente, quase que, instantaneamente, por vários motivos, que chamaremos neste sermão de “Ladrões de Alegria”.

1o. ladrão da alegria: Ansiedade.

Pv 12.25: A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra.

O que é ansiedade? Ansiedade é uma sensação difusa, que apresenta vários sintomas como: falta de ar, taquicardia, nervosismo, suores, problemas digestivos, fome exagerada, medos irracionais e sem sentido, irritação sem motivo, ingestão de drogas, hipersensibilidade à critica, mania de perfeição, medo de errar, preocupações excessivas, inveja, etc.

Será que você é ansioso? Quem de nós nunca ficou ansioso? Como vencer a ansiedade?

- Segundo Pv 12.25, é preciso prestar atenção a boa palavra.
- A boa palavra pode vir de um amigo leal: Pv 15.30: “O olhar de amigo alegra o coração; as boas-novas fortalecem até os ossos.
- A boa palavra também pode vir diretamente das Escrituras conforme: Mt 6. 25-26: “Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?
- A ansiedade pode ser vencida, se confiarmos plenamente no Senhor!

2o. ladrão da alegria chama-se: Crítica desleal

Existem dois tipos de crítica: a crítica leal e a crítica desleal.

- A crítica leal é feita frente a frente à pessoa criticada. É feita com sinceridade, visando a correção e o crescimento da pessoa criticada.
- A crítica desleal é maldosa, pois é feita pelas costas da pessoa criticada, gerando amargura e ressentimento, por parte de quem critica, e por parte de quem é criticado.

O Apóstolo Tiago em sua epístola, no capítulo 4.11-12 declara: “Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz. Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer, tu, porém, quem és, que julgas o próximo?

Toda crítica deve ser leal, visando a correção do próximo, conforme agiu Paulo em relação a Pedro em Gl 2.11, no tocante ao tema da circuncisão dos gentios.
Se agirmos desta forma, vencemos o ladrão de alegria chamado “crítica desleal”.

3o. ladrão da alegria: Ofensa

Pv 15.1: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”

Como devemos agir, para não ofender as pessoas?

- Devemos responder com mansidão: “A resposta branda desvia o furor”.
- Devemos ter uma resposta adequada e no tempo certo: Pv 15.23: “O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é!” Pv 25.11: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.”
- É preciso ter uma conversa franca com a pessoa que nos ofendeu: Mt 18.15: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o entre ti e ele só. Se te ouvir, ganhaste ter irmão.” O texto vai mais além, e diz que, se teu irmão não te ouvir, é preciso voltar uma próxima vez com duas ou três testemunhas, e se ainda não te ouvir, deves comunicar à Igreja, e desconsiderar a questão”.
- Desta forma, venceremos o ladrão da alegria chamado ofensa!

4o. ladrão da alegria: Decepção

O que é a decepção? Podemos dizer que a decepção é um desapontamento por causa de uma esperança frustrada.

Geralmente desenvolvemos uma esperança em algo ou em alguém em quem confiamos, e quando este algo ou este alguém não atende às nossas expectativas, nos sentimos decepcionados. Este é um perigoso ladrão da alegria. Contudo, podemos vencer a este ladrão da alegria confiando no Senhor: Sl 37.3-5. Este é o segredo.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/vencendo-os-ladroes-da-alegria

February 22, 2020

Alegria

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“Este mundo parece alegre quando admiro este belo jardim à sombra destas videiras. Contudo, se escalo uma grande montanha e contemplo as vastas terras em derredor, você sabe muito bem o que vejo: bandidos na estrada, piratas nos mares, pessoas sendo mortas para agradar multidões e sob todos os tetos vejo miséria e egoísmo. É realmente um mundo mau, um mundo incrivelmente mau.

Porém, em meio a tudo isto, encontrei pessoas sossegadas e santas. Elas descobriram uma alegria mil vezes melhor que qualquer prazer nesta vida. Elas são perseguidas, mas não se importam. Essas pessoas são cristãs e eu sou uma delas.” (Carta de Cipriano, bispo de Cartago escrita em 248 d. C. para seu amigo Donato).

F. R. Maltby disse que Cristo prometeu três coisas aos seus discípulos: "Eles serão absurdamente felizes, completamente destemidos e constantemente atribulados".

O Novo Testamento começa com anjos anunciando a boa nova de grande alegria e termina com a alegria inundando o céu. Deus nos deu tanto a capacidade de chorar como o dom da jovialidade de forma que experimentemos tanto a melancolia quanto a capacidade de viver.

O bispo alemão Otto Dibelius examinou o programa de sua igreja e escreveu ao seu secretário geral: "Ao verificar os temas que você anunciou fico pensando se em seu Novo Testamento (Lc 2) não teria sido alterado para "Eis aqui lhes trago bons problemas de grande importância que irão mantê-lo ocupado pelos próximos dois mil anos" (rs). O que aborreceu o bispo foi o fato da igreja demasiadamente envolvida com seus problemas; faltava-lhes alegria.

A incapacidade para o bom humor é um sinal de pouca saúde mental e a falta de alegria pode ser sinal de falta de saúde espiritual. Deus deseja que sejamos felizes, cheios de alegria, o que evidencia que o Espírito Santo habita em nós.

Nunca se esqueça: Evangelho quer dizer boas-novas!

Fonte: Alegria, John Dreschner, United Press.

February 21, 2020

Imanência e transcendência

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- Ricardo Barbosa

Alguns anos atrás, depois de uma palestra do doutor James Houston sobre cultura, tecnologia e as mudanças por que a civilização ocidental tem passado, saímos para tomar um café e conversar um pouco mais sobre o tema. Falamos sobre a rápida transformação que a revolução tecnológica trouxe e o desafio de a igreja permanecer fiel ao seu chamado. Claro, a conversa foi longa, mas uma frase dele me chamou a atenção: “Quando alguém casa com o espírito da época, a época passa e ele fica viúvo”. Há muita sabedoria nessa afirmação.

Ao longo da história, desde o Novo Testamento, as igrejas são identificadas pela sua localização geográfica – Éfeso, Filipos, Laodiceia, Roma, São Paulo, Brasília – e são formadas por pessoas que vivem nessas cidades e participam de sua dinâmica cultural, social e econômica. É inevitável que tais pessoas levem para dentro da igreja aspectos da sua cultura e expectativas religiosas que nada têm a ver com o evangelho de Cristo. Por isso, o povo de Deus sempre se relacionou com o espírito de sua época de maneira tensa, ora casando-se com ele, ora rejeitando-o. Mas toda vez que o povo de Deus se casa com o espírito do seu tempo, ele perde a sua identidade e compromete a sua vocação. Discernir as épocas, a forma como os poderes atuam e como a igreja reage a eles nem sempre é uma tarefa fácil.

O reverendo John Stott, comentando a carta à igreja de Pérgamo, descreve a tensão daquela comunidade com a cidade como uma luta pela mente. A atmosfera de Pérgamo estava moldando a mente dos cristãos, um casamento cultural estava em andamento. A igreja estava tornando-se mais parecida com o seu contexto do que com o seu Mestre. A cultura é dinâmica, muda constantemente, e a igreja realiza sua missão dentro desse contexto cultural; portanto, precisa, em alguma medida, se contextualizar. Porém, se a cultura é fluida e se somos levados a nos reinventar o tempo todo, precisamos tentar responder à seguinte indagação: quem está ganhando a batalha pela mente?

O princípio da encarnação se aplica à igreja e a sua presença no mundo, e a tensão envolve estar na cidade e ao mesmo tempo não ser parte dela. Em outras palavras, a igreja nunca deve se casar com o espírito do seu tempo, embora tenha de conviver com ele. Ela precisa permanecer crítica ao contexto em que está para não comprometer sua vocação profética. As cartas às igrejas em Apocalipse 2 e 3 nos mostram um profundo conhecimento do que acontece na cidade, cultural e politicamente, e do que acontece na igreja em sua relação com essa cidade. A mensagem às igrejas diz respeito a esse relacionamento tenso, que requer correção sempre que a igreja dá sinais de um “casamento” com o espírito do seu tempo, e afirmação sempre que ela permanece fiel ao seu Senhor e ao seu chamado.

Um casamento cultural que ameaça a identidade da igreja hoje envolve, por um lado, a perda da transcendência e, por outro, a revolução tecnológica. Não é difícil notar a transferência da confiança em Deus para a confiança na ciência, na tecnologia e nas organizações pragmáticas. Não que essas coisas sejam, em si mesmas, erradas, o problema está nos deuses em que colocamos nossa confiança. O espírito do nosso tempo vem promovendo resultados pragmáticos eficientes, mas com um sentido frágil e superficial da realidade da presença de Deus e da obra do Espírito Santo. Temos nos tornado mais autoconfiantes do que dependentes de Deus, buscando a autorrealização e não a glorificação de Deus. Vivemos de forma tão pragmática e racional de segunda a sexta-feira que, quando chegamos à igreja no domingo, nossa estrutura mental torna o culto uma extensão da cultura que vivemos. Talvez uma evidência dessa mudança seja a necessidade crescente de criar igrejas eficientes, em vez de buscar um evangelho vivo e poderoso. Muitas pessoas são atraídas para a igreja mais pela estrutura funcional que ela cria do que pelo poder do evangelho de Jesus Cristo.

No livro do Apocalipse, João tem a visão de um trono e um Rei entronizado. Essa visão constitui o centro da revelação. Ao redor do trono ele vê 24 anciãos. Não são jovens audaciosos, mas idosos que carregam a memória da história. Numa cultura pragmática e tecnológica, é comum ignorar os “anciãos” e perder a memória que nos dá a identidade de povo de Deus. O trono reúne em torno de si aqueles que têm sido guiados por Deus através dos séculos. É uma visão bem apropriada para os nossos dias porque os anciãos preservam a história – são aqueles que sonham – e os jovens são alimentados pela visão do que Deus está fazendo e fará. Isso nos ajuda a discernir a época em que vivemos e como podemos seguir a Cristo sem perder a identidade e a vocação. Os anciãos abrem as portas para os mais novos e estes seguem as pegadas dos que já caminharam e chegaram ao seu destino.

O povo de Deus é enviado para o mundo, participa da dinâmica social e cultural de suas cidades, usa os recursos que a ciência e a tecnologia disponibilizam e procura usar tudo o que é lícito para promover o evangelho de Jesus e a glória de Deus. Porém, embora a igreja faça parte da dinâmica social e cultural de sua cidade, sabemos que é a presença de Cristo, pelo poder do Espírito Santo e da Palavra, que dá identidade à igreja. Ela é estabelecida pela revelação de Jesus Cristo e sustentada por ele. 

Diante das transformações rápidas e fluidas da civilização, a boa nova para a igreja é que “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8). Ele é a pedra angular, o princípio e o fim, o alfa e o ômega. Tudo o que a igreja é e será repousa nele, ele é antes de todas as coisas e nele tudo subsiste. A segurança e a liberdade que temos para estar no mundo e atuar no contexto de nossas cidades e culturas, usando os recursos de que dispomos para proclamar o evangelho de Cristo, é a certeza de que estamos ancorados naquele que permanece sendo o mesmo ontem, hoje e eternamente.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/o-mesmo-hoje-o-mesmo-sempre

February 13, 2020

Oração do filho pródigo

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1Ó Senhor Deus, que todo o meu ser
te louve!
Que eu louve o Santo Deus
com todas as minhas forças!
2Que todo o meu ser
louve o Senhor,
e que eu não esqueça
nenhuma das suas bênçãos!
3Senhor perdoa todos os meus pecados
e cura todas as minhas doenças;
4ele me salva da morte
e me abençoa com amor e bondade.
5Ele enche a minha vida
com muitas coisas boas,
e assim eu continuo jovem e forte
como a águia.
6Senhor Deus julga
a favor dos oprimidos
e garante os seus direitos.
7Ele revelou os seus planos a Moisés
e deixou que o povo de Israel visse
os seus feitos poderosos.
8Senhor é bondoso
e misericordioso,
não fica irado facilmente
e é muito amoroso.
9Ele não vive nos repreendendo,
e a sua ira não dura para sempre.
10Senhor não nos castiga
como merecemos,
nem nos paga de acordo com
os nossos pecados e maldades.
11Assim como é grande a distância
entre o céu e a terra,
assim é grande o seu amor
por aqueles que o temem.
12Quanto o Oriente está longe
do Ocidente,
assim ele afasta de nós
os nossos pecados.
13Como um pai trata com bondade
os seus filhos,
assim o Senhor é bondoso
para aqueles que o temem.
14Pois ele sabe como somos feitos;
lembra que somos pó.
15A nossa vida é como a grama;
cresce e floresce como a flor do campo.
16Aí o vento sopra, a flor desaparece,
e nunca mais ninguém a vê.
17Mas o amor de Deus, o Senhor,
por aqueles que o temem
dura para sempre.
A sua bondade permanece,
passando de pais a filhos,
18para aqueles que guardam
a sua aliança
e obedecem fielmente
aos seus mandamentos.
19Senhor Deus colocou o seu trono
bem firme no céu;
ele é Rei e domina tudo.
20Louvem o Senhor,
fortes e poderosos anjos,
que ouvem o que ele diz,
que obedecem aos seus mandamentos!
21Louvem o Senhor,
todos os anjos do céu,
todos os seus servos,
que fazem a sua vontade!
22Louvem o Senhor,
todas as suas criaturas,
em todo lugar onde ele reina!
Que todo o meu ser te louve,
ó Senhor!

February 06, 2020

Quem é você de verdade?


.γνῶθι σεαυτόν

Como viver uma vida rica, plena e abundante? É possível manter a integridade em meio a tantas ameaças como coronavírus, conflito Irã-Estados Unidos, aquecimento global, desemprego, perda de pessoas queridas? O que é viver com propósito?

Para quem acredita que a Bíblia é a Palavra de Deus, os seus ensinamentos são relevantes para o passado, o presente e o futuro. E uma das passagens mais instigantes está no Novo Testamento no livro de Lucas capítulo 15, quando Jesus usa três ilustrações para responder aos fariseus porque ele andava e comia com pecadores.

Partindo do pressuposto que todos somos pecadores (porque quem sabe que tem de fazer o bem e não faz, nisto está pecando - Tg 4:17), o que temos a aprender?

1 Todos os publicanos e "pecadores" estavam se reunindo para ouvi-lo.
2 Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: "Este homem recebe pecadores e come com eles".
3 Então Jesus lhes contou esta parábola:
4 "Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la?
5 E quando a encontra, coloca-a alegremente sobre os ombros
6 e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida’.
7 Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se".
8 "Ou, qual é a mulher que, possuindo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende uma candeia, varre a casa e procura atentamente, até encontrá-la?
9 E quando a encontra, reúne suas amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha moeda perdida’.
10 Eu lhes digo que, da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende".
11 Jesus continuou: "Um homem tinha dois filhos.
12 O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles.
13 "Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.
14 Depois de ter gasto tudo, houve uma grande fome em toda aquela região, e ele começou a passar necessidade.
15 Por isso foi empregar-se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo a fim de cuidar de porcos.
16 Ele desejava encher o estômago com as vagens de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
17 "Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!
18 Eu me porei a caminho e voltarei para meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti.
19 Não sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados’.
20 A seguir, levantou-se e foi para seu pai. "Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou.
21 "O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou mais digno de ser chamado teu filho’.
22 "Mas o pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em seu dedo e calçados em seus pés.
23 Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e comemorar.
24 Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar.
25 "Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança.
26 Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo.
27 Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’.
28 "O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele.
29 Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos.
30 Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’
31 "Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu.
32 Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado’ ".

O que a passagem não quer dizer

Em nenhum momento Jesus usa a expressão ‘filho pródigo’.

A divisão e marcação do texto em títulos, capítulos e versículos surgiram por volta de 1400-1500, ou seja, as quebras não fazem parte da escritura original.

Para entender a mensagem hoje, é preciso ler o texto completo e contextualizar o significado.

Qual é a mensagem principal da passagem?

A alegria de encontrar o que está perdido: no trabalho (para o homem rico que vai atrás de 1%, seja pelo valor monetário, seja pela afeição), na reputação (para a mulher pobre que diligentemente procura 10% do seu dote) ou nos relacionamentos (o pai que generosamente abarca os dois filhos).

Os personagens

Muitas pessoas participam da história: Jesus, os coletores de impostos, os “pecadores”, os fariseus e os mestres da lei sem contar os personagens das parábolas: o pastor, as ovelhas, os amigos do pastor de ovelhas, a mulher, a moeda, as amigas da mulher, o filho mais novo, o pai, o filho mais velho, os empregados, os porcos.

A boca fala o que está cheio o coração

Jesus é elegante com as palavras: usa figuras de linguagem (metáforas, metonímias, hipérboles) para dizer grandes verdades e fazer-se entender por pessoas simples ou sofisticadas, sem acusar ou machucar ninguém (mas claro, se a carapuça servir...).

Arrisco dizer que os personagens também mostram suas personalidades por meio do que dizem: o filho mais novo (quando pede sua parte na herança; quando cai em si e planeja sua volta; as palavras que dirige ao pai pedindo perdão), o pai (quando dá ordem aos empregados para receber o filho mais novo ou quando exorta o filho mais velho a entrar na festa) e o filho mais velho (quando inquire ao empregado sobre o som da celebração e quando questiona o pai sobre a conduta do irmão mais novo em comparação à sua própria).

Entendendo o contexto sócio-histórico cultural

·        Herança: de acordo com a lei mosaica (Dt 21:17), os filhos tinham direito após a morte do pai - no caso, o mais velho a 2/3 e o mais novo a 1/3. O filho mais novo cometeu uma grave ofensa, o equivalente a desejar a morte do pai.
·        Porcos: para os judeus, é um animal impuro do qual não se deve tocar, quanto menos comer. A história mostra a degradação completa no qual o filho mais novo se encontrava.
·        Roupa, anel, sandálias: sinais de identidade filial restauradas pelo pai no retorno do filho mais novo.
·        Banquete no qual o novilho gordo é servido: motivo de grande alegria.

Mergulhando no mundo interior

·        Filho mais novo: ele é visceral, corajoso, fala o que pensa, faz o que sente vontade, não tem medo de quebrar regras ou de correr riscos, não tem preconceito ou vergonha, é diligente no que acredita que precisa ser feito, o tempo todo é terno (chama o pai quando pede a herança, pensa no pai quando cai em si, formula o pedido de perdão conclamando o pai).
·        Pai: é um homem de sucesso, generoso, flexível, não é refém dos costumes da época, da opinião alheia ou das circunstâncias (ele dá a parte da herança ao filho mais novo quando deveria puni-lo, corre em direção ao filho novo colocando em risco seu status de autoridade), atento, sabe diferenciar o importante do supérfluo, perdoador, não tem vergonha de demostrar afeto, sensível, amoroso (trata cada filho como se fosse único).
·        Filho mais velho: trabalhador, cumpridor de regras, ressentido, baixa autoestima, confunde fazer x ser, acusador, invejoso, incapaz de alegrar-se ou de sentir empatia.

Identidade: quem é você de verdade?

Os gregos dizem que você conhece uma pessoa quando sabe de onde ela vem, onde ela está e para onde ela vai.

Usando este critério:

·        Filho mais novo: ele saiu de casa, encarou um mundo novo, errou e voltou para casa. Em nenhum momento duvidou do amor do pai. Ele o admirava e amava, e penso que voltou pela segurança que tinha na generosidade paternal. O filho mais novo também não tinha preconceito ou preguiça de trabalhar. Me pergunto se não saiu de casa por causa da rigidez da estrutura hierárquica ou pelo humor sufocante do irmão mais velho.
·        Pai: não sabemos do seu passado (se um dia foi errante como o filho mais novo) apenas que fez fortuna, estabeleceu-se e agora abriga debaixo de si sua família e funcionários. E se na velhice amplificamos o que somos, o amor é a coroa deste pai.
·        Filho mais velho: nunca saiu de casa, provavelmente o único trajeto que conhece é de casa para o trabalho, e no final da história parece não saber o caminho de volta para casa (porque é incapaz de se alegrar).

Final da história

A história termina aberta: o filho mais novo recebeu a herança de novo? O filho mais velho entrou na casa e participou da festa? Os irmãos se reconciliaram?  Não sabemos. E não importa.

Porque nossos olhos devem estar fixos no pai.  

Desafio

Se filho de peixe, peixinho é, o desafio é que - você, eu, nós - sejamos “achados” para crescer em amor e sabedoria, e nos tornar pais.

Independente da jornada que estivermos. De filho mais novo ou de filho mais velho [ eu sei, somos os dois, voltando para casa todos os dias ].

E como pais, permitir que nossos corações se tornem local de encontro, acolhimento e celebração para todos que nos cercam.

Amamos porque Ele nos amou primeiro
1 João 4:19

Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes. Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta. Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso? Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você. E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo.

Nelson Mandela
*         *        *

Para refletir [ o tipo de pessoa que sou / quero ser ]:



Fontes:
1.       Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. São Paulo: CPAD, 2008.
2.       Bíblia de Estudo de Discipulado. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
3.       Bíblia de Estudo Despertar: Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2005.
4.       Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo: Vida, 2008.
5.       Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH). Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2018.
6.       Bíblia Sagrada Edição Pastoral. São Paulo: Paulus, 2005.
7.       Bíblia Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 1999.
8.       Bíblia Viva. São Paulo: Mundo Cristão, 2002.
9.       Holy Bible (ESV). Illinois, USA: Crossway, 2011.
10.    Mensagem: Bíblia em linguagem contemporânea. São Paulo: Vida, 2011.
11.    Novo Testamento Versão Restauração. California, USA: Living Stream Ministry, 2008.
12.    Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.
13.    National Geographic: guia visual da história da bíblia. São Paulo: Abril, 2008.
14.    Os quatro evangelhos (King James). São Paulo: Abba, 2005.
15.    CHAMPLIN, Russell Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. Guaratinguetá: A Voz Bíblica Brasileira.
16.    LOCKYER, Herbert. Todas as parábolas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006.
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