November 28, 2020

Ainda que

.
- Fernando Fernandes

O livro de Habacuque foi escrito, muito provavelmente, entre 605 e 597 antes de Cristo. Podemos dizer que essa obra, retrata o sentimento de um profeta que viu a queda de Judá, ocasionada pela invasão dos caldeus.

A sua mensagem aponta para necessidade da espera paciente, que aguarda a salvação divina durante a crise, mesmo que ela pareça terrivelmente interminável.

O silêncio de Deus diante da idolatria, injustiça social e corrupção, estava incomodando esse profeta, o qual interrogou a Deus clamando por socorro, porque estava cansado de ver o seu povo sofrendo uma opressão violenta, causada pela decadência moral e religiosa de sua época.

Mas a resposta de Deus mostrou-lhe que a intervenção de um grande império executaria o Seu juízo. Em outras palavras, aquilo que já estava ruim, ficaria ainda pior. Observe que as pessoas fiéis de Judá, também seriam afetadas por essa ação divina.

Quando olho para essa narrativa histórica, sou levado a pensar que, enquanto sofrem as consequências dos tempos difíceis, as pessoas verdadeiramente fiéis a Deus não são apenas chamadas, mas sim desafiadas a serem agentes na história, através de um testemunho que se fundamenta em uma fé inabalável de que Ele está no controle.

O profeta conhecia a fidelidade absoluta de Deus e, por esse motivo, decidiu confiar Nele diante da tragédia que assolaria sua nação, quando afirmou "nós não morreremos", e isso está registrado no capítulo 1 verso 12 de seu livro.

No capítulo 2 verso 4 de Habacuque está escrito: "A alma do ímpio se orgulha e seus desejos não são bons; mas o justo viverá pela fé." Analisando o contexto, entendemos que a promessa de Deus, afirmava que o justo sobreviveria pela sua fidelidade a ele, apesar da invasão dos babilônios.

As circunstâncias eram muito desfavoráveis e, até certo ponto, desesperadoras. No entanto, aquele homem estava determinado, a colocar sua confiança no Senhor e na sua misericórdia.

Vejo que a ideia do amadurecimento da fé por meio das tribulações é essencial, para que possamos aprender com a profecia de Habacuque, uma vez que, confiar nos propósitos de Deus em meio às percepções confusas, está no âmago do pensamento desse profeta.

Todos nós enfrentamos tempos difíceis, mas o importante é a maneira como reagimos a eles, porque isso faz toda diferença. Aliás, penso que as dificuldades deveriam gerar fé em nós, ao invés de perguntas que muitas vezes alimentam a nossa incredulidade.

Habacuque olhou para os atos salvíficos de Deus no passado e, naquele momento, isso trouxe-lhe ânimo ao coração, para que pudesse enfrentar um futuro assustador.

A sua oração na forma de um hino, encerra o livro da sua profecia com a declaração de fé tão conhecida que diz: "Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas do aprisco sejam arrebatadas, e nos estábulos não haja gado; todavia, eu alegrarei-me no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação." (Habacuque 3:17-18)

A narrativa da experiência de transformação na vida desse profeta é muito oportuna para os nossos dias, tendo em vista que, os noticiários espalham o medo, e anunciam um futuro que aponta para tribulações ainda muito piores, as quais, verdadeiramente acontecerão, pois assim dizem as Sagradas Escrituras.

Mas será que de fato, temos clareza do que Deus está fazendo hoje em nossas vidas, ou estamos vendo somente uma pandemia?

Habacuque confronta a nossa fé, na perspectiva do enfrentamento das crises, e isso diz respeito não apenas à Covid-19, mas a tudo que assolará a humanidade até o Dia do Senhor.

Admito que nem sempre é simples, mas creio que devemos vivenciar nossa fidelidade a Deus de forma plena, porque isso convém aos que foram justificados pelo sangue derramado na Cruz. Sim, pois importa que o justo viva pela fé.

Que o Senhor Jesus nos ajude a mantê-la viva até que Ele venha, ainda que a vida não floresça, amém.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/ainda-que-a-vida-nao-floresca

PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=2lV0P6f_Uwg

November 26, 2020

Liberdade para chorar

.
Não me deixes decepcionado, pois eu me refugio em ti. (Sl 25.20)
- Elben Cesar
Decepcionado com Deus? Decepcionado porque o salmista se refugiou nele e ele não foi capaz de guardar a sua vida da fúria de seus inimigos? Deus é tão pequeno assim?
Na verdade não é o ser humano que se decepciona com o ser divino. O que ocorre é exatamente o contrário: é a criatura que deixa o Criador decepcionado. Várias vezes, muitas vezes. Basta ler o lamento de Jesus sobre Jerusalém: “Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram!” (Lc 13.34). Basta lembrar o desgosto de Jesus quando sentiu a falta de nove dos dez leprosos que ele havia curado: “Onde estão os outros nove? Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17.17,18).
O salmista está simplesmente suplicando: “Não me deixes decepcionado”, “Não te furtes de mim”, “Não te ausentes neste momento difícil”, “Não permitas que eu me apavore”, “Não me entregues na mão dos meus inimigos”. O versículo a seguir o confirma: “Guarda a minha vida e livra-me!” (Sl 25.20).
Em outras versões podemos ler assim: “Que eu não seja envergonhado por abrigar-me em ti!” (BJ) ou “Que eu não fique defraudado por ter-me abrigado em ti” (BP) ou “Livra-me da vergonha da derrota, pois em ti encontro segurança” (NTLH).
Na hora do sofrimento, no pique da dor, na mais densa escuridão, o crente precisa de liberdade para orar, chorar, clamar, gritar, pôr para fora o que está lá dentro. Ele não precisa escolher as palavras mais adequadas, teologicamente mais corretas ou mais comedidas. O próprio Jesus, no Getsêmani, teve o desejo passageiro de não beber o cálice! (Mt 26.39)
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2020/11/13/autor/elben-cesar/liberdade-para-chorar/

November 21, 2020

O preço das coisas e o valor das coisas

.
Estamos atravessando tempos difíceis. 

Colapso financeiro, recessão econômica e incertezas infindáveis estão diante de nós. Muitas pessoas perderam suas economias, empregos e até mesmo seus lares.  O que fazer em tempos como estes? 

A melhor resposta é de um político americano: “nunca desperdice uma crise.” Porque você aprende mais enfrentando tempos difíceis do que navegando em dias tranquilos.

O ideograma chinês para “crise” também significa “oportunidade” e talvez seja por esta razão que os chineses mantêm até hoje a continuidade de sua história. Para mim, somente o hebraico vai além deste conceito: "mashber" também significa “assento ou leito sobre o qual a mulher dá a luz”. 

Em hebraico, crises são mais do que oportunidades e representam “as dores do parto”. Alguma coisa nova está nascendo e isso explica porque os judeus sobreviveram a cada crise ao longo de quatro mil anos, emergindo cada vez mais fortes do que antes.

O colapso financeiro deveria nos ensinar que estávamos nos tornando obcecados pelo dinheiro: salários, prêmios, bônus, preços de casas e mais uma série de artigos de luxo dispendiosos e desnecessários. Quando o que mais importa é o dinheiro e o preço das coisas, esquecemos dos valores, e isto é um grave erro. 

O colapso ocorre quando pessoas pedem empréstimos para os quais não tem cobertura e, com o dinheiro, compram coisas que não precisam para alcançar uma felicidade que não dura.

A sociedade de consumo tem como base o estímulo à demanda que gera gastos e produz crescimento econômico. Isto mexe de tal forma com os valores genuínos que eles chegam a ficar invertidos. A publicidade atrai nossa mente para focar em coisas que não temos enquanto que a felicidade (como relata o Pirkê Avot) consiste em nos contentar com o que temos.

De certa forma, a sociedade de consumo é um mecanismo que cria e distribui infelicidade. Isto explica porque uma era de abundância sem precedentes transformou-se numa era de síndromes relacionadas a estresse e doenças depressivas como nunca houve antes.

O mais importante que cada um de nós pode aprender com a atual crise econômica é "pense menos no preço das coisas e mais no seu valor".

Segundo a Torá, houve um momento em que o povo começou a adorar o ouro e fizeram até um bezerro de ouro. No entanto, uma leitura mais atenta da Torá mostra que, antes do episódio do bezerro de ouro, Moisés havia dado um mandamento ao povo: o Shabat.  Por que naquela ocasião? 

Porque o Shabat é o dia em que paramos de pensar no preço das coisas para focar o valor das coisas. No Shabat não podemos vender ou comprar. Não podemos trabalhar ou pagar a outros para que trabalhem por nós. 

Ao invés disso, passamos o dia com nossa família e amigos em volta da mesa. Na sinagoga, renovamos nosso contato com a comunidade. Escutamos a leitura da Torá, lembramos da historia de nosso povo. E oramos agradecendo pelas bênçãos que o Eterno nos concedeu. 

A família, os amigos, a comunidade, o sentimento de fazer parte de um povo e de sua história e, acima de tudo, agradecer a Deus são coisas que têm imenso valor, mas não têm preço. 

Para colocar de outra forma: um princípio fundamental da administração do tempo é aprender a distinguir entre coisas que são importantes e coisas que são urgentes. 

Durante a semana tendemos a responder a pressões imediatas, ou seja, focamos o que é urgente, mas não necessariamente no que é importante. 

O melhor antídoto inventado é o Shabat. Nele celebramos as coisas que, embora importantes, não são urgentes: o amor entre marido e mulher, entre pais e filhos, os laços de pertinência, a historia da qual fazemos parte, a comunidade que apoiamos e que nos apoia, em tempos de alegria e de tristeza. 

Estes são os ingredientes da felicidade. Porque os últimos pensamentos de qualquer pessoa antes de morrer nunca são “eu deveria ter passado mais tempo no escritório”.

Tempos difíceis nos fazem refletir naquilo que os bons tempos esquecem: de onde viemos, quem somos e por que estamos aqui. 

Eis porque tempos difíceis são a melhor época para plantar as sementes de uma felicidade futura.

Fonte: https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1301037/jewish/O-Preco-das-Coisas-e-o-Valor-das-Coisas.htm
.

November 15, 2020

Oração

“Para Deus todas as coisas são possíveis.” 
(Mt 19:26)
- Vinicios Torres

Enquanto orava hoje pelo nosso País passou-me o pensamento de que muitos de nós temos dificuldade de crer que Deus possa fazer a transformação de uma nação. Gostaríamos de acreditar nisso, gostaríamos de que isso realmente acontecesse, mas temos dificuldade de orar com a convicção de Deus possa fazer acontecer.

Foi aí que me passou pela cabeça que somos crentes de gripes e resfriados, dores de cabeça e ciáticos estragados. Oramos para Deus nos livrar de incômodos diários e temos problema em nos engajar em “orações estratégicas”, por situações de longo prazo e amplo alcance.

  • Que Deus é esse que pode curar uma pessoa mas não pode curar uma nação?
  • Que Deus é esse que pode livrar a família de um bêbado e não pode livrar a nação de um déspota?
  • Que Deus é esse que pode te abençoar com um aumento de salário mas não pode fazer prosperar um país?

Se Ele pode fazer por um por que não pode fazer por todos?

Eu sei que temos problemas estruturais, pecados nacionais e incrédulos.

Mas me lembro de Abraão perguntando a Deus se destruiria um lugar se tivessem justos vivendo nele. E Deus lhe respondendo que enquanto achasse justos vivendo lá Ele não destruiria aquele lugar. (Gênesis 18:16-33)

Lembro de Jeremias, falando como voz de Deus, para que o povo orasse pela paz e prosperidade do lugar onde moravam, e eles estava no meio da idólatra e ímpia Babilônia quando Deus lhes falou isso. (Jeremias 29:7)

Meu querido e minha querida, deixemos de criticar a situação atual e creiamos de coração no poder infinito do nosso Deus e Pai e nas suas promessas de que ouviria as nossas orações feitas em nome de Jesus.

Oremos pela transformação do nosso País e para que, como nação, trilhemos os caminhos da retidão e da justiça.

“Senhor, desperta-me para a responsabilidade de afetar o destino do meu país e do nosso povo, clamando pela Tua intervenção através da minha oração.“

Fonte: https://www.ichtus.com.br/dev/2018/09/27/nao-so-por-gripes-e-resfriados/

November 06, 2020

Entre feridos que curam e feridos que ferem

.
- Isabelle Ludovico

Provérbios de Salomão nos convidam a "entender o nosso próprio caminho" (Pv 14.8) e "estar atento aos nossos passos" (Pv 14.15). De fato, a maturidade provém da capacidade de compreender a nossa história e integrar as peças esparsas do quebra-cabeça que é a nossa existência para enxergar o quadro completo. As experiências marcantes da nossa vida precisam ser consideradas com reverência para encontrar o seu sentido mais profundo e aprender com elas. Tempo e atenção são necessários se queremos evitar a superficialidade.

Fomos criados à imagem de Deus, que é Luz. Assim, quanto mais nos aproximamos dele numa atitude contemplativa, mais enxergamos a nossa própria realidade. O olhar amoroso de Deus nos permite superar o medo da rejeição e tirar as nossas máscaras para reconhecer tanto a nossa luz quanto a nossa sombra. Percebemos nossos limites, feridas, mecanismos de defesa e incoerências, mas também nossa aspiração por amor, alegria e paz, nossa capacidade criativa e relacional, nossa busca de sentido existencial.

Identificamos, perplexos, a coexistência simultânea e sistêmica de alegria e tristeza, prazer e dor, sofrimento e paz, amor e solidão. Perceber esta condição da nossa humanidade entra em choque com o desejo de nos apegar a um estado mental dominante e obsessivo como a busca da felicidade permanente. Nossa sociedade a define como a ausência de dor e, para isso, construímos um castelo forte onde estamos protegidos, mas também enclausurados. Poupar-nos do sofrimento acaba nos privando da alegria, pois estes dois sentimentos são parceiros inseparáveis nesta vida. Nossa cultura prega uma felicidade artificial mantida com pílulas que anestesiam a dor, camuflando a nossa inescapável condição de mortalidade e fragilidade. Solitários e carentes, buscamos compensar o nosso vazio interior mediante um consumismo compulsivo.

O desejo mais profundo de amar e ser amado requer a disposição de baixar as defesas e nos torna vulneráveis. Como diz uma música popular: "Quem quiser aprender a amar, vai ter que chorar, vai ter que sofrer...". As feridas mais profundas e dolorosas não provêm de acidentes que nos aconteceram, mas da falta de amor. O amor transforma nossa personalidade e nossa percepção. Ele nos arranca de um mundo unidimensional em preto e branco para nos transportar num universo de cores brilhantes e paisagens sempre renovadas. Quando o amor se retrai, sofremos a dor da perda. A alegria do encontro é proporcional à dor do desencontro.

Como diz o teólogo John Main, precisamos diferenciar feridas e machucados. Os machucados como o fracasso num teste, uma derrota financeira, uma expectativa frustrada, são sofrimentos provisórios e superáveis. As feridas nos marcam para sempre. Elas modificam nossa percepção íntima e o fundamento da nossa identidade. Uma ferida significa que nada será como antes. O tempo apaga os machucados, mas não cura as feridas. Somente a imersão no amor absoluto de Deus pode curá-las. É preciso mergulhar na morte de Cristo para experimentar a sua ressurreição. O significado das nossas feridas emerge quando as vivenciamos na sua relação com outros eventos e padrões da nossa vida.

Conforme a maneira como lidamos com as nossas feridas, podemos nos tornar feridos que ferem ou feridos que curam. A Bíblia fala de dois tipos de tristeza: uma tristeza "mundana" que leva à autocomiseração, nos faz assumir o papel de vítima e "produz morte"; uma tristeza na perspectiva de Deus que gera humildade, transformação e vida (2Co 7.10). Mergulhando na história da nossa vida, encontramos momentos dramáticos em que tivemos que fazer a escolha crucial de nos tornarmos amargurados por nossas feridas ou feridos que curam. O filme "Patch Adams: o amor é contagioso" fala de um homem que fez a escolha de ser um ferido que cura e quase desistiu quando uma nova ferida o empurrou na beira do precipício. Para o seu próprio bem e o bem das pessoas à sua volta, ele finalmente escolheu seguir o princípio bíblico de "vencer o mal com o bem"(Rm 12.21). Na maioria das vezes, optamos por uma solução intermediária mesclando sentimentos de mágoa e desejo de superar, passando alternativamente de vítima à protagonista.   

Nossa experiência pessoal de feridos curados pelo amor incondicional de Deus é que nos permite aliviar o sofrimento de outros. Enquanto perseguirmos nossa felicidade como prioridade absoluta, iremos fazer isto às custas do bem estar do outro. Mas ao buscar minorar a dor do nosso próximo, encontraremos a plenitude de alegria para a qual fomos criados. Ao acolher a realidade com todas as suas facetas, não podemos deixar de perceber o próprio Deus. Cristo é a Verdade e a Vida. Por isso, ao optarmos pela verdade encontraremos a Cristo, assim como através das coisas bonitas podemos enxergar a própria beleza.

A cruz de Cristo proclama que a vida não se preserva negando a morte, mas acolhendo o ciclo de morte e renascimento. Por isso, somos chamados a "levar sempre no corpo o morrer de Jesus para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo" (2Co 4.10). Assim, em vez de fugir do sofrimento por meio de uma vida artificial, podemos superá-lo com o bálsamo do amor de Deus que transforma o mal em bem. Precisamos olhar para os retalhos espalhados da nossa vida na perspectiva de Cristo que venceu o mal e a morte. 

Assim podemos costurá-los para formar uma colcha que reflete a obra de arte única que é a nossa existência à luz do amor de Deus e na dependência do Espírito Santo.

Fonte: https://guiame.com.br/gospel/mundo-cristao/feridos-que-curam.html

November 05, 2020

Ele sabe

.
Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.
Sl 103.13,14

- Elben Cesar

Mesmo sem o atributo da onisciência, a mãe sabe do que a criança precisa, o médico sabe do que o doente precisa, o professor sabe do que o aluno precisa. Se isso acontece com pessoas, extremamente limitadas, por que não aconteceria com Deus, que não tem limite algum?

Para obter a confiança de suas ovelhas e eliminar qualquer dúvida, Paulo lhes garantiu: “Deus sabe que os amo!” (2Co 11.11). Jó considerava-se descoberto aos olhos de Deus: “Ele sabe o meu caminho” (Jó 23.10). O salmista vai muito além e declara: “Senhor, tu sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso. Antes mesmo que a palavra me chegue à língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor” (Sl 139.2-4).

É por essa razão que Jesus afirma que a verbosidade nas orações é desnecessária, pois o “Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem” (Mt 6.8). A ansiedade também é desnecessária porque o Pai celestial sabe que nós precisamos das coisas básicas, como alimento, roupa, moradia etc. (Mt 6.32). Ele sabe de tudo e a respeito de todos.

Uma coisa que Deus precisa saber e sabe é a nossa origem: “Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; pois Ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó” (Sl 103.13,14) Deus não nos trata como super-homens. Somos difíceis, complicados, limitados, frágeis, quebradiços, tímidos, vulneráveis, complexados e assim vai.

Se ele não soubesse dessa nossa enorme dependência dele, estaríamos perdidos! 

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2020/10/16/autor/elben-cesar/ele-sabe/