March 26, 2021

Intercessão, a disciplina do amor

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- Ricardo Barbosa de Sousa

Uma realidade que tenho experimentado ao longo de minha vida é que a prática da oração cria em nós uma nova linguagem e um novo jeito de nos relacionarmos. Precisamos de uma linguagem adequada para nos relacionarmos com Deus e com os outros. É sobre o segundo aspecto da linguagem da oração que quero refletir um pouco.

Uma marca dos autores do Novo Testamento é a prática de orar uns pelos outros. Paulo, por exemplo, em suas cartas, seja para uma igreja ou para amigos pessoais, mostra o seu mais profundo afeto por eles pela forma como ora por eles. Escrevendo aos cristãos de Filipos, ele diz: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações” (Fp 1.3-4). A linguagem de Paulo revela lembranças, alegria, saudade, sentimentos de amor e gratidão por seus irmãos e irmãs de Filipos. Da mesma forma, ao escrever para seu filho na fé, Timóteo, ele afirma: “Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia (2Tm 1.3).

Os apóstolos e os grandes santos não apenas intercediam por igrejas e amigos em particular, como também recebiam a graça de Deus por meio da oração de outros. É assim que Paulo reconhece a intercessão dos discípulos de Jesus de Corinto a seu favor: “Ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos” (2Co 1.11). Essa era a forma como os cristãos promoviam a comunhão e fortaleciam suas amizades por meio da bênção espiritual na prática da oração intercessória. Acredito que essa linguagem e prática de oração sejam fundamentais para os dias que vivemos.

As últimas eleições trouxeram grande sofrimento e ruptura no coração das igrejas. Porém, quando o mesmo espírito de intercessão atua no coração e na alma do povo de Deus, a mesma amizade que os santos do passado experimentaram torna-se uma possibilidade real entre nós hoje. A oração sincera diante de Deus pelo outro, em especial pelo outro que nos ofendeu ou que se sente ofendido, transforma o coração de quem ora e com certeza transformará o coração daqueles por quem oramos, trazendo graça abundante e unindo nossos corações em Cristo.

Não há nada que nos torne mais próximos de nossos irmãos e que nos leve a amá-los mais do que a oração. Um grande amigo certa vez compartilhou comigo que quando se casou fez um voto especial a sua esposa: prometeu-lhe que nunca iria dormir sem orar com ela e por ela. Ele disse que fez esse voto porque sabia que é impossível ser honesto com Deus sendo, ao mesmo tempo, desonesto com a pessoa por quem você ora. Ele disse que, por causa desse voto, nunca foram dormir sem que antes resolvessem todas as mágoas daquele dia.

Se todos nós, diante de sentimentos como ressentimento, raiva e desapontamento, em vez de sermos indulgentes conosco ou julgar e condenar os outros, nos dedicarmos à oração intercessória por aqueles que provocaram tais sentimentos, certamente seremos poupados das feridas que crescem e nos tornam menos misericordiosos. Portanto, ao perceber o menor sinal de conflito ou tensão com outra pessoa, ore por ela, suplique a Deus que a abençoe e lhe dê a graça da alegria e da prosperidade. Inicie o ano de 2019 orando pela igreja no Brasil para que haja paz e unidade entre o povo de Deus.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/375/intercessao-a-disciplina-do-amor

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