March 31, 2016

O potencial

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- Luiz Antonio Luize
Quando mais jovem estudei eletrônica e no curso ensinaram sobre eletricidade, energia e conceitos de física. Um destes princípios tratava da energia potencial. Esta é uma energia que está armazenada, ainda não foi usada e, ao interagir com a gravidade, produzirá uma certa quantidade de energia.
Por exemplo, um tijolo esquecido bem na beirada do segundo andar de um prédio em construção, possui energia potencial. Quando alguém, por descuido, esbarrar nele, este iniciará sua queda e toda sua energia potencial acontecerá. Certamente cairá no chão e vai se espatifar todo ou causar um acidente.
Este conceito tem muito a ver com a , pois algo que não existe pode ser chamado à existência e toda sua “energia potencial” acontece, ou a realização da mesma torna-se possível.
É muito comum ouvirmos alguém dizer assim:
— No passado tive a oportunidade de comprar este imóvel bem baratinho, hoje vale uma fortuna. Se eu tivesse comprado teria me dado bem!
— Sempre quis estudar tal área, mas nunca deu certo de começar, hoje é a área que paga os maiores salários!
Mais do que isto, alguns chegam a agir com medo ao invés de fé, e apesar de obterem algo, tem medo de perdê-lo ou de que algo ruim lhes sobrevenha. Tanto a fé quanto o medo possuem capacidade de atração. A fé é crer que o que não vemos irá acontecer, enquanto medo é acreditar que o que não está ocorrendo nos sobrevirá.
Um casal tem o potencial dado por Deus de se relacionar bem, pois o casamento é uma dádiva de Deus. Entretanto, se ficarem só de sarcasmo, amargura, ressentimento e rancor um com o outro. Um fizer algo desagradável e o outro retornar com algo ruim, acontecerá o chamado círculo vicioso, e o medo de um mal relacionamento se concretizará.
Porém, ao perceberem que podem agir diferente, se mudarem suas atitudes um para com o outro e agirem de maneira amável, e o outro demonstrar mais amor, se manifestará o círculo virtuoso, e a fé de que é possível um bom casamento torna-se realidade.
Dias destes veio em casa um rapaz para me ajudar a carregar duas caixas bem pesadas. Pois bem, ao entrar ele demonstrou medo às duas cachorras que temos, que raramente mordem alguém. Seu medo de ser mordido por elas fez com que elas avançassem nele, a tal ponto que tive que deixá-lo para fora e carregar as caixas sem a sua ajuda.
Quando não investimos bem nosso tempo e talento, nosso potencial não se desenvolve. Ficamos só falando e nunca colocamos nossa fé em movimento para alcançar o potencial que Deus colocou em nós.
Muitos de nós ficamos nos lamentando de não ter recursos e dinheiro suficiente para abrir um novo negócio ou mesmo meios de iniciá-lo. Outros, entretanto, começam aonde estão e com o que tem ao alcance das mãos.
Todos os casos de sucesso no mundo e na bíblia são assim. Eliseu só tinha um punhado de sal, Moisés apenas uma vara, Davi uma pedrinha, Abraão uma palavra de direção e José um sonho. O interessante é que sempre ocorre assim nos momentos de maior dificuldade.
A diferença entre todos eles não era o que tinham na mão mas o que tinham no coração e não se deixaram limitar pelo que viam, mas usaram todo seu potencial dado por Deus e fizeram algo extraordinário.
Creio que chegou o momento de você também fazer algo extraordinário.
PARA EXERCITAR
  • Tenho usado todo o meu potencial?
  • O que posso fazer para colocar em prática o que Deus tem para mim?
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/04/03/o-potencial-de-fazer-a-mudanca-comeca-em-mim

March 27, 2016

Páscoa, a vitória de Cristo

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Em Cristo temos a certeza da vitória da justiça

- Frei Betto
A Páscoa é a principal festa das igrejas cristãs: celebra a ressurreição de Jesus. Em sua origem, a grande festa judaica comemora a libertação dos hebreus da escravidão no Egito, em 1250 a.C., sob o reinado do faraó Ramsés II. Curioso é que, ao contrário das religiões persas e mesopotâmicas, babilônicas e gregas, o judaísmo e o cristianismo não celebram mitos, e sim fatos históricos.
Hoje nenhum historiador de respeito nega a existência histórica de Jesus, atestada por historiadores não cristãos que lhe foram contemporâneos, como Flávio Josefo e Tácito. Aliás, há mais documentos científicos sobre a existência de Jesus que de Sócrates, que só conhecemos via Platão. O que ultrapassa a historiografia é a crença em sua ressurreição, que pertence à esfera da fé.
Os evangelhos registram a presença de Jesus em Jerusalém por ocasião das festas pascais. Foi numa delas, a do ano 30, que ele, preso por blasfêmia e subversão, recebeu a pena capital e morreu crucificado. Tinha 36 ou 37 anos de idade, pois hoje sabemos que o monge Dionísio, o Pequeno, se equivocou, no século 6, ao calcular o início de nossa era. Dionísio não conhecia o zero e está comprovado que Jesus já havia nascido quando Herodes morreu, no ano 4 antes de nossa era.
Para Jesus, a nossa felicidade (salvação) decide-se por nossa capacidade de amar no terreno da história. O Reino de Deus não é algo “lá em cima”, mas sim lá na frente, no futuro onde a história atinge a sua plenitude, em um mundo livre de opressões, e também o seu limite, pela irrupção da presença divina entre nós.
A Páscoa cristã sinaliza que, malgrado tanta miséria e desesperança, em Cristo temos a certeza da vitória da justiça sobre a injustiça e da vida sobre a morte. Aceitar que “a história acabou” é cair no engodo da eternização do presente: a malhação que nos promete eterna juventude; o apego aos bens como se fôssemos imortais; a acumulação como se levássemos terras e tesouros para o além-túmulo; as drogas como sucedâneo diabólico de uma geração que não aprendeu a sonhar com Jesus, Gandhi, Luther King e Mandela.
É isto que a Igreja celebra hoje: Cristo vive e sua vitória sobre os poderes deste mundo é a garantia de que os sonhos brotados do coração e da fé são sementes de “um novo céu e uma nova Terra”, como prenuncia o Apocalipse. E, como diz a canção, um sonho que muitos sonham se faz realidade.
Fonte: http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-03-26/frei-betto-pascoa-vitoria-de-jesus.html

March 25, 2016

Última Ceia

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- Frei Betto


Nesta Última Ceia, sentarei à mesa farta e estenderei, aos semelhantes, travessas repletas de misericórdia. Servirei, em abundância, o cardápio da saciedade: de entradas, hinos e flores, para que a alegria plenifique o coração de cada comensal.
Como prato forte, efusão espiritual recheada de mistério, para que os sentidos se calem e a razão, prostrada, reverencie a sabedoria. De sobremesa, uma noz e, dentro dela, um labirinto e, em sua porta, um sino e, em seu badalo, o reflexo da lua e, em seu brilho, o rosto interior de cada convidado.
O vinho terá o gosto das liturgias salmodiadas por cordas e címbalos. Todos haverão de se embriagar de Deus. Serão invadidos por tamanha lucidez que já não poderão distinguir o dentro e o fora, o acima e o embaixo, a esquerda e a direita. O feio se fará bonito e o que se julga belo expressará o horror. O frio terá o calor da fervura e o quente será gélido quanto uma montanha de neve.
Estarão à mesa a escória e o escárnio, o sorriso patético dos imbecis e o ódio escancarado dos algozes, a fúria de vingança e a pérfida arrogância da indiferença. Convidarei o desamor e a crueldade, o abuso e a injúria, a insípida ilusão de quem se ama acima de todas as pessoas e a efêmera riqueza dos que somam e multiplicam atacados pela amnésia que lhes furta a ventura de subtrair e dividir. Quero que todos à mesa provem o veneno da própria alma ou deixem seus espíritos transbordarem em taças cheias de luz.
Farei um brinde à compaixão e pedirei um minuto de silêncio para que cada um se envergonhe da existência contrária à sua essência. Haverá, então, tanta música e dança e festança que os pares levitarão de olhos fechados.
Nesta Última Ceia, molharei o pão em azeite novo e ofertarei ao primeiro que arrancar as sandálias e, de pés nus, caminhar à beira do tatame sem provar a vertigem do medo. Premiarei a fé, a cegueira da mente, a noite escura que prenuncia o reverso dos versos.
Entregarei, assim, a amante ao amado, e um coro de anjos celebrará a união de corpos transmutada em alucinação do espírito, o sexo sorvido como ágape, o imponderável voejando em tão acelerado ritmo que já não haverá Norte ou Sul, Leste ou Oeste, porque a Rosa dos Ventos estará girando desvairadamente.
Louvarei o discípulo amado por sua humilde fidelidade aos sonhos que lapidam sua realidade, como quem cultiva um fruto que nasce na direção do fundo da terra ou uma ostra indiferente ao seu futuro de pérola. E beijarei aquele que haverá de trair-me, não porque o decepcionei, mas por trazer ele, impregnado nas entranhas, essa pusilanimidade que impede certas pessoas de serem fiéis a si mesmas. Não o rejeitarei, ele não será vítima de meu opróbrio. Deixarei que ele trafegue dividido pela vida, ora amigo, ora inimigo, amável hoje, detestável amanhã, até que possa juntar os cacos espalhados por seu caminho e compor o vitral de sua dignidade resgatada.
Nesta Última Ceia, abençoarei o pão e o vinho, as moléculas do trigo e da uva, e os átomos e os neutrinos e todas as partículas elementares, e os quarks invisíveis e indivisíveis. E na composição do Universo, detalhe por detalhe, será elevada ao mais alto dos céus a hóstia cósmica de meu corpo embebido no sangue que imprime vida a todas as galáxias.
Então, todos os olhos verão que sou tudo em todos, uno e trino, pessoa e substância, identidade e mistério. Sou o que se é, o limite intransponível da negação. Quando a noite cair e do cordeiro não restar senão os ossos, ofertarei como alimento Deus transubstanciado em corpo e sangue, pão e vinho. Terei ressuscitado antes de morrer e farei da vida a mais preciosa dádiva da Criação.
Alimentados por mim, todos saberão que a Última Ceia é sempre a próxima, pródiga comemoração do amor, singelo gesto, aqui e agora, que acontece e, assim tece os fios que enlaçam, envolvem e fundem tudo e todos, amorosamente. Ou inexiste e, portanto, padece. 

Para quem guarda o apetite por aquilo que transcende o paladar e cultiva a gula por luminescências, todas as ceias serão primeiras, e sairão delas ainda mais famintos, porém saciados de felicidade.
Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/ultima-ceia-18944522

March 19, 2016

O custo da liderança

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LÍDER OU SEGUIDOR

- Luiz Antonio Luize


A sociedade brasileira atual está carente de bons líderes. Basta abrirmos os jornais ou ouvirmos os noticiários para perceber que algo vai muito mal. A quantidade de líderes que perderam seus valores, corrompendo-se, é imensa; não se salva quase ninguém.
Enquanto isto, a maioria da população, nós, ou ficamos inertes ao que acontece ou então corrompe-se também e ainda justifica seus atos pelo comportamento coletivo.
Não é assim que deve ser e não é assim que a Palavra de Deus nos ensina.
Precisamos viver uma vida de excelência e para isto precisamos aprender com quem já trilhou este caminho. Na Palavra encontramos estas pessoas revestidas da Graça de Deus e que não se corromperam.
José foi uma delas.
Teve a coragem de não se deixar seduzir pela esposa de Potifar, o que o fez ficar preso por vários anos. Tenho convicção que muitos líderes hoje facilmente ficariam com a esposa de Potifar e ainda tomariam seus negócios. É o que temos escutado por todo lado.
Para sermos bem sucedidos precisamos do favor divino, da sabedoria e da coragem. José possuía estas três qualidades, que são obtidas no viver diário com Deus e através de uma vida reta e justa.
Deus deseja que sejamos prósperos e não que levemos uma vida de miséria, e isto não é um chavão ou uma palavra de incentivo barata.
Entretanto, nossa vida é guiada pela fé, e vivemos conforme nosso nível de fé. José mesmo na prisão manteve seu nível de fé nos sonhos dados por Deus a ele quando ainda era um menino. Durante muito tempo foi provado e testado para que desistisse da sua fé e de seus valores, mas teve a coragem de manter-se firme, sem importar o custo.
É por isso que muita gente não avança na sua vida. Deixam seus amigos e pessoas à sua volta influenciarem seus pensamentos e decisões, o que os impede de crescer na graça de Deus.
Estas pessoas são aquelas que não alcançaram um conhecimento mais profundo da verdade e sequer desfrutam da presença do Senhor nas suas vidas e acabam desanimando quem tem sede de Deus.
Se você atingiu um novo patamar na fé através das experiências que Deus lhe concedeu, não permita que quem não chegou a este ponto o impeça de crescer ainda mais. Não deixe que a incredulidade dos outros seja um obstáculo para a concretização dos seus sonhos.
Para vencer é preciso coragem. É preciso coragem para encarar a realidade e por isso muita gente usa de desculpas para não avançar e justifica-se pelos outros. É preciso coragem para reconhecer as nossas carências, e é por isto que muita gente diz “eu sou deste jeito mesmo” ou “eu já nasci assim”.
É preciso coragem para tomar decisões, pois junto delas vêm as conseqüências, que tanto podem ser boas como ruins. Se foram boas, parabéns, alcançou a sabedoria, se forem ruins, tanto melhor, aprenda com a situação e cresça um pouco mais para acertar na próxima.
É preciso coragem para mudar de vida e romper com o conformismo e a inércia que entorpecem a nossa alma. Saia do ligar comum, rompa com o conformismo, tome decisões, entenda a realidade dos fatos, aja no sentido de resolver a situação à sua frente.
Mas sobretudo, tenha coragem de não abrir mão de suas convicções, custe o que custar. José não abriu mão e isto lhe custou a liberdade, entretanto, depois foi alçado ao mais alto posto, abaixo apenas do faraó.
Tenha coragem de admitir que errou quando isto acontecer e vá em frente. Não faça como Adão, que procurou fugir da realidade de si mesmo e da responsabilidade de prestar contas de seus atos. No passado Adão usou a mulher para se justificar, hoje, para fugirmos de algo usamos as ideologias, correntes de pensamento, inércia, desculpas, bebidas, drogas, suicídio e vários outros métodos.
O primeiro passo para amadurecermos e crescermos é reconhecer nosso erro, sendo também a solução de muitos dos nossos problemas. 

Tenha coragem e cresça!
PARA EXERCITAR
  • Tenho sido influenciador ou tenho sido influenciado?
  • O que posso fazer para liderar com justiça e equidade?
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/03/21/lider-ou-seguidor-a-mudanca-comeca-em-mim

March 14, 2016

Sonhos, a mudança começa em mim

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- Luiz Antonio Luize

Muita gente tem sonhos mas não tem coragem. O sonho normalmente tira a pessoa da situação cômoda em que está e a lança no desconhecido, um mundo totalmente novo, inexplorado e não dominado.

A atitude humana de buscar segurança naquilo que é conhecido e tangível, tem uma relação direta com a necessidade do povo hebreu no deserto de ter um deus que pudesse ver.

Nossos olhos dominam nossa vida, enquanto o sonho evoca a fé naquilo que sonhamos e a firme confiança em algo que não existe, mas esperamos tornar-se realidade.

Portanto, sonhar é viver pela fé. Ninguém nunca conquistou algo sem sonhar primeiro. Muitas pessoas abandonam sua vida atual para investir num sonho. Um tanto se dá bem logo, enquanto outro tanto perde-se na caminhada.

Esta parte é aquela que morre no deserto e a causa foi a falta de fé que Deus estaria com eles e os ajudaria.

Fé e persistência andam de mãos dadas e, parece-me, que antes da conquista há uma espécie de teste feito por Deus ao sonhador. Não creio que nosso Pai faça isso para derrubar ninguém, mas sim para treinar e ensinar a ir mais longe.

Como lemos no versículo acima, se a águia não joga seus filhos e os força a voarem, ficarão no ninho e morrerão de fome, jamais conquistando as alturas para a qual foram formados.

Ao sermos lançados por Deus no desconhecido do céu com a terra crescendo aos nossos olhos, duas coisas podem ocorrer, a confiança total em Deus que está no controle e irá dar o escape no momento certo. Assim, alicerçamos cada vez mais nossa vida nos mandamentos divinos e menos em nossa personalidade e mais reto e plano se torna nosso caminho.

Por outro lado, há a tentativa de resolver por si mesmo, e aí está nosso problema. Ao querermos resolver a situação com nossa própria força, do nosso próprio jeito, entra a carne em ação, a raiz de nossos males.
Foi assim com Israel no passado, tem sido assim com muita gente hoje.

Ao agir pela carne, tentamos manter nosso sonho vivo da maneira errada, ou desistimos dele totalmente e vivemos frustrados, morrendo no deserto.

Qualquer das alternativas não nos dará paz. Tentar manter o sonho vivo a qualquer custo pode significar aceitar o sistema desta vida e tudo que ele traz. Por exemplo: o sonho de um negócio próprio que é afetado pela situação do país, e então a tentativa da carne para resolver é simples. Algo dentro de você diz:

— Para que pagar tanto imposto! Usam mal este dinheiro, não reverte para você e nem para a sociedade. Você é capaz de usar melhor do que eles.

Pronto, está feito! A partir de então temos um sonhador de acordo com a vontade de Deus transformado em mais uma pessoa que foi tragada pelo sistema em vigor e que perdeu sua autoridade espiritual. Foi subjugado pelo sistema.

Como uma pessoa assim pode reclamar de algo a respeito do que ocorre na economia ou na política? Nosso país está impregnado de pessoas que simplesmente perderam-se pelo caminho e se renderam ao sistema vigente nele.

A esperança se esvai dos corações, a vida se deteriora, jovens formando-se sem saber se terão emprego, quanto mais sonhar.

Neste contexto, é fundamental que o povo de Deus relembre dos Seus feitos e de como Ele nos libertou com mão forte do cativeiro eterno para que nossos sonhos sejam restaurados, e voltem a agir como cidadãos do Reino Celestial, e tornemos a ser sal e luz neste mundo que jaz no maligno.

PARA EXERCITAR

·         Como está meu sonho e minha esperança?
·         O que posso fazer para voltar a ser sal e luz?

Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/03/09/sonhos-a-mudanca-comeca-em-mim/

March 13, 2016

Tempo de mudar

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“Tudo neste mundo tem o seu tempo; cada coisa tem a sua ocasião.” 
- Vinicios Torres
Esta passagem do Pregador (Eclesiastes significa Pregador) é muito interessante. Ela me traz um conforto quando olho para as fases da minha vida e fico me perguntando por que a vida dá tantas voltas.
Somos levados a acreditar que a vida perfeita deveria ser uma sequência infinita de bons acontecimentos, em que tudo que desejamos se realiza de maneira a nos deixar com sentimentos alegres e usufruamos de prazer contínuo. Revezes, dificuldades, contrariedades, tristezas, fracassos seriam todos sintomas de que estamos vivendo alguma coisa da maneira errada. (Curiosamente isso me lembra o enredo do romance ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, que fala de uma sociedade que buscava viver isso através do uso de uma droga e de um governo controlador).
Programados para pensar desta maneira, levamos para nossa relação com Deus a expectativa de que a bênção dEle deveria nos garantir este estado benfazejo. E que qualquer coisa que não seja do nosso ponto de vista positiva significa ausência da sua bênção, da sua presença ou do seu cuidado.
O Pregador, no entanto, afirma que há tempo para tudo, inclusive para o que pensamos ser negativo. A vida tem uma dinâmica mais complexa do que aquela que simplificamos. E até mesmo aquela atitude otimista que os pregadores da auto-ajuda tanto insistem em nos convencer, de que o negativo agora se mostrará positivo no futuro, pode se mostrar falsa em algumas circunstâncias.
Podemos aprender com erros e sofrimentos e evitar repeti-los no futuro. Ótimo. Mas isso não garante que após a próxima curva da vida não tem um novo solavanco a espreita. Nova lição, novos aprendizados. A sucessão de experiências, suas análises e conclusões nos permite criar nosso arcabouço de sabedoria. A partir de uma idade você começa a dar aos mais novos conselhos baseados na sabedoria que você foi adquirindo pela vida.
Quer ver uma coisa interessante? O Pregador não nos estimula a procurar pelas coisas negativas, ou sofrimentos, na vida. Ele apenas diz que elas existem e que acontecerão. Na verdade ele diz: “nesta vida tudo o que a pessoa pode fazer é procurar ser feliz e viver o melhor que puder. Todos nós devemos comer e beber e aproveitar bem aquilo que ganhamos com o nosso trabalho. Isso é um presente de Deus.” (Ec 3:12,13 NTLH, grifo meu). Ou seja, devemos viver plenamente cada momento da nossa vida conscientes de que a qualquer momento poderá ser o tempo de mudar.
Os apóstolos Barnabé e Paulo trabalhavam muito bem em parceria (tempo de ajuntar) mas, de repente, um detalhe sobre um componente da equipe provoca tal desavença entre eles que cada um foi para um lado (tempo de separar). Alguém desavisado dirá que o Diabo foi vencedor nesta situação. Mas isso fez com que o evangelho se espalhasse por um território bem maior do que aquele que eles cobririam se continuassem juntos. Como disse antes, a dinâmica da vida é mais complexa do que parece.
Usufrua a vida, alegre-se em cada momento dela, aproveite cada interação, construa amizades sinceras, ame cada pessoa, semeie abundantemente daquilo que você espera colher no futuro. Entregue cada preocupação ao Senhor em oração. Adore-o com suas palavras e ações.
Esteja sempre pronto para as mudanças sabendo que o Senhor prometeu estar com você todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28:20b) e não te deixará jamais (Hb 13:5).
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/03/11/tempo-de-mudar

March 12, 2016

Natureza e graça

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Terrence Malick faz da espiritualidade a matéria prima de seu cinema, como fazia o russo Tarkovski

- Luiz Felipe Pondé


Uma das escolhas mais sérias na vida é o modo como vivemos a vida, se como graça ou como natureza.

Essa questão é uma alternativa clássica na filosofia cristã, mais especificamente de Santo de Agostinho, morto no ano 430 d.C. Duas de suas obras, "Natureza e Graça" e "Confissões", são essenciais para entendermos este problema. 

O novo filme do misterioso cineasta americano Terrence Malick (que despreza o glamour da indústria do cinema e das festas da mídia) se abre com esta questão. "Árvore da Vida" foi o vencedor da palma de ouro de Cannes deste ano. 

Malick é um cineasta que faz da espiritualidade a matéria-prima de seu cinema, como, por exemplo, o russo Tarkovski fazia.

Já em "Além da Linha Vermelha", de 1998, com a espiritualidade na guerra, e "O Novo Mundo", de 2005, com a espiritualidade do encontro com o "outro", Malick faz da voz em "off" de seus personagens um apelo desesperado da espécie humana em busca do sentido de nossa aventura na Terra. Em Malick, cada agonia do indivíduo (cada "voz") é arquetípica do humano.

Por favor, não entenda "espiritualidade" aqui como essas bobagens de sofás que você muda de lugar para melhorar a energia da sua casa ou uma palavra para você falar de suas manias com cristais ou expectativas reencarnacionistas. 

"Espiritualidade" aqui significa a indagação essencial se a vida é fruto de uma força cega ou fruto de uma intenção bela, confrontada cotidianamente com o sofrimento inquestionável da vida.

Segundo a personagem feminina principal, a mãe dos três filhos (um deles, quando adulto, será Sean Penn) e esposa de Brad Pitt no filme, interpretada pela belíssima ruiva Jessica Chastain, há duas formas de viver: "The way of grace or the way of nature" (segundo a graça ou segundo a natureza). Podemos também traduzir "way" aqui por caminho, modo, forma ou maneira.

Esta é a chave para o entendimento mais profundo deste filme. Sem ela, você poderá ficar rodando em círculos ao redor do encontro, no enredo, entre a origem do universo e da vida na Terra (narrada em maravilhosas imagens cósmicas e paleontológicas) e a história da família que tem essa "mística" como mãe e que nos primeiros minutos recebe a notícia da morte de um de seus filhos na guerra do Vietnã (o "filho mais doce e generoso" dos três).

Eu, que sou uma pessoa essencialmente atormentada pela melancolia (como dizia semana passada ao comentar outra recente pérola do cinema, o filme "Melancolia" de Lars von Trier), considero esse conceito de "graça" do cristianismo uma das maiores criações da filosofia ocidental, além do conceito de Deus, claro. A graça sempre me encanta e, no cristianismo, ela é o "modo" de Deus criar as coisas. 

Toda vez que o mundo (e nós nele) surpreende, saindo de sua constante miséria interesseira, vaidosa, traiçoeira, monotonamente previsível, eu sinto o cheiro da graça. 

Tivesse eu que definir o modo como vivo, diria, entre a melancolia e a graça. Para mim, não há nada entre elas, só abismo.

Peço aos inteligentinhos que me poupem o blá-blá-blá do jardim da infância sobre as críticas ao cristianismo ou ao conceito de Deus. Proponho que hoje vão brincar no parque.

A graça é generosa, não pensa em si mesma, pode ser humilhada, ignorada, desprezada, mas ainda assim ela dá vida. A natureza só pensa em si mesma, submete todos a ela, é escrava de sua fisiologia, ao fim, vira pedra. 

É mais ou menos assim que a mãe "mística" define a diferença entre viver segundo a graça ou segundo a natureza.

Se a vida é fruto da graça, ela é dádiva de beleza e de bondade, se ela é apenas natureza, ela é cega e sem sentido. 

O adulto Sean Penn será o herdeiro agoniado desta questão: a vida é graça ou mera natureza? "Devo ser competitivo", como o pai o ensinou a ser (a natureza), ou "generoso", como a mãe lhe dizia (a graça)? A morte prematura do irmão será intransponível? 

Como amar a vida diante da morte? 

Seria ela a derrota da graça? 

A vitória da natureza cega?

Cada morte é como se fosse a primeira morte no mundo. 


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/959556-natureza-e-graca.shtml

March 11, 2016

Esta beleza frágil e imensa

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- Luiz Felipe Pondé

Você já se sentiu infinitamente pequeno diante de algo imenso e infinito? Já percebeu o quão frágil é tudo à sua volta, inclusive, e principalmente, você? Já pensou que um dia o sol se apagará e tudo que você conhece deixará de existir?

Já pensou que em meio a tantas pessoas que transaram desde a mais distante ancestralidade humana, a "cadeia de orgasmos" entre elas é a causa eficiente da sua existência hoje? Já imaginou quanta coisa podia ter dado errado e você não existir? 

Aqui não estamos muito distantes do silêncio que muitas vezes se impõe quando testemunhamos uma criança vir ao mundo. Esse silêncio é nossa consciência ancestral de que devemos nossas vidas a todos os que viveram, lutaram e morreram antes de nós. 

A primeira palavra que devíamos aprender a falar é "obrigado". Uma cultura que não cultiva o respeito pelos ancestrais é uma cultura de ingratos. Deveríamos assistir ao parto de joelhos.

Bastava uma dorzinha de cabeça numa das fêmeas ancestrais ou uma brochada num dos machos ancestrais ou um dos dois ser comido por algum predador, e você não estaria hoje aqui lendo a Folha.

Logo, é quase um milagre esse instante em que nos encontramos. Assim como toda a cadeia de eventos que envolve a sua vida e a de cada um de nós.

Diante de tantas variáveis infinitas, muita gente sente um certo agradecimento por ter nascido e pelas coisas que giram à nossa volta, tornando possíveis nossas vidas.

Nossa atitude deveria ser uma de completa reverência diante de tudo isso. Esse tipo de reverência desapareceu do nosso repertório porque somos uns mimados que acham que o universo é "um direito" cósmico. E que todos que transaram em nossa longa cadeia de ancestrais o fizeram "por nossa causa".

Essa humildade diante da simples existência não é muito distante da ideia de graça no cristianismo (e também no judaísmo e islamismo). Dai que qualquer teólogo competente sabe que toda boa teologia começa agradecendo. Coisa pouco comum hoje em dia. 

Uma sociedade dominada pela ideia de "direitos" é necessariamente uma sociedade que cultiva a ingratidão. 

Nada mais distante da espiritualidade semita (das três religiões abraâmicas citadas acima) do que uma teologia que "pede". A teologia começa agradecendo o fato de respirarmos. Ou, como diria Santo Agostinho (354-430), devemos agradecer pela língua que temos para falar.

Toda espiritualidade séria começa com a consciência do quão improvável é a nossa existência e a de todas as demais coisas à nossa volta. A fina relação entre essa enorme improbabilidade e nossa ínfima existência é que produz o sentimento de milagre, agradecimento e graça.

Que nenhum ateu inteligentinho queira me dar uma lição de estatística ou de acaso cego. Guarde-as para ateus inseguros e de alma tosca. A cegueira do acaso apenas torna a beleza do mundo ainda maior.

O que vem a ser a religião? Essa pergunta não é fácil de responder. Muitos tentam buscar uma resposta que sirva pra todas as religiões, mas isso não é evidente.

Entretanto, existem algumas ideias interessantes sobre essa busca de um "denominador comum" para as religiões que funcionam razoavelmente bem. E algumas delas passam justamente por esse sentimento de agradecimento pelo simples fato de sermos capazes de testemunhar toda essa beleza, ao mesmo tempo frágil e imensa. E de nos sentirmos de alguma forma dependentes dela.

O teólogo alemão Friedrich Schleiermacher (1768-1834), fundador da hermenêutica, disciplina que estuda os modos de interpretação de culturas e textos, é considerado o pai fundador dos estudos não religiosos das religiões. A história desses estudos é longa e não vou me ater a todas as controvérsias que a matéria exige.

O que me interessa aqui é o "denominador comum" que Schleiermacher pensava estar presente em todas as religiões. Para ele, as religiões são o fruto dessa percepção profunda de nossa dependência para com esse infinito que nos sustenta e, ao mesmo tempo, nos lembra o quão efêmero isso tudo é. Como o pó que se vai com o vento, mas que é capaz de ver o rosto de Deus. 

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2016/02/1744411-essa-beleza-fragil-e-imensa.shtml

PS- Não sabe do que está sendo faladoVai lá:
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March 10, 2016

A (minha) misericórdia dura para sempre?

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- Klênia Fassoni

“A sua misericórdia dura para sempre” é o refrão do Salmo 136. Cada declaração a respeito de Deus, do que ele é, faz ou fez é sucedida por esta expressão. 

Todos nós a conhecemos e vezes sem conta a recitamos em nossas celebrações. 

As palavras amor, bondade e benignidade são usadas em outras versões da Bíblia.

Surpreendi-me ao encontrar esta expressão como referência a nós, simples mortais. 


Está no Salmo 112, verso 9: “ele dá generosamente aos pobres, e a sua bondade dura para sempre” [NTLH]. Neste Salmo de apenas 10 versos é possível listar muitas qualidades dos que são fiéis a Deus, dos que o temem. 

É impressionante que várias delas estejam relacionadas ao trato de outros, principalmente dos necessitados. 

O homem e a mulher fiéis são: bondosos, misericordiosos, honestos, têm pena dos outros, emprestam e dão generosamente, distribuem liberalmente, são justos. E fazem isto continuada e insistentemente

Por quê? 

Porque a sua bondade (ou, a sua justiça - palavra usada em 3 versões) dura para sempre.

E isto não lhes é uma obrigação, mas algo que flui deles, naturalmente, fruto de sua fidelidade a Deus. E este tipo de comportamento é fonte de alegria.


Em algumas versões o título atribuído ao Salmo é “a felicidade daquele que teme a Deus” [ou: de quem é fiel a Deus].

Por que não seria assim? 


O seguidor caminha com o líder, o aluno aprende com o mestre, o filho compartilha dos atributos e das prioridades do Pai. 

O Salmo 137 - um chamado para louvar a Deus - coloca em evidência o fato de que “Não há ninguém como o Senhor, nosso Deus”, que livra os pobres da humilhação, tira os necessitados da miséria, faz destes companheiros de governantes, dá filhos, lar e honra à estéril. 

Nosso Pai é o Deus que intervém em favor dos fracos, dos mal sucedidos, dos esquecidos, com bondade e com justiça. 


E nós – como filhos – compartilhamos da natureza do Pai

Se isto não acontece, há algo muito estranho na fé que professamos.

João é enfático: “Queridos amigos, amemos uns aos outros porque o amor vem de Deus. Quem ama é filho de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor”. [1 Jo 4.7 e 8]


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-minha-misericordia-dura-para-sempre

March 09, 2016

Sou incrível! Será?

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“A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao Senhor será elogiada”. 

Pv 31.30 

- Marília Berti

Em um dos períodos mais difíceis da minha vida, Deus me cercou de mulheres incríveis.

Não, elas não eram ricas. Não, elas não eram as mulheres mais lindas que já tinha visto. Não, elas não tinham o emprego mais invejado. Elas eram simples mulheres dignas de elogios. Por quê?

Porque temiam a Deus.
Neste mundo confuso é difícil acreditar que temer a Deus nos faça mulheres dignas de elogios, não é mesmo?

É muito mais fácil acreditarmos que determinado emprego possa nos fazer importantes, ou, que ter aquele corpo nos faça ser notadas. 

No entanto, quanto vale para uma mulher verdadeiramente incrível a opinião dos outros a seu respeito? 

Bem menos do que a opinião de Deus, pois ela entende que o temer ao Senhor é a melhor opção. 

Mas o que é temer a Deus?


Muitas vezes lemos “temer” somente como “ter medo, pavor”. Edward T. Welch define que temer ao Senhor como “submissão reverente que conduz à obediência, e é intercambiável com 'adoração', 'dependência', 'confiança' e 'esperança'”1

Ou seja, temer a Deus é entender que Ele tem o melhor para nós e isso resultará em obediência a Ele e a Sua Palavra.
Infelizmente, as influências de Satanás, o mundo e nossa carne têm nos distanciado do ideal de Deus, fazendo-nos acreditar em mentiras sutis e confiar no que é tolo e passageiro. 

Prova disso é que preferimos trocar um tempo de leitura da Palavra de Deus por romance, um momento de oração por entretenimento, o serviço a Deus por algo que nos traga aplausos, e os princípios bíblicos por filosofias vãs.
Como já disse, num dos momentos mais difíceis da minha vida fui cercada de mulheres incríveis. Elas me ajudaram a detectar e refutar mentiras nas quais eu tinha me permitido acreditar. 

Isso fez de um mau momento uma oportunidade para eu caminhar os primeiros passos como uma mulher incrível de verdade, temendo ao meu Senhor.
Querida mulher cristã, em lugar de celebrar um dia que o calendário mundano dedicou a nós, empregue todos os seus dias numa avaliação honesta do seu relacionamento com Deus. 

O que ou a quem você teme? O que comanda a sua vida: Deus ou você mesma? A Bíblia ou filosofias vãs? 

Deus nos deu tudo para termos uma vida temente a Ele (cf. 2 Pe 1.3): vida nova em Cristo Jesus (cf. Ef 2.1-10), Sua Palavra para nos instruir (cf. Sl 119.142, 151; Jo 17.17; 2Tm 3.16), o Espírito Santo para nos guiar (cf. Rm 8.9; Gl 5.19-25), a oração para entregar nossos anseios a Ele (cf. Fl 4.6) e a igreja para nos mostrar que não estamos sozinhas (cf. Cl 1.28; Tt 2.3-5).
Nunca é tarde para ser uma mulher incrível segundo o critério de Deus!
“O fato de ser mulher não me torna um tipo diferente de cristão. Mas o fato de ser cristã, me faz um tipo diferente de mulher”. 
Elisabeth Elliot

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2016/03/08/sou-incrivel-sera/

March 08, 2016

Mulheres sobrecarregadas

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- Leonora Ciribelli

"Devo investir no amor, na família ou na realização profissional?". Este ainda é um dilema que parece ser vivido pelas mulheres ainda em pleno século 21. Devido a paradigmas (gerados pela cultura ou religião), muitas ainda vivem guiadas pela ideia de que precisam “dar conta de tudo e de todos”, mas isto é quase impossível.

Certo dia, em uma palestra sobre famílias, me surpreendi ao ouvir o relato fantástico de um marido sobre “afazeres domésticos”. Quando questionado se ele ajudava sua esposa, devido ao fato dela trabalhar fora de casa, ele respondeu com um sonoro “Não!”. Depois de surpreender o público com a resposta um tanto inusitada, ele continuou: “Não ajudo! Eu faço a minha parte”. Mas o que ele quis dizer com isso? O termo “ajudar” supõe que ele estaria seguindo a iniciativa de outra pessoa, quando, na verdade, a casa pertence à família como um todo. Ou seja, ele cumpre com o combinado entre ele e sua esposa, na divisão de tarefas em casa.

Quando uma mulher pede ao seu marido ou filhos que a “ajudem em casa”, isto soa como se eles estivessem “fazendo um favor a ela” e acabam esquecendo-se de que participar das atividades domésticas em conjunto beneficiam a todos que integram àquele lar. Responsabilidades e privilégios fazem parte do sistema familiar.

Uma mulher sobrecarregada pode começar a sentir-se também cobrada, culpada, cansada e frustrada. Por consequência, pode também não olhar para si mesma como uma mulher suficientemente realizada – seja dentro ou fora de casa.

Por outro lado, há aquelas mulheres que trabalham fora e se dizem exaustas, cansadas, devido a uma “jornada dupla de trabalho”, mas também não aceitam trabalhar em equipe dentro de seus lares.

Mesmo reclamando que precisam “dar conta de tudo”, são perfeccionistas e assumem a liderança das atividades domésticas de uma forma arbitrária. Se os membros da família não atendem a um pedido, exatamente do jeito que ela imagina que deve ser feito, então eles estão “errados”. Em uma fala contraditória, afirmam que estão cansadas, mas não permitem que cada membro da família aprenda a dar a sua contribuição no lar.

A verdade é que estes dois extremos desgastam as relações familiares. A manifestação do amor da mulher acaba se traduzindo em trabalho - seja por culpa, seja por uma exigência exacerbada. Isso pode vir dela mesma ou dos membros de sua família.

A verdade é que a mulher tem, sim, um papel extremamente relevante, não apenas no contexto familiar, mas também na sociedade como um todo - já que ela ocupa funções diversas: mãe, esposa, amiga, profissional bem sucedida.

A Bíblia diz: “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor”. (Provérbios 18.22) e “A mulher sábia edifica sua casa, mas a tola a derruba com as próprias mãos” (Provérbios 14.1).


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/mulheres-sobrecarregadas
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March 07, 2016

O tempo não anula pecados

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- C.S. Lewis

Alimentamos a estranha ilusão de que o tempo é capaz de cancelar o pecado.

Já ouvi outros e já me peguei recontando as crueldades e falsidades cometidas na infância como se elas não tivessem nada a ver com o que somos agora. E quando contamos, até damos risadas. 

Porém, o tempo não muda nem o fato nem a culpa por um pecado. 

A culpa não é lavada pelo tempo, mas pelo arrependimento e pelo sangue de Cristo: se já nos arrependemos desses primeiros pecados, devemos nos lembrar do preço pago pelo nosso perdão e nos tornar humildes. 

Quanto ao pecado, seria possível algo cancelá-lo? 

Para Deus, ele está sempre presente. Não seria possível, em algum momento da sua eternidade multidimensional, ele ver você no Jardim de Infância, arrancando as asas de uma mosca, sendo malcriado, mentindo, ou sentindo inveja na escola, ou naquele momento de covardia ou insolência como subalterno? 

Pode ser que a salvação não consista na anulação desses momentos eternos, mas na humanidade aperfeiçoada, que carrega a vergonha para sempre e se alegra pelo momento em que se rendeu à compaixão de Deus e fica agradecida porque isso deveria ser do conhecimento do universo. 

Quem sabe nesse momento eterno, Pedro — ele certamente irá me perdoar se eu estiver errado — negue o seu Mestre para sempre. 

Nesse caso, seria verdade que as alegrias dos céus são, para a maioria de nós, na nossa condição presente, “um gosto adquirido” — e certos estilos de vida podem fazer esse gosto tornar-se impossível de se adquirir. 

Quem sabe os perdidos sejam aqueles que não ousem se colocar em um lugar tão público. É claro que eu não sei se isso é verdade, mas acho que vale a pena manter essa possibilidade em mente.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2016/03/07/autor/c-s-lewis/o-tempo-nao-anula-pecados/
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March 06, 2016

A personalidade do líder permeia a organização

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A MUDANÇA COMEÇA EM MIM

- Luiz Antonio Luize


A história tem muito a nos contar sobre um povo e suas realizações, sendo que os povos, em geral, costumam manter sua orientação inicial.
No caso de Israel, sempre que teve um líder temente a Deus, seguiu suas orientações e foi bem sucedido. Por outro lado, sempre que teve lideres que não seguiam as orientações divinas, sofriam eles e todo o povo.
É certo que o povo sofria porque também desrespeitava a Deus, pois ao lermos os relatos bíblicos, observamos que o povo seguia aquilo que o rei fazia. Observamos, então, que o povo segue a orientação daquele que é soberano sobre ele.
Do ponto de vista espiritual é como se houvesse um tipo especifico de domínio espiritual sobre aquele líder e, por conseguinte, sobre o povo.
Isto ocorre ainda hoje em todo o mundo. Vejamos os Estados Unidos, por exemplo. Ele foi formado por colonizadores que se mudaram para lá em busca de uma vida melhor numa terra de oportunidades. Foram para lá todo tipo de pessoas, mas também muitos cristãos perseguidos em busca de uma terra em que houvesse liberdade de culto.
Para cumprir o seu propósito, se espalharam por todos os lugares da nova terra com uma grande sede de conquistar e vencer. Vemos toda a corrida pela povoação do oeste americano e a conquista dos espaços. Tudo que ganham naquela terra é direcionado para investir ali mesmo.
Até hoje este pais mantém esta orientação, pois está presente culturalmente em todos os lugares e sua moeda, o dólar, é usada no comércio internacional.
Esta cultura, ou forma de agir, está impregnada naquele povo de uma forma tão forte, que podemos dizer que há algo superior a eles que os orienta e dirige.
Por outro lado, quando observamos nosso Brasil, ele foi formado por pessoas que tinham interesse em ganhar mais, ampliar suas posses e domínio.
Desde o inicio da nossa colonização o objetivo foi retirar as riquezas da terra e enviar a outros, empobrecendo o país. As pessoas foram enviadas à força para cá no início da colonização. Eram pessoas indesejadas no país de origem, enviadas a um lugar de onde não podiam fugir. Acrescentaram-se a estes os negros africanos, escravizados para que pudessem auxiliar na exploração do novo espaço.
Esta cultura está tão impregnada no nosso povo, que observamos em boa parte dele o desejo de querer para si o que é dos outros, tirar vantagem, levar o que não é seu.
Numa viagem a serviço para o Rio de Janeiro, estava no meio do trânsito e fiquei batendo papo com o taxista a respeito do Brasil. Ao final ele arrematou com esta frase:
— A solução para o Brasil é cobrir e descobrir de novo! E por um povo diferente, quem sabe os Holandeses, Franceses ou Alemães – disse ele.
Dei risada pelo trocadilho, que na verdade ilustra muito bem este assunto.
Portanto, ao observamos um grupo de pessoas, seja uma sociedade, seja um país, seja uma religião, podemos entender o que move aquele grupo de pessoas.
Grupos em que o objetivo é enriquecer o líder, outros em que o objetivo é matar pessoas e outros em que é fazer o bem.
Cobrir e descobrir um país ou um povo não dá, mas é possível mudar a autoridade que está sobre você.
É por isto que Jesus disse que seu Reino não é deste mundo, e que os participantes do Seu Reino também não o são. O Reino de Cristo é eterno e baseado no amor e todos que são dele devem ser como ele.
Deus Pai, num gesto de profundo amor pelo gênero humano, enviou seu único filho para morrer, nos resgatar e estabelecer um Reino de fé e de amor.
Crença na Sua morte por nós e exercício do mesmo amor, a ponto de resumir tudo que já havia sido escrito em dois mandamentos centrados no amor e ainda acrescer que devemos amar nossos inimigos.
A única forma de não sermos dirigidos por qualquer tipo de orientação física e espiritual que não provém de Deus, é nos tornarmos participantes do Seu Reino e vivermos de acordo com sua orientação, direção e governo.
PARA EXERCITAR
  • Sob qual domínio tenho vivido?
  • O que posso fazer para mudar minha situação?
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/03/01/a-personalidade-do-lider-permeia-a-organizacao-a-mudanca-comeca-em-mim/#.VtbYm30rJkg

March 05, 2016

Sexualidade pós-moderna

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Embora sejamos todos, por nascimento, do sexo masculino e feminino (ou hermafrodita), há mais gêneros sexuais do que hétero e homossexualidade 

- Frei Betto 

Dizia o Barão de Itararé, “há qualquer coisa no ar, além dos aviões de carreira”. Isso se aplica à sexualidade pós-moderna. Embora sejamos todos, por nascimento, do sexo masculino e feminino (ou hermafrodita), há mais gêneros sexuais do que hétero e homossexualidade.

 A homossexualidade é, hoje, considerada, pela maioria dos países do Ocidente e pela Igreja Católica, uma tendência natural do ser humano. Foi banida da lista de doenças mentais da Organização Mundial da Saúde (1993) e, no Brasil, do Conselho Federal de Psicologia. Embora alguns evangélicos insistam em qualificá-la de “demoníaca” e prescrevam a “cura gay”...

Quando se fala em ideologia de gênero, passa-se a impressão de que o conceito deriva de uma cabeça pornográfica, sem refletir a realidade. Família e escola costumam silenciar quando se trata de temas radicais (de raiz) da vida, como sexo, dor, morte, fracasso, ruptura conjugal, falência etc. Não raramente dão educação sexual como meras aulas de higiene corporal para evitar doenças sexualmente transmissíveis.

O fundamental não é abordado: a constituição do amor como vínculo afetivo e efetivo.

Os nascidos no século 21 se iniciam na vida sexual em idade mais precoce. Meninas transam com meninas, meninos, com meninos, sem que isso expresse necessariamente uma identidade sexual. “Ficar”, “selinho” e rotatividade de parceiros tendem a banalizar o sexo, praticado como se fosse um esporte prazeroso.

Vários fatores contribuem para essa revolução sexual: a indiferença religiosa ou a espiritualidade desprovida da noção de pecado; a erotização (vide peças publicitárias); qualquer adolescente pode acessar todo tipo de pornografia na internet; e a velha moral burguesa.

O que fazer? Liberar geral, com todos os riscos de Aids e gravidez indesejada? Resgatar o moralismo, reaquecer o fogo do inferno e estimular a homofobia e o genocídio de LBG Todos?

Há que ir ao cerne da questão: formar a subjetividade.

O jovem que se droga clama: “Não suporto essa realidade. Quero ser amado!” A jovem que transa com diferentes parceiros grita: “Quero ser feliz!”.

Porém, ninguém ensinou a eles que a felicidade não resulta da soma de prazeres. É um estado de espírito do qual se desfruta mesmo em situações adversas.

Pretender evitar a promiscuidade sexual dos jovens sem educação da subjetividade é esperar que alguém seja honesto sem estar impregnado de valores éticos.

Fonte: http://odia.ig.com.br/opiniao/2016-03-05/frei-betto-sexualidade-pos-moderna.html
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March 04, 2016

A família nos planos de Deus

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Texto básico: Gênesis 2. 18-25
Leitura diária
D – Gn 2.4-17 – O jardim no Éden
S – Ap 21.1-4 – O lar celestial
T – Zc 8.3-8 – Serei o seu Deus
Q – Êx 33.17–34.9 – A glória de Deus
Q – Êx 34.29-35 – O rosto resplandecente
S – Ef 5.1,2,21–6.4 – O lar cristão
S – Jo 14.1-3 – Jesus prepara-nos lugar

Introdução

O Senhor nosso Deus nos ama e manifesta seu amor no cuidado que tem por nós. Compreendemos melhor esse cuidado, quanto mais conhecemos acerca das coisas que Deus tem preparado para nós o seu povo.
A família é uma das áreas onde o amor de Deus pelos seus eleitos se demonstra mais intensamente. Na aliança de amor que Deus estabeleceu com a sua criação e o seu povo, a família recebe um cuidado todo especial. Assim, tanto o primeiro lar, como nosso lar futuro, nos dão vislumbres gloriosos de Deus e de seu projeto para a família.
As lições que aprendemos sobre esses lares (o primeiro lar e o lar futuro) devem ser aplicadas ao terceiro lar – nossa casa.

I. O lar do jardim

O lar do jardim era um lugar da graça. Depois de chamar à existência a criação, o Deus Trino criou o homem e a mulher à sua própria imagem (Gn 1.26; 2.7).
Por ser criado à imagem de Deus, o homem tinha a capacidade de viver em comunhão com Deus. O homem podia viver face a face com Deus e depois refletir a glória de Deus aos outros.
Após cada ato da criação Deus pronunciou a bênção: “é bom”. Mas quando criou o homem, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18). Não se tratou de um erro divino. Foi um projeto divino. Não era bom que o homem estivesse só porque Deus o projetou para viver em companhia. Então Deus disse: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2.18), ou seja, uma auxiliadora que lhe fosse adequada.
Então, o lar criado por Deus para o homem tornou-se perfeito, porque havia alguém a quem o homem pudesse refletir a glória de Deus. Ao compreender este aspecto do plano de Deus para sua família, nosso pai Adão exultou de alegria, pois, a partir da criação da mulher o homem compartilharia toda a criação de Deus com alguém que era carne da sua carne e ossos de seus ossos, e com quem se fundiria numa só carne.
Ambos, homem e mulher, receberam uma incumbência cultural (Gn 1.28) de governar a criação que lhe era submissa. Para tanto Deus providenciou para ambos os recursos necessários para executarem suas responsabilidades, de forma que as espécies vegetais e as espécies animais lhes fossem por mantimento (Gn 1.29,30), como efetivamente foi feito.

II. Os princípios do lar do jardim

Os princípios desse primeiro lar eram os seguintes:
  1. O Senhor Deus formou o homem e o colocou no jardim. “Deus” é o Criador soberano. “Senhor” é o seu nome pessoal; revela seu relacionamento pessoal e seu compromisso com o homem e a mulher.
  2. Deus construiu o lar do jardim. Esse santuário foi edificado e abastecido por Deus. Era o lugar ao qual eles pertenciam.
  3. Homem e mulher foram criados à imagem de Deus. Tinham capacidade para viver em comunhão íntima com Deus. Havia igualdade de posição, como portadores da imagem de Deus.
  4. Foram criados macho e fêmea. A igualdade não excluía a diversidade de sexos. A igualdade permitia que essa distinção fosse perfeitamente complementar, que se mesclassem numa unidade que refletia gloriosamente a unidade da Trindade.
  5. O homem foi criado primeiro e deu nome à mulher. A ordem da criação e o privilégio de dar nome à mulher conferiram ao homem a responsabilidade da liderança e autoridade na casa (1Tm 2.11-13).
  6. A mulher foi planejada para ser auxiliadora. Isso não implicou inferioridade de posição ou de responsabilidade. A palavra hebraica para auxiliadora – ezer – muitas vezes é usada no Antigo Testamento para se referir a Deus como nosso ezer. É a presença da mulher neste contexto que dá inteireza ao lar do jardim, tornando-o completo.
  7. Eram uma só carne. Essa intimidade maravilhosa removeu a solidão de Adão e proclamou a centralidade do casamento. O fato de serem homem e mulher, marido e esposa, dois numa só carne, exige um respeito mútuo, de forma que respeitar o outro é respeitar a nós mesmos.
  8. Casamento significaria deixar pai e mãe. Adão e Eva seriam o pai e mãe de quem os filhos deveriam se separar para constituir seus próprios casamentos. Por meio desse processo, os relacionamentos ficariam fortalecidos, e a unidade das famílias ficaria preservada.
  9. O homem estava unido à sua esposa. Essa é uma linguagem pactual, que reflete o compromisso de Deus para com os seus.
  10. Havia nudez, mas não vergonha. Homem e mulher podiam estar nus, um diante do outro, porque refletiam mutuamente a glória de Deus.
  11. Adão e Eva tinham responsabilidades. O primeiro casal podia refletir mutuamente a glória de Deus e então voltar-se para a criação com uma unidade de propósito – obedecer ao mandato cultural de ser fecundo e de exercer domínio sobre a terra.
O lar do jardim era um santuário da graça porque Deus estava lá e vivia em comunhão com os portadores da sua imagem. Adão e Eva contemplavam a glória de Deus e então tocavam um ao outro com a glória daquele amor. Todas as responsabilidades de um para com o outro, e de ambos para com a criação, estavam em harmonia. Não havia egoísmo, vergonha, nem tristeza.
O lar do jardim está fora de alcance para nós, hoje. Não podemos alcançar plenamente aquela unidade, porque pecamos em Adão. Mas o Filho de Deus providenciou um modo de os filhos de Adão serem redimidos. Comprou um lar celestial que excede em excelência o lar do jardim.

III. O lar celestial

As semelhanças entre o lar do jardim e o lar celestial são marcantes. O céu é o lugar da habitação de Deus e, portanto, é um santuário da graça (Ap 21.1-4, 22.1-5).
Sabemos que Jesus já preparou esse lugar para nós e que ele nos levará para lá (Jo 14.2,3). Sabemos que o céu é um lugar onde seremos bem recebidos porque Jesus quer que estejamos lá com ele (Jo 17.24). Sabemos também que viveremos lá para sempre gozando da bondade e da misericórdia de Deus eternamente. (Sl 23.6).
Zacarias registra uma declaração do nosso lar celestial. No sentido imediato, a visão aplica-se aos judeus que tinham voltado do exílio na Babilônia. Mas a descrição do profeta oferece esperança para nós também, pois o texto fala da comunidade do povo de Deus, reunida, com Deus no seu meio (Zc 8.3-8).
Iremos novamente contemplar a Deus e refletiremos somente Deus uns aos outros. Seremos seu povo e ele será sempre fiel e justo conosco, não porque mereçamos, mas porque ele se uniu a nós na fidelidade da sua aliança. Seremos novamente a comunidade do pacto reunida por Deus, em Deus e com Deus no nosso meio.
Na cidade de Deus não haverá distância entre as gerações, não haverá culpa, nem tristeza, pois Deus habitará conosco no meio da sua cidade, e portanto, não haverá pecado na Santa Cidade. É justamente por causa do pecado que nunca poderemos ter uma réplica do nosso lar celestial aqui na terra. Mas, isto não deve impedir que o lar cristão seja uma amostra, um exemplo do lar que nosso Salvador comprou e preparou para nós.
Estamos hoje entre o lar do jardim e o lar celestial. Não podemos criar o céu na terra, mas nossos lares podem e devem ser um reflexo do lar que nosso salvador comprou e preparou para nós.

IV. A lição de Moisés e de Paulo

Moisés e Paulo nos fornecem material didático para que nossos lares sejam um reflexo do lar do jardim, que virá.
A lição de Moisés
Depois que Deus lhe prometeu que sua presença iria com o povo, Moisés fez a Deus o pedido máximo. Pediu para ver a glória de Deus. Moisés tinha visto o poder de Deus na sarça, nas pragas, no muro de água no Mar Vermelho, no Sinai. Agora Deus mostrou a Moisés sua bondade e o resplendor da Pessoa Divina (Êx 33.18,19; 34.6,7).
Deus revelou-se a Moisés como Senhor, ou Yahweh. Esse nome proclama a bondade intrínseca de Deus e a qualidade íntima do relacionamento de Deus com seu povo pactual. Quando Moisés desceu do monte, voltou com o rosto resplandecendo, por refletir a glória de Deus (Êx 34.29).
De início, Moisés não percebeu que estava com o rosto resplandecendo. Isso se aplica a nós em dois sentidos. Por um lado, quanto mais estamos cientes de nós mesmos, menos irradiamos o caráter de Deus. Nosso egocentrismo ofusca o reflexo da glória de Deus. Por outro lado, quando contemplarmos a glória de Deus, somos transformados à semelhança dele e nos tornamos cada vez mais compassivos, graciosos, tardios em irar, amorosos, fiéis e perdoadores. Nossos lares são transformados em lugar da graça, onde a glória da bondade de Deus se irradia por meio dos que ali habitam. E isso não tem nada a ver com esforço próprio. É a vida na graça de Deus.
A lição de Paulo
O apóstolo Paulo inicia a carta aos Efésios expondo sobre a pessoa e obra da Trindade; a seguir, fala da união de judeus e gentios em Cristo pela graça; cuida da unidade e da fé e da união dos crentes em santidade de vida; por fim, Paulo trata do mistério da igreja, entremeando instruções às famílias individuais (Ef 5.1,2,21–6.4). Em todos esse temas há um sentido de comunidade do pacto, ou seja, de família da fé segundo os planos de Deus, de Família da Aliança. Assim entendemos que, sem lares cristãos sadios, as realidades profundas da fé cristã permanecem meras abstrações para os membros das famílias e não criam raízes na sociedade como um todo.
Os escritores apostólicos não exortavam as pessoas a se afastarem da sociedade, mas a recuarem do seu próprio eu. Para tanto, ensinaram o princípio do sacrifício das prioridades pessoais em benefício das necessidades da pessoa amada. Quando vivemos um para o outro, encenamos a história do sacrifício de Jesus, o que nos leva a uma vida com propósito, a vida com Deus.

Conclusão

O empreendimento de nutrir uma família forte está acima do nosso alcance. Entretanto, esse empreendimento foi projetado para nos levar além da nossa capacidade e nos introduzir na esfera da graça. A graça de Deus nos capacita a viver acima da habilidade que possuímos, pensando nas pessoas de modo prático e pedindo graça ao Senhor para mostrarmos às pessoas a bondade de Deus.
Deus criou a família dentro de um plano especial. Deus fez homem e mulher, dando a ambos alguém com quem refletir a glória de Deus. E Deus deu a ambos uma incumbência cultural, providenciando os recursos necessários para que cumprissem suas responsabilidades (Gn 1.29,30).
A natureza complementar dos dois sexos visa a uma cooperação enriquecedora não só no casamento, na procriação e na vida familiar, mas também nas mais amplas atividades da vida.
O modelo do casamento, antes da queda, é a base para o governo no lar e nas igrejas, bem como um tipo do relacionamento entre Cristo e sua igreja.

Aplicação

Faça uma lista dos atributos divinos que Deus mostrou a Moisés em Êxodo 34.5-7 a ore para que Deus lhe dê graça para refletir essas qualidades à sua família.
Compare Efésios 5.21–6.4 com sua família. Trabalhe e ore para que essa seja uma descrição do seu lar.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/a-familia-nos-planos-de-deus/